31/03/2018

Sexta-feira Santa e um convidado especial: o quinto Evangelista.


Sexta-feira Santa e um convidado especial: o quinto Evangelista.  
O objetivo da sexta-feira é proclamar a morte de Cristo, convido o quinto evangelista para me ajudar nesta proclamação. Além de Mateus, Marcos, Lucas e João, temos um outro cidadão que foi considerado o quinto evangelista. Vou dar algumas pistas sobre ele. Ele é da Alemanha e é luterano. Se pensou em Lutero, errou, pois, o quinto evangelista nunca foi pastor. Apesar de não ser pastor, ele, em boa parte de sua vida, pregou na Igreja Luterana da Alemanha. Última pista, é músico. Alguém já sabe de quem estou falando?  
O nome do quinto evangelista é Johann Sebastian Bach. É luterano. Apesar de não ser pastor, ele dominicalmente pregou numa Congregação chamada São Thomas. Ele pregou com as suas composições, pois, Ele passou a vinda inteira compondo os hinos e liturgias para a Igreja Luterana. Até hoje ele prega, não somente nas grandes catedrais, mas também em grandes teatros.   
Ele escreveu grandes obras para a Igreja Luterana e uma dessas obras foi a Paixão segundo São João. O coral começa cantando a seguinte frase: “Senhor, Senhor! Tua glória reina em todos os povos! Mostra-nos, por tua Paixão, que Tu, Filho do Deus verdadeiro, até nas maiores humilhações foi glorificado 
Destaco a última parte da frase: “Até nas maiores humilhações foi glorificado.” Está frase está intimamente ligada ao nosso evangelho, pois, em João, a glorificação de Jesus está vinculada a sua crucificação. 
Quero fazer um comparativo com essa frase de Bach e um hino intitulado "O Rosto de Cristo". Não vou falar toda a canção, vou resumir em poucas palavras as primeiras estrofes. O compositor apresenta que foi um privilégio para as pessoas que viram o rosto de Jesus e que Ele também gostaria de ver o rosto e tocar na sua mão. 
O ponto de comparação é a seguinte estrofe: "Ao ver as gravuras dos quadros pintados, daquilo que dizem ser o meu Senhor, meu ser não aceita o que está na tela, é falsa a inspiração do pintor. Não creio, não creio num Cristo vencido, cheio de amargura, semblante de dor, eu creio num Cristo de rosto alegre, eu creio no Cristo que é vencedor." 
Cristo, como ser humano, sofreu de forma intensa a ponto de transpirar sangue. Nosso Senhor Jesus Cristo, sofreu de forma intensa quando pediu para não morrer, mas que fosse feito a vontade de Deus. O ápice deste sofrimento foi a cruz. Isaías 53, o cântico do servo sofredor, fala num Cristo que sofreria e que a cena seria muito forte a ponto de que nenhum de nós gostaria de ver tal cena. Isaías 53.3-5: "3 Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. 4 Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. 5 Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." 
Será que vamos acompanhar o compositor do hino Rosto de Jesus? Será que na cruz, Cristo foi vencido? Ou nós ficaremos com Bach que disse que nas maiores humilhações, Cristo foi glorificado. O compositor do hino rosto de Cristo diz que crê num Cristo que é vencedor, eu também creio, creio num Cristo que foi vitorioso quando curou, mas eu creio num Cristo que na cruz, sob dor e sofrimento, foi vitorioso, pois, destruiu o pecado, a morte o diabo. Eu creio num Cristo que em todo tempo foi vitorioso. 
Durante a sua obra, Bach coloca uma pergunta de fundamental importância: “Quem te golpeou assim, meu Deus, E te colocou em tão triste estado? Tu não és pecador como nós e nossos filhos; não conheces o mal. 
Quem te golpeou? Quem é o culpado por tanto sofrimento? Judas? Os judeus? Pôncio Pilatos? O império Romano? Quem é o culpado? Bach aponta o culpado dizendo "Fui eu e os meus pecados, numerosos como os grãos da areia, que te causámos as tuas aflições e teus tormentos.” Em outra parte de sua obra, ele afirma: “Para me libertar das amarras do meu pecado, Meu Salvador foi preso. Para curar a infecção da minha iniquidadeEle se deixa ferir. 
Nos seus momentos finais, Jesus decreta que tudo está consumado, tudo aquilo que precisava ser feito chegava ao final, a obra havia sido consumada. Bach escreve este final da seguinte forma: “Está consumado; Ó conforto para as almas que sofrem! O herói de Judá vence com toda a força, E conclui a batalha. Tudo está consumado! 
Tudo está consumado! Sim, tudo foi concluído, o caminho do céu está aberto. O perdão decretado. No entanto, você e eu ainda estamos o mundo, ainda sofremos as consequências do nosso pecado.  E o quinto evangelista tem um convite especial: “ó almas atormentadas, fugi de vosso martírio,  – Para onde? – Para o Gólgota! Tomais as asas da fé. Voai – Para onde? – para a colina da cruz, É lá que floresce vossa salvação.” 
O resumo da ajuda de Bach: 1) Cristo, mesmo nas maiores humilhações foi glorificado, Cristo foi vitorioso quando curou alguém, Cristo foi vitorioso quando enfrentou o sofrimento. Em todos os momentos, Cristo é glorificado; 2) O culpado? Os nossos pecados, pois, Cristo morreu para nos libertar das amarras do pecado; 3) Nas nossas dificuldades, nas nossas dores e sofrimentos, vamos correr, voar para o Cristo crucificado, pois, como diz Paulo, nós pregamos a Cristo crucificado.  
Quem vive e morre confiando em Cristo tem um final diferente, tem um final feliz e bem-aventurado. Bach fala da alma subindo para o céu e o corpo sendo colocado no seu quartinho de dormir. Bach define a sepultura como um quartinho de dormir. E neste quartinho de dormir, aguardará que alguém o acorde e este alguém é Cristo. 
 “Ah, Senhor, deixa que teus amados anjos / No último fim, a minha alma /Levem ao seio de Abraão. /Que o corpo em seu quartinho de dormir/ Suavemente sem dor ou tormento./ Descanse até o último dia! Então me acorde da mortePara que meus olhos vejam a ti./ Em alegria plena, ó Filho de Deus, /Meu salvador e trono da graça!/ Senhor Jesus Cristo, ouve-me. / A ti darei graças por toda a eternidade./ 
É possível pensar nossa alma indo ao céu. É possível pensar na sepultura como um quarto de dormir. Sim, é possível, porque Cristo morreu pelos teus pecados. Cristo morreu pelos meus pecados. 
Que a paz de Deus que excede todo entendimento guarde a tua mente e teu coração para a vida eterna. Amém.  

Um comentário:

  1. Olá, gosto bastante do blog de vocês. Sou novo no luteranismo, quero aprender mais e mais sobre o Luteranismo confessional. Só queria deixar uma sugestão para vocês: ajeitem os link do blog, pois por exemplo: quando eu clico em estudos, orações, materiais ou algo do tipo, nada acontece, fica sempre na mesma página, ai fica até difícil de encontrar algum conteúdo especifico do blog.

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