14/04/2013

Domingo do Bom Pastor: Ele sofreu como elas estão sofrendo e deu sua vida por elas



Leitura bíblica: São João 10.14-18

Quem é que conhece e reconhece as ovelhas mesmo quando estão submersas e atoladas em sofrimento, vergonha, humilhação, morte, escândalo, etc., de sorte que nem elas se conhecem a si mesmas? Certamente ninguém a não ser Cristo. Ele as consola, dizendo que, apesar de tudo aquilo que faz com que o mundo e nossa própria carne e sangue se escandalizem, conhece suas ovelhas, não se esquece delas nem tampouco as abandona.

E para imprimir isso mais e mais em nosso íntimo, ele apresenta esta comparação: “assim como meu Pai me conhece a mim”. Também este é, sem dúvida alguma, um conhecimento altamente oculto: que Deus, o Pai, conhece seu amado Filho unigênito, que jaz na manjedoura como filho do mais miserável dos mendigos, que não somente passa por desconhecido aos olhos de todo o seu povo, mas também é desprezado e rejeitado; sim, ele que está suspenso entre céus e terra de forma tão vergonhosa e humilhante, despido e nu, no meio de dois assassinos, como o pior blasfemo e agitador, maldito de Deus e de todo o mundo, a ponto de dirigir-se a Deus com grande e angustiante clamor: “Meu Deus, meu Deus, como tu me abandonaste”. E, mesmo assim, ele diz, nesta passagem: “Meu Pai me conhece” (mesmo em meio a esse sofrimento e vergonha e apesar dessa aparência escandalosa) como seu único Filho, enviado por ele para ser o sacrifício e dar a minha vida em favor da salvação e para o resgate de minhas ovelhas. Assim também eu o conheço e sei que ele não se esqueceu de mim nem me abandonou, mas livrará e conduzirá por vergonha, cruz e morte para honra, vida e glória eternas.

Assim também as minhas ovelhas, em sua miséria, humilhação, sofrimento e morte, devem aprender e aprenderão a me conhecer como seu amado e fiel Salvador, que também sofreu como elas estão sofrendo e que deu sua vida por elas. E, certamente, confiarão em mim, que não as esqueci nem abandonei em suas necessidades, mas que em tudo isso quero ampará-las maravilhosamente e, assim, conduzi-las à glória e vitória eterna.


- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Terceiro Sermão para o Segundo Domingo após a Páscoa; João 10.11-16; Postila da Igreja, 1544)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (21/04). São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983.



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