26/03/2017

25 de Março: "A Anunciação de nosso Senhor"

              


              Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

            O anjo estava maravilhado diante daquela moça; e ela, da mesma forma, observa aquele mensageiro do Senhor. A jovem Maria ficou espantada com a aparição do anjo, e ele espantado com a notícia que veio trazer para aquela moça! (São Lucas 1. 26-27)

            Aquele anjo foi enviado a terra para dizer a Maria: “embora você não conheça um homem, você conceberá no seu ventre e dará à luz um Filho; embora seja virgem, você será mãe!” (São Lucas 1.30) Porém, o que mais deixa aquele anjo impressionado e cheio de temor é quem será o filho dela – porque esta criança que nascerá de seu ventre será verdadeiramente seu filho.

            É por isso que Gabriel olha para Maria com admiração, não propriamente por causa dela, mas porque a criança que será concebida em seu ventre e que ela alimentará em seu peito é simplesmente o Filho de Deus – a Palavra eterna do Pai – através de quem todas coisas foram feitas no céu e na terra, inclusive aquele anjo e aquela moça. Em outras palavras, como Isabel irá testificar em São Lucas 1.43, Maria será a Mãe de Deus, a Mãe do Senhor que adoramos e louvamos eternamente!

            Sabe o que isso significa?

            A promessa do Reino de Deus é cumprida! Um Reino para sempre! Onde aquela criança, que Maria carrega em seu ventre e faz dela, naqueles nove meses, portadora de Deus, é quem “reinará eternamente e dará vida eterna a todo o que crê” (São Lucas 1. 32-33). Aquela criança que ela irá cuidar e alimentar é quem destruirá a própria morte e cobrirá, expiará e perdoará o pecado. Por causa de tudo isso, o anjo pode dizer para aquela jovem moça: “Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo!” (São Lucas 1.28), e mais adiante, Isabel – possuída pelo Espírito Santo – exclamará: “Bendita és tu, entre as mulheres, e bendito o Fruto do teu ventre!” (São Lucas 1.42).

            Em meio a todo este acontecimento espetacular, Maria também está preocupada sobre como tudo isso irá acontecer. Mas, o anjo lhe acalma: “Deus sabe que você é virgem, mas o Espírito Santo te encherá e o poder do Senhor te envolverá” (São Lucas 1. 35) – por isso, daquela jovem nascerá não uma criança qualquer, mas o verdadeiro Senhor, o verdadeiro Deus! 

            O anjo, então, vê aquela jovem moça se inclinar e dizer: “Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a tua Palavra!” (São Lucas 1.38).

            E assim inicia o momento de Deus cumprir todas as suas promessas – ali, no ventre de Maria, que será sua casa, seu lar pelos próximos nove meses – e que depois irá nascer nesse mundo – encarnado – para consumar toda a obra e justiça do Senhor!

            O anjo vai embora na certeza de que esse encontro acontecerá novamente – por causa daquela criança gerada no ventre de Maria – e nesse reencontro, os anjos, Maria, e todos aqueles que confiam nesta criança – neste Deus que é Jesus – estarão inclinados diante dele, o adorando e louvando-o na vida que não tem fim – na alegria eterna – onde a dor, a tristeza e a maldade ficarão para trás e serão esquecidas. O anjo vai embora com esta certeza, e nós podemos hoje continuar tendo essa mesma certeza!

            Maria não estava carregando uma parte da divindade, Maria não estava gerando um tipo de semideus. Não! Aquele que nasceu do ventre de Maria, pelo poder do Espírito Santo é o nosso Senhor, é o nosso Salvador, é o nosso Deus! Pela Graça Divina e não pelos seus méritos, Maria teve a honra e o privilégio de ser Mãe de Deus!

            Amém!


            Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do SENHOR nas Igrejas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES
No dia da Anunciação de nosso Senhor, 2017 AD



25/03/2017

O nascimento de Cristo é nosso


"Cristo toma a si nosso nascimento e o mergulha em seu próprio nascimento, e no-lo presenteia, para, assim, ficarmos limpos e regenerados. Assim, seu nascimento passa a ser nosso, para que todo cristão se possa gloriar alegremente no nascimento de Cristo, como se também ele próprio tivesse nascido fisicamente de Maria, do modo como Cristo nasceu. Quem não crê nisso ou disso duvida, não é cristão.
Essa é a grande alegria da qual fala o anjo. É o consolo e suprema bondade de Deus que o homem pode gloriar-se de tal tesouro (quando crê); Maria é sua verdadeira mãe, Cristo, seu verdadeiro irmão, Deus, seu pai. Pois tudo isso é verdade e aconteceu de fato, se nisso cremos."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja

Festa da Anunciação de Nosso Senhor - 25 de março

"A Anunciação", do Círculo de Eustache Le Sueur

† Isaías 7.10-14
† Salmo 45.7-17 (antífona v. 6)
† Hebreus 10.4-10
† Lucas 1.26-38


Cor litúrgica: Branca

Lembramos que o anjo Gabriel aparece a Maria e anuncia que Deus mostrou seu favor para com ela e vai usá-la como meio para o nascimento do Messias. Deste modo, Maria concebe Jesus quando o anjo diz: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra" (Lc 1.35). Este mesmo Espírito que “pairava sobre a face das águas” e gerou a criação (Gn 1.2) paira agora sobre as águas do ventre de Maria para conceber o Redentor da criação. Quando o Espírito Santo vem sobre Maria, ela concebe Jesus “através de seu ouvido” (como diz Martinho Lutero). Aquele que é concebido é chamado Santo, o Filho de Deus. Este é o momento da encarnação de nosso Senhor. A data da Anunciação cai em 25 de março pela razão de que Igreja Antiga cria que a crucificação ocorreu nessa data. Na antiguidade, as pessoas vinculavam o dia da concepção de uma pessoa com o dia de sua morte. Assim, na Anunciação, a Igreja juntou tanto a encarnação de Jesus quanto a reconciliação que Ele realizou.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, assim como conhecemos a encarnação de teu Filho Jesus Cristo, pela mensagem do anjo à virgem Maria, assim também pela mensagem de sua cruz e paixão, leva-nos para a glória da tua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1287)

18/03/2017

Parte 3/ 6 Paráfrase do Pai Nosso




Paráfrase do Pai Nosso e exortação aos que pretendem ir ao sacramento





Leia também  a 

Caros amigos em Cristo, visto que estamos reunidos aqui em nome do Senhor para receber seu Sagrado Testamento, admoesto-vos, em primeiro lugar, que eleveis vosso coração a Deus para comigo orar o Pai Nosso como nos ensinou Cristo nosso Senhor, com a confortadora promessa de que será ouvido.
Que Deus, nosso Pai do céu olhe misericordiosamente a nós, seus miseráveis filhos na terra, e nos conceda a graça de que seu santo nome seja santificado entre nós e em todo o mundo por ensinamento puro e correto de sua Palavra e por fervoroso amor de nossa vida; queira graciosamente afastar toda falsa doutrina e vida malvada, pelas quais seu digno nome é blasfemado e profanado.
Que também seu Reino venha e seja aumentado, levando todos os pecadores ofuscados e presos pelo diabo em seu reino ao reconhecimento da fé autêntica em Jesus Cristo, seu Filho, e multiplicando o número dos cristãos. Que também sejamos fortalecidos com seu Espírito a cumprir e sofrer sua vontade na vida como na morte, no bem como no mal, sempre quebrando, sacrificando e aniquilando nossa vontade.
Queria dar-nos também nosso pão de cada dia, guardar-nos da cobiça e preocupações do ventre, esperando dele o suficiente de tudo que é bom.
Queira perdoar-nos também nossa culpa, assim como nós perdoamos aos que estão em dívida conosco, para que nosso coração tenha uma consciência tranqüila e segura perante ele e não temamos nem nos aterrorizemos jamais por pecado algum.
Que não nos conduza a provações, mas nos ajude por seu Espírito a dominar a carne, a desprezar o mundo com sua natureza e vencer o diabo com todas as suas manhas.
E por fim, queira redimir-nos de todo o mal, físico e espiritual, temporal e eterno. Todos os que sinceramente almejam tudo isso, digam de coração: ‘Amém’, acreditando sem dúvida alguma que será realmente ouvido no céu, como nos promete Cristo: ‘O que pedirdes, crede que o tereis, e assim há de suceder [Mc 11.24]. Amém.’



Além disso, eu vos exorto em Cristo que recebais o testamento de Cristo em verdadeira fé e, principalmente, graveis firmemente no coração as palavras em que Cristo nos presenteia com seu corpo e sangue para o perdão; que vos lembreis e agradeçais pelo amor imerecido que ele nos demonstrou ao nos redimir da ira de Deus, do pecado, da morte e do inferno por meio do seu sangue, tomando então exteriormente o pão e o vinho, isto é, seu corpo e sangue como garantia e penhor. Portanto, tomemos e usemos assim o testamento em seu nome e por sua ordem, por ele mesmo expressa.

Parte 3/6 Pai Nosso


Período Quaresmal                              Parte 3/6
Jornada cristã através do Catecismo Menor e do Catecismo Maior
Prezado leitor, no lado direito de cada petição, terás uma estrofe do hino Pai Nosso de Rodolfo Hasse (1890-1968). Melodia Num Komm, Der Heiden Her Land - Martinho Lutero - 1524). 


Catecismo Maior
Segue-se a terceira parte: como se deve orar. Pois, visto nossa situação
ser tal, que ninguém pode cumprir os mandamentos perfeitamente, ainda que haja começado a crer, e visto o diabo, juntamente com mundo e a nossa própria carne, a isso se opor com toda a força, nada é
 mais necessário do que viver continuamente nos ouvidos de Deus, clamando e pedindo que nos dê, preserve e multiplique a fé e cumprimento dos dez mandamentos e remova tudo o que está em nosso caminho e nos impede. Mas, a fim de soubéssemos orar, o próprio Cristo, Senhor nosso, nos ensinou a maneira e as palavras.
Antes, porém, de explicarmos, por partes, o Pai-Nosso, o mais necessário por certo é exortar e estimular os homens previamente a que orem, conforme o fizeram também Cristo e os apóstolos. E cumpre saibamos, em primeiro lugar, como, por causa do mandamento de Deus, temos o dever de orar. Com efeito, eis o que vimos no segundo mandamento: “Não tomarás o nome de Deus em vão. ” Aqui se exige que louvemos o Santo nome, o invoquemos em todas as necessidades, ou oremos. Pois invocar outra coisa não é que orar.
Ninguém pense que é indiferente orar ou não, como fazem as pessoas grosseiras, que seguem por aí com a seguinte ilusão e pensamento: Por que eu iria orar? Devemos orar, primeiro, por que Deus ordena. Segundo, acrescenta a promessa. Estudemos cada parte do Pai Nosso.

Catecismo Menor
INTRODUÇÃO: Pai Nosso, que estás nos céus. Que significa isto? Deus quer atrair-nos carinhosamente com estas palavras, para crermos que ele é o nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos, para que lhe roguemos sem temor, com toda a confiança, como filhos amados ao querido pai.
PRIMEIRA PETIÇÃO: Santificado seja o teu nome. Que significa isto? O nome de Deus, na verdade, é santo em si mesmo. Mas suplicamos nesta petição que seja santificado também entre nós. Quando sucede isto? Quando a palavra de Deus é ensinada clara e puramente e nós, como filhos de Deus, também vivemos uma vida santa, em conformidade com ela; concede-nos isso, querido Pai do céu. Aquele, porém, que ensina e vive de modo diverso do que diz a palavra de Deus, profana o nome de Deus entre nós; guarda-nos disso, ó Pai celeste!

SEGUNDA PETIÇÃO: Venha o teu reino. Que significa isto? O reino de Deus vem, na verdade, por si mesmo, sem a nossa prece; mas suplicamos nesta petição que venha também a nós. Quando sucede isto? Quando nosso Pai celeste nos dá o seu Espírito Santo, para crermos, por sua graça, em sua santa palavra, e vivermos uma vida com Deus neste mundo e na eternidade.

TERCEIRA PETIÇÃO: Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Que significa isto? A boa e misericordiosa vontade de Deus, em verdade, é feita sem a nossa prece; mas suplicamos nesta petição que seja feita também entre nós. Quando sucede isto? Quando Deus desfaz e impede todo mau conselho e vontade dos que não nos querem deixar santificar o seu nome, nem permitir que venha o seu reino, tais como a vontade do diabo, do mundo e da nossa carne; e quando, por outro lado, nos fortalece e preserva na sua palavra e na fé, até o fim. Esta é a sua boa e misericordiosa vontade.

QUARTA PETIÇÃO: O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Que significa isto? Deus, em verdade, dá o pão de cada dia, mesmo sem a nossa prece, a todos os homens, também aos ímpios. Mas suplicamos nesta petição que nos faça reconhecê-lo e receber com agradecimento o pão nosso de cada dia. Que significa o pão de cada dia? Tudo o que pertence ao sustento e às necessidades da vida, como por exemplo: comida, bebida, vestes, calçado,  casa, lar, campos, gado, dinheiro, bens, consorte fiel, filhos piedosos, empregados fiéis, superiores  piedosos e fiéis, bom governo, bom tempo, paz, saúde, disciplina, honra, leais amigos, bons vizinhos e coisas semelhantes.

QUINTA PETIÇÃO: E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores. Que significa isto? Suplicamos nesta petição que o Pai celeste não observe os nossos pecados, nem por causa deles recuse as nossas preces; pois somos indignos de todas as coisas que pedimos, nem as merecemos; mas no-las conceda todas por graça, visto pecarmos muito diariamente e nada merecermos senão castigo. Da mesma forma queremos nós perdoar de coração, e de boa vontade fazer o bem aos que pecam contra nós.

SEXTA PETIÇÃO: E não nos deixes cair em tentação. Que significa isto? Deus, em verdade, não tenta ninguém; mas suplicamos nesta petição que nos guarde e preserve, para que o diabo, o mundo e a nossa carne não nos enganem, nem nos seduzam a crenças falsas, desespero ou qualquer outra grande infâmia ou vício; e ainda que tentados, vençamos afinal e retenhamos a vitória.

SÉTIMA PETIÇÃO: Mas livra-nos do mal. Que significa isto? Suplicamos, em resumo, nesta petição, que o Pai celeste nos livre de todos os males que afetam o corpo e a alma, os bens e a honra e, finalmente, quando vier a nossa hora derradeira, nos conceda um fim bem-aventurado e nos leve, por graça, deste vale de lágrimas para junto de si, no céu.


CONCLUSÃO: Pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Que significa Amém? Devo estar certo de que estas petições são agradáveis ao Pai celeste e ouvidas por ele; pois ele mesmo nos ordenou orar desta maneira e prometeu atender-nos. Amém, Amém, isto significa: Sim, assim seja!

Parte 2/6 Credo Apóstolico

Período Quaresmal                              Parte 2/6
Jornada cristã através do Catecismo Menor e do Catecismo Maior

No segundo passo de nossa jornada, enfatizaremos o Credo Apostólico. O texto base será o Catecismo Menor, mas a introdução será uma frase do Catecismo Maior, da mesma forma que foi feito no primeiro passo da jornada, sobre os mandamentos.
Conhecendo a estrutura do Catecismo Menor: O Catecismo Menor está divido em duas partes: 1) O texto, neste caso, o texto do credo; 2) A explicação do texto do credo. O terceiro passo da jornada vai ser disponibilizado após o terceiro domingo na Quaresma (28/02).

Introdução
 No primeiro passo da “Jornada cristã através Catecismo Menor e Maior, ” “vimos tudo o que Deus quer façamos ou deixamos de fazer. Com razão segue agora a isso o credo, que nos apresenta tudo o que devemos esperar e receber de Deus. Em primeiro lugar, tem-se dividido o Credo, até agora, em doze artigos.... Todavia, para que se possa captá-lo do modo mais fácil e simples, como deve ensiná-lo às crianças, vamos compendiar, sumariamente, todo credo em três artigos principais, correspondentes às três pessoas da divindade, às quais se refere tudo o que cremos. De forma tal, que o primeiro artigo, de Deus Pai, explique a criação; o segundo, do Filho, a redenção; terceiro, do Espírito Santo, a santificação... Creio em Deus Pai que me criou; Creio em Deus Filho, que me redimiu; Creio no Deus Espírito Santo, que me santifica. Um só Deus e uma só fé, porém três pessoas, e por isso também três artigo ou confissões.” 

   1º Artigo da criação




   CATECISMO MAIOR: O Através dos mandamentos, vimos tudo o que Deus quer que façamos ou deixemos de fazer. O Credo nos apresenta tudo o que esperar e receber de Deus. O Credo não é nada mais que a resposta e confissão dos cristãos harmonizada com o Primeiro Mandamento. Podemos perguntar: que espécie de Deus tens? Que sabes a respeito dele? deveríamos responder: “Eis o meu Deus, em primeiro Lugar, o Pai, que fez o céu e a terra. Fora desse único Deus, não considero mais nada como Deus.”  Confessamos que Deus Pai não apenas nos deu tudo o que possuímos e temos diante de olhos, mas também nos protege de todo perigo e desastre. Nós confessamos que Deus faz todas essas coisas por amor e bondade, sem nenhum merecimento de nossa parte. Por esta razão devemos diariamente recitar este artigo a fim de lembramos, gravarmos em nossas mentes e corações tudo o que acontece e tudo o que Deus concede de bom, dos perigos que somos afastados, das necessidades supridas, é a prova de seu coração paternal e o seu imenso amor de Deus para conosco. Por tudo isto que Deus faz, agradeçamos e sejamos gratos por tudo aquilo que Deus faz por nós.
CATECISMO MENOR: Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra. Que significa isto? Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva; além disso, me dá vestes, calçados, comida e bebida, casa e lar, esposa e filhos, campos, gado e todos os bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda de todo o mal. E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade da minha parte. Por tudo isto devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. Isto é certamente verdade.


  2º Artigo da Redenção




 CATECISMO MAIOR: Se, pois, se pergunta: “Que crês no segundo artigo, a respeito de Jesus Cristo? ” Responde, bem brevemente: “Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus, se tornou meu Senhor. ” Agora, “tornar-se Senhor” que significa isso? Significa que redimiu do pecado, do diabo, da morte e de toda desgraça. Depois que havíamos sido criados e tínhamos recebido toda a sorte de bens de Deus Pai, veio o diabo e nos levou a desobediência, ao pecado, a morte e a toda desgraça, de forma que estávamos debaixo da ira e do desagrado de Deus, sentenciados a condenação eterna, conforme por nossa culpa havíamos merecidos. .... Mas Jesus Cristo, Senhor da vida, da justiça, de todo bem e ventura, e nos arrancou a nós, homens pobres e perdidos das faces do inferno, nos conquistou e libertou e nos trouxe de volta a graça do pai, e nos pôs, como propriedade sua, sobre seu amparo e proteção, para governarmos com sua justiça, sabedoria, poder e bem-aventurança. O resumo deste artigo é, pois, que a palavrinha “senhor”, da maneira mais singela, significa tanto como redentor, isto é, aquele que nos trouxe do diabo a Deus, da morte para a vida.
CATECISMO MENOR: E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. QUE SIGNIFICA ISTO? Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e também verdadeiro homem, nascido da virgem Maria, é meu Senhor. Pois me remiu a mim, homem perdido e condenado, me resgatou e salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo; não com ouro ou prata, mas com seu santo e precioso sangue e sua inocente paixão e morte, para que eu lhe pertença e viva submisso a ele, em seu reino, e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança, assim como ele ressuscitou dos mortos, vive e reina eternamente. Isto é certamente verdade.

3º Artigo da Santificação

CATECISMO MAIOR DA SANTIFICAÇÃOEste artigo não posso titulá-lo melhor do que chamando-lhe “Da Santificação.” Pois nele se expressa e apresenta o Espírito Santo com seu ofício, a saber, que santifica. Mas como Ele realiza esta santificação? Assim como o Filho obtém o domínio, pelo qual nos conquista através de seu nascimento, morte, ressurreição, etc, da mesma forma o Espírito Santo efetua a santificação por intermédio das seguintes partes: a congregação dos santos ou a igreja cristã, o perdão dos pecados, a ressurreição da carne e a vida eterna. Isto é, primeiro nos conduz a sua santa congregação e nos põe no seio da igreja, pela qual nos prega e leva a Cristo. Por que nem tu nem eu jamais poderíamos saber algo a respeito e Cristo ou crer nele e que Cristo seja nosso Senhor, se o Espírito Santo não oferecesse e oferecesse Cristo ao nosso coração pela pregação do Evangelho.
CATECISMO MENOR: Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Cristã - a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém. QUE SIGNIFICA ISTO? Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé. Assim também chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na terra, e em Jesus Cristo a conserva na verdadeira e única fé. Nesta cristandade perdoa a mim e a todos os crentes diária e abundantemente todos os pecados, e no dia derradeiro me ressuscitará a mim e a todos os mortos, e me dará a mim e a todos os crentes em Cristo a vida eterna. Isto é certamente verdade.

Parte 1/6 Os Mandamentos


Período Quaresmal                              Parte 1/6
Jornada cristã através do Catecismo Menor e do Catecismo Maior



A Igreja Luterana confessa que a Bíblia é a única norma de fé e de doutrina. E por ser a expressão da fé bíblica, reconhece o Livro de Concórdia como um livro de grande e fundamental importância. O livro de Concórdia não tem autoridade em si só, mas por estar em consonância com a verdade escriturística, assume um papel relevante e primordial dentro da Confessionalidade Luterana.
O livro de Concórdia é composto de vários documentos que foram escritos no período entre 1530 até 1580. No projeto “Jornada cristã através Catecismo Menor e Maior” será enfatizado dois documentos de grande valia e que foram escritos por Lutero. Ambos Catecismos foram escritos em 1529 e o que diferencia ambos é público alvo para quem são dirigidos. OCatecismo Menor está destinado para ser usado nos lares e Catecismo Maior é destinado para o uso do clero.  Nesta jornada teremos um pouco dos dois, no entanto, a base principal é o Catecismo Menor.
O Catecismo Maior e o Menor estão dividido em seis partes principais: Os Mandamentos, O Credo, O Pai Nosso, O Sacramento do Santo Batismo, Como se deve ensinar as pessoas simples a se confessarem e Sacramento do Altar. Nesta primeira parte da jornada será enfatizado os mandamentos.
Conhecendo a estrutura do Catecismo Menor: é de fundamental importância entender a estrutura do Catecismo Menor. Primeiramente temos o texto do mandamento e logo em seguida temos a pergunta “Que significa isto” que é a explicação do mandamento. Nesta jornada, teremos uma pequena reflexão sobre o mandamento em destaque retirada do CATECISMO MAIOR e logo em seguida o texto do CATECISMO MENOR.

1
           Catecismo maior: primeiro mandamentoO que é ter um Deus? Ter um Deus outra coisa não é senão confiar e crer nele de todo coração. Repetidas vezes já disse que apenas o confiar e crer de coração faz tanto o Deus como ídolo. Se é verdadeira a fé e confiança verdadeira, verdadeiro também é o teu Deus. Lutero afirma que verdadeiro culto e honra a Deus é confiar inteiramente em Deus. Catecismo Menor: primeiro mandamentoEu sou o Senhor, teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas.

2
 Catecismo Maior: Segundo mandamentoO primeiro mandamento instruiu o coração e ensinou o que é fé, assim este mandamento coloca a boca a e a língua numa relação correta com Deus. Por que primeiro se manifesta no coração e depois brota em palavras.Catecismo Menor: Segundo mandamentoNão tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Que significa isto?Devemos temer e amar a Deus e, portanto, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a feitiçaria, mentir ou enganar; mas devemos invocá-lo em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer.

3
Catecismo Maior: Terceiro MandamentoTome lugar e tempo a fim de participar do culto divino, isto é , reúnam-se as pessoas com o objetivo de ouvir e tratar da Palavra de Deus e depois louvar a Deus, cantar e rezar. Catecismo Menor: Terceiro mandamento:Santificarás o dia do descanso. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar a pregação e a sua palavra; mas devemos considerá-la santa, gostar de a ouvir e estudar.

4
 Catecismo Maior: Quarto mandamento: Até aqui aprendemos os três mandamentos, que tratam da nossa relação com Deus. Primeiro, que de todo coração nele confiemos, temamos e amemos, em toda a nossa vida. Segundo, que não mal-usemos seu santo nome para apoiar mentiras ou qualquer outra coisa má, porém que façamos uso dele em louvor de Deus, bem como para o proveito e salvação do próximo e de nós mesmos. Terceiro, que em dia santo e de repouso diligentemente tratemos a palavra de Deus e com ela nos ocupemos, a fim de toda nossa ação e vida sejam orientadas pela Palavra de Deus. Agora vêm os outros sete, que se referem ao nosso próximo. O primeiro e maior desses é: Honrarás a teu pai e a tua mãe. Catecismo Menor: Quarto mandamentoHonrarás a teu pai e a tua mãe, para que vás bem e vivas muito tempo sobre a terra. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar nem irritar nossos pais e superiores; mas devemos honrá-los, servi-los, obedecer-lhes, amá-los e querer-lhes bem.

5
Catecismo Maior: Quinto mandamento: Neste mandamento saímos de nossa casa e vamos aos vizinhos, para aprender como devemos viver uns com os outros. Deus e o governo não estão incluídos neste mandamento, por que tanto Deus, como o governo tem o direito de punir os malfeitores. O propósito deste mandamento é que ninguém faça mal ao próximo devido as suas ações más, mesmo considerando que ele mereça. Por que onde se proíbe matar, aí se proíbem todas as coisas que possam dar origem ao homicídio. Segundo este mandamento, a pessoa não é somente culpada quando faz o mal para seu próximo, mas quando deixa de fazer o bem. Catecismo Menor: Quinto mandamento: Não matarás. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não causar dano ou mal algum ao nosso próximo em seu corpo; mas devemos ajudar-lhe e favorecê-lo em todas as necessidades corporais.

6
 Catecismo Maior: Sexto mandamento: Os mandamentos, quinto a oitavo, nos mostram que não podemos fazer nenhum tipo de mal ao nosso próximo. Estes mandamentos estão muito bem organizados. Em primeiro lugar, eles falam sobre danos ao nosso próximo. Em seguida, os mandamentos passam a falar sobre a pessoa mais próxima a ele, ou a posse mais próximo seguinte, após o seu corpo, ou seja, sua esposa. Ela é uma carne e sangue com ele, de modo que não pode infligir um dano maior sobre qualquer bem que é dele. Portanto, é claramente proibido trazer qualquer desgraça, vergonha com respeito a esposa do meu próximo. Este mandamento é diretamente contra todos os tipos de pecados contra uma vida casta, seja que nome receba. Não somente a forma externa do adultério é proibido, mas todo tipo de causa, motivo e meios de adultério. O coração, os lábios e todo o corpo deve ser casto e puro e que não se de oportunidade a vida impura. Deus tem o casamento em alta consideração.Catecismo Menor: Sexto mandamento: Não cometerás adultério. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte.

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 Catecismo Maior: Sétimo mandamento: Após o mandamento que trada da pessoa e do seu cônjuge, o próximo fala dos bens materiais. Deus também protege os bens que Ele concede. Ele ordena que ninguém furte qualquer coisa que seja do próximo. Brevemente, obter lucro, vantagem a partir do prejuízo do próximo. Roubar não é somente pegar o dinheiro do próximo, mas também se estende a todos os lugares que tem comércio, por exemplo, vender algo com o peso adulterado, lucro exagerado, etc. No trabalho, quando um empregado ou empregada é infiel com seus deveres e causa prejuízo ao seu patrão, ou poderia evitar, mas não o faz. Não fazer aquilo para que foi contratado também é furtar, pois se está recebendo para cumprir uma atividade. Saiba cada qual, que sob a pena de desagradar a Deus, em nenhum momento fazer dano ao próximo, nem tirar nenhuma vantagem sobre ele, nem nas transações de compra e venda ou em qualquer negócio. Mas sim cumpre proteger os bens do próximo. Catecismo Menor: sétimo mandamento: Não furtarás. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não tirar ao nosso próximo o dinheiro ou os bens, nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios fraudulentos; mas devemos ajudá-lo a melhorar e conservar os seus bens e o seu meio de vida.

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 Catecismo Maior: Oitavo mandamento: Oitavo Mandamento: Além do próprio corpo, esposo (a), bens materiais, existe outro tesouro que não se pode dispensar – honra e boa reputação. É muito difícil que alguém viva entre outras pessoas quando se está em pública desgraça e desprezado por todos. Por isso Deus não quer que a reputação e o bom nome sejam retirados ou diminuídos, assim como os bens do próximo não devem ser extorquidos. Deus deseja que a pessoa continue honrada diante do cônjuge, filhos, empregados e vizinhos. Este mandamento proíbe todos os pecados da língua pela qual se pode causar dano ao próximo ou magoá-lo. Por que sustentar falso testemunho não é nada mais do que obra da língua. Deus proíbe tudo que se faz contra o próximo através do pecado da língua. Aqui se aplica também a falsos pregadores com suas doutrinas e blasfêmias; juízes e testemunhas falsas. Aqui também trata-se da fofoca. Isto é problema por que é mais comum ouvir falar mal do que bem do próximo. Para evitar a fofoca, devemos lembrar que a ninguém cabe julgar e censurar publicamente o próximo, ainda quando o vê pecar, a menos que tenha a ordem de julgar e censurar; é grande a diferença entre julgar o pecado e ter o conhecimento do pecado. Pode estar ciente do pecado, mas não julgá-lo. Posso ouvir e ver que o próximo peca, mas não é meu dever contar a outros. Se me adianto e passo a julgar e sentenciar, caio em pecado maior que do outro. Se sabe de alguma coisa de outra pessoa deve guardar para si mesmo, até receberes ordem de ser juiz e punir oficialmente. Deus proíbe que alguém fale mal de outra pessoa, mesmo que seja culpada; muito menos ainda quando se sabe apenas de ouvir dizer. Tudo isto que foi dito trata-se dos pecados secretos, aqueles que não de conhecimentos de todos. Onde tiver um pecado público o problema deve ser tratado publicamente. Catecismo Menor: oitavo mandamento: Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não mentir com falsidade, trair, caluniar ou difamar o próximo; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira.


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Catecismo Maior: Nono e décimo mandamento: O que é a cobiça? A cobiça é o pecado de um coração que deseja o que Deus não concedeu e insiste em tais coisas para a sua felicidade e realização. É uma fé idólatra, que confia nas coisas, no dinheiro e nos bens materiais, pessoas, amizades, reputação, posição social e na satisfação dos seus próprios desejos. A cobiça leva alguém a conspirar a fim de obter o que se deseja contrário à vontade de Deus e seduzir outras pessoas a abandonar a fidelidade a Deus com objetivo de alcançar o que se deseja. A cobiça é idolatria, isso nos leva para o primeiro mandamento. Jesus adverte o cristão da cobiça por que a cobiça é parte da natureza pecadora do homem. A cobiça transforma coisas em ídolo, portanto, ameaça a fé em Cristo. As palavras de Jesus são um convite ao arrependimento e a fé em Cristo. Ele convida a afastarmos o nosso coração das coisas a fim de que a nossa realização e a felicidade estejam somente em Cristo e que sejamos felizes com aquilo que Deus nos concede. A fé cristã consiste conhecer a Cristo pela fé e depender dEle  tanto para a salvação, como também para tudo o que se faz necessário para a manutenção do corpo e da vida. Catecismo Menor: Nono e décimo mandamento: NONO MANDAMENTO: Não cobiçarás a casa do teu próximo. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não pretender adquirir, com astúcia, a herança ou casa do próximo, nem nos apoderar dela sob aparência de direito; mas devemos ajudar-lhe e servi-lo para conservá-la. DÉCIMO MANDAMENTO: Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem os seus empregados, nem o seu gado, nem coisa alguma que lhe pertença. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não apartar, desviar ou aliciar a mulher do próximo, os seus empregados ou o seu gado; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever.

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ONCLUSÃO DOS MANDAMENTOS Catecismo Menor: Que diz Deus de todos estes mandamentos? Ele diz: "Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” Que significa isto? Deus ameaça castigar todos os que transgridem estes mandamentos; por isso, devemos temer a sua ira e não transgredi-los. Mas Ele promete graça e todo o bem aos que os guardam. Por isso mesmo devemos amá-lo, confiar nele e de boa vontade cumprir os seus mandamentos.

Livro de Concórdia, Catecismo Maior e Menor