23/04/2013

A parábola da alegria - Domingo Jubilate

"Madonna e a Criança", de Jason Jenicke (1978- )

"Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento. Assim acontece também com vocês: agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês. — Quando chegar aquele dia, vocês não me pedirão nada. E eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará. Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e receberão para que a alegria de vocês seja completa." (São João 16.21-24)

Devemos examinar esse exemplo com todo cuidado. Porque tal como acontece neste caso, sucede também na tentação e, especialmente, na angústia da morte. Veja como Deus trata com uma mulher que está para dar à luz. Ninguém a ajuda nessa hora de dor. Também, ninguém pode fazê-lo. Sim, criatura alguma pode livrá-la dessa situação, pois depende unicamente do poder de Deus. A parteira e outros que se acham à sua volta podem, é claro, consolá-la, mas não podem afastar as dores do parto. Ela tem de passar por isso e arriscar a sua vida. Pode tanto morrer como pode dar à luz uma criança. Ela se encontra realmente em meio à angústia de morte e está completamente rodeada de morte.
O mesmo acontece quando as consciências se angustiam ou se deparam com a morte: razão, criatura ou obra nenhuma pode nos ajudar, e não importa de que espécie seja. Não resta nenhum consolo, a ponto de você pensar que está abandonado por Deus e por todas as criaturas, sim, que Deus e todas as criaturas se voltaram contra você. Nessa hora, você tem de ficar tranquilo e apegar-se unicamente a Deus. Ele deve livrá-lo dessa situação e nenhuma outra criatura, seja do céu, seja da terra, poderá fazê-lo. E Deus ajuda no momento que ele julga apropriado, assim como faz com a mulher, dando-lhe um rosto sorridente, assim que não se lembra mais das dores. E se, antes, tudo que havia era morte e miséria, agora não há senão vida e alegria. Assim também acontece conosco: em meio às tentações e à angústia de morte, Deus, e somente ele, nos torna felizes e nos dá paz e alegria onde antes não havia senão desgraça e angústia.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja:

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