Jeremias 15.15-21
Salmo 26
Romanos 12.9-21
Mateus 16.21-28
A Glória de Deus está na Paixão e na Cruz de Cristo Jesus
Depois de São Pedro ter confessado que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o nosso Senhor “começou a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém, sofresse muitas coisas nas mãos dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, fosse morto e, no terceiro dia, ressuscitasse”(Mt 16.21). Ao ouvir esta “teologia da cruz”, Simão Pedro tropeçou numa diabólica “teologia da glória”. Mas a glória de Deus é revelada na Paixão e na cruz de seu Filho encarnado. Os fiéis profetas, como Jeremias, viveram a cruz de Jesus quando foram perseguidos e sofreram afrontas. Contudo, o Senhor não os abandonou, mas se lembrou deles e esteve com eles para salvá-los e livrá-los (Jr 15.15–20). Mediante a sua cruz Jesus redimiu o mundo e em sua ressurreição justificou todos os que nele confiam. Assim, a vida cristã é um discipulado de amor sacrificial. Procuramos viver “em paz com todas as pessoas” porque Cristo Jesus nos reconciliou com Deus (Rm 12.18). Na certeza da cruz e ressurreição de nosso Senhor, nos alegramos na esperança, somos “pacientes na tribulação” e perseveramos na oração (Rm 12.12).
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso Deus, teu Filho sofreu a agonia e a vergonha da cruz de boa vontade, para a nossa redenção. Concede-nos coragem para tomar a nossa cruz a cada dia e segui-lo onde ele nos levar; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
Imagem: “Crucificação” (1555), Lucas Cranach, o Jovem (1515-1586) - Weimar, Stadtkirche.
29/08/2020
Décimo Terceiro Domingo após Pentecostes – 30 de agosto de 2020 (Ano A – Próprio 17)
28/08/2020
Santo Agostinho, pastor e teólogo (28 de agosto)
"'Grande é o Senhor e digno de ser louvado; sua grandeza não tem limites; é impossível medir o seu entendimento' (Sl 145.3; 147.5). E tu queres que te louve o ser humano, mera partícula de tua criação; o homem que carrega consigo a mortalidade, o testemunho de seu pecado, o testemunho de que 'Deus se opõe aos orgulhosos' (Tg 4.6; 1Pe 5.5). No entanto, o ser humano, mera partícula de tua criação, quer te louvar. Tu nos despertaste para o prazer de te louvar, pois nos criaste para ti, e o nosso coração não tem sossego enquanto não repousar em ti." - Santo Agostinho de Hipona (354-430), pastor e teólogo (Confissões, Livro I, 1)
"Aurelius Augustinus, mais conhecido como Santo Agostinho, viveu de 354 a 430. Foi um verdadeiro Pai da Igreja - no sentido de 1 Coríntios 4:15: gerou filhos com o Evangelho. Agostinho pertence a toda a cristandade. Ele também nos pertence, pois não deixa de ser um dos pais da igreja evangélica. Com seus escritos, enraizados nas Escrituras Sagradas, ele anuncia Jesus Cristo, o Senhor da Igreja. Anuncia que a salvação acontece pela graça de Deus. Sempre. É o que vale também para nós hoje." - Lindolfo Weingärtner (1923-2018), pastor luterano brasileiro (Flores do jardim de Agostinho)
Fontes:
- Lindolfo WEINGÄRTNER (Ed.). Flores do jardim de Agostinho: A voz de um Pai da Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2020.
- Santo AGOSTINHO. Confissões. Trad.: Almiro Pisetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.
27/08/2020
As lágrimas de uma mãe pela salvação de um filho
Hoje o Calendário Luterano lembra de Mônica, a mãe de Agostinho. Ela era uma mulher temente e fiel que orava e derramava lágrimas na presença de Deus pela salvação de seu filho. O exemplo desta mãe fervorosa é um refrigério para muitas mães que estão aflitas pelos filhos que vivem afastados dos caminhos do Senhor. Muitas mães choram porque os filhos enveredaram para o caminho da criminalidade ou estão encarcerados. Que Deus tenha compaixão destas mães do presente assim como teve de sua serva Mônica no passado.
No livro Confissões, Agostinho relata as orações e lágrimas de sua mãe que o trouxeram para o caminho de Deus:
“E tu [ó Deus], “das alturas, me estendeste a tua mão e me libertaste” (Sl 144.7), e tiraste minha alma daquela profunda escuridão, enquanto a minha mãe, tua serva, que te é fiel, chorava por mim junto a ti mais do que as mães choram a morte física de seus filhos. Pois ela, mediante a fé e o espírito que recebera de ti, viu a morte na qual eu me encontrava, e tu deste ouvidos a ela, ó Senhor. Tu a ouviste e não desprezaste suas lágrimas que, escorrendo, regavam o chão sob seus olhos em qualquer lugar onde ela orasse. Sim, tu a ouviste. Pois de onde veio aquele sonho com o qual a confortaste, de modo que ela permitiu que eu morasse com ela e me sentasse com ela à mesma mesa, da qual ela havia começado a se afastar, por sua aversão e nojo às blasfêmias do meu erro? Pois ela se viu a si mesma, seguindo uma trilha rígida de fé, e viu um brilhante jovem que, alegre e sorridente, se aproximava dela, enquanto ela se afligia e se sentia oprimida pela dor. Mas ele (desejando instruí-la, como os jovens costumam fazer, e não ser instruído), quis saber quais eram as causas de sua dor e lágrimas constantes. Ela respondeu que chorava minha perdição, e o jovem pediu-lhe que se acalmasse e se desse por satisfeita. Depois disse-lhe para olhar e observar que lá onde ela estava, lá também estava eu. E quando ela olhou, viu-me seguindo a mesma trilha de fé. De onde veio isso, se não foi do fato de teus ouvidos estarem inclinados para o coração dela? Ó tu, Deus onipotente, que cuidas de cada um de nós, como se cada um fosse o único; e assim ages com todos, como se todos fossem apenas um!” (Livro 3: 19)Agostinho também relata a insistente conversa de sua mãe com um bispo cristão, a fim de que este o dissuadisse da heresia maniqueísta e, ao invés disso, ela ouviu consoladoras palavras de Deus através daquele bispo:
“Tu deste a ela [Mônica] outra resposta, por meio de um dos teus sacerdotes, certo bispo criado dentro de tua Igreja e muito versado em teus livros. Quando essa mulher lhe suplicou que ele concordasse em conversar comigo, para refutar meus erros, dissuadindo-me de ideias perversas e ensinando-me coisas boas (pois isso ele com frequência fazia, quando encontrava pessoas preparadas para ouvi-lo), ele, sabiamente, se recusou... vendo que ela não estava satisfeita, mas continuava insistindo com súplicas e lágrimas para que ele se encontrasse comigo e discutisse essas coisas, o bispo, um tanto aborrecido com essa insistência, disse: “Vai para casa, e que Deus te abençoe, pois não é possível que o filho de tantas lágrimas venha a perecer”. Essa resposta ela a interpretou (conforme muitas vezes me disse em nossas conversas) como se viesse do céu.” (Livro 3: 21)Depois de ter contato com a Palavra de Deus por intermédio do bispo Ambrósio e seguir a Cristo, Agostinho reconhece o benefício das lágrimas e orações de sua mãe em seu favor:
“Pois tuas mãos, ó meu Deus, com aquele objetivo secreto de tua providência, não abandonaram a minha alma. O sangue do coração de minha mãe, mediante suas lágrimas derramadas noite e dia, era um sacrifício oferecido a ti em meu benefício. E “tu fizeste maravilhas em meu favor” (Jl 2.26). Tu o fizeste, ó meu Deus pois, “o SENHOR firma os passos de um homem, quando a conduta deste o agrada” (Sl 37.23). Caso contrário, como conseguiremos nos salvar, senão pela tua mão que recria o que criaste?” (Livro 5: 13)Fonte: Santo AGOSTINHO. Confissões. Trad.: Almiro Pisetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.
Imagem: Mônica derramando lágrimas e o bispo Ambrósio apontando para Cristo e carregando a inscrição: “The son of these tears will not perish” (St. Monica Coptic Orthodox Church, Newport Beach, USA)
24/08/2020
São Bartolomeu, Apóstolo (24 de agosto)
Provérbios 3.1–8
2 Coríntios 4.7–10
Lucas 22.24–30 ou João 1.43–51
De acordo com a tradição, Bartolomeu (chamado de Natanael no Evangelho segundo João) sofreu o martírio ao ser esfolado vivo, ou seja, teve a sua pele arrancada. Os pregadores de Cristo não são grandes governantes, mas são humildes servos que permanecem fielmente com Cristo em suas tentações (Lc 22.24–30). Os pregadores de Cristo são frágeis jarros de barro, mas o Salvador que eles pregam é o poder supremo (2Co 4.7). Como servos de Cristo, somos atribulados de todas as formas, levando “sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida dele se manifeste em nosso corpo” (2Co 4.8-10). “Sobre o fundamento dos apóstolos e profetas”, a igreja é edificada, tendo Cristo como a pedra angular (Ef 2.20–21). Como um apóstolo chamado e escolhido por Cristo (Lc 6.13–14), Bartolomeu manifestou o Filho de Deus na sua pregação e na sua morte. Cristo é o Filho do Homem e o Rei que abre o céu para nós por intermédio de suas chagas (Jo 1.49–51). Suportamos os sofrimentos sem nos apoiarmos em nosso próprio entendimento, mas confiando no Senhor de todo o coração (Pv 3.5–7). A vida voltará ao nosso corpo na ressurreição dos mortos, quando o Senhor trouxer o remédio para o nosso corpo e refrigério para os nossos ossos (Pv 3.8). É por esse motivo que Bartolomeu é frequentemente retratado segurando a pele que foi arrancada de seu corpo. Ele vai usar ela novamente no último dia.
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso Deus, teu Filho Jesus Cristo escolheu Bartolomeu para ser um apóstolo para pregar o bendito Evangelho. Concede que tua Igreja possa amar o que ele creu e pregar o que ele ensinou; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
Imagem: Martírio de São Bartolomeu (Escola de Bolonha, metade do séc. XVII, círculo de Guido Reni)
22/08/2020
Décimo Segundo Domingo após Pentecostes – 23 de agosto de 2020 (Ano A – Próprio 16)
Isaías 51.1-6
Salmo 138
Romanos 11.33—12.8
Mateus 16.13-20
O Senhor Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo
Jesus perguntou aos discípulos: “E vocês, quem dizem que eu sou?” (Mt 16.15). A pergunta também se dirige a nós: Quem você diz que Ele é? “Carne e sangue” não nos revelam isso, mas através do ministério do Evangelho, o Pai que está nos céus revela a nós aqui na terra o seu Filho, que se tornou carne e sofreu a morte para a nossa salvação (Mt 16.17). Desta forma, cremos e confessamos que Ele é “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Assim como Ele morreu por nossas transgressões e ressuscitou para a nossa justificação, assim também Ele nos liberta de todos os nossos pecados e preserva a nossa vida dentro da sua Igreja, contra a qual “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16.18-19). A salvação do Senhor durará para sempre e a sua “justiça não será anulada” (Is 51.6). O Senhor Deus nos conforta com o Evangelho na sua Igreja, para que ali haja “júbilo e alegria, ações de graças e som de música” (Is 51.3). Por isso, “segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12.3), também nos oferecemos “como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1) por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso Deus, conhecer a ti é ter a vida eterna. Concede-nos conhecer a teu filho Jesus como o caminho, a verdade e a vida, pra que possamos confessar com coragem que ele é o Cristo e fielmente seguir no caminho que leva à vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
Imagem: Cristo entrega as chaves para São Pedro, por Jacques Ignatius de Roore (1686–1747)
17/08/2020
Johann Gerhard, teólogo luterano
Retrato de Johann Gerhard entre 1616–1619 (Friedrich Schiller University Jena) |
"A perfeita justiça de Cristo é o manto glorioso de seus santos. Por isso, não deixemos aquele que está vestido com este manto temer a menor mancha de pecado." - Johann Gerhard, em Meditationes Sacrae (Meditações Sacras)
Hoje, dia 17 de agosto, o teólogo Johann Gerhard é lembrado no Calendário Luterano.
Johann Gerhard (1582-1637) é um dos representantes mais proeminentes do confessionalismo luterano. Nasceu em Quedlinburg (Alemanha) e estudou medicina na Universidade de Wittenberg e filosofia e teologia na Universidade de Jena. Ainda jovem, foi nomeado superintendente da igreja em Heldburg em 1606. Em 1616, ele finalmente recebeu a tão esperada cátedra de teologia na Universidade de Jena, na qual permaneceu até sua morte. Gerhard é conhecido como o autor de muitos escritos devocionais (Erbauungsliteratur) e homiléticos, bem como escritos exegéticos e dogmáticos.
Assim como todos os pais luteranos, Gerhard também era profundamente engajado nos estudos patrísticos. Muitos estudiosos afirmam que foi Gerhard quem cunhou o termo “patrologia” em sua obra “Patrologia sive de primitivae ecclesiae christianae doctorum vita ac lucubrationibus opusculum”, publicada postumamente em 1653 por seu filho Johann Ernst. O termo “patrologia” é uma referência aos pais (ou padres) da igreja antiga. Gerhard buscou respaldo nos testemunhos destes antigos pais para os ensinos promovidos pelo movimento da Reforma. O termo surgiu num contexto em que os luteranos estavam sendo acusados de criar uma nova igreja e uma nova doutrina. Neste sentido, Gerhard e outros teólogos apontaram que o ensino confessional da Igreja Luterana era uma genuína continuidade do ensino da igreja antiga, ao passo que o ensino do catolicismo romano da época é que representava um afastamento da igreja antiga e dos antigos pais.
15/08/2020
A tríplice honra aplicável à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus
As nossas confissões, As Confissões Luteranas, no artigo 21 da Apologia, aprovam e apontam a honra para os santos. E fala em tríplice honra. Essas três honras podem e devem ser aplicadas à Virgem Maria, mãe de Deus, mãe de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
A primeira honra é a ação de graças: damos graças a Deus por ter mostrado o mais nobre exemplo da graça de Deus para estimular a todo mundo a confiança, ao amor e ao louvor na graça divina. Maria é uma representação muito importante para a Igreja. Ela é uma representação de ti e de mim. Eu digo que Maria é representação, pois ela estava cheia, repleta de Cristo. A exemplo do que aconteceu com Maria, desde o Batismo você está repleto de Cristo. Cristo está em ti.
A segunda honra é a confirmação de nossa fé: Deus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente, por que em Deus não pode existir variação ou sombra de mudança. O mesmo Deus que contemplou e fez grandes coisas na vida de Maria é o mesmo Deus que te contempla e faz grandes coisas na tua vida. Ele é o teu Deus, é o teu Salvador.
A terceira honra é a imitação, primeiro da fé, em seguida das demais virtudes: Maria foi a primeira cristã que temos registrada no Novo Testamento. Ela ouviu e confiou. Ela esteve com Jesus em momentos importantes de sua vida, tanto antes de sua Ascensão assim como depois. A Bem-aventurada Maria, ouviu e confiou.
Décimo Primeiro Domingo após Pentecostes – 16 de agosto de 2014 (Ano A – Próprio 15)
Isaías 56.1, 6–8
Salmo 67
Romanos 11.1–2a, 13–15, 28–32
Mateus 15.21-28
A Igreja vive debaixo da cruz de Cristo e clama na esperança de sua misericórdia
Mesmo diante de uma aparente rejeição de Jesus (Mt 15.23-26), a mulher cananeia confessou sua fé no Salvador com ousadia (Mt 15.27-28) através de seu clamor persistente para que Jesus tivesse compaixão dela (Mt 15.22, 24). Este maravilhoso exemplo nos encoraja a se apegar nas palavras e promessas do Evangelho, mesmo perante a acusação e condenação da Lei. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29) e sua Lei “encerrou todos na desobediência, a fim de mostrar a sua misericórdia a todos” (Rm 11.32). Por isso, a fé e a esperança da mulher cananeia não foram infrutíferas, mas suas súplicas foram atendidas na misericórdia de Cristo. Assim, nosso Senhor não dá só as migalhas de sua mesa, mas também nos alimenta com o “pão dos filhos” na casa do Pai (Mt 15.26-27.). Jesus nos leva para o seu “santo monte” e nos dá alegria na sua "Casa de Oração", onde nossa súplica é ouvida e nosso sacrifício de louvor é aceito sobre o altar de sua cruz (Is 56.7).
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso e eterno Pai, que dás aos teus filhos muitas bênçãos mesmo quando não somos merecedores, em cada problema e tentação concede-nos confiança em tua bondade e misericórdia amorosa; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
Imagem: Cristo e a Mulher Cananeia (1743), por Jean-Franсois de Troy (1679-1752)
14/08/2020
Santa Maria, Mãe de Nosso Senhor (15 de agosto)
Isaías 61.7–11
Gálatas 4.4–7
Lucas 1.(39–45) 46–55
O Senhor Deus cobre o seu povo de vestes de salvação e o envolve com o manto de justiça (Is 61.10). É por isso que a bem-aventurada Virgem Maria se alegrou em Deus, seu Salvador (Lc 1.47). O Senhor foi gracioso para com ela. Maria creu que seriam “cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor” (v. 45). Este é o motivo pelo qual todas as gerações a consideram “bem-aventurada” (v. 42 e 48), da mesma forma que “mais bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc 11.28). Maria recebeu a honra peculiar de ser a pessoa por meio da qual o Senhor Deus fez brotar na terra o único Justo diante de todas as nações (Is 61.11). No entanto, como humilde serva apenas receptora da grande misericórdia de Deus, Maria louva o Senhor Deus que enviou seu Filho, nascido desta mulher, “nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filho” (Gl 4.4-7). É correto chamar Maria de “Mãe de Deus” por causa da natureza divina do Filho que ela deu à luz, mas somente Jesus pode ser chamado de “Salvador”, “Redentor”, “Mediador” e “Defensor”. Jesus Cristo é a única coisa necessária para resgatar, curar e salvar a humanidade (Lc 10.28–42). Ele é o descendente da mulher que veio para finalmente esmagar a cabeça da serpente por nós (Gn 3.15).
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso Deus, que escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu único Filho, concede que nós, que somos redimidos pelo sangue dele, tomemos parte com ela na glória de teu reino eterno; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
09/08/2020
Décimo Domingo após Pentecostes – 9 de agosto de 2020 (Ano A - Próprio 14)
Jó 38.4-18
Salmo 18.1-6 (7-16)
Romanos 10.5-17
Mateus 14.22-33
Cristo vem nos salvar através da palavra da fé
O Deus que lançou “os fundamentos da terra” (Jó 38.4) é o Autor e Doador da vida que governa todas as coisas através da sua Palavra. A sabedoria e poder de Deus estão além do nosso entendimento, exceto quando ele se revela em Cristo Jesus, a Palavra encarnada. Ele “foi até as nascentes do mar” e “percorreu o mais profundo do abismo” (Jó 38.16), e agora vem a nós em misericórdia. Neste mundo, o crente é “açoitado pelas ondas” e sacudido pelo vento contrário (Mt 14.24). No entanto, a existência mortal e a pecaminosa falta de fé muitas vezes impedem de reconhecer o Senhor Jesus. Mas quando estamos “tomados de medo” e clamamos, Jesus nos fala com ternura: “Não tenham medo!”, e prontamente estende a mão para nos salvar (Mt 14.27, 31). “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13), e agora nós o invocamos com fé, que “vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17). “A palavra está perto de você, na sua boca e no seu coração” (Rm 10.8).
ORAÇÃO DO DIA:
Todo-poderoso e misericordioso Deus, preserva-nos de todo o mal e perigo para que, estando prontos de corpo e alma, possamos cuidadosamente realizar o que tu queres; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).
Imagem: São Pedro tentando caminhar sobre a água (1766), por François Boucher (1703–1770)
04/08/2020
Parcialmente puros e santos (Martinho Lutero)
"Por ora somos apenas parcialmente puros e santos. De sorte que o Espírito Santo sempre tem de trabalhar em nós mediante a palavra e quotidianamente conceder perdão, até aquela vida em que já não haverá remissão, mas homens inteiramente puros e santos, plenos de retidão e justiça, libertados e isentos de pecado, morte e toda desgraça, em novo corpo, imortal e transfigurado.
Tudo isso, portanto, é ofício e obra do Espírito Santo: na terra ele principia a santidade e diariamente a faz crescer mediante as duas partes, a saber, a igreja cristã e a remissão dos pecados. Mas quando nos desfizermos em pó, ele completará sua obra integralmente, num só instante, e a manterá eternamente pelas últimas duas partes."
- Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Catecismo Maior, 2ª parte: Do Credo, 58-59)
03/08/2020
Joana, Maria e Salomé (3 de agosto)
Hoje o Calendário Luterano lembra de Joana, Maria e Salomé, as mulheres miróforas (portadoras de aromas). Neste dia rendemos ação de graças a Deus pelo serviço dedicado ao Senhor e pela participação destas mulheres fiéis no anúncio da Ressurreição, conforme relatos dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. No Calendário Bizantino, o terceiro domingo de Páscoa é chamado de Domingo das Miróforas, no qual também se faz menção de José de Arimateia e Nicodemos, que tirararam da cruz "o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os óleos aromáticos" (Jo 19.40)
Assim é o relato em Lucas 23.54 - 21.11:
"Era o dia da preparação, e o sábado estava para começar. As mulheres que tinham vindo com Jesus desde a Galileia seguiram José e viram o túmulo e como o corpo foi colocado ali.ORAÇÃO (Treasury of Daily Prayer. CPH, 2008, pág. 589):
Então se retiraram para preparar óleos aromáticos e perfumes.
E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.
Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, as mulheres foram ao túmulo, levando os óleos aromáticos que haviam preparado. Encontraram a pedra removida do túmulo, mas, ao entrar, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois homens com roupas resplandecentes. Estando elas com muito medo e baixando os olhos para o chão, eles disseram:
— Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrem-se do que ele falou para vocês, estando ainda na Galileia: “É necessário que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia.”
Então elas se lembraram das palavras de Jesus. E, voltando do túmulo, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os outros que estavam com eles. Essas mulheres eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; também as demais que estavam com elas confirmaram estas coisas aos apóstolos. Mas para eles tais palavras pareciam um delírio; eles não acreditaram no que as mulheres diziam." (Bíblia Sagrada - Nova Almeida Atualizada)
Poderoso Deus, cujo Filho crucificado e sepultado não permaneceu na sepultura. Concede contentamento em nossos afazeres para servirmos com fidelidade como fizeram Joana, Maria e Salomé, oferecendo a ti o doce perfume de nosso grato coração, a fim de que também possamos ver a glória da tua ressurreição e proclamar com afã e fervor as Boas Novas operada em nós através de nosso Senhor Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
02/08/2020
Jesus teve compaixão (9º Domingo após Pentecostes)
"Quando Jesus saiu do barco e viu tão grande multidão, teve compaixão deles e curou os seus doentes. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Este é um lugar deserto, e já está ficando tarde. Manda embora a multidão para que possam ir aos povoados comprar comida”. Respondeu Jesus: “Eles não precisam ir. Deem-lhes vocês algo para comer”. (Mateus 14.14-16 NVI)
A compaixão de Cristo e o discipulado compassivo são temas que emergem do Evangelho deste 9º Domingo após Pentecostes. Jesus sentiu compaixão da multidão. Como resultado de sua compaixão, o Senhor cura doentes e alimenta os famintos. Mas Jesus também envolve os discípulos no seu ato compassivo: "Deem-lhes vocês algo para comer". Depois de abençoar o alimento que os discípulos trouxeram, Jesus lhes entregou novamente para eles distribuírem ao povo.
Um paradigma da compaixão é o banquete que Cristo deixou para a sua Igreja, no qual ele abençoa o pão para ser o seu corpo encarnado e sacramental, que os discípulos que ele chamou e ordenou agora entregam para alimentar o seu corpo místico (a Igreja). Nesta Santa Ceia, Cristo é entregue para nós para que nos entreguemos num viver de ardente caridade para com o próximo.
No principal escrito de seu programa reformatório, Lutero escreveu que a pessoa cristã "vive em Cristo pela fé, no próximo, pelo amor. Pela fé [a pessoa cristã] é levada para o alto, acima de si mesma, em Deus; por outro lado, pelo amor desce abaixo de si, até o próximo, assim mesmo permanecendo sempre em Deus e seu amor, como diz Cristo em Jo 1.51.” (Da Liberdade Cristã, trad. do texto latino, in: Obras Selecionadas de Lutero, vol. 2, pág. 456)
Como fruto do Evangelho de Cristo, vidas que foram tocadas pela compaixão do Senhor, agora também são compassivas para com o próximo. Assim, o amor e o cuidado que os discípulos recebem do Senhor são graciosamente repartidos com outros necessitados.