“Crucificação” (1450), Mestre Dreux Budé, possivelmetne André d’Ypres. |
"O teólogo da glória afirma ser bom o que é mau, e mau o que é bom; o teólogo da cruz diz as coisas como elas são. Isto é evidente, pois enquanto ignora Cristo, ele ignora o Deus oculto nos sofrimentos. Por isso, prefere as obras aos sofrimentos, a glória a cruz, o poder a debilidade, a sabedoria a tolice e, de um modo geral, o bem ao mal. Esses são os que o apóstolo chama de inimigos da cruz de Cristo [cf. Fp 3.18], certamente porque odeiam a cruz e os sofrimentos, ao passo que amam as obras e a sua glória. Assim, eles chamam o bem da cruz de um mal, e o mal da obra de um bem. Já dissemos, no entanto, que Deus não é encontrado senão nos sofrimentos e na cruz. Os amigos da cruz afirmam que a cruz é boa e que as obras são más, porque, pela cruz, são destruídas as obras e é crucificado Adão; pelas obras, este é, antes, edificado. Portanto, é impossível que não se envaideça com suas boas obras a pessoa que não for primeiramente esvaziada e destruída pelos sofrimentos e males, até que saiba que ela mesma nada é e que as obras não são suas, mas de Deus."
-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, no Debate de Heildeberg, 1518 (OSel 1:50)
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