16/08/2013

Sara se riu por causa daquele que nasceu de Maria

“Isaque” (1555), Cristofano Gherardi (1508-1556)
Devido à idade, Abraão e a sua mulher tinham ficado incapazes de dar vida; nos corpos de ambos, a juventude tinha-se apagado, mas a sua esperança em Deus continuava bem viva; não enfraquecera, era indestrutível.
Foi por isso que Abraão, contra toda a esperança, gerou Isaque, que é uma figura do Senhor. Não era natural, com efeito, que o seio já morto de Sara pudesse conceber Isaque e que ela o alimentasse com o seu leite; como também não era natural que a Virgem Maria, sem conhecer homem, concebesse o Salvador do mundo, e O desse à luz sem perder a sua integridade. [...] Diante da tenda, o anjo disse ao patriarca: “Dentro de um ano, nesta mesma época, Sara terá já um filho” (Gn 18.14). O anjo também [...] disse a Maria: “Salve ó cheia de graça hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho” (Lc 1.28; 31). Sara riu-se pensando na sua esterilidade, olhando a sua idade (v. 12); sem crer na palavra, exclamou: “Velha como estou, poderei ainda ter esta alegria, sendo também velho o meu senhor?” Maria, pensando na virgindade que queria guardar, hesitou, e disse ao anjo: “Como será isso, se eu não conheço homem?” (Lc 1.34) A promessa era, certamente, contra a natureza, mas Aquele que, contra toda esperança, deu Isaque a Sara, nasceu realmente, segundo a carne, da Virgem Maria.
Logo que Isaque viu o dia segundo a palavra de Deus, Sara e Abraão ficaram cheios de alegria. Quando Jesus veio ao mundo segundo o anúncio de Gabriel, Maria e José ficaram cheios de alegria. [...] “Quem teria dito a Abraão que Sara na sua velhice aleitaria um filho?” exclamou a estéril. “Quem teria dito ao mundo que o meu seio virginal alimentaria uma criança com o meu leite?” exclamou Maria. De fato, não foi por causa de Isaque que Sara se riu, mas sim por causa Daquele que nasceu de Maria; tal como João Batista manifestou a sua alegria estremecendo no seio da sua mãe, Sara manifestou a sua rindo-se.

-- Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria e doutor da Igreja (Sobre Abraão e Isaque. Trad. Isabelle de la Source, Lire la Bible avec les Pères, Médiaspaul 1988, t. 1, p. 72)

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