17/03/2020

Patrício - 17 de março

 

Hoje lembramos um dos mais conhecidos santos missionários que foi o evangelizador dos povos irlandeses e também grande propagador da doutrina da Trindade em seu tempo. O missionário Patrício costumava iniciar seus escritos com uma solene descrição de sua condição humana: “Eu, Patrício, um pecador”. Sua Confissão é, ao mesmo tempo, uma vigorosa confissão de fé e autobiografia:

Eu, Patrício, um pecador, o mais rústico e o menor entre todos os fiéis, profundamente desprezível para muitos, tive por pai o diácono Calpurnius, filho de um certo, Potitus, falecido, um presbítero que foi morador de um vilarejo chamado Bannavem Taberniae; ele tinha uma pequena casa de campo bem próxima, onde eu fui capturado. Eu tinha então cerca de dezesseis anos de idade. Eu ignorava o verdadeiro Deus e junto com milhares de pessoas fui capturado e conduzido ao cativeiro na Irlanda segundo o nosso merecimento, porque nos afastamos bastante de Deus, não guardarmos os seus preceitos, nem sermos obedientes aos nossos sacerdotes, que nos exortavam a respeito da nossa salvação. E o Senhor lançou sobre nós a violência de sua cólera e nos dispersou entre vários povos até aos confins da terra, onde agora na minha pequenez, me encontro entre estrangeiros.

E lá o Senhor abriu o entendimento de incredulidade do meu coração, afim de que, mesmo muito tarde, me recordasse dos meus pecados e me convertesse de todo coração ao Senhor meu Deus, que considerou a minha insignificância e teve misericórdia da minha mocidade e ignorância, e ele me protegeu antes que eu o conhecesse e antes que eu soubesse distinguir entre o bem e o mal e me fortificou e consolou como um pai faz ao filho.

Por esta razão não posso me calar, nem seria isto apropriado, diante de tantas dádivas e graças que o Senhor se dignou a me conceder na terra do meu cativeiro; porquanto esta é nossa maneira de retribuir para, depois da correção ou do reconhecimento de Deus, exaltar e confessar suas maravilhas diante de todas as nações que estão debaixo do céu.

Porque não há outro Deus, nunca houve antes, nem haverá no futuro, além de Deus pai não gerado, sem princípio, do qual procede todo o princípio, quem tudo possui, como dizemos; e seu filho Jesus Cristo, que assim como o pai evidentemente sempre existiu, antes do começo dos tempos em espírito ao pai. Criado inefavelmente antes da origem do mundo, e por ele mesmo foram criadas todas as coisas visíveis e invisíveis. Ele foi feito homem, venceu a morte e foi recebido no céu junto do pai, e foi-lhe dado todo poder absoluto sobre todo nome no céu, na terra e no inferno para que assim toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor e Deus, em quem nós cremos e esperamos que sua vinda breve está, como juiz dos vivos e dos mortos. Este que dará para cada um segundo os seus feitos, e derramou em vós abundantemente o seu Espírito Santo, o dom e a garantia da imortalidade, que tornou os crentes e obedientes em filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo: aquele que confessamos e adoramos, O único Deus na trindade do seu santo nome...
Fonte: St Patrick's Confessio (© 2011 Royal Irish Academy)

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