Rute decide ir com Noemi a Belém”, Jacob Pynas (1592/1593–c. 1650) |
Lutero diz no prefácio à edição wittenberguense de seus escritos em língua alemã (1539) que necessitamos três coisas para tornar-se um teólogo: oratio, meditatio e tentatio (três palavras latinas para “oração, meditação e sofrimento”). Por “teólogo”, Lutero entende aquele que foi chamado por Deus para ser um perito na Palavra de Deus e que a conhece tão bem que seja capaz de ensiná-la publicamente na Igreja. Enfim, Lutero quer dizer que não é suficiente apenas ouvir e ler a Palavra. Somos levados a Deus em nossos sofrimentos. Ao olharmos para os santos que nos precederam, vemos que justamente aqueles que sofreram angústia na alma é que encontraram refrigério e descanso. E Deus está mais perto daqueles que sofrem, assim como nos sofrimentos nos tornamos mais dependentes das promessas de Deus do que de nós mesmos.
Aqueles que se aproximam da Palavra simplesmente como um objeto sem vida, por curiosidade e estudo, em meio ao sofrimento, a encaram como uma âncora para suas almas. No sofrimento, vemos a Palavra como ela realmente é: a viva vox (voz viva) de Deus, que nos salva, renova, restaura e faz reviver das angústias e sofrimentos. Essa é a experiência do salmista e de todos aqueles que procuram em Deus uma fortaleza nos momentos de tribulações e que buscam, Domingo após Domingo, a renovação na Palavra de Deus, que se apresentam miseráveis e famintos ao Sacramento do Altar para ali encontrarem o conforto do Verbo encarnado: “A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra.” (Sl 119.25)
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