“Tradicionalmente, os luteranos dão preferência ao traducianismo, a visão formulada por Tertuliano e sustentada por Agostinho e Lutero, de que a alma é derivada dos pais junto com a concepção do corpo. Num único ato, uma pessoa é concebida de corpo e alma como uma totalidade, sendo assim uma posição mais adequada para contrapor ao aborto e para a compreensão da encarnação de Cristo. Num único ato, Deus assumiu não apenas um corpo humano, mas uma alma humana de sua mãe. Foi uma encarnação completa, não parcial. No momento da concepção, Maria foi inteiramente theotokos, a mãe de Jesus, o qual é tanto Deus e homem com corpo e alma (Lucas 1.43). Sua alma não foi acrescentada depois. Divergências nesta questão não são motivos para nos dividirmos na oposição ao aborto, mas nossa oposição ao aborto é uma oportunidade para refletir sobre a natureza de se tornar um ser humano na encarnação. O Filho de Deus se tornou um ser humano em sua concepção, não em seu nascimento. Teológica e liturgicamente, a Anunciação (25 de março), que celebra a concepção do Filho de Deus, tem precedência sobre o Natal (25 de dezembro), que é a comemoração de seu nascimento.”
- Dr. David Scaer, professor de Teologia Bíblica e Sistemática no Concordia Theological Seminary de Fort Wayne (EUA)
Fonte: David P. Scaer. Abortion, Incarnation, and the Place of Children in the Church: All One Cloth. In: Concordia Theological Quarterly, Volume 77:3-4. Jul.-Out. 2013. p. 224.
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