18/04/2014

O Tríduo Pascal


A celebração mais solene do calendário cristão é o período da Quinta-feira Santa até o Sábado de Aleluia. Os cultos nestes dias ou noites são tradicionalmente considerados parte de uma única celebração estendida chamada Tríduo (do latim Triduum, que significa “três dias”). Nos primórdios da igreja cristã, os eventos do Tríduo eram celebrados em um culto contínuo de um dia e uma noite chamado Pascha (da transliteração grega da palavra hebraica para Páscoa).

A Quinta-feira Santa


A primeira parte do Tríduo começa na noite de Quinta-feira Santa (também chamada de Endoenças), durante a qual os cristãos lembram os acontecimentos que tiveram lugar na noite em que Jesus foi traído. Os evangelhos de S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas concentram-se na instituição da Ceia do Senhor (S. Mateus 26.20-30, S. Marcos 14.17-26 e S. Lucas 22.14-35). O evangelho de S. João enfoca os ensinamentos finais de Nosso Senhor aos seus discípulos, pontuado de forma dramática quando Ele lava seus pés (S. João 13-17).
Algumas congregações revivem o ritual do lava-pés nesta noite. No entanto, o verdadeiro clímax do culto da Quinta-feira Santa é a celebração da Ceia do Senhor. Esta noite é o “aniversário” do sacramento e, portanto, um acontecimento memorável, até mesmo nas igrejas que celebram a Santa Comunhão todos os domingos.
Terminado o sacramento, acontece o desnudamento do altar. Os ministros e acólitos removem todos os vasos sagrados, cruzes, livros litúrgicos, velas, alfaias sagradas, paramentos, estandartes e outras ornamentações do altar e arredores. Este antigo ritual é uma reencenação poderosa e dramática da humilhação do Senhor nas mãos dos soldados romanos. Enquanto o altar é desnudado, o Salmo 22 (contendo profecias claras do sofrimento de Cristo) é cantado ou lido. O altar desnudado ou adornado apenas com paramentos pretos, é transformado de mesa da comunhão da Quinta-feira Santa em laje do túmulo da Sexta-feira Santa.

A Sexta-feira Santa


Sexta-feira Santa, o segundo dia do Tríduo, é a lembrança solene da morte de Jesus na cruz.
O culto da Sexta-feira Santa é marcado pela austeridade e silêncio. A música de instrumentos é minimizada ou eliminada. O altar permanece completamente desnudado e as leituras são os pontos focais do culto. A narrativa da paixão do evangelho de S. João (S. João 18.1-19.42) é, tradicionalmente, o texto indicado para este dia.
Apesar da solenidade que envolve o culto de Sexta-feira Santa, não é um funeral de Jesus, mas sim um momento de contemplação silenciosa e solene de sua grande obra salvadora, na certeza de que a morte não o pode deter.

A Vigília Pascal

O terceiro e último dia do Tríduo é o Sábado de Aleluia, conhecido desde a antiguidade como a Grande Vigília. Este rito litúrgico consiste de três ofícios: o Ofício da Luz, o Ofício do Santo Batismo e o Ofício da Santa Comunhão.
O primeiro deles é o Ofício da Luz (ou Lucernário). Ocorre uma dramática reversão do Ofício Tenebrae da Sexta-feira Santa. A congregação se reúne na escuridão fora da igreja. A todos são dadas velas apagadas. O pastor que preside a celebração acende uma pequena fogueira, um símbolo da coluna de fogo que guiou o povo de Israel durante a noite (Êxodo 13.21-22). A partir deste fogo, o Círio Pascal, uma vela grande e branca, simbolizando a presença do Senhor ressuscitado, é iluminado. Todos acendem suas velas a partir do Círio Pascal que um carregador leva em seguida para o santuário, colocando-o em sua posição junto ao altar. Todos seguem em lenta procissão para os bancos na igreja escura. Canta-se o Exsultet, uma proclamação pascal ou um hino em louvor ao Cristo ressuscitado.
O Ofício do Santo Batismo é a segunda parte da Vigília Pascal. São lidas várias porções do Antigo Testamento que prefiguram o sacramento do Santo Batismo. O batismo é administrado a crianças e adultos. O clímax da Vigília Pascal é o Ofício da Santa Comunhão. O Círio Pascal é devolvido à sua posição perto do altar. As velas do altar e outras velas outras no santuário são iluminados a partir dele. O pastor que preside a celebração, cumprimenta com a antiga saudação: Aleluia! Cristo ressuscitou! A congregação responde: Ele verdadeiramente ressuscitou! Aleluia! Todos se reúnem para cantar o Gloria in Excelsis, um hino que não havia sido cantado na igreja desde o Último Domingo depois da Epifania.

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