24/07/2014

A parábola do joio

Ilustração da Parábola do Joio no livro de Matinho Lutero intitulado “Auslegung der Episteln vnd Euangelien vom Advent an, bis auff Ostern” (1530).
O método do diabo é sempre o de confundir a verdade com o mal, revestindo-o com a aparência e as cores da verdade, de modo a poder seduzir facilmente aqueles que se deixam enganar. É por isso que Nosso Senhor apenas fala do joio, porque esta planta é semelhante ao trigo. Seguidamente mostra como consegue o diabo enganar: “Enquanto os seus homens dormiam”. Daí, vemos o grave perigo que correm os chefes, principalmente aqueles a quem foi confiada a guarda do campo; além disso, este perigo não ameaça apenas os chefes, mas também os seus subordinados. Isto revela-nos também que o erro vem depois da verdade. [...] Cristo disse-nos isto para que aprendamos a não nos deixarmos adormecer [...], donde a necessidade de uma vigilância permanente. É por isso que Ele diz: “Aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo” (Mt 10.22) [...].
Consideremos agora o zelo dos servos. Eles querem retirar o joio imediatamente, sem refletir, o que nos mostra a sua preocupação com a sementeira. Eles só querem uma coisa: não desejam vingar-se de quem semeou o joio, mas salvar a colheita, razão pela qual pensam como arrancar todo o mal. [...] O que responde então o Mestre? [...] Impede-os de o fazer por dois motivos: primeiro, o receio de prejudicar o trigo; e segundo, a certeza de que o castigo se abaterá inevitavelmente sobre aqueles que são tentados por esta doença mortal. Se eles desejam castigar, sem que a colheita sofra, esperem o momento oportuno. [...] Quem sabe se uma parte desse joio não se transforma em trigo? Então, se o arrancarem agora, a próxima colheita será afetada, pois arrancarão aqueles que poderiam transformar-se e tornar-se melhores.

-- São João Crisóstomo (c. 347-407), pastor e teólogo em Constantinopla (Homílias sobre São Mateus, 46, 1-2)

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