Franz Timmermann, Queda e Redenção (Sündenfall und Erlösung), 1540. Wallraf-Richartz-Museum, Cologne. |
Os antigos e santos pais e teólogos contrastaram o madeiro vivo [a árvore no jardim do Éden, Gn 2.17] com o madeiro morto [o lenho da cruz no Gólgota] e alegorizaram esse contraste da seguinte maneira: Do madeiro vivo vieram pecado e morte; do madeiro morto, a justiça e vida. Eles concluem: não coma daquela árvore viva senão você morrerá, mas coma desta árvore morta. Se não fizer isso, você permanecerá na morte.
Você realmente deseja comer e desfrutar [do fruto] de alguma árvore. Vou direcioná-lo para uma árvore tão carregada que você nunca poderá comê-la até acabar. Mas, assim como foi difícil ficar longe daquela árvore viva, também é difícil comer da árvore morta. A primeira era a imagem da vida, júbilo e bondade, enquanto a outra é a imagem da morte, sofrimento e dor porque uma árvore está viva e a outra morta. Existe no coração do homem o desejo profundamente enraizado de buscar a vida onde a morte é certa e de fugir da morte onde se tem a fonte certa da vida.
Tomar a cruz é por natureza algo que causa dor. Isso não deve ser uma autoimposição. Tomar a cruz é uma coisa que é colocada sobre uma pessoa.
[...] Conceda Deus, quer creiamos ou não, que ele ainda defenda a sua palavra e certamente nos ajude. Isso demanda muito esforço e cuidado para que, em primeiro lugar, afastemos os olhos do poder [deste mundo] e, em segundo lugar, nos agarremos firmemente à palavra. O olho desconsidera a palavra e confiam no que é visível, mas o cristão, ao contrário, desconsidera o que pode ser visto e mantém a palavra. Os ímpios não fazem isso, mas confiam no imperador para sustentá-los neste mundo, e por negligenciarem a palavra se perderão para a eternidade.
— Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Que um cristão deve carregar sua cruz com paciência, 1530 - LW 43,183-6)
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