19/11/2013

Castelo de Wartburg: moradia de Santa Isabel e do Bem-aventurado Martinho Lutero

Castelo de Wartburg em Eisenach (Alemnha). Foto de Robert Scarth (2006)
O Castelo de Wartburg, localizado em Eisenach, na Alemanha, e um patrimônio histórico da humanidade desde 1999, está intimamente ligado à história do povo germânico e também do cristianismo ocidental em virtude de duas personalidades que ali viveram por um breve tempo: o reformador Martinho Lutero e a princesa Isabel da Hungria. Estes dois cristãos fiéis e dedicados à Deus, deixaram no Wartburg como testemunho de seus legados, a caridade cristã e a tradução da Bíblia.

Entre 1521 e 1522 o reformador Martinho Lutero foi abrigado no Castelo por motivos de segurança. Lutero retornava para Wittenberg após a Dieta de Worms em que defendera suas ideias. Apesar de ter salvo conduto que lhe garantia proteção imperial para o retorno, amigos de Lutero o “sequestraram” na floresta da Turíngia e o levaram ao Castelo do Wartburg do príncipe-eleitor Frederico, o Sábio, onde passou cerca de um ano. Lá, ele deixou o cabelo e a barba crescer, vivendo sob o pseudônimo de “Junker Jörg” (cavaleiro Jorge).

Enquanto estava no Castelo, o imperador Carlos V promulgou o Edito de Worms que declarava Lutero proscrito e proibia que alguém o protegesse ou se comunicasse com ele. Do Wartburg, Lutero enviou cartas aos amigos, sem, porém, dizer onde ficava o local que chamava, entre outras designações, de “ilha de Patmos”. No Castelo Lutero produziu os importantes escritos Sobre os votos monásticos; Meditação sobre os Salmos de Penitência; e parte da Kirchenpostille (Postila da Igreja). No entanto, sua obra mais importante feita no Castelo de Wartburg, foi a tradução do Novo Testamento grego para o alemão, em apenas onze semanas.

Embora não haja registro histórico deste fato, esta pintura de Hugo Vogel (1855–1934) ilustra "Martinho Lutero pregando no Wartburg com sua tradução da Bíblia"
Lutero só retornou a Wittenberg no dia 6 de março de 1522, onde passou o restante de sua vida. Entre os cômodos do Castelo há a Vogtei (casa da gestão comunitária) onde ainda hoje fica a Sala de Lutero (Lutherstube).

Sala de Lutero em Wartburg, em foto tirada entre os anos 1890 e 1900
Quase trezentos anos antes da estadia de Lutero no Wartburg, Isabel da Hungria passou a viver ali entre os anos de 1211 a 1227.  O Castelo que havia sido construído por volta de 1067, era a sede do Ducado da Turíngia e local onde vivia a corte da dinastia Ludovíngia. Isabel, que era a filha do rei André II da Hungria, estava prometida em matrimônio ao futuro landgrave da Turíngia, Luís IV.

Em 1211, aos quatro anos de idade, Isabel foi levada para o Castelo de Wartburg, a fim de ser educada na família de seu futuro esposo. Em 1217, Luís se tornou o governante da Turíngia e em 1221 foi o casamento, quando Isabel tinha ainda 14 anos de idade. Em 1227 Isabel ficou viúva em virtude da morte de seu marido, vitimado pela pesta quando se encontrava na localidade italiana de Otranto, numa Cruzada rumo a Jerusalém. Isabel deixou a corte no Wartburg e passou a viver em Marburgo, em Hesse.

Mesmo sendo muito jovem, Isabel se opunha à pompa da corte no Wartburg. Alimentava e vestia os necessitados que batiam à porta do Castelo e, quando saía de lá, ia juntamente com suas criadas até a moradia dos pobres, distribuindo parte dos fundos destinados ao banquete da corte. No ano de 1226, quando uma grave fome assolava a região, Isabel abriu os celeiros do Castelo para alimentar a população doente e cuidou pessoalmente dos doentes no hospital que mandara construir no sopé do Wartburg. Isabel da Hungria é lembrada como símbolo da caridade cristã tanto para católicos romanos quanto luteranos da Alemanha.

"A Caridade de Sta. Isabel da Hungria" (1895), de Edmund Leighton (1853–1922), retrata  Isabel dando comida aos pobres na porta do Castelo
De acordo com o Rev. Paul T. Mccain (editor da Concordia Publishing House), uma boa parte da arte que hoje existe no interior do castelo é dedicada à memória e obra de Isabel. De fato, a Câmara de Isabel (Elisabethkemenate) está decorada com mosaicos nos estilos neobizantino e Art Nouveau, feitos por August Oetken (1868-1951), bem como no Salão dos Menestréis (Sängersaal) há pinturas de Moritz von Schwind (1804-1871) ilustrando a vida e obra de Santa Isabel.

Câmara de Isabel (Elisabethkemenate)

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