O Batismo de Jesus Cristo
Rev. Elissandro Ribeiro da Silva
Dia de Reis
Historicamente, o dia 6 de janeiro é conhecido como Dia de Reis, apesar que o
Evangelho não retrata os sábios do oriente como reis. A verdadeira
festa de reis não seria dia 6, mas sim no primeiro domingo após dia 6,
quando celebramos o Batismo de Jesus. Este dia é realmente a Festa dos Reis: o Rei Pai, Rei Filho e Rei Espírito Santo, conforme afirma o Credo
Atanasiano: “Deste modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito
Santo é Senhor, entretanto não são três senhores, mas um único Senhor. ”
Aspectos litúrgicos:
O Batismo de Jesus dentro do Período da Epifania
O batismo de Jesus está dentro de um período chamado Epifania. A palavra Epifania significa revelação, manifestação. Eu gosto de pensar da seguinte forma: Advento, especialmente as leituras do Antigo Testamento, falam de algumas promessas que Deus fez relacionadas ao Salvador. No Natal, vemos que as promessas foram realmente cumpridas. E finalmente, temos a Epifania. Este período nos revela, nos mostra quem é Jesus. E entendermos quem é Jesus é de fundamental importância para entendermos o que Ele fez para minha salvação. Eu gosto de pensar a Epifania como um grande quadro que nos revela quem é Jesus. E a base neste quadro é o cenário do Batismo e da transfiguração, com duas frases muito parecidas: “Este é o meu filho amado”.
Leituras para o dia que se celebra o Batismo do Senhor
O Batismo de Jesus é celebrado no primeiro domingo após a Epifania, neste ano vai ser celebrado no dia 10 de janeiro. Gostaria de conversar sobre estes textos. E gostaria de começar pelo Evangelho do dia, Lucas 3.15-22.
Podemos dividir o nosso texto em duas partes: 1) relato sobre João Batista e 2) O Batismo de Jesus.
Gostaria de destacar a primeira parte, Lucas 3.15-21. O evangelho nos traz temas de grande importância no dia da celebração do batismo de Jesus e começa falando sobre João Batista. João Batista era uma figura tão ímpar que as pessoas começaram a se questionar se ele não seria o Cristo. João Batista responde que não é o Cristo, comparando o seu Batismo com o Batismo de Cristo.
Outro ponto que quero destacar é a mensagem de João Batista. Quando pensamos em João Batista, lembramos logo as palavras fortes deles de acusação do pecado: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?” (v. 7). Mas ele não tinha somente palavra de acusação, mas também tinha palavra de perdão: "Assim, pois, com muitas outras exortações anunciava o evangelho ao povo." (v.18)
A segunda parte é o relato do batismo de Jesus: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” (vv. 21-22)
O relato é um dos mais reveladores, com a Santíssima Trindade envolvida num único cenário. Temos a voz de Deus Pai, o Filho sendo batizado e o Espírito Santo descendo em forma corpórea como pomba. E a voz do céu para Jesus: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (v. 22). Se olharmos Lucas 4, apenas alguns versículos após este relato, veremos Jesus no deserto sendo tentado pelo diabo e grande tentação era: “Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”; “se és o Filho de Deus, atira-te daqui abaixo”. A tentativa foi colocar dúvida, “Se és o Filho de Deus...”
A leitura da Epistola está registrada em Romanos 6.1-11. Paulo une num único pacote batismo de Jesus, nosso batismo, crucificação de Jesus, nossa morte, ressurreição de Jesus, nossa ressurreição:
"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus." (vv. 1-11)
O último ponto que destacamos é a Oração do Dia:
“Pai dos céus, ao ser batizado no Rio Jordão Jesus foi proclamado teu Filho amado e ungido com o Espírito Santo. Faze com que todos os batizados em seu nome sejam fiéis ao seu chamado como teus filhos e herdeiros com ele da vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.”
A coleta apresenta o fato de Jesus foi batizado e proclamação que Cristo é o Filho amado de Deus e ungido com Espírito Santo, mas especialmente suplica por nós, que fomos batizados em nome do Deus Trino, sejamos fiéis naquilo que nós fomos chamados também de filhos e herdeiros da vida eterna. Em outras palavras, Deus nos mantém na fé que nos foi dada no batismo.
Aspectos controversos: o nosso batismo
Com o batismo de Jesus está tudo certo, pois, que eu saiba, existe unanimidade em relação ao batismo de Cristo. Ele não precisava ser batizado, foi batizado por que se fez um de nós. Os problemas começam a surgir quando falamos do nosso batismo.
1. A Circuncisão e Batismo
Uma das grandes controvérsias relacionadas com o batismo é quem devemos batizar. A Bíblia é clara quando afirma que todos devem ser batizados, independentemente de idade, independente do sexo, cor ou qualquer outra distinção. Incluindo as crianças. E uma das alegações contra o batismo infantil é que a Bíblia nunca diz que devemos batizar crianças!
É necessário voltar ao Antigo Testamento e lá veremos que as crianças foram sempre parte dos atos de salvação Deus. Por exemplo, Deus deu a Abraão o ritual da circuncisão como um sinal exterior de que o Salvador viria de sua linhagem familiar.
O sinal da circuncisão foi dado a meninos pequenos quando eles eram apenas 8 dias de idade! Estes meninos não eram diferentes de nossas crianças, eram crianças normais. Eles não podiam escolher; eles não podiam ser instruídos; eles não podiam dizer: “Nós queremos ser circuncidados”. E mesmo assim eles recebiam circuncisão que era o sacramento do Antigo Testamento. O Apóstolo Paulo em Colossenses 2.11-13 vai falar sobre a circuncisão e o Batismo. Eu gostaria de ler esta passagem: “Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne[11]. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”. O apóstolo Paulo mostra que a circuncisão foi substituída com o Batismo, através do qual o próprio Cristo trabalha para dar vida espiritual para aqueles que estão mortos no pecado.
2. Apresentação de Jesus x Batismo
Uma outra alegação é: “Por que Jesus foi apresentado em vez de ser batizado quando era criança? ” É importante destacar que no Novo Testamento, desde Mateus até Apocalipse, você não vai ter nenhuma palavra, nenhuma ordem, nenhum mandamento falando sobre a apresentação. Se olharmos o Batismo, teremos várias passagens, por exemplo, Mateus 28.18-20: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”. Em outras palavras, não existe ordem de Jesus para que as crianças sejam apresentadas.
No entanto, a pergunta fica no ar: “Por que Jesus foi apresentado? ” Para responder esta pergunta precisamos voltar um pouco na história, especialmente na saída do povo de Deus do Egito. A décima praga foi a morte dos primogênitos e todos que não tinham a marca do carneiro em sua porta, desde o primogênito do animal, até o primogênito do rei, morreriam. Jesus foi apresentado por que era o primogênito e também por que era homem.
No livro do Êxodo, capítulo 13, Deus afirma que os primogênitos são de dEle: “Consagra-me todo primogênito; todo que abre a madre de sua mãe entre os filhos de Israel, tanto de homens como de animais, é meu ” (v. 2); “Apartarás para o SENHOR todo que abrir a madre e todo primogênito dos animais que tiveres; os machos serão do SENHOR” (v. 12); “Pois sucedeu que, endurecendo-se Faraó para não nos deixar sair, o SENHOR matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até ao primogênito dos animais; por isso, eu sacrifico ao SENHOR todos os machos que abrem a madre; porém a todo primogênito de meus filhos eu resgato” (v. 15).
E como aconteceria este resgate? “Todo primogênito da jumenta resgatarás com cordeiro; se o não resgatares, será desnucado; mas todo primogênito do homem entre teus filhos resgatarás” (v. 13). E por ser primogênito, homem, deveria ser apresentado a Deus e trazer o sacrifício requerido, um cordeiro. Caso fosse uma família pobre, traria dois pombos. Se insistimos na apresentação, também deveríamos insistir no sacrifício. Jesus foi apresentado por que era o primogênito e homem.
3. O batismo é um símbolo de nossa decisão por Jesus?
Existem muitas igrejas que entendem o batismo como simples testemunho da fé que já existe no coração da pessoa. Seria um simples testemunho de que eu decidi por Jesus. E este entendimento tem consequências em quem pode ser admitido no batismo, pois, somente quem pode dar este testemunho é alguém que pode expressar sua salvação. Nesta perspectiva, o batismo não oferece nada. E não é isto que a Bíblia apresenta sobre o batismo.
Jesus em João 3.5 afirma que quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino do céu. Em I Pedro 3.21 nós temos, de forma clara, que o batismo nos salva. O apóstolo Paulo, em Gálatas 3, vai falar sobre o batismo e o se revestir com Cristo: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes” (vv. 26-27). O mesmo apóstolo Paulo vai ligar o batismo e a morte de Cristo em Romanos 6: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (vv. 3-4).
O batismo não é um simples testemunho de fé; é um verdadeiro meio da graça pelo qual o Espírito Santo traz o pecador à união com o Salvador, dá perdão dos pecados, outorga salvação, novo nascimento e vida nova. O batismo regenera as crianças, gerando a fé salvadora que aceita essas bênçãos. Sela a salvação nos adultos que creem, dando-lhes maior confiança no perdão e a convicção de que são filhos de Deus e herdeiros da Vida Eterna. (Manual Boas Novas, 50).
Consequências do Batismo de Jesus em nossa vida
a. Jesus foi batizado em meu lugar, pois, ele não precisava ser batizado. Então, em casa batismo que ocorre a cena é repetida, o Santo Espírito desce sobre aquele que está sendo batizado e somos transformados em filhos amados de Deus;
b. Com o batismo somos crucificados com Cristo;
c. O Batismo nos dá perdão dos pecados, conforme aprendemos do Catecismo: O batismo opera a remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos creem, conforme dizem as palavras e promessas de Deus.
d. No nosso batismo, nos é colocado o santíssimo nome de nosso Deus Trino: Pai, Filho e Deus Espírito Santo.
e. Sinal que somos de Cristo: Recebe o sinal da Santa Cruz tanto na fronte, quanto no peito, em sinal do teu resgate por Cristo Crucificado. O Batismo nos faz propriedade exclusiva de nosso Deus
- Rev. Elissandro Ribeiro da Silva
Ele era um perseguidor, mas algo mudaria a sua vida
e mudaria para sempre. Paulo, munido de autorização, sai da capital, de
Jerusalém, em direção a outra cidade chamada Damasco. Ele saiu um perseguidor,
mas não chegou perseguidor. Eu gostaria de convidar o Adãozinho para que leia o
texto de Atos 9.1-8: “1 Enquanto isso, Saulo não parava de ameaçar de
morte os seguidores do Senhor Jesus. Ele foi falar com o Grande Sacerdote / 2 e
pediu cartas de apresentação para as sinagogas da cidade de Damasco. Com esses
documentos Saulo poderia prender e levar para Jerusalém os seguidores do
Caminho do Senhor que moravam ali, tanto os homens como as mulheres. / 3 Mas na
estrada de Damasco, quando Saulo já estava perto daquela cidade, de repente,
uma luz que vinha do céu brilhou em volta dele. / 4 Ele caiu no chão e ouviu
uma voz que dizia: – Saulo, Saulo, por que você me persegue? / 5 – Quem é o
senhor? – perguntou ele. A voz respondeu: – Eu sou Jesus, aquele que você
persegue. / 6 Mas levante-se, entre na cidade, e ali dirão a você o que deve
fazer. / 7 Os homens que estavam viajando com Saulo ficaram parados sem poder
dizer nada. Eles ouviram a voz, mas não viram ninguém. / 8 Saulo se levantou do
chão e abriu os olhos, mas não podia ver nada. Então eles o pegaram pela mão e
o levaram para Damasco.”
Este encontro foi tão decisivo para Saulo que ele
nunca mais foi o mesmo. Em Filipenses 3. 4-10 temos uma declaração do próprio
Paulo. Ele afirma que deixou de lado todas as coisas que ele considerava
importante por amor a Cristo. De Saulo para Paulo; de perseguidor para
perseguido; de judeu para Cristão, mas as mudanças não pararam por aí:
