19/07/2014
Sermão de Lutero sobre a Parábola do Joio
Nisso o Salvador retrata aqui também o espalhamento que Satanás faz de sua semente, enquanto o povo dorme, e ninguém vê que o fez, e mostra como Satanás se adorna e se disfarça para que não seja tomado como Satanás. Como experimentamos quando o Cristianismo foi plantado no mundo, Satanás colocou no seu meio falsos mestres. As pessoas pensam aqui com segurança que Deus está entronizado sem um rival, e que Satanás está à milhas de distância, e ninguém vê nada exceto como eles ostentam a Palavra, o nome e a obra de Deus. Esse curso se prova belamente eficaz. Mas quando o trigo cresce, então vemos o joio, isto é, se formos cuidadosos com a Palavra de Deus e ensinarmos a fé; vemos que ele produz fruto, então vagueia e o antagoniza, e deseja se assenhorear do campo, e teme que somente trigo cresça no campo, e seus interesses sejam ignorados.
Então a igreja e o pastor se assombram; mas não lhes é permitido fazer julgamento, e avidamente desejam interpretar tudo como bom, visto que tais pessoas portam o nome de cristãos. Mas é evidente que elas são joio e semente perversa, se extraviaram da fé e caíram, confiando nas obras. Os santos lamentam por causa disso diante do Senhor, orando com sinceridade de espírito. Pois o semeador da boa semente diz novamente, eles não devem arrancar o joio pela raiz, isto é, devem ter paciência, e suportar tal blasfêmia, e encomendar tudo a Deus; pois embora o joio estorve o trigo, todavia, o primeiro torna o último mais belo de se contemplar, comparado com o joio, como S. Paulo também diz em 1 Co 11.19: "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós". Isso é suficiente sobre o texto de hoje.
-- Sermão do bem-aventurado Martinho Lutero, para o Quinto Domingo após Epifania (S. Mateus 13.24-30) publicado em sua (Postila da Igreja de 1525).
Fonte: The Sermons of Martin Luther (Grand Rapids: Baker Book House, p. 103-104)
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