13/04/2014

Evangelho Dominical – Domingo da Paixão

“Cristo Carregando a Cruz” (c. 1578) El Greco (1541–1614)

Evangelho segundo S. Mateus 26.1-27.66

1 Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos:
 2 Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado.
 3 Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás;
 4 e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo.
 5 Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
 6 Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
 7 aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa.
 8 Vendo isto, indignaram-se os discípulos e disseram: Para que este desperdício?
 9 Pois este perfume podia ser vendido por muito dinheiro e dar-se aos pobres.
 10 Mas Jesus, sabendo disto, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo.
 11 Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes;
 12 pois, derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento.
 13 Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.
 14 Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs:
 15 Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata.
 16 E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.
 17 No primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, vieram os discípulos a Jesus e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa?
 18 E ele lhes respondeu: Ide à cidade ter com certo homem e dizei-lhe: O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.
 19 E eles fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa.
 20 Chegada a tarde, pôs-se ele à mesa com os doze discípulos.
 21 E, enquanto comiam, declarou Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.
 22 E eles, muitíssimo contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?
 23 E ele respondeu: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.
 24 O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!
 25 Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
 26 Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
 27 A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos;
 28 porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.
 29 E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai.
 30 E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
 31 Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas.
 32 Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galileia.
 33 Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim.
 34 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.
 35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.
 36 Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar;
 37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
 38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
 39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.
 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?
 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
 43 E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados.
 44 Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
 45 Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores.
 46 Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.
 47 Falava ele ainda, e eis que chegou Judas, um dos doze, e, com ele, grande turba com espadas e porretes, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo.
 48 Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o.
 49 E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou.
 50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus e o prenderam.
 51 E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha.
 52 Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.
 53 Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?
 54 Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?
 55 Naquele momento, disse Jesus às multidões: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias, no templo, eu me assentava convosco ensinando, e não me prendestes.
 56 Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram.
 57 E os que prenderam Jesus o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e os anciãos.
 58 Mas Pedro o seguia de longe até ao pátio do sumo sacerdote e, tendo entrado, assentou-se entre os serventuários, para ver o fim.
 59 Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte.
 60 E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas, afinal, compareceram duas, afirmando:
 61 Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias.
 62 E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti?
 63 Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
 64 Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.
 65 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!
 66 Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.
 67 Então, uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam, dizendo:
 68 Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!
 69 Ora, estava Pedro assentado fora no pátio; e, aproximando-se uma criada, lhe disse: Também tu estavas com Jesus, o galileu.
 70 Ele, porém, o negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
 71 E, saindo para o alpendre, foi ele visto por outra criada, a qual disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno.
 72 E ele negou outra vez, com juramento: Não conheço tal homem.
 73 Logo depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia.
 74 Então, começou ele a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem! E imediatamente cantou o galo.
 75 Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente.

27:1 Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
 2 e, amarrando-o, levaram-no e o entregaram ao governador Pilatos.
 3 Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
 4 Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo.
 5 Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.
 6 E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram: Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
 7 E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério de forasteiros.
 8 Por isso, aquele campo tem sido chamado, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.
 9 Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram;
 10 e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
 11 Jesus estava em pé ante o governador; e este o interrogou, dizendo: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes.
 12 E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
 13 Então, lhe perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem?
 14 Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador.
 15 Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem.
 16 Naquela ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás.
 17 Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?
 18 Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado.
 19 E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito.
 20 Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus.
 21 De novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte? Responderam eles: Barrabás!
 22 Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos.
 23 Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado!
 24 Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; fique o caso convosco!
 25 E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
 26 Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado.
 27 Logo a seguir, os soldados do governador, levando Jesus para o pretório, reuniram em torno dele toda a coorte.
 28 Despojando-o das vestes, cobriram-no com um manto escarlate;
 29 tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
 30 E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça.
 31 Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e o vestiram com as suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado.
 32 Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.
 33 E, chegando a um lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira,
 34 deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber.
 35 Depois de o crucificarem, repartiram entre si as suas vestes, tirando a sorte.
 36 E, assentados ali, o guardavam.
 37 Por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
 38 E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda.
 39 Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo:
 40 Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!
 41 De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
 42 Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele.
 43 Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
 44 E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele.
 45 Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra.
 46 Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
 47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Ele chama por Elias.
 48 E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e, tendo-a embebido de vinagre e colocado na ponta de um caniço, deu-lhe a beber.
 49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
 50 E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito.
 51 Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas;
 52 abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram;
 53 e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
 54 O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.
 55 Estavam ali muitas mulheres, observando de longe; eram as que vinham seguindo a Jesus desde a Galileia, para o servirem;
 56 entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mulher de Zebedeu.
 57 Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus.
 58 Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Então, Pilatos mandou que lho fosse entregue.
 59 E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho
 60 e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou.
 61 Achavam-se ali, sentadas em frente da sepultura, Maria Madalena e a outra Maria.
 62 No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e, dirigindo-se a Pilatos,
 63 disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei.
 64 Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem e depois digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro.
 65 Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer.
 66 Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

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