01/12/2024

Sem encarnação não haveria expiação (John T. Pless)

Kreuz und Krippe, de Beate Heinen, 1986.

Os cristãos, individualmente, e a igreja, corporativamente, vivem dentro do tempo. A vida é marcada por dias e estações. Os luteranos herdaram o Ano Eclesiástico e o receberam como uma dádiva graciosa que molda os contornos e o conteúdo da proclamação evangélica.

O contexto do sermão tem seu lugar não apenas na ordem litúrgica da Palavra e Sacramento, mas também no calendário cristão, como espaço para a pregação de “todo o conselho de Deus”.

Historicamente e teologicamente, o Ano Eclesiástico está centrado na morte e ressurreição de Jesus Cristo (1 Co 5.7-8, Rm 4.24-25). […]

O Ano Eclesiástico se movimenta em direção à morte e ressurreição de Jesus ou flui a partir daí. A indicação do mesmo Evangelho do Domingo de Ramos (Mt 21.1-9) para o Primeiro Domingo do Advento é um indicativo desse movimento, pois Jesus vem a Jerusalém para sofrer e morrer.

A sua vinda na carne para se oferecer como sacrifício pelo pecado, para reconciliar o mundo consigo mesmo, fornece o foco na sua vinda apocalíptica no fim da história e sua vinda agora na pregação de arrependimento e fé. João Batista aponta Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.19-28). A proclamação de João nos leva aos umbrais do Natal.

O Natal é necessário para a cruz, ou seja, sem encarnação não haveria expiação. Para que Deus morra pelo pecado, Ele precisa assumir carne e sangue humanos. O Verbo se torna carne para habitar entre pecadores e morrer a morte deles.

A marca da cruz é evidente nos evangelhos de Natal, quando o menino Jesus nasce em meio à pobreza, deitado numa manjedoura, e se torna alvo da perseguição de Herodes.

O primeiro derramamento do sangue de Cristo acontece no oitavo dia, por ocasião da sua circuncisão. Seu nascimento é permeado pela morte (Santo Estêvão, o primeiro mártir e os Santos Inocentes, 26 e 28 de dezembro, respectivamente) e João, o apóstolo que nos fala da sua encarnação (29 de dezembro), sofrerá o exílio em Patmos.

- John T. Pless (Notes on the Church Year)

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