31/01/2021

Quarto Domingo após Epifania – Ano B (31 de janeiro de 2021)

 


Deuteronômio 18.15-20
1 Coríntios 8.1-13
Marcos 1.21-28


Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Deus encarnado, purifica nossas consciências do pecado

Conforme sua promessa, o Senhor nosso Deus levantou “um profeta semelhante” a Moisés. Ele é Jesus, nosso irmão encarnado. “A ele vocês devem ouvir”, pois na sua boca estão as Palavras do Senhor (Dt 18.15-18). Na verdade, ele é mais do que um profeta e muito mais do que um escriba. Ele é o Verbo encarnado e “com autoridade” ensina “uma nova doutrina” (Mc 1.22, 27). Ele entra na “sinagoga” de sua Igreja e oferece o verdadeiro descanso sabático, usando sua autoridade para ordenar “aos espíritos imundos” que se calem e saiam (Mc 1.21–27). Através da sua Palavra da cruz, Jesus retira as acusações da Lei e do diabo e purifica nossas consciências diante de Deus, “o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos”. Portanto, agora somos livres da servidão e pertencemos a Deus pelo único “Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas existem e por meio de quem também nós existimos” (1Co 8.6). Portanto, usem “essa liberdade de vocês” para cuidar de seus irmãos e irmãs, não fazendo com que eles tropecem nem ferindo suas consciências (1Co 8.9-12), mas purificando-os e fortalecendo-os com o Evangelho.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que sabes que vivemos em meio a muitos perigos, de tal forma que não podemos ficar de pé por causa da nossa fragilidade, concede força e proteção para nos auxiliar em todos os perigos e guia-nos através de todas as tentações; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.
Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

27/01/2021

João Crisóstomo: Lágrimas que escorrem secretamente


Hoje o Calendário Luterano comemora João Crisóstomo (347–407 d.C.), um dos maiores pregadores da igreja antiga.

O texto de Crisóstomo abaixo é parte da Homilia VI sobre o Evangelho de Mateus:

"Como pode Paulo dizer “Alegrai-vos sempre no Senhor”? A alegria de que ele fala provém de lágrimas de pesar. Pois, tanto quanto a alegria mundana traz consigo tristeza, lágrimas piedosas produzem uma interminável alegria que não diminui. A prostituta, que obteve mais honra do que as virgens, experimentou alegria quando tomada por essa chama. Inteiramente aquecida pelo arrependimento, ela foi movida por seu anseio por Cristo. Ela soltou os cabelos, banhou os Seus santos pés com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos e derramou todo o unguento. Entretanto, essas eram apenas manifestações exteriores. As emoções presentes na mente dela eram muito mais: eram fervorosas — coisas que somente Deus seria capaz de ver. Portanto, todo aquele que ouve falar dessa mulher se alegra com ela, deleita-se em suas boas obras e a absolve de todo pecado. Se nós, que somos maus, a julgamos dessa maneira, imagine que sentença ela recebeu de Deus, que ama a humanidade! Considere quanto, mesmo antes de receber as dádivas de Deus, ela foi abençoada por seu arrependimento. …Pois busco as lágrimas derramadas, não para exibição, mas por arrependimento; quero aquelas que escorrem secretamente e a portas fechadas, fora da vista, suave e silenciosamente. Desejo aquelas que têm origem nas profundezas da mente, aquelas derramadas em angústia e tristeza, aquelas que são somente para Deus."

Fonte: Christopher D. Hudson, J. Alan Sharrer, Lindsay Vanker (Ed.). Dia a dia com os Pais da Igreja: Devocional diário (1º de janeiro). Curitiba: Publicações Pão Diário, 2020.

22/01/2021

Terceiro Domingo após Epifania – Ano B (24 de janeiro de 2021)



Jonas 3.1-5, 10
1 Coríntios 7.29-31 (32-35)
Marcos 1.14-20


O Senhor nos chama através da pregação de arrependimento

Quando “a palavra do Senhor veio a Jonas pela segunda vez”, enviando-o para pregar o juízo contra a grande cidade de Nínive, “Jonas se levantou e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor” (Jn 3.1, 3 ). Através dessa pregação, o povo foi levado ao arrependimento. Quando o Senhor lhes falou por meio de seu profeta, “os ninivitas creram em Deus”, “se converteram do seu mau caminho” e foram poupados do “mal que tinha dito que lhes faria” (Jn 3.5, 10). São Paulo também adverte que “o tempo se abrevia” (1Co 7.29). Portanto, enquanto vivemos neste mundo e e nos utilizamos dele, não devemos nos apegar a ele, nem colocar nossa confiança nele, pois “a aparência deste mundo passa” (1Co 7.31). Em vez disso, vamos nos “consagrar ao Senhor, sem distração alguma” (1Co 7.35). Quando nosso Senhor Jesus Cristo vem e é proclamado no Evangelho, o “tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1.14-15). Por essa razão, o Senhor Jesus continua a chamar pessoas e as envia para “que sejam pescadores de gente” com a rede desse Evangelho (Mc 1.17).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, olha para as nossas enfermidades com misericórdia e estende a tua mão majestosa para nos curar e defender; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

19/01/2021

A Confissão de São Pedro (18 de janeiro)



Atos 4.8-13
2 Pedro 1.1-15
Marcos 8.27-35 [36-9.1]


São Pedro fala por todos os discípulos quando confessa: “O senhor é o Cristo” (Mc 8.29). Esta confissão é o alicerce da Igreja, que o próprio Cristo constrói (Mt 16.18), pois “este Jesus”, a pedra rejeitada pelos construtores terrenos, “veio a ser a pedra angular” (At 4.11). Isso foi um escândalo até mesmo para Pedro. Era necessário que Cristo sofresse, fosse rejeitado, fosse morto e, “depois de três dias, ressuscitasse” (Mc 8.31), pois por meio desta obra de salvação recebida pela fé, as “preciosas e mui grandes promessas” de Deus são concedidas, “para que por elas vocês se tornem coparticipantes da natureza divina” (2Pe 1.4). Em todo lugar que Jesus é o Cristo, seus discípulos negam a si mesmos, pegam suas cruzes e o seguem (Mc 8.34). Eles foram purificados de seus antigos pecados e cresceram na fé, na virtude, no conhecimento, no domínio próprio, na perseverança, na piedade, na fraternidade e no amor, sendo ativos e frutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2Pe 1.5-9) Todos os que confiam em Jesus, o Cristo da confissão de Pedro, salvarão suas vidas salvas, ainda que a percam por causa de Jesus e seu evangelho (Mc 8.35). Pois “não existe nenhum outro nome... pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

ORAÇÃO DO DIA:

Pai celestial, tu revelastes ao apóstolo Pedro a bendita verdade que teu Filho Jesus é o Cristo. Fortalece-nos pela proclamação desta verdade para que também nós possamos alegremente confessar que não há salvação em nenhum outro; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

17/01/2021

Segundo Domingo após Epifania – Ano B (17 de janeiro de 2021)



1 Samuel 3.1-10 (11-20)
1 Coríntios 6.12-20
João 1.43-51

O Senhor Deus se revela pela pregação da sua Palavra e permanece conosco

Filipe convidou Natanael para conhecer Jesus: “Vem e vê”. Mas o chamado de Jesus era para eles crerem que ele é “o Filho de Deus” e “o Rei de Israel” (Jo 1.43–49) e verem “coisas maiores” (Jo 1.50), pois o corpo de Cristo é o templo de Deus na terra, e por intermédio de seu sacrifício sacerdotal os céus são abertos a todos os que creem e são batizados nele. Primeiro o Senhor Jesus chamou Filipe e Natanael para ouvirem a sua Palavra e depois pregarem como apóstolos, da mesma forma como Deus certa vez chamou Samuel e depois o confirmou “como profeta do Senhor” (1Sm 3.20). E assim como o Senhor esteve com Samuel “e não deixou que nenhuma de suas palavras caísse por terra” (1Sm 3.19), ainda hoje ele continua acompanhando e sustentando os pregadores da sua Palavra. Desta forma, pelo Evangelho que lhes é pregado, “o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês” (1Co 6.19). Agora, pois, glorifiquem a Deus, pois o corpo de vocês pertence ao Corpo de Cristo e ressuscitará da mesma maneira como Deus ressuscitou o Senhor (1Co 6.13-20).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, que governas todas as coisas nos céus e na terra, com misericórdia escuta as orações do teu povo e concede-nos a tua paz durante todos os nossos dias; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

12/01/2021

Lutero: Devemos apegar-nos ao Batismo


 

O Batismo é um sinal externo ou uma insígnia, que nos aparta de todas as pessoas não batizadas, para que, através dele, sejamos reconhecidos como um povo de Cristo, nosso guia, sob cujo pendão (que é a santa cruz) lutamos continuamente contra o pecado. Por isso, devemos considerar três coisas no santo sacramento: o sinal, o significado e a fé. O sinal consiste em mergulhar a pessoa na água em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...

O significado é um morrer bem-aventurado do pecado e uma ressurreição na graça de Deus, de modo que o velho ser humano, concebido e nascido em pecado, é afogado, e um novo ser humano, nascido na graça, surge e se levanta... O significado do Batismo - o morrer ou afogar-se do pecado - não se realiza inteiramente nesta vida, até que o ser humano morra também corporalmente e se transforme completamente em pó. O Sacramento ou sinal do Batismo se realiza depressa, como vemos com nossos próprios olhos, mas o significado, o Batismo espiritual, o afogamento do pecado, dura enquanto vivemos e só é consumado na hora da morte. Então a pessoa é verdadeiramente imersa na água batismal e se realiza o significado do Batismo. Por isso, esta vida nada mais é que um incessante batizar espiritual até a morte. E quem é batizado é condenado a morte, como se, ao realizar o Batismo, o sacerdote dissesse: “Vê, tu és carne pecaminosa; por isso te afogo em nome de Deus e te condeno à morte em seu nome, para que todos os teus pecados morram e pereçam contigo.” Neste sentido, S. Paulo diz em Rm 6.4: “Somos sepultados com Cristo para a morte pelo Batismo.”...

Temos que ocupar-nos agora com a terceira parte do sacramento: a fé. Isto quer dizer que creiamos firmemente que o sacramento não apenas significa a morte e ressurreição no Último dia, pelas quais o ser humano é renovado para viver eternamente sem pecado, mas que também certamente inicia e opera isso e nos une com Deus, de forma que queiramos, até a nossa morte, matar o pecado e lutar contra ele; que creiamos firmemente que Deus, por sua vez, quer levar isso em conta e nos tratar graciosamente, não nos julgando com todo o seu rigor, pois não estamos sem pecado nesta vida, até que nos tornemos puros através da morte. Compreendes, assim, como uma pessoa fica sem culpa, sem mácula e sem pecado no Batismo, permanecendo, não obstante, cheia de muita má inclinação; assim sendo, ela só pode ser chamada de pura no sentido de ter começado a tornar-se pura e de possuir um sinal e um pacto dessa pureza e de dever tornar-se cada vez mais pura... Esta fé é a mais necessária, pois é a razão de todo consolo. Quem não a tem, há de desesperar em pecados. Pois o pecado que permanece após o Batismo faz com que todas as boas obras não sejam puras perante Deus. Por isso, devemos apegar-nos resoluta e ousadamente ao Batismo e contrapô-lo a todo pecado e terror da consciência, dizendo humildemente: “Sei muito bem que não tenho nenhuma obra pura. Porém fui batizado, e através do Batismo Deus, que não pode mentir, fez uma aliança comigo, para não me imputar meu pecado, mas para matá-lo e eliminá-lo.”

Compreendemos, pois, agora que a inocência que recebemos no Batismo tem esse nome inteiramente por causa da misericórdia de Deus, que iniciou isso, tem paciência com o pecado e nos trata como se não tivéssemos pecado. A partir disso, entendemos também por que na Escritura os cristãos são chamados filhos da misericórdia, povo da graça e pessoas da benevolência de Deus: porque começaram a ficar puros pelo Batismo, porque, pela misericórdia de Deus para com o pecado remanescente, não são condenados, até que se tornem completamente puros através da morte e no último dia, conforme manifesta o Batismo com seu sinal. Por isso, enganam-se muito aqueles que acham que ficaram inteiramente puros pelo Batismo. Em sua ignorância, deixam de matar seu pecado; não querem considerar o pecado como tal, mas persistem nele. Com isso, reduzem seu Batismo a nada, apegam-se apenas a algumas obras exteriores, sob as quais a soberba, o ódio e outras maldades naturais, que não percebem, só se fortalecem e aumentam. Não, não é assim.

— Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Um Sermão sobre o Santo, Venerabilíssimo Sacramento do Batismo, 1519)

Fonte: LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. v. 1. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1987. p. 415-416, 419-420.

09/01/2021

O Batismo de Nosso Senhor (Primeiro Domingo após Epifania) – Ano B | 10 de janeiro de 2021

Gênesis 1.1-5
Romanos 6.1-11
Marcos 1.4-11

No Santo Batismo o Deus Triúno se revela e nos recria à sua imagem

“No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1). Então, quando “o Espírito de Deus se movia sobre as águas” (Gn 1.2), Deus falou sua Palavra: “Haja luz! E houve luz” (Gn 1.3). Da mesma forma e pela mesma Palavra e Espírito de Deus, o “princípio do evangelho de Jesus Cristo” (Mc 1.1) suscita a nova criação por meio das águas do Batismo. Quando João Batista veio, “pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados”, Jesus também veio “e foi batizado por João no rio Jordão” (Mc 1.4, 9). Embora Jesus não tivesse pecados, em seu batismo ele se colocou junto dos pecadores e levou os pecados e a mortalidade do mundo sobre si. Jesus foi batizado na sua própria morte, através da qual os céus são abertos para nós e o Espírito nos é dado. Deus o Pai se agradou de seu Filho amado e o ressuscitou dos mortos. Ao participarmos do batismo de Cristo e estarmos “unidos com ele na semelhança da sua morte” (Rm 6.5), também participamos da sua ressurreição para “novidade de vida” (Rm 6.4).

ORAÇÃO DO DIA:

Pai dos céus, ao ser batizado no Rio Jordão Jesus foi proclamado teu Filho amado e ungido com o Espírito Santo. Faze com que todos os batizados em teu nome sejam fiéis ao seu chamado como teus filhos e herdeiros com ele da vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

06/01/2021

A Epifania de Nosso Senhor (6 de janeiro)



A ideia da Epifania é que o Cristo nascido em Belém é reconhecido pelo mundo. Ele foi manifestado como Deus, e o mundo o reconhece como Deus. A relação da Natividade e da Epifania é que no Natal Deus aparece como homem e na Epifania este homem aparece perante o mundo como Deus. O Natal é a festa da aparição de Cristo como homem e a Epifania é a festa da aparição de Cristo como Deus. Isso representa um estágio importante no ensino da igreja. A prova de que Cristo é homem é o fato de que ele realmente nasceu e viveu entre nós como homem. É por isso que no Natal celebramos apenas o fato histórico do nascimento. Mas precisava de uma prova de que esse homem, essa criança indefesa, é Deus. Seu nascimento não seria de nenhum benefício para nós se não fôssemos convencidos de que este homem é Deus. À Festa da Natividade precisava ser acrescentada uma Festa da Aparição de Deus. No prólogo do seu Evangelho, São João liga as duas festas de forma admirável: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Natal), e vimos a sua glória, glória como do Filho unigênito do Pai (Epifania)”.

A Epifania traz a prova de que o homem Jesus é Deus encarnado. Como o homem nascido em Belém poderia demonstrar que ele é Deus? Somente através de sinais e maravilhas. Todos os seus milagres têm o propósito de provar aos homens que ele é Deus. Aos milagres escolhidos pela igreja para mostrar nesta época que Deus apareceu entre os homens, quaisquer outros poderiam ser acrescentados.

Essas provas, é claro, não compelem os homens a crerem. A graça da parte de Deus precisa ser acrescida. Uma estrela apareceu para os Magos. A graça divina operou neles e os conduziu à fé e à convicção da divindade de Cristo. Talvez isso nos dê uma pista de por que a história dos Magos foi apontada pela Igreja Ocidental como o Santo Evangelho para a Festa da Epifania. Os Magos foram levados à fé no Filho de Deus. Como primeiros crentes gentios, eles representam a nós que somos do mundo gentio. Epifania é a Festa da Fé dos Gentios. Celebramos nosso chamado à fé.
 
- Rev. Fred Herman Lindemann (1896–1985) foi um teólogo e pastor luterano do Sínodo Missouri.

Fonte: Fred Herman Lindemann. The Epiphany Season. Concordia Theological Monthly. Vol. 27, n. 12 (1956). p. 956-957.

02/01/2021

Segundo Domingo após Natal (3 de janeiro de 2021)


1 Reis 3.4-15
Efésios 1.3-14
Lucas 2.40-52


O Evangelho mostra a sagrada família em Jerusalém na festa da Páscoa. De acordo com Deuteronômio 16.16, todos os israelitas do sexo masculino eram obrigados a ir à casa do Senhor para celebrar as festas da Páscoa, das Semanas e das Barracas (embora as mulheres não fossem proibidas de também manifestar sua devoção dessa forma). O jovem Jesus, tendo atingido a idade de um “filho do mandamento” (conforme descrito no Talmude rabínico), acompanhou seus pais. Ao voltar para casa, Maria e José ficam cada vez mais angustiados por não encontrá-lo entre seus parentes e conhecidos. Eles finalmente o encontram no templo, sentado entre os mestres, surpreendendo-os grandemente com suas perguntas e respostas. Em dias de festa e sábados, era costume que os rabinos do Sinédrio realizassem sessões de instrução para o povo sobre assuntos religiosos e sobre o significado das passagens das Escrituras, e é provável que tenha sido esse o cenário em que os ansiosos pais o encontraram...

As Confissões Luteranas observam que o diálogo de Jesus com os eruditos no templo manifestou a natureza divina de sua filiação, assim como na sua encarnação no ventre, no seu milagre em Caná e no deslumbramento de seus inimigos no Getsêmani, João 18.6 (Fórmula de Concórdia, Declaração Sólida, VIII, 24‒25). Sua natureza humana nem sempre usava seus poderes divinos, como quando crescia em sabedoria e estatura, Lucas 2.52 (Epítome da Fórmula de Concórdia, VIII, 16), mas em sua conversa no templo Jesus não estava expressando o que havia aprendido com os outros, pois os doutores de Israel ficaram admirados e seus pais não puderam compreendê-lo. (Thomas Manteufel. Christmas 2. Concordia Journal. Vol. 41, n. 4 (2015). p. 349-350)

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que derramaste em nossos corações a verdadeira Luz da tua Palavra encarnada, concede que esta Luz possa brilhar em nossas vidas; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. (Culto Luterano – Lecionários, Ed. Concórdia)


01/01/2021

A Circuncisão e Nome de Jesus - 1° de janeiro



As bênçãos que nos foram dadas pela circuncisão de Cristo nos asseguram um abençoado Ano Novo

A circuncisão no Antigo Testamento significava salvação. Deus estabeleceu sua aliança com Abraão: "em ti", "na sua descendência" (Gn 12.1-3; 22.18), "que é Cristo" (Gl 3.16). Como um símbolo da aliança eterna de Deus e como meio de transmitir sua bênção, Deus deu o rito ou sacramento da circuncisão (Gn 17.9-14). A circuncisão indicava que o ser humano nasce em pecado, está por natureza sob a Lei e sua maldição (Gl 5.3), e esse pecado tinha que ser extirpado do coração pecaminoso e mau (Rm 2.29; 4.11). Isso é feito por nossa circuncisão através da fé em Cristo (Cl 2.11). Portanto, a circuncisão lembrava o povo da promessa divina de um Salvador e de salvação por meio dele. Era um sacramento, ou rito, pelo qual os judeus e os estrangeiros dentre os gentios (Êx 12.48) eram admitidos aos privilégios da aliança da família de Deus. Aquele que se recusava a ser circuncidado se separava do povo de Deus (Gn 17.12-14). A circuncisão do Antigo Testamento derivava seu poder santificador da obra expiatória de Cristo, da qual a circuncisão de Cristo foi uma importante parte.

A circuncisão de Cristo significava salvação. Ao ser circuncidado, Cristo, que não tinha pecado, se colocou no lugar do pecador para cumprir a Lei e sofrer a punição pelo pecado do ser humano (Gl. 4. 5). A circuncisão de Cristo foi o início de sua obediência ativa e passiva para redimir um mundo pecador, cuja redenção foi completada quando Cristo na cruz disse: "Está consumado". Não precisamos mais daquela circuncisão externa da carne, mas precisamos da circuncisão do coração (Rm 2.29) e daquela fé que atua pelo amor (Gl 5.6). Tudo o que Cristo adquiriu para nós em sua circuncisão, ele nos dá no Santo Batismo, o sacramento do Novo Testamento pelo qual o pecador é recebido no reino de Deus. No batismo, Deus nos torna filhos dele nesta vida e na eternidade (At 2.38; Gl 3.26, 27). Vamos, penitentemente, reconhecer nossos pecados, pela fé, aceitar sempre de novo a Cristo, nosso Salvador, e manifestar tal fé por uma vida piedosa. Assim, temos a certeza de um novo ano abençoado e podemos entrar nele com confiança e alegria, pois "aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou", também "nos dará graciosamente com ele todas as coisas" (Rm 8.32).

Fonte: John Henry Charles Fritz. The Festival of Christ's Circumcision (New Year's Day). Concordia Theological Monthly. Vol. 14, n. 12, 1943. p. 861-862.