06/03/2014

“Convertei-vos a mim... com jejuns” Joel 2


Em alemão chamamos a Quaresma de Fastenzeit. Tempo de jejum. E as leituras para a Quarta-feira de Cinzas nos convidam para esta disciplina como parte da nossa “conversão”, nosso arrependimento.

Mas como fazer um jejum? Como cristãos luteranos sabemos que não deve haver leis sobre como jejuar na Igreja, pela simples razão de que nem o nosso Senhor, nem os Santos Apóstolos nos deram lei a esse respeito. Sempre houve práticas divergentes sobre jejum na Igreja. Não é sem razão que Santo Irineu confessa que “diferenças de jejum não destroem a unidade da fé”.

Além disso, sabemos que o jejum não é agradável a Deus quando é feito objetivando a propiciação pelo pecado; neste caso, o jejum torna-se uma abominação. Há apenas uma propiciação pelos pecados do mundo e esta foi oferecida uma vez por todas pelo Cordeiro de Deus sobre a cruz.

Então, por que devemos jejuar? Não devemos considerar nada além do que o nosso Catecismo diz: jejum é “boa disciplina externa”. Isso foi dito em relação ao jejum eucarístico, mas aplica-se ao jejum como um todo. Na Septuagesima ouvimos São Paulo falar de como ele disciplinou seu corpo, mantendo-o sob controle, para que não venha a ser “desqualificado” depois de ter pregado a outros.

Bem, se admitirmos que o jejum é uma “boa disciplina externa”, resta ainda a questão: como fazê-lo?

Muitas pessoas confundem jejum e abstinência. Jejuar é passar fome; abster-se é renunciar a certos tipos de alimentos. O jejum tradicional da Igreja ocidental era 1/4 da refeição no café da manhã e almoço, com um jantar simples. Em outras palavras, talvez meia fatia de pão para o café da manhã, uma laranja para o almoço. Depois, uma janta normal - mas nada extravagante. Algo parecido com isso era observado ao longo dos dias da Quaresma. Além disso, tradicionalmente, cristãos ocidentais têm se abstido de carne e vinho nas sextas-feiras da Quaresma (alguns o fazem nos sábados ou quartas-feiras).

Agora, o jejum não existe sozinho. Ele se junta às outras duas disciplinas da Quaresma: esmola e oração. Um aumento na doação aos pobres e uma ampliação no tempo de oração podem andar de mãos dadas com o jejum: na medida em que não come muito, você efetivamente terá mais dinheiro para dar aos que têm menos que você e, ao não preparar refeições elaboradas, você também terá mais tempo para investir na Palavra e oração. Além disso, ao passar fome a cada dia, você se sentirá solidário com aqueles muitos membros da raça humana que também passam fome todos os dias. Acima de tudo, aprenderemos que a fome por trás de todas as fomes é a fome pelo próprio Deus.

Na liberdade do Evangelho, podemos disciplinar nossa carne rebelde ao não deixá-la ditar o que e quando devemos comer. Conceda-lhe algum pensamento e oração e, então, alegre-se com a verdade de que “não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor”. Desejo a todos um alegre tempo de renovação durante a Fastenzeit!

Tradução de artigo "Return to me...with fasting" Joel 2, publicado em 12.02.2007 pelo Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri.

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