27/04/2019

Segundo Domingo de Páscoa (Ano C)



Atos 5.12–20 (21–32)
Salmo 148
Apocalipse 1.4–18
João 20.19–31

Para que creiam e tenham vida em seu nome

No Dia do Senhor o apóstolo São João recebeu uma revelação do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último. Ele é aquele que vive, “o Primogênito dos mortos” (Ap 1.5). Ele morreu por todas as pessoas, mas eis que está “vivo para todo o sempre” e tem “as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.18). Por sua morte ele expiou o pecado e venceu a morte, e na sua ressurreição ele nos abriu o reino dos céus. A “afiada espada de dois gumes” da sua boca (Ap 1.16) chama para que “creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”, a fim de que, por essa fé “tenham vida em seu nome” (Jo 20.31). Com esta finalidade, ele envia seus ministros da Palavra, assim como o Pai o enviou, “a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados” (At 5.31). — LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, concede que nós, que celebramos a ressurreição de nosso Senhor, possamos por tua graça confessar em nossa vida e por nosso falar que Jesus é Senhor e Deus; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: A Visão de João, por Matthias Gerung (1500–1570), na Bíblia de Ottheinrich (1430)

25/04/2019

São Marcos, Evangelista


Pápias (c. 70 a 140 d.C) foi bispo de Hierápolis, na antiga Frígia (atual Pamukkale, Turquia). Escreveu uma obra em cinco volumes intitulada Logíon Kuriakon Ecsegéseis (Explicações das sentenças do Senhor). No entanto, nos restam apenas fragmentos de sua obra e um destes é muito relevante por apresentar a melhor confirmação da canonicidade do Evangelho de Marcos.

- Fragmento de Pápias de Hierápolis na obra de Eusébio de Cesaréia (HE, III, 39, 15-16):

“O presbítero [um certo João, não o evangelista] dizia também o seguinte: Marcos, que foi intérprete de Pedro, escreveu fielmente, embora desordenadamente, tudo o que recordava sobre as palavras e ações do Senhor. De fato, ele não tinha ouvido o Senhor, nem o havia seguido. Mais tarde, como já disse, ele seguiu a Pedro, que lhe dava instruções conforme as necessidades, mas não como quem compõem um relato ordenado das sentenças do Senhor. Assim, Marcos em nada errou, escrevendo algumas daquelas coisas da forma como as recordava. Com efeito, sua preocupação era uma só: não omitir nada do que tinha ouvido, nem falsificar nada do que transmitia."

Fonte: Padres apostólicos (Coleção Patrística, vol. 1). São Paulo: Paulus, 1995.

24/04/2019

25 de abril - São Marcos, Evangelista


Isaías 52.7-10
Salmo 146
2 Timóteo 4.4-18
Marcos 16.14-20


São Marcos é o autor do segundo Evangelho, que segundo alguns Pais da Igreja, ele compôs quando os cristãos em Roma lhe pediram para escrever a pregação do apóstolo São Pedro. Marcos, também conhecido como João Marcos, era originário de Jerusalém, onde a casa de sua mãe Maria era o centro da Igreja primitiva de Jerusalém (At 12.12). Ele foi levado de Jerusalém até Antioquia por Paulo e Barnabé (At 12.25), de onde partiram na primeira viagem missionária. Quando Paulo e Barnabé se preparavam para a segunda viagem missionária, Barnabé queria levar Marcos novamente, mas Paulo se opôs pois Marcos os havia deixado durante a primeira viagem. Barnabé levou Marcos consigo para Chipre, enquanto que Paulo tomou a Silas como seu novo companheiro (At 15.37-40). Mais tarde, Paulo se reconciliou com Marcos, voltando a trabalhar juntos novamente (Cl 4.10; Fm 24; 2 Tm 4.11). Marcos também trabalhou com Pedro em Roma (1 Pe 5.13). A tradição conta que Marcos foi fundamental no estabelecimento da Igreja em Alexandria, tornando-se seu primeiro bispo, e que sofreu a morte de um mártir.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, tu enriqueceste tua Igreja com a proclamação do Evangelho através do evangelista Marcos. Concede que possamos crer firmemente nestas boas novas e diariamente andar de acordo com a tua Palavra; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1291).

Imagem: São Marcos, por Guido Reni (1621)

24 de abril - Johann Walter, Kantor e Compositor



Aos 21 anos de idade, Johann Walter (1496-1570) começou sua carreira como compositor e cantor baixo na capela da corte de Frederico, o Sábio. Em 1524, publicou uma coleção de hinos organizados de acordo com o Ano da Igreja, que veio a se tornar um modelo para muitos hinários posteriores. Além de servir por 30 anos como Kantor (músico responsável pelo canto litúrgico na igreja) nas cidades de Torgau e Dresden, Walter também ajudou Martinho Lutero na preparação da Missa Alemã (Deutsche Messe) de 1526. Walter é lembrado como o primeiro Kantor e compositor luterano de música sacra.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus de majestade, a quem os santos e anjos se deleitam a adorar no céu, nós te damos graças por teres provido música para a tua Igreja através de Johann Walter, kantor na Igreja da Reforma. Através da música tu nos concede a alegria de participarmos do cântico celestial aqui na terra. Conduz-nos à realização deste cântico quando estivermos com todos os teus santos diante da tua glória revelada, através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1291)

A Ressurreição de Nosso Senhor: Quarta-feira de Páscoa


Atos 3.13–15, 17–19
Salmo 61
Colossenses 3.1–7 ou 1 Coríntios 11.23–26
João 21.1–14


Nos Atos dos Apóstolos vemos São Pedro e os discípulos proclamando a Ressurreição de Cristo ao povo de Israel, bem como da necessidade do arrependimento “para que sejam cancelados os seus pecados”. O Evangelho para este dia nos fala da terceira manifestação de Jesus aos discípulos depois de haver ressuscitado dentre os mortos. Desta vez Jesus aparece no Mar de Tiberíades, enquanto os discípulos estavam no barco pescando. Quando Jesus estava na praia, “os discípulos não reconheceram que era ele” (Jo21.4). Os discípulos se encontravam em trevas, sem ver a luz (cf. Jo 1.9-13). Depois que Jesus ordena que lancem as redes e a rede se enche de peixes, o apóstolo João reconheceu Jesus e conta a Pedro: “É o Senhor!” (Jo 21.7). A luz clareou suas mentes e agora eles reconhecem Jesus. Quando os discípulos saltaram em terra, percebem que Jesus havia preparado uma refeição com peixe e pão, que o Senhor pega e distribui entre eles. Esta refeição é imagem da igreja, a comunidade de discípulos que se reúne em torno de Jesus para confessá-lo como Senhor e ouvir suas palavras que dão vida.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que pela gloriosa ressurreição de teu Filho Jesus Cristo destruíste a morte e trouxeste à luz a vida e a imortalidade, concede que nós, que ressuscitamos com ele, possamos habitar em sua presença e exultar na esperança da glória eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: Jesus e seus discípulos no mar de Tiberíades, por Carl Oesterley (1833)

23/04/2019

A Ressurreição de Nosso Senhor: Terça-feira de Páscoa


Daniel 3.8–28 
Salmo 2 
Atos 13.26–33 
Lucas 24.36–49

Durante a oitava de Páscoa (8 dias de Páscoa), celebramos cada dia como se fosse um Domingo de Páscoa, pois a ressurreição de Jesus foi o evento extraordinário que transformou a história humana. Segunda e Terça-feira de Páscoa costumavam ser feriados em países outrora majoritariamente luteranos.

O evangelho de hoje inicia onde o terminou o Evangelho da Segunda-feira de Páscoa. Ontem, os dois discípulos de Emaús reconhecem Jesus no partir do pão. Hoje o Cristo Ressurreto também se mostra verdadeiramente ressuscitado ao partilhar uma refeição com seus discípulos, comendo um peixe assado.

Conforme o relato de São Lucas, os discípulos estão reunidos quando o Cristo Ressurreto lhes aparece lhes dá a sua Paz. Eles ficam assustados pensando que Jesus é um espírito. Diante da incredulidade, Jesus simplesmente lhes diz: “Vejam as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo” (Lc 24.39).

Então, novamente Jesus repete o que havia dito aos dois discípulos no caminho de Emaús, ao dizer o que as Escrituras testemunhavam a respeito dele. Mas desta vez, além de mencionar Moisés e os Profetas, Jesus também inclui o testemunho de Davi, os Salmos.

São Lucas relata que Jesus “lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc 24.45). Oremos para que Cristo nos dê a sua Paz e o Espírito Santo nos ilumine para que também possamos ver Jesus nos meios da graça que ele escolheu para se revelar a nós, os Sacramentos e a sua Palavra.

ORAÇÃO DO DIA

Todo-poderoso Deus, que pela ressurreição de teu Filho garantiste paz para as consciências atribuladas, concede-nos sempre esta paz para que, confiando nos méritos de teu Filho, possamos alcançar afinal a paz perfeita dos céus; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: O Cristo Ressurreto, por William Hart McNichols (1949 - )

21/04/2019

A Ressurreição de Nosso Senhor: Noite de Páscoa / Segunda-feira de Páscoa


Êxodo 15.1-18 ou Daniel 12.1c-3
Salmo 100
Atos 10.34-43 ou 1 Coríntios 5.6b- 8
Lucas 24.13-35 (36-49)


O Cordeiro Pascal de Deus é conhecido no partir do pão

A celebração da Páscoa é uma festa sem fim, pois "Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Co 5.7). " Por isso, celebremos a festa" (1 Co 5.8) e cantemos "ao Senhor, porque triunfou gloriosamente" (Êx 15.1). Ele é nossa força e nosso cântico pois tornou-se a nossa salvação. "Tiraram a vida" dele, "pendurando-o no madeiro", mas "a este ressuscitou Deus ao terceiro dia" (Atos 10.39). Suas testemunhas escolhidas – "nós que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos" (Atos 10.41) –, agora pregam "o perdão dos pecados pelo seu nome" (Atos 10.43). Por meio dessa pregação Jesus se aproxima e nos leva para sua santa morada. Ele abre as Escrituras para nós e abre nossas mentes para compreender "o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Ele abre os nossos olhos para reconhecer suas chagas e conhecê-lo "no partir do pão" (Lc 24.35). À sua mesa, Ele derrama o Espírito do Pai sobre nós, para que sejamos salvos; sejamos despertados do pó da terra, não para vergonha e desprezo eterno, mas "para a vida eterna" (Dn 12.2). — adaptado de LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA

Ó Deus, que na festa da Páscoa restauraste toda a criação, continua a enviar teus dons celestiais sobre o teu povo para que possamos caminhar em perfeita liberdade e receber vida eterna; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: Ceia em Emaús, por Matthias Stom (c.1633-1639)

A Ressurreição de Nosso Senhor - Domingo de Páscoa


Isaías 65.17–25
Salmo 16
1 Coríntios 15.19–26
Lucas 24.1–12


A ressurreição de Cristo é o primeiro fruto da nova criação

O Senhor prometeu criar “novos céus e nova terra” (Is 65.17), em que o seu povo habitará em paz e alegria. Essa nova criação começou na ressurreição corporal de Cristo Jesus. Todos os batizados pertencem a essa nova criação. Renascidos da água e do Espírito Santo, eles “são a descendência dos benditos do Senhor” (Is 65.23). O Senhor rejubila e se alegra neles. Antes mesmo que clamem, Deus ouve e responde suas orações. “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1Co 15.19). Mas Cristo Jesus ressuscitou, “sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). Podemos ficar como pessoas “perplexas a esse respeito” (Lc 24.4), achar até mesmo que parece um “delírio” (Lucas 24:11). Mas a fé se agarra à Palavra de Cristo e encontra seu corpo ressuscitado - não no sepulcro, mas em sua Santa Ceia. — adaptado de LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA

Todo-poderoso Deus e Pai, que através de teu único Filho Jesus Cristo venceste a morte e abriste para nós o portão da vida eterna, faze com que nós, ao celebrarmos com alegria o dia da ressurreição do Senhor, possamos ser ressuscitados da morte do pecado pelo teu Espírito doador da vida; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: As três marias no túmulo (mulheres miróforas), por Peter von Cornelius (1815)

20/04/2019

A Ressurreição do Senhor - Aurora da Páscoa (Ano C)


Jó 19.23–27
Salmo 118.15-29
1 Coríntios 15.51–57
João 20.1–18


Nosso Redentor vive!
Em Adão, todos morrem porque todos pecam. Os descendentes daquele que foi o primeiro jardineiro foram expulsos do Paraíso e voltaram ao pó de onde foram formados. Mas eis que veio outro Jardineiro (Jo 20.15), que dormiu no pó da terra e, em sua ressurreição, abriu o paraíso para todos os descendentes de Adão. Pois, “tragada foi a morte pela vitória” (1 Co 15.54) e Deus “nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57). Cada um de nós confessa “que o meu Redentor vive” e “em minha carne verei a Deus” (Jó 19.25, 26). Visto que ele nos chamou das trevas para a luz e enxugou as nossas lágrimas, agora nós o contemplamos pela fé e reconhecemos a sua voz no Evangelho. Nós entramos em seu túmulo pela morte do Santo Batismo e assim também participamos da sua ressurreição. Assim como “era necessário que ele ressuscitasse dentre os mortos” (Jo 20.9) assim também nós um dia ressuscitaremos.

ORAÇÃO DO DIA

Todo-poderoso Deus, que através de teu único Filho Jesus Cristo venceste a morte e abriste para nós o portão da vida eterna, oramos com humildade para que possamos viver diante de ti em justiça e pureza para sempre; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Subsídio litúrgico para a Vigília Pascal:

O Tríduo Pascal é encerrado com a Vigília Pascal, conhecida desde a antiguidade cristã como a Grande Vigília.

Liturgia em PDF: http://bit.ly/lucernarium


A Vigília Pascal pode ser adaptada de acordo com a realidade de cada congregação. Algumas igrejas a observam como uma verdadeira vigília, iniciando a celebração no final do Sábado Santo, para que o culto termine na madrugada de Domingo, após a meia-noite. Outros celebram a Vigília como o primeiro culto do Domingo de Páscoa, começando nas horas antes do amanhecer e culminando com a Aurora. Outros ainda celebram as três primeiras liturgias como o culto da Aurora Pascal e reservam a Santa Comunhão para os cultos de Páscoa posteriores. Independentemente de como ou quando é celebrada, a Vigília Pascal é a mais rica e poderosa liturgia do ano cristão. Ela e os outros ofícios da Semana Santa são cultos singulares e maravilhosos que reúnem o povo de Deus para celebrar o grande mistério pascal - a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida, para nossa salvação.

Imagem: Noli me tangere, por Lavinia Fontana (1581)

Sábado Santo: o descanso da criação e rendenção


"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). Jesus Cristo é o Verbo Criador que se torna criatura, o Deus que se tornou carne, tornou-se um ser humano para a redenção de todo o gênero humano e libertação de toda a criação (Rm 8.19-23) . Nele, Deus fez habitação entre nós como fonte da nova criação. No Sábado Santo ele descansa da sua obra redentora. Agora, contemplamos nele o cumprimento da obra criadora e redentora de Deus. Agora somos feitos novas criaturas nele. Somos ordenados sacerdotes através do Santo Batismo (2Pe 2.9). Agora, somos um novo Adão e uma nova Eva, para viver no Éden da sua graça, que é a igreja, o seu corpo místico.

7º Dia da Semana Santa: Sábado Sombrio



Um dia de espera

O corpo de Jesus está no túmulo, sendo guardado por soldados romanos durante todo o dia do Sábado, que é o Shabat, o dia do descanso. Quando o sábado termina às 6 horas da tarde, o corpo de Cristo é cerimonialmente tratado para o enterro com especiarias compradas por Nicodemos. Nicodemos, assim como José de Arimateia, eram membros do Sinédrio, a corte que havia condenado Jesus Cristo à morte. Ambos estão profundamente afetados pela morte de Cristo. Eles saem do esconderijo com ousadia, arriscando suas reputações e suas vidas, pois percebem que Jesus é, de fato, o tão esperado Messias. Nicodemos e José de Arimateia cuidam do corpo de Jesus e o preparam para o enterro. “Não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula. (1 Pedro 1.18-19).

Os eventos do Sábado são registrados em Mateus 27.62-66, Marcos 16.1, Lucas 23.56 e João 19.40.

- Martinho Lutero sobre o sepultamento de Jesus:

Este é um grande serviço: tomam conta do corpo de Jesus sem vida e não temem o poder de Pilatos. Vão e fecham o sepulcro. Cristo descansa, Deus tem de agir. Assim foi o sepultamento de Jesus.

Deus, nosso Senhor, certamente permite que se honrem os mortos e não simplesmente se joguem fora como se faz com os cachorros. Porque o corpo cuja alma se fundamenta na palavra de Deus terá de ressuscitar. Porque vivemos não só de pão, mas de toda a palavra de Deus. Nisso baseia-se a ressurreição.

Agora, não devemos nos esquecer disto: Todas as mulheres, sim, todos os apóstolos duvidaram de Cristo e ninguém acreditou que ele ressuscitaria. É o que também disseram aqueles dois que estavam a caminho de Emaús. Pois, se tivessem tido alguma esperança, não o teriam embalsamado e deitado num sepulcro. E se isso tivesse sido obra humana, Deus não o teria feito e na Escritura esse dia também não teria chamado o grande dia. Este artigo é muito mais grandioso do que o primeiro, que diz que Deus criou os céus e a terra. E, também, ninguém pode ser salvo a menos que creia que Deus ressuscitou Jesus Cristo. Esta fé não é obra humana, mas é operada por Deus, como Paulo e as Escrituras repetidas vezes afirmam.

Agora, aquela palavra sobre seu domínio precisa se cumprir.

(Castelo Forte: Devoções Diárias 1983. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

19/04/2019

6º Dia da Semana Santa: A Sexta-feira da Paixão


O Dia Crucial

Sexta-Feira Santa é o dia mais árduo da Semana da Paixão. A jornada de Cristo se torna traiçoeira e extremamente dolorosa nas horas finais que conduzem à sua morte. Antes da terceira hora (9 da manhã), Jesus sofre a vergonha de falsas acusações, a condenação, o escárnio, as bofetadas e o abandono. Após vários julgamentos ilegais, ele é condenado à morte por crucificação, um dos métodos mais horríveis e vergonhosos de pena capital. Jesus carrega sua própria cruz para o Calvário, onde o pregam no madeiro. Jesus declara as sete palavras finais da cruz. Suas primeiras palavras foram: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34) e as últimas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.45). Então, na nona hora (3 da tarde), Jesus expirou e morreu. Por volta das 6 horas da noite de Sexta-feira, Nicodemos e José de Arimateia tiraram o corpo de Jesus da cruz e o depositaram num túmulo.

Os eventos de Sexta-feira estão registrados em Mateus 27.1-62, Marcos 15.1-47, Lucas 22.63 – 23.56 e João 18.28 – 19.37.

Um Sermão sobre a Preparação para Morte (1519), de Martinho Lutero:

Aquele que, abandonado por Deus como um condenado, venceu o inferno através de seu amor todo-poderoso, testemunhando, assim, que é o Filho mais querido e que tornou isso propriedade de todos nós, se assim cremos.

Como se tudo isso não bastasse, ele não apenas venceu o pecado, a morte e o inferno em si mesmo e nos conclamou a crer nisso, mas, para nosso maior consolo, sofreu e venceu, ele mesmo, a tribulação que essas imagens nos causam. Ele foi atribulado pela imagem da morte, do pecado e do inferno quanto nós o somos.

Como vemos, Cristo permanece em silêncio frente a todas essas palavras e imagens horríveis, não as combate, faz de conta que não as ouve ou vê, não responde a nada (pois se tivesse respondido, apenas teria dado motivo para que berrassem e se manifestassem com vigor e horror maiores ainda). Mas Cristo só presta atenção a vontade mais amada de seu Pai, tão completamente, que se esquece de sua morte, de seu pecado, de seu inferno, que haviam sido lançados contra ele, e intercede por eles, pela morte, pelo pecado e pelo inferno deles. Da mesma forma devemos nós deixar que as mesmas imagens nos assaltem e nos abandonem, como queiram ou possam. Devemos pensar apenas em nos apegar a vontade de Deus, que é que nos agarremos a Cristo e creiamos firmemente que nossa morte, pecado e inferno nele foram vencidos em nosso favor e não podem nos fazer mal nenhum, de sorte que unicamente a imagem de Cristo esteja em nós e que só com ele conversemos e negociemos.

(Obras Selecionadas de Lutero, vol. 1. p. 392, 393.)

Sexta-feira Santa (Lecionário Trienal)



Isaías 52.13 — 53.12
Salmo 22 ou Salmo 31
Hebreus 4.14-16; 5.7-9
João 18.1 — 19.42 ou João 19.17–30

Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo

Jesus, o Cordeiro de Deus, é levado ao matadouro da cruz como o Sacrifício da Expiação pelos pecados do mundo. “Desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3), ele é o Servo, o Justo, que por sua inocente paixão e morte, justifica a muitos (Is 53.11). Ele toma sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores leva sobre si; ele é “traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades”; ele sofre o nosso castigo, de modo que “pelas suas feridas fomos sarados” (Is 53.4-5). Como Filho de Deus, Jesus cumpre a Lei por nós em carne humana, “para que se cumprisse a Escritura” (Jo 19.7, 24). Em perfeita fé e fidelidade, ele compartilha conosco de todas as nossas fraquezas e tentações, “mas sem pecado” (Hb 4.15), e como nosso grande Sumo Sacerdote misericordioso, Jesus, o Filho de Deus, nos leva ao Pai em paz. Na sua presença, “recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno” (Hb 4.16). — adaptado de LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, graciosamente mantém esta tua família, por quem nosso Senhor Jesus Cristo aceitou ser traído e entregue nas mãos de homens pecadores para sofrer a morte sobre a cruz; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Subsídio litúrgico para o Culto Principal da Sexta-feira Santa:

 

Os cultos da noite da Quinta-feira Santa até Domingo de Páscoa formam uma liturgia contínua conhecida como Triduum (três dias). Portanto, este culto não tem rito de entrada nem bênção.


Este culto de Sexta-feira Santa contém vários elementos antigos, como a Paixão segundo São João, as Orações Intercessórias e os Impropérios.

A Sexta-feira Santa não é observada como um funeral de Cristo. É um dia de arrependimento pelo pecado e de contida alegria e louvor pela redenção que Cristo consumou por nós na cruz.

Arquivo em PDF: http://bit.ly/cultosextafeirasanta

Imagem: Crucificação (1506 a 1520), por Lucas Cranach, o Velho (1472–1553)

18/04/2019

Tríduo Pascal: os Três Santos Dias


A celebração mais solene do calendário cristão é o período da Quinta-feira Santa até o Sábado de Aleluia. Os cultos nestes dias ou noites são tradicionalmente considerados parte de uma única celebração estendida chamada Tríduo (do latim Triduum, que significa “três dias”). Nos primórdios da igreja cristã, os eventos do Tríduo eram celebrados em um culto contínuo de um dia e uma noite chamado Pascha (da transliteração grega da palavra hebraica para Páscoa).

A Quinta-feira Santa

A primeira parte do Tríduo começa na noite de Quinta-feira Santa (também chamada de Endoenças), durante a qual os cristãos lembram os acontecimentos da noite em que Jesus foi traído. Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas concentram-se na instituição da Ceia do Senhor (Mt 26.20-30, Mc 14.17-26 e Lc 22.14-35). O evangelho de João enfoca os ensinamentos finais de Nosso Senhor aos seus discípulos, pontuado de forma dramática quando lava-lhes os pés (João 13-17).

Algumas congregações revivem o rito do lava-pés nesta noite. No entanto, o verdadeiro clímax do culto da Quinta-feira Santa é a celebração da Ceia do Senhor. Esta noite é o “aniversário” do sacramento e, portanto, um acontecimento memorável, até mesmo para as igrejas que celebram a Santa Comunhão todos os domingos.

Terminado o sacramento, acontece o desnudamento do altar. Os ministros e acólitos removem todos os vasos sagrados, cruzes, livros litúrgicos, velas, alfaias sagradas, paramentos, estandartes e outros ornamentos do altar e do presbitério. Este antigo ritual é uma reencenação poderosa e dramática da humilhação do Senhor nas mãos dos soldados romanos. Enquanto o altar é desnudado, o Salmo 22 (contendo profecias claras do sofrimento de Cristo) é cantado ou lido. O altar desnudado ou adornado apenas com paramentos pretos, é transformado de mesa da comunhão da Quinta-feira Santa em pedra do túmulo da Sexta-feira Santa.

A Sexta-feira Santa

Sexta-feira Santa, o segundo dia do Tríduo, é a lembrança solene da morte de Jesus na cruz. O culto é marcado pela austeridade e silêncio. A música instrumental é minimizada ou suprimida. O altar permanece completamente desnudado e as leituras são os pontos focais do culto. A narrativa da paixão do evangelho de João (Jo 18.1-19.42) é, tradicionalmente, o texto indicado para este dia.

Apesar da solenidade que envolve o culto de Sexta-feira Santa, não é um funeral de Jesus, mas sim um momento de contemplação silenciosa e solene de sua grande obra salvadora, na certeza de que a morte não o pode deter.

A Vigília Pascal

O terceiro e último dia do Tríduo é o Sábado de Aleluia, conhecido desde a antiguidade cristã como a Grande Vigília. Este rito litúrgico consiste de três ofícios: o Ofício da Luz, o Ofício do Santo Batismo e o Ofício da Santa Comunhão.

O primeiro deles é o Ofício da Luz (ou Lucernário). Ocorre uma dramática reversão do Ofício Tenebrae da Sexta-feira Santa. A congregação se reúne na escuridão fora da igreja. A todos são dadas velas apagadas. O pastor que preside a celebração acende uma pequena fogueira, um símbolo da coluna de fogo que guiou o povo de Israel durante a noite (Êxodo 13.21-22). A partir deste fogo, o Círio Pascal, uma vela grande e branca, simbolizando a presença do Senhor ressuscitado, é aceso. Todos acendem suas velas a partir do Círio Pascal que um ceroferário conduz em seguida para junto da pia batismal. Todos seguem em lenta procissão para os bancos na igreja escura. Canta-se o Exsultet, uma proclamação pascal ou um hino em louvor ao Cristo ressuscitado.

O Ofício do Santo Batismo é a segunda parte da Vigília Pascal. São lidas várias porções do Antigo Testamento que prefiguram o sacramento do Santo Batismo. O batismo é administrado a crianças e adultos. O clímax da Vigília Pascal é o Ofício da Santa Comunhão. O Círio Pascal volta à sua posição perto do altar. As velas do altar e outras velas outras do santuário são iluminados a partir dele. O pastor que preside a celebração, cumprimenta com a antiga saudação: "Aleluia! Cristo ressuscitou!" A congregação responde: "Ele verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!" Todos se reúnem para cantar o Gloria in Excelsis, um hino que não havia sido cantado na igreja desde o Último Domingo após Epifania. Durante o cantar do hino, o altar pode ser decorado com flores e paramentos brancos (ou dourados). As demais velas são acesas e todas as lâmpadas do santuário são ligadas. A Vigília Pascal termina com uma simples, porém alegre celebração da Eucaristia.

A Vigília Pascal pode ser adaptada de acordo com a realidade de cada congregação. Algumas igrejas a observam como uma verdadeira vigília, iniciando a celebração no final do Sábado Santo, para que o culto termine na madrugada de Domingo, após a meia-noite. Outros celebram a Vigília como o primeiro culto do Domingo de Páscoa, começando nas horas antes do amanhecer e culminando com a Aurora. Outros ainda celebram as três primeiras liturgias como o culto da Aurora Pascal e reservam a Santa Comunhão para os cultos de Páscoa posteriores. Independentemente de como ou quando é celebrada, a Vigília Pascal é a mais rica e poderosa liturgia do ano cristão. Ela e os outros ofícios da Semana Santa são cultos singulares e maravilhosos que reúnem o povo de Deus para celebrar o grande mistério pascal - a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida, para nossa salvação.

5º Dia da Semana Santa: Quinta-feira Santa



Um Dia de Despedidas e Promessas

A Semana Santa toma um rumo sombrio na Quinta-feira. Jesus envia Pedro e João à frente para o Cenáculo em Jerusalém, a fim de fazerem os preparativos para a festa da Páscoa. Naquela noite, após o pôr do sol, Jesus lava os pés de seus discípulos para demonstrar como os crentes devem amar uns aos outros. Em seguida Jesus partilha a festa da Páscoa com seus discípulos dizendo: “Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa com vocês, antes do meu sofrimento. Pois eu lhes digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no Reino de Deus” (Lc 22.15-16). Depois da ceia, Jesus e os discípulos foram ao Jardim do Getsêmani, onde Jesus orou em agonia a Deus Pai. Aproximando-se o início da manhã de sexta-feira, Jesus é traído por um discípulo, é preso e levado para a casa do sumo sacerdote para fazer uma acusação contra Jesus.

Os eventos da Quinta-feira Santa estão registrados em Mateus 26.17–75, Marcos 14.12-72, Lucas 22.7-62 e João 13.1-38.

- Meditação de Martinho Lutero:

“Sabendo Jesus que o Pai confiara tudo às suas mãos, e que ele viera de Deus e voltava para Deus, levantou-se [...] e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. (Jo 13.3-5)

São palavras acertadas e excelentes estas com que João quer mostrar quais os pensamentos que ocupavam Jesus antes de levar os pés aos discípulos... Foram pensamentos elevados a ponto que poderiam ter arrebatado do mundo de forma que não se lembrasse de pessoa alguma.

Mas, justamente nesse momento, ao ocupar-se com tais pensamentos da glória eterna, levanta-se, de repente, da mesa, tira a túnica, toma um avental, deita água numa bacia e começa a lavar os pés aos discípulos...

Entendam-se os seus pensamentos e obras! Seus pensamentos são os seguintes: Eu sou Deus e Senhor sobre tudo; antes que passe um dia, o diabo estará no fim com a sua trama. Depois disso, ele e todos os meus inimigos estarão a meus pés e deixarão meus cristãos em paz. Qual, porém a obra que faz? Ele, o maior de todos os senhores, faz o serviço normalmente executado por empregados e empregadas: lava os pés aos seus discípulos. 
Portanto, Jesus quer mostrar-nos com seu exemplo o seguinte: Como ele se desfaz de toda sua glória, esquecendo-a e não a usando por honra, poder e pompa próprios, mas, com ela, serve a seus servos – que assim também procedamos nós: que não nos orgulhemos de nossos dons nem os usemos para honra própria, mas que, como eles, sirvamos de boa vontade ao próximo e os aproveitemos para seu benefício.

(Fonte: Castelo Forte, 1983)

Quinta-feira Santa (Ano C)


Amemos uns aos outros, como Cristo nos amou!

Pelo Santo Batismo, “tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura” (Hb 10.22), entramos no Santuário com Jesus. Jesus é o nosso Cordeiro Pascal que foi sacrificado por nós. Ele se reclina à mesa conosco e nos alimenta com seu próprio corpo e sangue: o “novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu” (Hb 10.20). Em Cristo, o Senhor se lembra de nós com misericórdia e não mais se lembra de nossos pecados. Ele perdoa todas as nossas iniquidades (Jr 31.34; Hb 10,17). Com esse amor, ele amou “os seus que estavam no mundo” e ainda nos ama “até o fim” (Jo 13.1). Com muito amor ele nos lava com “lavar regenerador” (Catecismo Menor) e nos alimenta no Sacramento do Altar. Vamos, então, amar uns aos outros, assim como ele nos amou (Jo 13.34). — adaptado de LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, que neste maravilhoso sacramento nos deixaste uma lembrança do teu sofrimento, concede que possamos receber o sagrado mistério do teu corpo e sangue para que os frutos de tua redenção possam continuamente ser manifestos em nós; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia)

Subsídio litúrgico para o culto da Quinta-feira Santa:

O culto da Quinta-feira Santa é o primeiro culto do Tríduo Pascal e consiste em quatro partes:

1. Ofício de Confissão e Absolvição Comunitária;
2. Ofício da Palavra;
3. Ofício da Santa Ceia;
4. Desnudamento do Altar.

Na tradição luterana o Rito do Lava-pés é opcional.




Arquivo em PDF: http://bit.ly/cultoquintafeirasanta

Imagem: Cristo Instituindo a Eucaristia (A Última Ceia), por Nicolas Poussin (1640)

17/04/2019

4º Dia da Semana Santa: Quarta-feira Silenciosa


Um Dia de Obediência e Justiça

A Quarta-feira Silenciosa foi apenas isso - silêncio. A Bíblia não diz exatamente o que Nosso Senhor fez naquele dia, mas especula-se que depois de dois dias exaustivos em Jerusalém, Jesus e seus discípulos passaram o dia descansando em antecipação à Páscoa. Enquanto Jesus silencia, Judas toma a decisão de traí-lo.

- Meditação de Otto Paul Kretzmann (1901-1975) sobre a Quarta-feira Silenciosa:
Semana Santa ... Os sete dias mais importantes da história da humanidade... Embora a sequência exata dos eventos nem sempre esteja clara para nós, podemos discernir as linhas retas da divina ordem... Domingo: mantos no pó - o Hosana como prelúdio para o “Crucifica-o”... Segunda-feira: sermões com o imperioso tom de finitude - a figueira seca - a moeda de César ... Terça-feira: a ira espantosa do Cordeiro sobre o pecado pessoal e institucionalizado entre os escribas e fariseus - a firmeza da justiça e o juízo vindouro... Noite e oração à luz da lua Pascal no Monte das Oliveiras...

Quarta-feira é silenciosa... Se alguma coisa aconteceu, os santos escritores puseram um véu... Tudo o que Deus poderia dizer antes do Cenáculo havia sido dito ... Era a vez do homem agora ... Talvez houvesse palavras sussurradas num canto do Jardim, tanto para seus filhos que fugiriam quanto para o Pai que permaneceria... Q Quarta-feira era sua... O coração daquela concorrida e insana Semana Santa estava quieto... Amanhã os soldados viriam, e Sexta-feira haveria a grande assinatura de Deus no céu... Quinta e Sexta-feira pertenceriam ao tempo e à eternidade, mas a Quarta-feira era exclusivamente de deleite...

Quarta-feira silenciosa... Se o nosso Senhor necessitou dela, quanto mais nós cuja vida é o enredo do Hosana e do Crucifica-o... Tempo para oração, para adoração... Tempo para chamar a alma para o átrio interior e para o Jardim... Em nosso mundo apinhado estamos solitários porque nunca estamos sozinhos ... Não há tempo para ir onde a oração é o único som e Deus é a única luz... Precisamos de mais Quartas-feiras silenciosas... Na glória da Cruz sobre nosso pó nosso silêncio pode se tornar purificador e pacífico ... Deus fala mais claramente ao coração que está silencioso diante dele...

KRETZMANN, O. P. The Pilgrim. St. Louis: Concordia Publishing House, 1944. p. 27-28

Quarta-feira da Semana Santa (Lecionário Trienal)


A Quarta-feira da Semana Santa já foi chamada antigamente de “Quarta-feira do Espião”, uma alusão aos relatos dos evangelhos nos quais Judas Iscariotes é identificado como o traidor de Jesus. Tal como um “espião”, Judas abandona a ceia de noite (Jo 13.30) para conspirar secretamente com os principais sacerdotes uma “boa ocasião para lhes entregar Jesus” (Lc 22.6). Jesus sofreu e morreu pelos ímpios (Rm 5.6). Assim, “Deus provou seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 6.8), por isso a multidão dos que estão sendo “justificados pelo seu sangue” (Rm 5.9) são chamados “‘Povo Santo’, ‘Remidos do Senhor’” (Is 62.12). Nos Três Dias Santos, que começam amanhã à noite, caminharemos com Cristo das trevas para a luz, do cativeiro para a liberdade, da morte para a vida.

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso e eterno Deus, que não poupaste a teu único Filho, mas o entregaste por todos nós para carregar nossos pecados na cruz, concede que nossos corações possam estar de tal forma fixados com fé nele que não tenhamos medo do poder do pecado, da morte e do diabo; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: A Última Ceia, por Benjamin West (1786)

16/04/2019

3º Dia da Semana Santa: Terça-feira Agitada



Um Dia de Conflito e Rejeição

Jesus tem um dia agitado na terça-feira. De manhã, ele e seus discípulos passaram pela figueira seca a caminho de Jerusalém e Jesus lhes ensina sobre a fé. No Templo, os líderes religiosos desafiam violentamente a autoridade de Jesus, tentando emboscá-lo e criar uma oportunidade para sua prisão. Mas Jesus se esquiva deles, declarando: “Guias cegos! ... vocês são semelhantes aos sepulcros pintados de branco, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão!” (Mt. 23.24,25). No final da tarde, no Monte das Oliveiras, Jesus deu o “Discurso das Oliveiras”, uma profecia detalhada sobre a destruição de Jerusalém e o fim dos tempos.

Os eventos tumultuosos da Terça e do Discurso das Oliveiras estão registrados em Mateus 21.23 – 24.51, Marcos 11.20 – 13.37, Lucas 20.1 – 21.36 e João 12.20-38.

- O Sublime Louvor – Salmo 118, escrito em 1530 por Martinho Lutero:
"A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular” [Lc 20.17]. Neste versículo faz um breve resumo da paixão e morte de Cristo. Ao dizer que foi rejeitado, descreve a paixão, morte, ignomínia e escárnio a que Cristo foi submetido. Ao afirmar que se tornou pedra angular, aponta para sua ressurreição, vida e domínio em eternidade. Para tanto o compara a uma construção. Quando uma pedra não se enquadra no muro nem se adapta às demais pedras, mas desfigura toda a construção, esta é uma pedra imprestável e inútil, que deve ser lançada fora. Então aparece um mestre estranho que sabe aproveitar essa pedra e diz: Alto lá, seus tolos! Sois mestres e não sabeis aproveitar esta pedra? Pois a mim ela vem bem. Não a usarei para encher brechas nem me servirá de enchimento. Tampouco me será apenas uma pedra comum, mas uma pedra angular no alicerce, que não suportará somente um muro, mas dois, e será de maior utilidade do que qualquer outra pedra e mais do que todas as pedras em toda a construção.

Assim também Cristo não quis conformar-se de forma alguma com o espírito e a santidade dos fariseus nem do mundo inteiro. Eles não o suportam. Ele desfigurava todas as suas construções, repreendia e criticava sua linda e santa aparência exterior. Aí então se enfureceram, condenaram e rejeitaram-no, pois não sabiam para que servia. Então Deus, o verdadeiro construtor, o pegou e fez dele uma pedra angular para o alicerce sobre o qual se fundamenta toda a cristandade reunida entre judeus e gentios. A mesma coisa se dá com ele ainda hoje. Pois a pedra foi rejeitada, se a considera rejeitada, permanece rejeitada. Não obstante, ela continua cara, nobre e preciosa entre os justos e crentes, que não constroem em sua própria obra humana nem em poder de príncipes, mas sobre esta pedra.

Mas nota bem quem são os que rejeitam esta pedra. Não são pessoas simples, mas as melhores, as mais santas, mais sábias, mais eruditas, as maiores, as mais nobres. São estas as que se escandalizam com a pedra. Pois os miseráveis pobres pecadores, os entristecidos, errantes, desprezados, insignificantes, indoutos se alegram com ela e a amam de coração. Enquanto isso aqueles se chamam construtores, ou seja, os que edificam e corrigem o povo e o governam para o melhor com doutrina e pregação. Eles não têm este título porque fossem perturbadores, pessoas prejudiciais e incapazes, mas são construtores, as pessoas mais necessárias, mais úteis e as melhores sobre a face da terra, de sorte que, não fossem elas, certamente o céu viria abaixo antes de anoitecer, e tudo estaria perdido. Esses são os governantes, tanto eclesiásticos quanto seculares, que com suas leis ordenaram o país e o povo para que possa subsistir, e, além disso, ainda querem dominar a Deus mesmo. Foram os mesmos no povo judeu, os sumos sacerdotes e os príncipes em Jerusalém, e Pilatos de Roma, Herodes da Galileia. Eles rejeitaram a pedra e não a puderam tolerar em sua construção ou regime. Eles o sabiam melhor.

(Obras Selecionadas de Lutero. Volume 5: 75-76)

Terça-feira na Semana Santa (Lecionário Luterano Trienal)



Isaías 49.1-7
Salmo 71.1-14
1 Coríntios 1.18-25 (26-31)
Marcos 14.1-15.47 ou João 12. 23-50


A Igreja Luterana reteve o costume iniciado no século VIII de se ler a narrativa da Paixão do Senhor na terça-feira, que é narrada a partir do Evangelho de Marcos 14.1 - 15.47. Mas outra opção para este dia é o Evangelho de João 12.23-50, no qual Jesus proclama que “é chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12.23). Sua alma está angustiada pela proximidade da hora crucial de sua paixão e morte, mas o Servo do Senhor permanece irredutível ao seu chamado (Is 49.1). “Foi precisamente com este propósito que eu vim para esta hora” (Jo. 12.27), pois Deus o destinou a ser “uma luz para os gentios”, para que chegue “salvação até os confins da terra” (Is 49.6). Esta “palavra da cruz é loucura para os que se perdem”, mas é poder de Deus para os que estão sendo salvos (1 Co 1.18).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, concede que por tua graça possamos passar por este santo tempo da paixão do Senhor e obtermos o perdão dos nossos pecados; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: A Última Ceia, por Carl Bloch  (1834–1890)

2º Dia da Semana Santa: Segunda-feira



Um Dia de Purificação e Maldição

Na segunda-feira de manhã, ao longo do caminho de volta a Jerusalém, Jesus amaldiçoa uma figueira por não dar frutos. “Nunca mais nasça fruto de você!” Quando Jesus chegou ao Templo, o encontrou cheio de vendilhões corruptos. Ele começou a derrubar suas mesas e a limpar o Templo, dizendo: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada Casa de Oração.’ Mas vocês estão fazendo dela um covil de salteadores.”.

Os acontecimentos da segunda-feira estão registrados em Mateus 21.12–22; Marcos 11.15-19, Lucas 19.45-48 e João 2.13-17.

- Sermões acerca do Evangelho de João, cap. 1-2 (1538), de Martinho Lutero:
Por que o Senhor usa a força aqui, uma vez que ele já havia feito tudo através da palavra da sua boca? Agora ele recorre à ação e à força física. Era estranho ao seu plano iniciar um regime de poder. Ele proibiu rigorosamente seus apóstolos de sempre recorrerem à espada e ao governo secular (Mt 26.52). Eles deveriam deixar o uso da força para os príncipes e governantes. Como, então, pode acontecer que aqui ele próprio usa seus punhos e se comporta de maneira tão estranha? É como se ele pretendesse estabelecer um reino de poder e dominar esses governantes de Jerusalém como um soberano do mundo. Mas, na verdade, ele veio ao mundo para estabelecer um tipo muito diferente de reino - não um reino secular, controlado pela força, mas um reino no qual a pregação, o ensino, a consolação e a admoestação reinariam supremos. Neste reino o povo aprenderia sobre o relacionamento deles com Deus, para que eles pudessem crer no Filho, sem o qual eles estariam perdidos. Desta forma, o profeta Isaías também predisse que o Messias traria consigo uma vara ou bastão, mas seria “a vara da sua boca” (11.4)...

Em Apocalipse 19.20–21 lemos que aqueles que adoravam a besta “foram lançados vivos dentro do lago de fogo que queima com enxofre" e que "os outros foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo”. Esta espada não entra em sua boca, mas sai dela, significando que ele reinará com a espada da sua boca. O reino de Cristo não deve ser administrado com poder físico, com a espada ou a vara. É da competência dos pais manejar a vara, e do governo e do carrasco usar a espada. Ele é uma vara verbal e uma espada verbal. Desta forma, São Paulo chama a Palavra de Deus de “a espada do Espírito” (Ef 6.17); com este termo, São Paulo quer descrever a função de Cristo e de todos os pregadores da Palavra divina, a saber, ensinar o povo através da espada da boca, a espada do Espírito, a Palavra de Deus. As palavras de repreensão e advertência são a vara; assim, Isaías diz que “ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio". (Is 11.4). Ele chama a Palavra de Deus de “a vara da sua boca”.

Deus usa “a vara da sua boca” quando julga e pune o mundo incrédulo, dizendo: “Aquele que não crê está condenado. Quem comete adultério, rouba, blasfema contra Deus, desobedece aos pais, vive uma vida ímpia e vergonhosa, já está morto e julgado”. Uso a espada da Palavra divina quando condeno todas as ações do homem e coloco o mundo inteiro sob o pecado. Desse modo, posso não decapitar a ninguém, não molestar a ninguém com vara; mas com a minha boca eu chicoteio, castigo, açoito e julgo. Assim, Cristo empunha uma espada verbal, não empunhada. A Palavra de Deus é a espada com a qual Ele pune o mundo inteiro.
Mas agora, em vista do fato de que o reino de Cristo não é governado com uma espada em punho, mas com a espada do Espírito e a boca, como explicamos seu tratamento áspero e hostil aos sacerdotes no templo? Por que ele interfere com punho e espada e intervém num assunto que pertence propriamente à esfera do governo secular? Ele não está agindo como um insurgente?

Esta questão foi muito debatida pelos professores. Eles buscaram uma resposta para a pergunta: Por que Cristo não se limita a uma reprimenda oral? Por que ele usa seus punhos? Deve-se considerar a questão sob este ângulo: Naquele tempo o Senhor ocupou uma posição entre o Antigo e o Novo Testamento, ou entre o preceito estabelecido por Moisés no meio do povo de Israel e aquele que ele deveria estabelecer após a sua morte através do Espírito Santo e a pregação do Evangelho. Ocasionalmente, Cristo é Mosaico em sua atitude. Ele observa muitos estágios da Lei: ele é circuncidado; ele se sacrifica no templo; ele vai a Jerusalém três vezes por ano para a festa da mesma forma que os outros, em obediência aos mandamentos de Deus no Antigo Testamento. Ele também ordena que os leprosos se mostrem aos sacerdotes como a Lei exigia (Lc 17.14). Assim, Ele age muito de acordo com a Lei de Moisés.

Por outro lado, Cristo segue o Novo Testamento em muitos aspectos. Quando seus discípulos arrancaram espigas no sábado, ele foi repreendido pelos fariseus, que murmuraram e disseram: “Eis que os discípulos de João observam o sábado, mas os teus não!” Ele veio em sua defesa, violando assim o sábado, e disse: “O sábado não me afeta. Eu sou seu Senhor, e o sábado não pode ter domínio sobre mim ” (Mt 12.1-8). Assim, vemos que Cristo às vezes guarda o sábado e às vezes o quebra (Jo 5.16). Quando ele restaurou a visão aos cegos no sábado e os judeus ameaçaram matá-lo por causa disso, ele lhes disse: “Eu sou o Senhor do sábado” (Mt 12.8). Lá, Cristo não age como discípulo de Moisés, mas como alguém que agora pertencia ao Novo Testamento, onde a Lei de Moisés deveria ser revogada e uma nova ordem espiritual deveria ser estabelecida no mundo inteiro por meio da mensagem do Evangelho; este reino não usurparia o poder do governo secular, mas reinaria através da Palavra. Cristo observa e desconsidera a lei de Moisés à vontade. Aqui ele assume uma posição severa como o próprio Moisés ou como um dos discípulos de Moisés. Às vezes, ele demonstra que é o Senhor sobre ambos os reinos, o secular e o espiritual. Pois se Moisés, Davi, Elias, Eliseu ou qualquer outro dos piedosos reis e profetas judeus tivessem entrado no templo naquela época, eles também teriam usado seus punhos... E agora, visto que os sacerdotes, que eram todos enganadores do povo, falharam em cumprir o que seu ofício exigia, o Senhor age como se ele fosse apenas um discípulo de Moisés e um sujeito de seu reino.

Aqui ele não age em sua qualidade de Cristo, mas como Moisés, como alguém que se sujeitou à Lei. Assim, ele indica que é o Senhor de ambos os reinos - o do ensino e, também como Moisés, o de ação punitiva. De acordo com a Lei de Moisés, ele recorre à força. Mas não importando qual método ele emprega, é sempre bom. Se ele escolhe seguir Moisés, está certo. Se ele prefere não fazer isso, não está errado, pois ele nada deve à Lei, visto que ele é o Senhor da Lei e do Sábado... Às vezes ele usou a Lei e a guardou estritamente, como alguém sujeito a Moisés. Cristo não estava obrigado a subir ao templo em Jerusalém três vezes por ano, mas quando fez isto, o fez de bom grado e voluntariamente. E, novamente, sempre que ele se recusa a guardar a Lei, isso também é certo e correto. Portanto, o Senhor não está fazendo nada errado aqui e não está agindo como um insurgente, pois ele tem a lei de Moisés a seu lado... Não obstante, se Cristo permanecesse passivo, ele também estaria dentro de seus direitos. Pois Cristo viveu durante a transição do Antigo para o Novo Testamento e foi parte de cada um. Aqui ele guarda a Lei de Moisés, como sempre fez... E por sua negligência ocasional da Lei de Moisés, Cristo quis demonstrar sua gradual abolição da mesma.

Em Marcos 11.16 ouvimos que o Senhor estava tão zangado e insatisfeito que nem permitiu que “alguém carregasse alguma coisa pelo templo”. Por que não? Não que fosse um pecado tão grave levar uma cesta ou um barril pelo templo. Essa proibição de Cristo soa um pouco boba a menos que entendamos sua determinação em purificar o templo, e a menos que compreendamos seu desejo de demonstrar que - de acordo com a Lei de Moisés, que ainda estava em vigor e, portanto, deveria ser observada - sua ação não estava errada. Mas com o advento de Cristo e o término do preceito de Moisés, essa ação violenta seria proibida. Assim, Cristo aqui faz uso de uma prerrogativa mosaica e não age de acordo com o Evangelho.

Portanto, este ato de Cristo não pode ser citado como um exemplo a ser imitado. Aqui, Cristo não atuou como servo do Novo Testamento, mas do Velho e como discípulo de Moisés... Não temos o direito de recorrer ao uso da espada, pois não estamos no mesmo nível de Cristo. Ele é o Senhor sobre Moisés; nós não somos. Ninguém é soberano sobre Moisés, exceto Cristo. (LW 22,3-274 = WA 46,538-789)

15/04/2019

Segunda-feira na Semana Santa (Lecionário Trienal)




A Semana Santa iniciada com o Domingo de Ramos tem sua continuidade na segunda-feira. Ao mesmo tempo em que não há mudança nos paramentos litúrgicos (cor roxa ou escarlate), o lecionário nos impulsiona adiante. Na Segunda-feira da Semana Santa lemos sobre a unção de nosso Senhor no Evangelho segundo São João. Antecipando a proximidade de sua morte, Jesus diz que Maria havia guardado o perfume da unção “para o dia do meu sepultamento” (Jo.12.17). Jesus é o Servo Sofredor, que não escondeu o rosto nem encolheu as costas dos que o afrontaram e o maltrataram (Is. 50.6), “e obteve uma eterna redenção” para nós (Hb 9.12). Por isso, nele confiamos (Is 50.10) e somos acolhidos à sombra das suas asas (Sl 36.7).

ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso Deus, concede que, em meio a todas as nossas falhas e deficiências, possamos ser restaurados pelo sofrimento e intercessão de teu unigênito Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
Imagem: Festa na Casa do Fariseu Simão (c. 1618-1620), por Peter Paul Rubens (1577-1640) e Anthony Van Dyck (1599-1641)

1º Dia da Semana Santa: Domingo de Ramos



Um Dia de Triunfo e Determinação

No domingo antes de sua morte, Jesus começa sua viagem a Jerusalém, sabendo que em breve entregará sua vida pelos pecados do mundo. Ao entrar na cidade, Jesus monta num jumentinho trazido por dois discípulos e, lentamente, humildemente, faz sua entrada triunfal em Jerusalém, cumprindo a antiga profecia registrada em Zacarias 9.9. As multidões o recebem agitando os ramos de árvores e aclamando: “Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!”

A Entrada Triunfal de Jesus está registrada em Mateus 21.1-11, Marcos 11.1-11, Lucas 19.28-44 e João 12.12-19.

Do Sermão de Martinho Lutero sobre São Mateus 21.1-9 (Postila da Igreja de 1521):
Ao convidar a filha de Sião e a filha de Jerusalém para jubilar e alegrar, o profeta nos dá a entender copiosamente que a vinda deste Rei é mais confortante para cada consciência sobrecarregada pelo pecado, uma vez que Ele remove todo o medo e tremor, para que as pessoas não fujam dele e não o vejam como um juiz severo, que vai pressioná-los com a Lei de Moisés, de modo que não poderiam ter uma alegre confiança em Deus, visto que o conhecimento e a compreensão do pecado procedem naturalmente da Lei. 

Mas Ele quer estimulá-los com essa primeira palavra a esperar dele toda a graça e bondade. Por que outra razão Ele convidaria a exultar e os ordenaria até mesmo a gritar e estarem muito alegres! Ele diz esse mandato de Deus a todos os que estão em sofrimento e com medo de Deus. Ele também mostra que esta é a vontade e intenção plena de Deus e pede que eles nutram jubilosa confiança nele contra o medo e o susto natural. E esta é a voz natural do Evangelho que o profeta aqui começa a pregar, assim como Cristo também fala no Evangelho e os apóstolos sempre admoestam a alegrar-se em Cristo, como ouviremos mais adiante.

Está igualmente cheia de significado o fato de que Ele vem do Monte das Oliveiras. Devemos perceber que esta graça, por causa de sua grandeza, se poderia chamar uma montanha de graça, uma graça que não é apenas uma gota ou punhado, mas a graça abundante e amontoada como uma montanha.

The Sermons of Martin Luther. Volume I:17-58 (Grand Rapids: Baker Book House) p. 30.

12/04/2019

Domingo de Ramos / Domingo da Paixão (Ano C)



O Rei de Israel entra em sua glória real pela senda da obediência humilde "até a morte, e morte de cruz" (Fp 2.8). Ele “vai segundo o que está determinado” (Lc 22.22), de acordo com as Escrituras, submetendo-se voluntariamente ao plano do Pai para a salvação dos pecadores. “Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9). Seu sofrimento e morte abre o caminho do arrependimento para a remissão dos pecados, porque ele vai para a cruz carregando os pecados do mundo. Em sua ressurreição, Deus Pai faz justiça ao seu povo e se compadece dos seus servos (Dt 32.36). Ele faz morrer e faz viver; ele fere a fim de sarar (Dt 32.39). Em memória dele, damos graças a Deus, confessando “que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.11). — LCMS Lectionary Summaries

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, que enviaste teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si nossa natureza pecaminosa e sofrer a morte sobre a cruz, concede que possamos seguir o exemplo de sua grande humilhação e paciência e sermos feitos participantes de sua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Subsídio litúrgico para o Culto do Domingo de Ramos / Paixão com Procissão de Ramos:

O culto do Domingo da Paixão, iniciando com a procissão de ramos, reflete as
atitudes contrastantes em relação a Jesus durante os dias que antecederam a sua crucificação.

Os ramos são um antigo símbolo da vitória. Se forem utilizados, eles devem
ser distribuídos para todos antes do início da procissão. Após este culto, os
ramos podem ser guardados até o ano seguinte, quando eles podem ser
queimados e transformados em cinzas para uso na Quarta-feira de Cinzas.

A procissão pode se iniciar no lado de fora do templo, no átrio ou na parte de
trás da nave.


Arquivo em PDF: http://www.bit.ly/palmarum

Imagem: A Entrada de Cristo em Jerusalém, por Willem van Herp, o Velho (1614-1677)