22/02/2020

Notas sobre o hino 74 “Visão de Glória singular” – Hino da Transfiguração



Coelestis Formam Gloriae
Letra: Anônimo latino, século XV; tradução J. Costa, 1969
Através da tradução inglesa O Wondrous Type de John M. Neale, 1854
Música: Suiça, 1826.
Letra e música: Domínio público. Tradução: Copyright de João Wilson Faustini, 1969.

O hino 74, Visão de Glória Singular, do Hinário Luterano, publicado pela Editora Concórdia, é o hino do culto da transfiguração de nosso Senhor Jesus Cristo. Esse hino, em 4 estrofes, tenta imprimir em nossas mentes e corações o que São Pedro define como suprema glória ou gloria excelsa (2 Pedro 1.17).

1.      Visão de glória singular
A igreja pode contemplar
Em Cristo quando Ele acendeu
Ao monte e ali resplandeceu.
a.       Visão de glória singular:
A Escritura Sagrada está repleta da glória de Deus e a sua manifestação (Epifania). É um erro vincular a glória de Deus somente a coisas miraculosas e grandiosas, pois a glória de Deus está onde Deus está. É possível ver a glória de Deus no Monte Sinal, na entrega dos mandamentos, mas também é possível ver a gloria de Deus no Gólgota, onde cancelou o escrito de dívida que era contra nós, cravando-o na cruz. (Colossenses 2.14) Faço essa comparação entre esses dois montes, pois é fácil identificar a glória de Deus em eventos com visível demonstração de poder, e esquecemos que o próprio Cristo fala na morte como sua glorificação (João 12.23-24).
Glória de Deus na liturgia: ao se vincular a glória de Deus com grandes eventos poderosos, deixa de lado o doce sussurrar da glória de Deus nos eventos corriqueiros de um culto. A glória de Deus já está presente e vivenciada em nossa vida quando o pastor, em nome de Cristo, perdoa os pecados dos pecadores penitentes. A glória de Deus já está presente e vivenciada em nossa vida quando somos expostos à Palavra de Deus. A glória de Deus já está presente e vivenciadas em nossas vidas quando somos batizados no nome do Deus Triúno. A glória de Deus já está presente e vivenciada em nossa vida quando participamos do Verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo em, com, sob pão e vinho.
b.      Local e convidados: Cristo convida Pedro, Tiago e João para subirem a um monte, conforme o relato de Mateus, Marcos, Lucas e 2 Pedro. Por que eles sobrem? O relato de Lucas deixa claro que eles subiram para orar. Que monte é esse? Os relatos bíblicos não apontam qual seria esse monte, segundo a tradição, o monte da transfiguração é o Monte Tabor. Apesar que isso não seja uniformidade entre estudiosos.
c.       O que aconteceu? O rosto e a roupa de Jesus sofrem uma metamorfose, mudança, transfiguram. O hino descreve toda a glória da transfiguração na palavra resplandecer.

2.      Com sua face a reluzir
Quis ele a glória do porvir
Aos homens todos demonstrar
Chamando-os ao celeste lar.
a.       Na segunda estrofe do poema, a mudança na face de Cristo é enfatizada. O relato de Mateus afirma que o rosto de Jesus resplandecia como o sol. Diferente de Mateus, Lucas não apresenta detalhes e comparações da mudança do rosto de Cristo, mas deixa claro que houve a mudança tanto no rosto como na roupa. Já o relato de Marcos, a ênfase do evangelista está na roupa e não no rosto.
b.      Objetivo: Segundo o poema, a transfiguração tinha como objetivo demonstrar a glória do porvir.
c.       Convite: o aspecto missional da transfiguração é ressaltado na transfiguração, pois Cristo está chamando todos os homens ao celeste lar. Da transfiguração podemos destacar dois objetivos da vida cristã: 1) Desfrutar da glória de Deus, desfrutar da sua presença; 2) Ser filhos de Deus. A forma como alcançar esses objetivos é dado pelo próprio Deus: “A Ele ouvi.” Um ouvir confiante garante alcançar esses objetivos.

3.      As almas crentes subirão-
Mistério dado na visão
Por isso alegres com fervor
Cantamos hinos ao Senhor.
a.       Deus não é Deus de mortos e sim de vivos e a presença de Moisés e Elias comprovam essa verdade.
b.      As almas crentes subirão assim como Moisés e Elias estavam diante de Jesus envolvidos em sua glória.
c.       Os cristãos também subiram, pois a nossa pátria está no céu. A glória de Deus, sua presença, é o nosso destino final conforme Filipenses 3.20-21: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.”


4.      A Deus o Filho, a Deus o Pai
E a Deus o espírito exaltai
O Deus que a graça nos quis dar
De sua glória contemplar.
a.       Trindade: A Santíssima Trindade está presente neste relato: 1) Cristo transfigurado; 2) DEUS PAI: A voz de Deus afirmando a filiação de Jesus e a orientação que devemos a Cristo ouvir; DEUS ESPÍRITO SANTO: a nuvem luminosa
b.      Graça de Deus: Por graça e misericórdia, Cristo permite aos três discípulos e a toda a Cristandade vislumbrar a glória da vida eterna.

Relato da transfiguração segundo São Pedro: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo.” (2 Pedro 1.16-18). 

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