EU
VIVO E VOCÊS TAMBÉM VIVERÃO
“O
Evangelho segundo São João 10. 27-28”
Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
Era
uma vez um lobo insaciável. Sempre que tinha fome, saia de sua caverna escura a
procura de alguma ovelha que pastava ali perto para abocanhar. As indefesas
ovelhas tremiam de medo só de ouvir o seu uivo, e por isso, tentavam fugir a
qualquer custo, porém muitas não conseguiam e acabavam nos dentes daquele lobo.
O lobo tinha um nome, um nome
que deixava as ovelhas aterrorizadas – ele se chamava Morte, e a Morte estava
sempre com fome e nunca satisfeita. Infelizmente, para aquelas ovelhas, a Morte
tinha a Palavra final.
Certo
dia, no entanto, o lobo colocou sua cabeça para fora da caverna para escolher sua
refeição. E ali, bem próximo, ele enxergou a ovelha mais perfeita que já tinha
visto. O lobo, então, reuniu todo o ar em seus pulmões e soltou um uivo alto e
horripilante. Muitas ovelhas começaram a correr amedrontadas – mas, não aquela
ovelha especial – ela continuava a pastar tranquilamente. Aquela reação deixou
o lobo furioso, e por isso, se aproximou e novamente soltou um grande uivo –
respirando bem no rosto da ovelha. Mas, isso também não a deixou com medo.
O lobo, muito nervoso
esbravejou: “você não sabe quem eu sou?”. A ovelha, calmamente, levantou a
cabeça e respondeu: “sim, eu sei!”. “E você não tem medo?” Rosnou o lobo. A
ovelha olhou fundo nos olhos daquele velho lobo, a Morte e lhe respondeu: “Medo
de você? Você só pode estar brincando ou então está delirando”. Agora, a Morte
não se aguentava de raiva e começou a ameaçar a ovelha: “eu vou levar você para
fora desse pasto, você sofrerá amargamente em minhas mãos”. A ovelha, com um
leve sorriso, apenas disse: “Eu sei disso!”.
As
outras ovelhas estavam admiradas e surpresas com aquela cena, nunca haviam
visto ou ouvido algo assim. No entanto, antes esboçarem qualquer reação, algo
terrível aconteceu. A Morte cumpriu sua ameaça e levou a ovelha para longe. As
outras ovelhas quando viram aquele lobo voltando com seus dentes ensanguentados
se entristeceram profundamente e o lobo foi para sua caverna feliz da vida se
gabando de mais esta refeição.
Quando
amanheceu, o lobo não se sentia bem – algo que nunca havia acontecido após uma
grande refeição – todos os dias ele estava bem disposto para abocanhar mais e
mais ovelhas. Mas, não nesta manhã! Ao meio-dia seu estômago resmungava e ele
sentia mais desconforto. Aquele velho lobo, chamado Morte, que tinha provocado
tanta dor em tantas ovelhas, agora estava sentindo o seu gosto desagradável. Ele,
então, começou a pensar se aquela ovelha tão saborosa poderia tê-lo envenenado,
pois a dor era tão grande que o fazia rolar pelo chão e uivar extremamente
alto.
Foi já no escuro da noite para
a madrugada que o lobo deixou escapar um uivo trêmulo. Algo parecia estar vivo
e se movendo dentro de seu estômago. Algo que empurrava e empurrava até que
abriu um buraco e começou a sair de dentro dele. A Morte sentia como se
estivesse morrendo.
A
figura que saiu do estômago do lobo era diferente, parecia um Pastor – um cuidador
de ovelhas – mas ele ainda não tinha certeza de quem ou que era. Aquela figura
começou a caminhar pela caverna e parou diante do lobo fraco e caído no chão.
Olhando fundo nos seus olhos, disse: “então você não me conhece, velho inimigo?
Eu sou aquela ovelha que pastava a três dias, eu sou aquela que você ameaçou e
cumpriu sua ameaça. Mas agora, olhe para mim, eu sou o Pastor – aquele que
cuida das ovelhas – o que pretende fazer?
“Você?”
O lobo ofegou. “Como isso é possível?”. O Pastor sorriu e disse: “acho que
agora você é um lobo bem inofensivo – tente agarrar alguma de minhas ovelhas –
eu te digo que da mesma forma que engolir uma delas eu a arrancarei pelo buraco
que deixei em seu estômago. Morte, ouça bem: você não tem mais a palavra final
sobre as minhas ovelhas!”
O
lobo, agora, uivava de medo, dor e raiva, mas não havia nada que pudesse fazer.
Enquanto isso, o Pastor saiu da caverna e chamou suas ovelhas – e elas
conheceram sua voz – então, todas se colocaram diante daquela ovelha que se
tornara Pastor e ouviram dele as seguintes palavras: “Minhas ovelhas, vocês
também serão perseguidas, também sofrerão e também irão morrer. Em alguns dias,
o lobo estará um pouco melhor e ainda com mais fome – ele até conseguirá
engolir vocês – mas, não tenham medo! Não se preocupem! Eu deixei um buraco no
estômago dele e por isso, vocês não ficarão lá para sempre – eu trarei vocês de
volta para fora. Eu vivo e por isso vocês também viverão!”
Era
uma vez, e o tempo é cerca de 2.000 anos atrás, mas a Promessa ainda se mantém:
“Eu sou o Bom Pastor, as minhas ovelhas
escutam a minha Voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna,
e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão!” (São
João 10. 27-28). Deixe aquele lobo – a Morte – uivar e rosnar à vontade.
Nós sabemos sobre o buraco em seu estômago. Nós conhecemos aquele Pastor que se
fez ovelha – que morreu e ressuscitou – e que é nosso Bom Pastor!
A mensagem da Páscoa, a
mensagem que este Bom Pastor quer deixar gravado em nossos corações é esta: “Eu vivo, e vocês também viverão!” (São
João 14.19).
Amém!
Rev.
Helvécio José Batista Júnior
Ministro
do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES
Domingo
da Ressurreição, 2017 AD
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