O Evangelho de nosso Senhor segundo S. João 10: 11-16
Nosso Salvador Jesus Cristo, ao afirmar: “Eu sou o Bom Pastor” (S. João10:11a),
revela, dentre outras coisas, ser o cumprimento daquilo que foi dito pelo
Senhor, por intermédio do St. Profeta Ezequiel: “Eis
que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei” (Ezequiel
34:11). Portanto, Jesus, o Cristo, é o prometido Pastor de Israel, é o Pastor
do Povo de Deus.
Mas, que diferença faz saber disso? Ora, faz toda a diferença. Afinal,
Jesus Cristo, ao afirmar ser “o Bom Pastor”, diz também algo extremamente significativo: “O
Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (S. João 10:11b).
Isso é belo e grandioso, você pode
estar pensando. Porém, como ter certeza de que eu sou uma das ovelhas desse Bom
Pastor? Esta é, sem sombra de dúvida, uma boa pergunta. E uma coerente resposta para ela
encontra-se na Profecia registrada por Ezequiel.
Ali, o Senhor declara: “Assim buscarei as minhas ovelhas. Eu as livrarei de todos os lugares
por onde foram espalhadas no dia de nuvens e densas trevas” (Ezequiel
34:12). Isto significa que o primeiro aspecto de uma ovelha que pertence ao
Bom Pastor é o fato de que ela não se tornou parte do seu Rebanho por uma
capacidade própria, na verdade, ela foi buscada e liberta, pois por is só
estava perdida e condenada.
Ao continuar, o Senhor diz o que fará ao resgatar
suas ovelhas: “Vou apascentá-las nos montes de
Israel, junto às correntes de água” (Ezequiel 34:13). Ou
seja, o segundo aspecto de uma ovelha que pertence ao Bom Pastor é ser
apascentada junto às correntes de água. Ora, como o Senhor nos apascenta, isto
é, nos guarda e nos torna seus junto da água? Como? Por meio do Santo Batismo! E
este apascentar por meio do Santo Batismo deixa muito claro que ele, como
afirmou Jesus Cristo, “não é um mercenário, mas
é alguém que se importa com as suas ovelhas” (S. João 10: 12-13).
Após isso, proclama o Senhor: “Deixarei que pastem em bons pastos, e nos altos montes de
Israel será a sua pastagem” (Ezequiel 34:14). Em outras
palavras, o Senhor que é o Bom Pastor, após buscar suas ovelhas e as apascentar
junto à corrente de águas, lhes dá a melhor pastagem para elas se alimentarem
com o melhor de todos os alimentos. Assim, o terceiro aspecto de uma ovelha que
pertence ao Bom Pastor é que ela, após ser resgatada por ele e ser batizada, passa
a desfrutar de bons pastos – os pastos que a conduzem a viver o arrependimento
e o perdão, bem como também é para ela o solo fértil da Palavra de Deus. Mas,
não só isso. No devido tempo, a ovelha que pertence ao Bom Pastor recebe também
o melhor dos alimentos: O verdadeiro Corpo e o verdadeiro Sangue de Cristo, o
Bom Pastor! E nesta Santa Ceia, nesta Eucaristia, como refletimos no Culto
passado, nós passamos a conhecer este Senhor e Salvador plenamente, porque é
ali que ele, de uma forma extraordinária, se revela aos seus. E isto expressa
aquilo que ele mesmo diz no Evangelho para hoje: “Conheço
as minhas ovelhas, e elas me conhecem” (S. João 10:14).
Você é uma ovelha do Bom Pastor Jesus? Isto é,
você foi resgatado por ele, foi batizado por ele, vive o arrependimento e o
perdão, ouve sua Palavra e está sendo alimentado por ele? Se a resposta para estas perguntas é “sim!”, então você pode descansar. Afinal, ele
mesmo prometeu: “Eu apascentarei as minhas
ovelhas e as farei repousar, diz o Senhor Deus” (Ezequiel 34:15).
Este repouso verdadeiro ocorre somente em um
lugar, o lugar onde você é apascentado pelo Bom Pastor junto as águas, é
firmado nos bons pastos do arrependimento e do perdão, e da Palavra, e é
alimentado por ele com a melhor de todos os alimentos. Este lugar é aquele que
Jesus denomina de “seu aprisco, seu Rebanho”
(S. João 10:16), isto é, sua Igreja!
Prezados irmãos, concluo esta Homilia, afirmando a
vocês: Não há nada melhor na face da terra do que estar no aprisco do Bom
Pastor Jesus, pertencer ao seu Rebanho, ser parte da sua Igreja. Pois dessa
forma, vocês podem ter a mesma certeza e confiança do Salmista Davi, que
compreendeu: “Se o Senhor é o meu Pastor, aquilo
que eu não tenho, eu não preciso” (Salmo 23:1). E por quê?
Porque o essencial para a vida, o Bom Pastor concede: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para
junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da
justiça por amor do seu nome” (Salmo 23: 2-3). É por isso que
Davi e todos que fazem parte Rebanho deste Bom Pastor, podem orar: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4).
Meus queridos, não abandonemos este aprisco, não
nos dispersemos para fora deste Rebanho, não nos afastemos da bênção que é ser
parte da Igreja de Cristo. Afinal, é aqui, no Corpo do Bom Pastor Jesus que nós
ouvimos sua Voz graciosamente nos dizer: "Eu
te batizo", "Eu te perdoo", “Em verdade, em verdade eu te digo”, "Isto é o meu Corpo". E ouvindo essa Voz –
que vem a nós na Palavra e nos Sacramentos – podemos ter a esperança concreta
de que “a Bondade e a Misericórdia dele nos
perseguirão todos os dias de nossa vida, e para todo o sempre – isto é, por
toda a eternidade – habitaremos na Casa do Senhor!” (Salmo 23:6).
Amém!
Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana "Santíssima Trindade"
Naviraí/MS