Sermão para o Dia de Todos os Santos e Finados
Das leituras destaco os seguintes versículos: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. Que Deus Espírito Santo guarde estas palavras em vossas mentes e corações para a vida eterna. Amém.
Oremos: Gracioso Deus, somos estrangeiros e peregrinos neste mundo, ajuda-nos, por meio da verdadeira fé, a vivermos uma vida agradável a ti e a nos prepararmos para a vida vindoura e a fazermos a obra que nos confiaste enquanto é dia, antes que venha a noite, quando ninguém pode trabalhar. E, quando vier a nossa hora derradeira, sustenta-nos com teu poder e recebe-nos no teu Reino Celestial. Amém.
Meus caros irmãos e irmãs, prezados amigos visitantes, este final de semana temos temas importantes para lembrar: no sábado, Dia de Todos os Santos e no domingo, Finados. Alguns podem dizer, mas isto não são celebrações da Igreja Católica Apostólica Romana? Também são, mas não são exclusividades de nossos irmãos católicos romanos.
Estas datas são para nós, luteranos, motivo de grande conforto e consolo diante das adversidades da vida, especialmente diante da morte. Nestas duas datas celebramos os santos de nosso Senhor Jesus Cristo. Primeiramente é importante destacar o que nós consideramos como santo. Em nossa perspectiva, santo é todo aquele que confiou e que confia em Jesus como Salvador. Quem de vocês confia em Jesus como Salvador? Parabéns, vocês são estes santos que celebramos.
Neste dia, gostaria de ressaltar três consequências de ser um santo de Cristo: a primeira consequência trata dos santos de Cristo que estão vivos, referência ao dia de todos os Santos; a segunda e a terceira consequência trata dos santos de Cristo que já estão na glória eterna em referência ao dia de finados.
A primeira consequência trata dos santos de Cristo que estão vivos, referência ao dia de todos os Santos. Muitas vezes nos vamos a igreja, sentamos, ouvimos, cantamos, oramos, etc. Nós nos acostumamos a ver os amigos da congregação e temos a impressão que a Igreja de Cristo é composta somente por aquelas pessoas que vemos. Não, isto não é verdade. Nós pertencemos a algo muito maior, fazemos parte do corpo de Cristo que é formado por todos aqueles que confiaram e confiam em Jesus desde que Gênesis, desde o princípio da história.
O culto que rendemos a Deus não se restringe aos irmãos da fé que vemos, mas nos juntamos a todos os santos de todos os lugares de todos os tempos para receber de Deus todos os dons e dádivas que Ele tem para nos conceder. Tem uma das orações que o pastor canta na liturgia da Santa Ceia que revela esta realidade da Igreja de todos os tempos.
A liturgia da Santa Ceia diz: “Portanto, com os anjos e arcanjos e com toda companhia celeste louvamos e magnificamos o teu glorioso nome”. E depois de concluir esta oração, todos os santos que estão aqui neste momento juntam as suas vozes com os santos de Cristo que já estão na eternidade e alta voz dizem: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus dos Exércitos..."
Quando Jesus abre a janela do céu para o Apóstolo João vemos muitas cenas belíssimas e uma delas é visão que Deus nos concede de seu trono. E o que temos lá? Nós vemos os santos do Senhor proclamando, cantando: Santo, Santo, Santo.
E por pertencer ao esse grupo, por sermos os santos Cristo neste mundo, temos a certeza que o Deus Triúno está conosco. Temos a certeza do perdão dos pecados. Temos a certeza da paz, pois, é Cristo que nos concede. Ser um santo de Cristo, confiar nEle como meu Salvador, influência o futuro. Sim, influencia, pois, nos abre as portas celestiais, mas especialmente faz a diferença no tempo que se chama hoje.
A segunda e a terceira consequência tratam dos santos de Cristo que já estão na glória eterna em referência ao dia de finados.
A segunda consequência é sobre o que seria uma morte feliz e bem aventurada. Diante da morte, diante do grito de silêncio que ela traz, gostaria de fazer uma pergunta: Existe morte feliz e bem aventurada? Talvez alguns vão dizer que uma morte feliz e bem aventurada é uma morte sem dor. Realmente pode ser uma boa resposta, morrer sem dor e nem sofrimento.
Gostaria de destacar a morte do primeiro mártir da era cristã: Santo Estevão. Ele teve a morte mais gloriosa e feliz que alguém poderia ter. sobre a morte de Santo Estêvão, o Evangelista Lucas escreve em Atos: “Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.”
O primeiro mártir cristão teve a morte mais feliz e bem aventurada, pois, ele morreu confiando e crendo em Jesus. A morte dele foi fácil e sem dor? Não, ele teve uma morte muito dolorida, ele foi apedrejado. Apesar de tudo ele teve morte feliz e bem aventura, pois, viu a glória de Deus e Cristo lhe esperando.
Podemos pedir para que Deus nos conceda uma morte sem dor? Sim, é claro que podemos, mas especialmente deveríamos pedir para morrermos agarrados a Cristo, agarrados a sua santa Cristo, agarrados com aquilo que Cristo fez por nós. Quem morre confiando em Jesus, tem uma morte feliz e bem aventurada independente se for com dor ou sem dor.
A terceira consequência que quero destacar é sobre quem tem a palavra final. Você já viu duas pessoas discutindo? Ou já entrou numa discussão? Qual é objetivo dos participantes? O objetivo é dizer a última palavra e mostrar que sempre esteve certo. A morte é algo tão trágico em nossas vidas que quando deparamos com ela imaginamos que ela deu a palavra final.
Aqui está a diferença em ser um santo de Cristo, em confiar em Jesus como Salvador: quem tem a última palavra não é a morte, muito pelo contrário, quem tem a última Palavra é Cristo. O Evangelho de hoje nos afirma: “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5.24). No último culto, culto que foi celebrado a reforma, falei que Cristo é a Palavra de Deus que se fez carne. E ouvir Cristo, confiar nele de todo o coração, faz diferença em nossas vidas. Cristo tem a última palavra e Ele diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá.”
Normalmente o pastor luterano vai com a família enlutada até a cova. Ele vai junto à cova para nos fazer um convite, aliás, um convite muito especial. Ele nos convida a fecharmos os nossos ouvidos para o grito silencioso da morte e ouvirmos a Palavra final de Cristo. Diante da cova, o pastor convida a desviarmos os nossos olhares do que vemos e colocarmos os nossos olhares para a esperança de todos os santos: a ressurreição.
O pastor dirá as seguintes palavras: “Nada trouxemos a este mundo, e nada levaremos dele. O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor. 'Não queremos, porém irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem' (1 Tessalonicenses 4.13,14). Visto que o Deus onipotente, em sua sábia providência, decidiu levar deste mundo a alma de seu servo falecido (nome da pessoa), entregamos seu corpo para ser sepultado. Terra à terra, cinza à cinza, pó ao pó – na esperança da ressurreição para a vida eterna, por nosso Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso corpo mortal para torná-lo semelhante ao seu corpo glorioso, segundo o seu poder. Deus Pai que criou este corpo; Deus Filho, que com seu sangue redimiu este corpo, junto com a alma; Deus Espírito Santo, que pelo batismo santificou este corpo para ser seu templo, guarde estes restos mortais para o dia da ressurreição! Guarde estes restos mortais para ressurreição: Que palavras maravilhosas ouvimos. A morte não tem a última palavra, quem tem é Cristo e Ele diz: 'Eu sou a ressurreição e a vida'".
Neste final de semana celebramos os santos de Cristo. Ou seja, celebramos todos aqueles que confiaram em Jesus como Salvador. Aos santos que estão vivos, lembre-se nós somos o corpo de Cristo, nós Cristãos somos a Igreja de Cristo. Aos santos que já estão com Cristo, afirmamos e confessamos que Cristo tem a Palavra final sobre a morte, pois, Ele é Senhor e doador da vida. Amém.
Que a paz de Deus que excede todo entendimento humano guarde as vossas mentes e corações para a vida eterna. Amém.
Rev. Elissandro Ribeiro da Silva
Congregação Evangélica Luterana Paz - Ponta Grossa/PR
Liturgia para o Dia de Todos os Santos e Finados:
Muito reconfortante este sermão. Graças a Deus!
ResponderExcluirGertraude Wanke- Domingos Martins/ES