Se alguém quer honrar a Deus, que se prostre diante do Filho de Deus. Sem isso, o Pai não aceita ser adorado. Do alto dos céus, o Pai fez ouvir as seguintes palavras: “Este é o Meu Filho muito amado, em Quem pus a Minha complacência” (Mt 3.17). O Pai compraz-Se no Filho [...], que é chamado “Senhor” (Lc 2.11), não abusivamente, como os senhores humanos, mas porque o senhorio Lhe pertence por natureza desde toda a eternidade. [...]
Não deixando de ser quem é e mantendo verdadeiramente a glória imutável do Seu estado de Filho, Ele não deixa de Se adaptar às nossas fraquezas, como médico muito hábil e mestre compassivo. Fê-lo quando era realmente Senhor, não tendo poder por transferência, antes Lhe pertencendo por natureza a glória do senhorio. Não era Senhor à nossa maneira, mas era Senhor com toda a verdade, exercendo o senhorio com o consentimento do Pai, sobre as Suas próprias criaturas. Com efeito, nós temos domínio sobre os homens que são nossos iguais, quer em dignidade, quer em sofrimento, e muitas vezes temo-lo também sobre os que são mais velhos. Pelo contrário, em Nosso Senhor Jesus Cristo o senhorio não é deste tipo: Ele é, em primeiro lugar, Criador, e depois Senhor. Ele tudo criou segundo a vontade do Pai, e depois exerce o senhorio sobre aquilo que só por Ele existe.
-- São Cirilo de Jerusalém (313-350), Catequese Batismal 10, 2-5; PG 33, 662ss. (a partir da trad. Bouvet/Orval)
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