16/04/2017

DOMINGO DA RESSURREIÇÃO



EU VIVO E VOCÊS TAMBÉM VIVERÃO
O Evangelho segundo São João 10. 27-28

            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

            Era uma vez um lobo insaciável. Sempre que tinha fome, saia de sua caverna escura a procura de alguma ovelha que pastava ali perto para abocanhar. As indefesas ovelhas tremiam de medo só de ouvir o seu uivo, e por isso, tentavam fugir a qualquer custo, porém muitas não conseguiam e acabavam nos dentes daquele lobo.

O lobo tinha um nome, um nome que deixava as ovelhas aterrorizadas – ele se chamava Morte, e a Morte estava sempre com fome e nunca satisfeita. Infelizmente, para aquelas ovelhas, a Morte tinha a Palavra final.

            Certo dia, no entanto, o lobo colocou sua cabeça para fora da caverna para escolher sua refeição. E ali, bem próximo, ele enxergou a ovelha mais perfeita que já tinha visto. O lobo, então, reuniu todo o ar em seus pulmões e soltou um uivo alto e horripilante. Muitas ovelhas começaram a correr amedrontadas – mas, não aquela ovelha especial – ela continuava a pastar tranquilamente. Aquela reação deixou o lobo furioso, e por isso, se aproximou e novamente soltou um grande uivo – respirando bem no rosto da ovelha. Mas, isso também não a deixou com medo.

O lobo, muito nervoso esbravejou: “você não sabe quem eu sou?”. A ovelha, calmamente, levantou a cabeça e respondeu: “sim, eu sei!”. “E você não tem medo?” Rosnou o lobo. A ovelha olhou fundo nos olhos daquele velho lobo, a Morte e lhe respondeu: “Medo de você? Você só pode estar brincando ou então está delirando”. Agora, a Morte não se aguentava de raiva e começou a ameaçar a ovelha: “eu vou levar você para fora desse pasto, você sofrerá amargamente em minhas mãos”. A ovelha, com um leve sorriso, apenas disse: “Eu sei disso!”.


            As outras ovelhas estavam admiradas e surpresas com aquela cena, nunca haviam visto ou ouvido algo assim. No entanto, antes esboçarem qualquer reação, algo terrível aconteceu. A Morte cumpriu sua ameaça e levou a ovelha para longe. As outras ovelhas quando viram aquele lobo voltando com seus dentes ensanguentados se entristeceram profundamente e o lobo foi para sua caverna feliz da vida se gabando de mais esta refeição.

            Quando amanheceu, o lobo não se sentia bem – algo que nunca havia acontecido após uma grande refeição – todos os dias ele estava bem disposto para abocanhar mais e mais ovelhas. Mas, não nesta manhã! Ao meio-dia seu estômago resmungava e ele sentia mais desconforto. Aquele velho lobo, chamado Morte, que tinha provocado tanta dor em tantas ovelhas, agora estava sentindo o seu gosto desagradável. Ele, então, começou a pensar se aquela ovelha tão saborosa poderia tê-lo envenenado, pois a dor era tão grande que o fazia rolar pelo chão e uivar extremamente alto.

Foi já no escuro da noite para a madrugada que o lobo deixou escapar um uivo trêmulo. Algo parecia estar vivo e se movendo dentro de seu estômago. Algo que empurrava e empurrava até que abriu um buraco e começou a sair de dentro dele. A Morte sentia como se estivesse morrendo.

            A figura que saiu do estômago do lobo era diferente, parecia um Pastor – um cuidador de ovelhas – mas ele ainda não tinha certeza de quem ou que era. Aquela figura começou a caminhar pela caverna e parou diante do lobo fraco e caído no chão. Olhando fundo nos seus olhos, disse: “então você não me conhece, velho inimigo? Eu sou aquela ovelha que pastava a três dias, eu sou aquela que você ameaçou e cumpriu sua ameaça. Mas agora, olhe para mim, eu sou o Pastor – aquele que cuida das ovelhas – o que pretende fazer?

            “Você?” O lobo ofegou. “Como isso é possível?”. O Pastor sorriu e disse: “acho que agora você é um lobo bem inofensivo – tente agarrar alguma de minhas ovelhas – eu te digo que da mesma forma que engolir uma delas eu a arrancarei pelo buraco que deixei em seu estômago. Morte, ouça bem: você não tem mais a palavra final sobre as minhas ovelhas!”

            O lobo, agora, uivava de medo, dor e raiva, mas não havia nada que pudesse fazer. Enquanto isso, o Pastor saiu da caverna e chamou suas ovelhas – e elas conheceram sua voz – então, todas se colocaram diante daquela ovelha que se tornara Pastor e ouviram dele as seguintes palavras: “Minhas ovelhas, vocês também serão perseguidas, também sofrerão e também irão morrer. Em alguns dias, o lobo estará um pouco melhor e ainda com mais fome – ele até conseguirá engolir vocês – mas, não tenham medo! Não se preocupem! Eu deixei um buraco no estômago dele e por isso, vocês não ficarão lá para sempre – eu trarei vocês de volta para fora. Eu vivo e por isso vocês também viverão!”

            Era uma vez, e o tempo é cerca de 2.000 anos atrás, mas a Promessa ainda se mantém: “Eu sou o Bom Pastor, as minhas ovelhas escutam a minha Voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão!” (São João 10. 27-28). Deixe aquele lobo – a Morte – uivar e rosnar à vontade. Nós sabemos sobre o buraco em seu estômago. Nós conhecemos aquele Pastor que se fez ovelha – que morreu e ressuscitou – e que é nosso Bom Pastor!

A mensagem da Páscoa, a mensagem que este Bom Pastor quer deixar gravado em nossos corações é esta: “Eu vivo, e vocês também viverão!” (São João 14.19).

            Amém!

Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES

Domingo da Ressurreição, 2017 AD

Nenhum comentário:

Postar um comentário