19/04/2020

Martinho Lutero: Eu me consolo com a obra de Cristo


"Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhe: Paz seja convosco". (João 20. 19)

Mensagem de Lutero para o Segundo Domingo de Páscoa:

De que é que os discípulos têm medo? Têm medo da morte. Sim, estavam em meio à morte. Agora, qual é a origem desse medo da morte? Tem sua origem no pecado. Porque se não tivessem pecado, não teriam ficado com medo. A morte também não lhes poderia fazer mal algum, pois o aguilhão da morte, com o qual ela mata, é o pecado. Mas o que lhes faltava, como falta a nós todos, é o correto conhecimento de Deus, pois se tivessem levado Deus a sério, não teriam ficado com medo e estariam confiantes.

Mas quem não crê em Deus, esse tem de ficar com medo da morte e não pode, jamais, ter uma consciência feliz e confiante.

Quando, pois, alguém está com esse medo e pede ajuda a Deus, Deus não pode senão ajudar, assim como nesse caso em que Cristo não ficou muito tempo afastado dos discípulos amedrontados, mas logo estava ali, confortando e dizendo: "Paz seja com vocês! Tenham bom ânimo, sou eu, não tenham medo". Assim sucede também quando nós estamos com medo: Deus nos levanta do chão e nos prega o evangelho, por meio do qual nos devolve uma consciência feliz e confiante.

Onde está Cristo, ali o Pai e o Espírito certamente também se fazem presentes. Ali deve haver graça pura, nada de lei; pura misericórdia, nada de pecado; vida pura, nada de morte; puro céu, nada de inferno. Aqui eu me consolo com a obra de Cristo como se eu mesmo a tivesse realizado.

- O texto, extraído de Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983), é parte de um sermão que Lutero pregou sobre João 20.19–31, em 1522, na cidade de Borna (Alemanha), num Domingo Quasimodogeniti, após a Páscoa (atual Segundo Domingo de Páscoa).

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