28/12/2017

28 de Dezembro - Dia das santas crianças inocentes

“O Evangelho segundo São Mateus 2. 13-18”

            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
            O Evangelho de nosso Senhor segundo São Mateus relata como, depois do nascimento de Jesus em Belém da Judéia, os magos do Oriente – homens que estudavam as estrelas – chegaram em Jerusalém, a capital dos judeus. Eles lá estavam à procura de um recém-nacido que era o Rei dos Judeus. Uma estrela havia anunciado o nascimento deste Rei para eles e agora eles vieram para adorá-lo.
            Herodes, o Grande, era ciumento e maléfico, não permitiria um possível rival para o seu trono. Ele já havia até assassinado membros de sua própria família por suspeitar que estavam conspirando contra ele. Por isso, ao saber da intenção e motivo da vinda dos visitantes do Oriente, Herodes procurou o conselho dos escribas, os especialistas judeus nos Escritos Sagrados, para descobrir exatamente onde o Cristo prometido havia nascido. Ele, então, enviou aqueles homens que estudavam as estrelas para encontrar a criança, e deu a seguinte ordem: “vão e procurem informações bem certas do Menino. E, quando o encontrarem, me avisem, para eu também ir adorá-lo” (São Mateus 2.8).
            Não suspeitando das intenções maliciosas de Herodes, os estudiosos das estrelas partiram para Belém. No caminho viram a estrela, a mesma que tinham visto no Oriente. Ela foi adiante deles e parou acima do lugar onde o menino estava. Quando viram a estrela, eles ficaram muito alegres e felizes.  Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. E num sonho Deus os avisou que não voltassem para falar com Herodes. Por isso voltaram para a sua terra por outro caminho” (São Mateus 2. 9-12).
            Após estes acontecimentos, José foi avisado por Deus para fugir de Belém rapidamente, pois Herodes queria matar a criança. A Sagrada Família então partiu para o Egito, onde pode encontrar uma relativa segurança. Enquanto isso, na Judéia, percebendo que havia sido enganado pelos visitantes do oriente, Herodes se enfureceu e ordenou que seus soldados entrassem na cidade de Belém e matassem todos os meninos que encontrassem com dois anos de idade ou menos. Herodes achava que dentre as crianças mortas, estaria o tal recém-nascido Rei dos Judeus.
            Os soldados, impiedosamente, cumpriram suas ordens. O Evangelho segundo São Mateus proclama no sangue inocente derramado em Belém o cumprimento das palavras de Jeremias: “O Senhor diz: Ouviu-se um som em Rama, o som de um choro amargo. Era Raquel chorando pelos seus filhos; ela não quer ser consolada, pois todos estão mortos” (Jeremias 31.15).
                        Em meio a um episódio tão triste na história do Natal, em meio aos rios de sangue que homens loucos como Herodes continuam derramando até os nossos dias, a Igreja Cristã continua a olhar para esta mesma profecia de Jeremias, e nela encontra conforto, pois apesar deste primeiro vero triste e desesperador, o profeta continua: “Pare de chorar e enxugue as suas lágrimas. Tudo o que você fez pelos seus filhos será recompensado; eles voltarão da terra do inimigo. Sou eu, o SENHOR, quem está falando” (Jeremias 31.16).
            Aqui é necessário dizer que algumas pessoas aproveitam episódios como estes para questionar Deus e até mesmo dizer que somente para poupar Jesus, Deus permitiu o massacre de centenas de crianças. Meus irmãos, atos assim não ocorrem por culpa de Deus e se Filho, e sim, por conta da maldade humana, daqueles que estão longe do SENHOR. Este não foi o único massacre de inocentes, podemos lembrar no Antigo Testamento quando Faraó fez o mesmo na época do nascimento de Moisés, só para que a população de hebreus não crescesse; também podemos citar um episódio igualmente triste e revoltante que ocorreu nos últimos meses, aqui mesmo em nosso país, quando um louco ateou fogo em uma creche de Minas Gerais ocasionando a morte de diversas crianças inocentes. Estas ações não são da vontade de Deus, mas são reflexos da natureza pecaminosa do ser humano.
            No Evangelho segundo São João, o próprio Jesus diz uma frase que resume um pouco destes tristes episódios e ao mesmo tempo revela uma palavra de conforto para aqueles pais e mães que perderam os seus filhos, para todos os familiares de cristãos através dos séculos que perderam seus entes queridos por causa da Fé e também para nós em nossos dias: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (São João 10.10).
            A vontade graciosa de Deus fica muito clara no último verso da profecia de Jeremias: “Há esperança para vocês no futuro, os seus filhos voltarão para casa. Sou eu, o SENHOR, quem está falando” (Jeremias 31.17).
            Amém!


Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES
No dia das santas crianças inocentes, 2017 AD

21/12/2017

Festa de São Tomé, Apóstolo – 21 de dezembro


"São Tomé", da série Doze Apóstolos (entre 1612 e 1613, de Peter Paul Rubens  (1577–1640)

Cor litúrgica: Vermelha

Todos os quatro Evangelhos mencionam São Tomé como um dos doze discípulos de Jesus. O Evangelho de João, que o chama de “o Gêmeo” (Jo 11.16), utiliza as perguntas de Tomé para revelar verdades sobre Jesus. É Tomé que diz: “Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber o caminho?” A esta pergunta, Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” (Jo 14.5-6). O Evangelho de João também diz como Tomé, na noite do dia da ressurreição de Jesus, duvida do relato dos discípulos de que eles tinham visto Jesus. Mais tarde, o “incrédulo Tomé” torna-se o “crente Tomé” quando confessa Jesus como “meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.24-29). De acordo com a tradição, Tomé viajou para o leste após o Pentecostes, alcançando a Índia, onde ainda hoje um grupo de crentes se denominam “Cristãos de São Tomé”. Tomé foi martirizado por causa de sua fé ao ser transpassado por lanças até a morte. 

LEITURAS:

Juízes 6.36-40
Salmo 136.1-4 (antífona v. 26)
Efésios 4.7, 11-16
João 20.24-29

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, tu fortaleceste teu apóstolo Tomé com fé firme e segura na ressurreição de teu Filho. Concede-nos semelhante fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e nosso Deus, para que nunca sejamos achados em falta à tua vista; através do mesmo Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1038-1039)

17/12/2017

Meditação para o Terceiro Domingo no Advento





"São João Batista testemunhando" (c. 1600), Annibale Carracci (1560–1609)

“Não desprezo João Batista, antes, honro-o e o tenho em alta conta. Agora, faço diferença entre ele, seu ministério e sua vida, e Cristo do qual ele testifica. João é servo e escravo, não o Senhor. ele aponta e leva para a verdadeira luz, mas ele mesmo não é a luz. Seu ministério é maior e mais glorioso do que o dos profetas. Pois ele não profetiza a respeito do Senhor, dizendo que virá daqui a algum tempo ou em breve, mas aponta o dedo para ele no presente, dizendo: olhem, lá está ele. Por isso, tenho seu ministério em alta conta, sim, agradeço ao bondoso Deus por Ter-nos dado uma testemunha fiel, boca e dedo bem-aventurado como ele, que testifica da verdadeira luz e nos leva até ela, para que, assim, sejamos iluminados, e essa luz brilhe e reluza constantemente em nossos corações. Esse é o homem que aponta com o dedo para o Cordeiro de Deus. Agora, em se tratando de salvação, não quero nem posso depositar minha confiança em João, tampouco fiar-me em sua santidade, vida austera e voas obras. Pois ele não é o Cristo (como ele mesmo confessa), aquele que é a vida e a única luz dos homens. João é testemunha da luz. Através da seu ministério, ele nos ajuda a nos tornarmos filhos da luz. Por isso, ele resplandece e é uma luz maravilhosa.”

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja

13/12/2017

A lembrança de Lúcia no Advento

"Santa Lúcia", de Elizabeth Duggan
Martirizada em 304 d.C. durante a perseguição romana do imperador Diocleciano, Lúcia (cujo nome significa "luz") foi morta à espada. Festas das luzes são uma forma popular de comemorar esta mártir cristã, especialmente nos países escandinavos. É impossível verificar a veracidade das tradições narrativas que surgiram em torno dela (uma conta que Lúcia ajudava cristãos escondidos nas catacumbas e, para manter suas mãos livres para levar mais comida, ela usava uma coroa de velas para iluminar o caminho), mas ao lembrá-la durante a época do Advento, somos apontados para a vinda de Jesus, a Luz do mundo.

"O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz." Mateus 4.16

O dia de Santa Lúcia entre os luteranos dos países escandinavos


Luteranos escandinavos costumam lembrar Santa Lúcia neste dia de uma forma bem peculiar, quando as meninas costumam se vestir como a mártir cristã. Tradicionalmente, a filha mais velha de qualquer família veste uma túnica branca com uma faixa vermelha e uma coroa de ramos verdes e doze velas acesas sobre a cabeça. Auxiliada pelos irmãos, ela serve café e um pãozinho de Santa Lúcia (Lussekatter em sueco) para seus pais e demais familiares ou levando a orfanatos e ancionatos.

Comemoração de Lúcia, Mártir - 13 de dezembro

“Santa Lúcia” (1535), Benvenuto Tisi da Garofalo (1481-1559)
Lúcia foi morta por causa de sua fé cristã em Siracusa, na ilha da Sicília, no ano de 304 d.C., sendo uma das vítimas da grande perseguição sob o imperador romano Diocleciano. Conhecida por sua caridade, “Santa Luzia” (como também é chamada) dividiu o seu dote entre os pobres e manteve a castidade até sua execução pela espada. O nome Lúcia significa “luz” e, por isso, festivais da luz em comemoração a ela se tornaram popular em toda a Europa, especialmente nos países escandinavos. Lá o seu dia festivo corresponde com a época do ano em que há menor incidência da luz do dia. Na expressão artística, Lúcia é muitas vezes retratada num vestido batismal branco, usando uma coroa de velas na cabeça.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, por cuja graça e poder tua santa mártir Lúcia triunfou sobre o sofrimento permanecendo sempre fiel até a morte; concede a nós, que agora lembramos dela com ações de graças, que sejamos tão verdadeiros em nosso testemunho a ti neste mundo a fim de que possamos receber com ela novos olhos sem lágrimas e a coroa de luz e da vida; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1012)

12/12/2017

Dia Internacional dos Direitos Humanos

10 de dezembro foi o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi instituída em 1950 com o objetivo de celebrar e efetivar os preceitos da Declaração Universal do Direitos Humanos, um marco legal regulador das relações entre governos e pessoas. Em seu livro “Ética de cada dia” o saudoso pastor, professor e teólogo Martim C. Warth destaca a magnitude da Declaração da ONU:

“Diante de tantas tentativas de descobrir o verdadeiro conteúdo da lei natural, é de admirar que a ONU tenha conseguido fazer a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela põe em xeque os excessos filosóficos e propõem uma administração sensata dos valores éticos humanos. Ela engloba todos os sistemas filosóficos, pois pergunta por uma ética formalista (que se orienta pela motivação) e por uma ética teleológica (que verifica os resultados e suas consequências). Dessa forma, atinge os objetivos do 1º uso da lei: preservar o mundo do caos. Embora os governos não reconheçam explicitamente sua função de agentes de Deus, a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos faz com que estejam cumprindo sua função de agentes do reino de Deus dentro de suas possibilidades.”

- Martim Carlos Warth (A ética de cada dia. Canoas: Ed. ULBRA, 2002. p. 47)

Martim Carlos Warth (1926-2004) foi pastor das Comunidade Cristo e Comunidade Cruz da Igreja Luterana em Porto Alegre e da extensa paróquia de São Leopoldo (que incluía Esteio, Canoas e Niterói), diretor do Seminário Concórdia e Colégio Concórdia em Porto Alegre, diretor dos cursos de Teologia e Filosofia da ULBRA e membro da CIL (Comissão Interluterana de Literatura) e CEOL (Comissão Editorial Obras de Lutero).

06/12/2017

Comemoração de Nicolau de Mira, Pastor – 6 de dezembro

 

Dos muitos santos comemorados pela Igreja Cristã, Nicolau († 342 d. C.) é um dos mais conhecidos. Historicamente se sabe muito pouco sobre ele, embora houvesse uma igreja de São Nicolau, em Constantinopla, logo no início do século VI. Pesquisas tem afirmado que no século IV havia um bispo com o nome de Nicolau na cidade de Mira, na Lícia (parte da atual Turquia). A partir dessa localização costeira, tradições a respeito de Nicolau viajaram ao longo do tempo e do espaço. Ele é associado com a doação de caridade em muitos países ao redor do mundo e retratado como auxiliador dos marinheiros, protetor das crianças e amigo de pessoas em aflição ou necessidade. O dia 6 de dezembro é o dia de dar e receber presentes em muitas partes da Europa, em comemoração a "Sinterklaas".

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que concedeste a teu servo Nicolau de Mira a dádiva perpétua da caridade. Concede à tua Igreja a graça tratar com generosidade e amor as crianças e todos os que estão pobres e aflitos e defender a causa dos que não têm ajudadores, especialmente aqueles abalados pelas tempestades da dúvida e da dor. Pedimos isso por amor daquele que deu a sua vida por nós, teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 989)

30/11/2017

Santo André, Apóstolo – 30 de novembro

"Santo André orando antes de seu martírio" (1643), Carlo Dolci (1616–1686)
Cor: Vermelha 

Santo André, irmão de Simão Pedro, nasceu no vilarejo de Betsaida da Galileia. Originalmente um discípulo de São João Batista, André depois se tornou o primeiro dos discípulos de Jesus (João 1.35-40). Seu nome aparece regularmente nos Evangelhos próximo ao topo nas listas dos Doze. Foi ele quem apresentou pela primeira vez o seu irmão Simão a Jesus (João 1.41-42). Ele foi, no verdadeiro sentido, o primeiro missionário em sua casa, assim como o primeiro missionário aos estrangeiros (João 12.20-22). A tradição diz que André foi martirizado através da crucificação em uma cruz em forma de X. Em 357 d.C., o seu corpo teria sido levado para a Igreja dos Santos Apóstolos em Constantinopla e, posteriormente, removido para a catedral de Amalfi, na Itália. Séculos depois André se tornou o santo patrono da Escócia. O Dia de São André determina o início do Ano da Igreja Ocidental, já que o primeiro domingo do Advento é sempre no domingo mais próximo ao dia de Santo André. 

LEITURAS:

Ezequiel 3.16-21
Salmo 139.1-12 (antífona v. 17)
Romanos 10.8b-18
João 1.35-42a

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, por tua graça, o apóstolo André obedeceu ao chamado de teu Filho para ser um discípulo. Concede-nos também seguir no coração e vida o mesmo Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 969)

23/11/2017

Clemente de Roma: O relator da morte de Paulo e Pedro

O texto biográfico abaixo é proveniente do livro "Da nuvem de testemunhas: 33 biografias curtas", de Isolde Mohr Frank, publicado em 2007 pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), de São Leopoldo (RS).

Clemente de Roma (010 - 100)

O relator da morte de Paulo e Pedro

Não sabemos nada da juventude de Clemens, na Bíblia chamado de Clemente. Só sabemos que era aluno e, mais tarde, companheiro e colaborador do apóstolo Paulo. O apóstolo fala deste colaborador na carta aos Filipenses (cap. 4.3), escrita quando o apóstolo estava preso: “pois juntas (a Evódia e a Sintique) se esforçaram comigo no Evangelho, também com Clemente e os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no livro da vida.”

Clemente veio para Roma e vivenciou lá as primeiras perseguições dos cristãos. Viu eles serem queimados como tochas nos jardins do imperador Nero e, certamente, assistiu a morte de Pedro e Paulo, como mártires. Não demorou e ele tinha que cuidar da Igreja em Roma. Era uma época muito difícil e, às escondidas, Clemente assistiu os julgamentos de cristãos. Depois, consolou os condenados e os acompanhou em sua última caminhada. Ele fortaleceu a Comunidade cristã de Roma. Muitos foram condenados, e Clemente deu ordens para que sete homens da Comunidade fizessem relatos sobre estes mártires.

Em 96, chegou a notícia de que, em Corinto, a Comunidade estava prestes a se dividir. A Comunidade de Roma então pediu a Clemente escrever uma carta, insistindo na união dos cristãos. Esta carta ainda existe e, na época, a carta de Clemente, assim como as cartas de Paulo e Pedro, era conhecida na Igreja Cristã. Nela, Clemente também relata o martírio de Pedro e Paulo, em Roma.

Não sabemos com certeza como Clemente continuou o seu trabalho. Muitos cristãos foram condenados a trabalhar nas pedreiras, perto do Mar Negro. É possível que Clemente sofreu esta condenação. Conta-se que ele, depois de um período de trabalho nessas pedreiras, sofreu a morte de mártir, sendo afogado nas águas do Mar Negro.

“Martírio de São Clemente”,Giovanni Antonio Grecolini (1675–1736)

18/11/2017

Oração da Sacristia (de Martinho Lutero)



Ó Senhor Deus, Tu tens me designado para ser bispo e pastor na Tua Igreja. Tu vês o quanto sou incapaz de ocupar este tão grande e difícil ofício. Se não fosse o Teu auxílio, certamente eu teria arruinado tudo há muito tempo. Por isso, eu clamo a Ti.

Com alegria quero dedicar meus lábios e meu coração ao Teu serviço para ensinar a congregação. Eu também desejo sempre aprender e sempre meditar com diligência a Tua Palavra. 

Usa-me como Teu instrumento. Só não me desampares, pois se for deixado só, eu facilmente destruirei tudo. 
Amém.

Fonte: John Doberstein (ed.). A Minister’s Prayer Book. Philadelphia: Fortress Press, 1986. p. 130.

23/10/2017

Festa de São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir – 23 de outubro


São Tiago de Jerusalém (ou “Tiago, o Justo”) é referido por São Paulo como “o irmão do Senhor” (Gálatas 1.19). Alguns teólogos modernos acreditam que Tiago era filho de José e Maria e, portanto, um irmão biológico de Jesus. Mas na maior parte da Igreja (historicamente, e ainda hoje), o termo de Paulo “irmão” é entendido como “primo” ou “parente”, e Tiago é tido como o filho de uma irmã de José ou Maria, que ficou viúva e foi morar com eles. Juntamente com outros familiares de nosso Senhor (exceto sua mãe), Tiago não cria em Jesus até sua ressurreição (João 7.3-5; 1 Coríntios 15.7). Depois de se tornar um cristão, Tiago foi elevado a uma posição de liderança dentro da primeira comunidade cristã. Sobretudo após a saída de São Pedro de Jerusalém, Tiago foi reconhecido como o bispo da Igreja naquela cidade santa (Atos 12.17; 15.12 ss.). Segundo o historiador Josefo, Tiago foi martirizado em 62 d. C., sendo apedrejado até a morte pelos saduceus. Tiago foi o autor da Epístola no Novo Testamento que leva o seu nome. Nela, ele exorta seus leitores a permanecerem firmes na única fé verdadeira, mesmo diante de sofrimento e tentação, e viver a vida pela fé que há em Cristo Jesus. Tal fé, ele deixa claro, é uma coisa operante e ativa, que nunca cessa de fazer o bem, confessar o Evangelho com palavras e ações, e arrisca a sua vida, tanto agora como sempre, na cruz.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Atos 15.12-22a
† Salmo 133 (antífona vers. 1)
† Tiago 1.1-12
† Mateus 13.54-58

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, pastor do teu povo, tu levantaste Tiago, o Justo, irmão de nosso Senhor, para liderar e orientar a tua Igreja. Concede que possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. pág. 841-842)

18/10/2017

Festa de São Lucas, Evangelista – 18 de outubro

"São Lucas Evangelista", Melchor Pérez de Holguín (1660 – 1732)

São Lucas, o médico amado, como é chamado por São Paulo (Cl 4.14), nos presenteia com Jesus, cujo sangue provê o remédio da imortalidade. Lucas viajou com Paulo durante a segunda viagem missionária, juntando-se a ele após Paulo receber chamado da Macedônia para levar o Evangelho para a Europa (At 16.10-17). Lucas muito provavelmente ficou em Filipos por sete anos, juntando-se novamente a Paulo no final da terceira viagem missionária na Macedônia. Viajou com Paulo a Trôade, Jerusalém e Cesareia, onde Paulo foi preso por dois anos (At 20.5 – 21.18). Enquanto estava em Cesareia, Lucas pode ter pesquisado o material que ele usou em seu Evangelho. Depois, Lucas acompanhou Paulo em sua viagem a Roma (At 27.1 – 28.16). Especialmente belas no Evangelho de Lucas são as histórias do Bom Samaritano (Lc 10.29-37), do filho pródigo (Lc 15.11-32), do homem rico e Lázaro (Lc 16.19-31), e do fariseu e o cobrador de impostos (Lc 18.9-14). Somente Lucas fornece um relato detalhado do nascimento de Cristo (Lc 2.1-20) e os cânticos de Maria (Lc 1.46-55), de Zacarias (Lc 1.68-79) e de Simeão (Lc 2.29-32). Para mostrar como Cristo continuou seu trabalho na Igreja Primitiva através dos apóstolos, Lucas também escreveu os Atos dos Apóstolos. Mais de um terço do Novo Testamento vem das mãos do evangelista Lucas.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Isaías 35.5-8
† Salmo 147.1-11 (antífona vers. 12)
† 2 Timóteo 4.5-18
† Lucas 10.1-9


ORAÇÃO DO DIA:


Todo-poderoso Deus, nosso Pai, teu bendito Filho chamou o médico Lucas para ser um evangelista e médico da alma. Concede que o remédio curativo do Evangelho e dos Sacramentos possam afastar as doenças de nossas almas para que, com coração voluntário possamos amar e servi-lo; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 826)

17/10/2017

Comemoração de Inácio de Antioquia, Pastor e Mártir – 17 de outubro

"Martírio de Santo Inácio de Antioquia", Pier Leone Ghezzi (1674-1755)


Inácio foi bispo de Antioquia na Síria, no início do século II d. C., e um mártir cristão primitivo. Próximo ao fim do reinado do imperador romano Trajano (98-117 d. C.), Inácio foi preso, levado acorrentado para Roma e posteriormente jogado às feras na arena. No caminho para Roma, escreveu cartas aos cristãos de Éfeso, Magnésia, Trales, Roma, Filadélfia e Esmirna, bem como a Policarpo, bispo de Esmirna. Nas cartas, que têm um tom maravilhosamente pastoral, Inácio alertou contra algumas heresias (falsos ensinamentos). Ele também enfatizou várias vezes a plena humanidade e divindade de Cristo, a realidade da presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor, a autoridade do bispo e a unidade da Igreja fundamentada em seus bispos. Inácio foi o primeiro a utilizar a palavra católica para descrever a universalidade da Igreja. Seu cristocentrismo, sua coragem diante do martírio e seu zelo pela verdade contra a falsa doutrina são um legado permanente para a Igreja.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-poderoso, louvamos o teu nome pela vida de Inácio de Antioquia, pastor e mártir. Ele se ofereceu como grão para ser moído pelos dentes das feras, para que pudesse apresentar a ti o pão puro do sacrifício. Aceita o tributo voluntário de tudo o que somos e tudo o que temos, e concede-nos uma porção na oferta pura e imaculada de teu Filho, Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 822-823)

29/09/2017

Canta BWV 19 - São Miguel e Todos os Anjos

Em 1726 J. S. Bach compôs a cantata "Es erhub sich ein Streit" (Entravou-se uma batalha), BWV 19, que foi executada no Dia de São Miguel daquele mesmo ano.



O texto da cantata é magnífico, pois traduzem uma verdade escriturística sem par:

Coro

Es erhub sich ein Streit.
Die rasende Schlange, der höllische Drache
Stürmt wider den Himmel mit wütender Rache.
Aber Michael bezwingt,
Und die Schar, die ihn umringt
Stürzt des Satans Grausamkeit.

        
Entravou-se uma batalha.
A raivosa serpente, o dragão infernal.
revolta-se contra o céu com furiosa vingança.
Pois Miguel o vence
E a multidão que o rodeia
Derruba a crueldade de Satanás.
                  
Recitativo [Baixo]

Gottlob! der Drache liegt.
Der unerschaffne Michael
Und seiner Engel
Heer Hat ihn besiegt.
Dort liegt er in der Finsternis
Mit Ketten angebunden,
Und seine Stätte wird nicht mehr
Im Himmelreich gefunden.
Wir stehen sicher und gewiss,
Und wenn uns gleich sein Brüllen schrecket,
So wird doch unser Leib und Seel
Mit Engeln zugedecket.

        
Graças a Deus! O dragão jaz.
O não gerado Miguel
e seu exército de anjos
o venceu.
Ali jaz na obscuridade
atado com correntes
e seu lugar jamais se encontrará
no reino dos céus.
Permanecemos seguros e a salvo
e se seus rugidos nos aterrorizam,
então nosso corpo e alma
são protegidos pelos anjos.
                  
Ária [Soprano]
    
Gott schickt uns Mahanaim zu;
Wir stehen oder gehen,
So können wir in sichrer Ruh
Vor unsern Feinden stehen.
Es lagert sich, so nah als fern,
Um uns der Engel unsers Herrn
Mit Feuer, Roß und Wagen.

        
Deus manda-nos a Mahanaim.
Tanto se marchamos como se ficamos,
poderemos estar na mais segura tranqüilidade
ante nossos inimigos.
descansaremos longe ou perto,
rodeados por anjos de nosso senhor
com fogo, cavalo e carro.
                  
Recitativo [Tenor]
    
Was ist der schnöde Mensch, das Erdenkind?
Ein Wurm, ein armer Sünder.
Schaut, wie ihn selbst der Herr so lieb gewinnt,
Dass er ihn nicht zu niedrig schätzet
Und ihm die Himmelskinder,
Der Seraphinen Heer,
Zu seiner Wacht und Gegenwehr,
Zu seinem Schutze setzet.

        
Que é o homem indigno, o ser humano?
Um verme, um pobre pecador.
Olhai, como o mesmo Senhor o ama,
como Ele não o põe tão baixo e o põe
com os filhos dos céus
e o exército dos serafins,
para seu cuidado e defesa,
para sua proteção.
                  
 Ária e Choral [Tenor]
    
Bleibt, ihr Engel, bleibt bei mir!
Führet mich auf beiden Seiten,
Dass mein Fuß nicht möge gleiten!
Aber lernt mich auch allhier
Euer großes Heilig singen
Und dem Höchsten Dank zu singen!

        
Fiquem anjos, Fiquem junto de mim!
Guia-me por toda parte,
que meu pé não escorregue!
Pois ensina-me também aqui
a cantar à vossa grandiosa santidade,
a cantar graças ao Altíssimo!
                  
Recitativo [Soprano]
    
Laßt uns das Angesicht
Der frommen Engel lieben
Und sie mit unsern Sünden nicht
Vertreiben oder auch betrüben.
So sein sie, wenn der Herr gebeut,
Der Welt Valet zu sagen,
Zu unsrer Seligkeit
Auch unser Himmelswagen.

        
Amemos a face
dos mansos anjos
e que com nossos pecados não
os afastemos ou os entristeçamos
que eles sejam nosso guia no céu
e nossa felicidade,
quando o senhor nos mande
dizer adeus ao mundo.
                  
Coral [S, C, T, B]
    
Laß dein' Engel mit mir fahren
Auf Elias Wagen rot
Und mein Seele wohl bewahren,
Wie Lazrum nach seinem Tod.
Laß sie ruhn in deinem Schoß,
Erfüll sie mit Freud und Trost,
Bis der Leib kommt aus der Erde
Und mit ihr vereinigt werde.

        
Que teu anjo caminhe comigo
no carro vermelho de Elias
e guarde segura a minha alma,
como Lázaro depois de sua morte.
Deixa-la descansar em teu seio,
enche-la com alegria e consolo
até que o corpo retorne a terra
e se reúna contigo.
                  
Tradução: Leonardo Santoa

Cantata BWV 149 - São Miguel e Todos os Anjos

Bach compôs a cantata "Man singet mit Freuden vom Sieg" (Vozes de júbilo cantam nas moradas dos justos), BWV 149, que foi executada pela primeira vez na Festa de São Miguel de 1729 (alguns estudiosos afirmam que foi um ano antes).

Esta monumental obra de Bach revela que a temática dos anjos e o próprio arcanjo Miguel sempre foram relevantes no Luteranismo, assim como também o eram na vida do piedoso luterano Bach.

O Coral conclusivo desta cantata é a terceira estrofe do hino luterano "Herzlich lieb hab ich dich, o Herr" (Hinário Luterano, 435: Eu te amo tanto, ó meu Senhor), composto pelo teólogo e reformador Martin Schalling em 1569. Esta estrofe também aparece no final da Paixão segundo São João e na Cantata 19. No entanto, nesta cantata o conjunto instrumental dá uma roupagem suntuosa à antiga melodia, pois aqui são as trombetas que dizem a última palavra, celebrando a vitória do arcanjo.

Segue o texto da estrofe em questão, conforme tradução de Martinho Lutero Hasse no Hinário Luterano:

Ordena aos anjos, ó Senhor,
que levem, quando eu morto for,
minha alma ao paraíso [seio de Abraão].
Na tumba aguarda o corpo meu
a tua vinda lá do céu
no dia do juízo.
Desperta-me da morte então,
que os olhos meus se alegrarão
ao ver-te, ó Filho de Deus Pai,
ó Redentor, que ao céu me atrai.
Ó Salvador,
vem me atender, vem me atender;
eu sempre te hei de bendizer.

Ach Herr, lass dein lieb Engelein
Am letzten End die Seele mein
In Abrahams Schoß tragen,
Den Leib in seim Schlafkämmerlein
Gar sanft ohn einge Qual und Pein
Ruhn bis am jüngsten Tage!
Alsdenn vom Tod erwecke mich,
Dass meine Augen sehen dich
In aller Freud, o Gottes Sohn,
Mein Heiland und Genadenthron!
Herr Jesu Christ, erhöre mich, erhöre mich,
Ich will dich preisen ewiglich!


14/09/2017

J. S. Bach - Cantata BWV 4 - Christ lag in Todesbanden

A Cantata BWV 4, Christ lag in Todes Banden (Cristo jazia sob mortalhas), é talvez uma das mais populares e conhecidas de todas as cantatas sacras de Bach. Escrita na mesma época da Cantata 106, é outro exemplo de uma cantata coral de Bach. A música coral foi escrita por Lutero e é baseada no canto medieval “Victimae paschali laudes”.

A Cantata 4 foi escrita para o Domingo de Páscoa. Pelo estilo, a obra parece ter sido escrita por volta de 1707-1708, e pode ser a composição vocal sacra mais antiga de Bach. Alguns sugerem que Bach a teria escrita como uma peça de audição para obter um posto na Blasiuskirche em Mühlhausen.



1


Sinfonia


1


Sinfonía
Violino I/II, Viola I/II e baixo contínuo
2
Versus 1 S A T B
2
Verso I: Coro [S, C, T, B]
Violino I/II, Viola I/II, trompa com sopranos, trombone I com contraltos, trombone II com tenores, trombone III com baixos e baixo contínuo
Christ lag in Todesbanden
Für unsre Sünd gegeben,
Er ist wieder erstanden
Und hat uns bracht das Leben;
Des wir sollen fröhlich sein,
Gott loben und ihm dankbar sein
Und singen halleluja,
Halleluja!
Cristo jazia sob mortalhas
Sacrificado por nossos pecados.
Ele ressuscitou
E nos trouxe a vida.
Por isso devemos nos alegrar,
Louvar a Deus e agradecer
E cantar
Aleluia!
3
Versus 2 S A
3
Verso II: Duo [Soprano e contralto]
Trompa com sopranos, trombone I com contraltos e baixo contínuo
Den Tod niemand zwingen kunnt
Bei allen Menschenkindern,
Das macht' alles unsre Sünd,
Kein Unschuld war zu finden.
Davon kam der Tod so bald
Und nahm über uns Gewalt,
Hielt uns in seinem Reich gefangen.
Halleluja!
Nada pode evitar a morte
Dos filhos dos homens.
Nossos pecados são a causa,
Não existia a inocência.
Por isso veio a morte tão rápida
E se apoderou de nós
Mantendo-nos cativos em seu reino.
Aleluia!
4
Versus 3 T
4
Verso III: Aria [Tenor]
Violino I/II e baixo contínuo
Jesus Christus, Gottes Sohn,
An unser Statt ist kommen
Und hat die Sünde weggetan,
Damit dem Tod genommen
All sein Recht und sein Gewalt,
Da bleibet nichts denn Tods Gestalt,
Den Stach'l hat er verloren.
Halleluja!
Jesus Cristo, Filho de Deus,
Veio até nos
E perdoou nossos pecados,
Retirando assim da morte
Todo o direito e o poder.
Nada mais pertence à morte,
Perdeu todo o seu Aguilhão.
Aleluia!
5
Versus 4 S A T B
5
Verso IV: Coro [S, C, T, B]
Baixo contínuo
Es war ein wunderlicher Krieg,
Da Tod und Leben rungen,
Das Leben behielt den Sieg,
Es hat den Tod verschlungen.
Die Schrift hat verkündigt das,
Wie ein Tod den andern fraß,
Ein Spott aus dem Tod ist worden.
Halleluja!
Foi uma estranha luta
Onde se combateram a morte e a vida.
A vida alcançou a vitória
Anulando a morte.
As escrituras têm proclamado
Como uma morte odiava a outra.
A morte se tornou ridícula.
Aleluia!
6
Versus 5 B
6
Verso V: Aria [Baixo]
Violino I/II, Viola I/II e baixo contínuo
Hier ist das rechte Osterlamm,
Davon Gott hat geboten,
Das ist hoch an des Kreuzes Stamm
In heißer Lieb gebraten,
Das Blut zeichnet unsre Tür,
Das hält der Glaub dem Tode für,
Der Würger kann uns nicht mehr schaden.
Halleluja!
Eis aqui o autêntico cordeiro pascal
Que deus ofereceu
E que sobe a cruz
E se enche de um ardente amor,
O sangue que marca nossas portas,
A fé que enfrenta a morte.
O inimigo não poderá conosco.
Aleluia!
7
Versus 6 S T
7
Verso VI: Duo [Soprano e tenor]
com baixo contínuo
So feiern wir das hohe Fest
Mit Herzensfreud und Wonne,
Das uns der Herre scheinen lässt,
Er ist selber die Sonne,
Der durch seiner Gnade Glanz
Erleuchtet unsre Herzen ganz,
Der Sünden Nacht ist verschwunden.
Halleluja!
Celebremos assim a grande festa,
Com alegria de coração e dos prazeres
Que o senhor nos concede
Ele mesmo é o sol
Que com o brilho de sua graça
Ilumina nosso coração.
A noite do pecado desapareceu
Aleluia!
8
Versus 7 S A T B
8
Verso VII: Coral [S, C, T, B]
Violino I/II e trompas com soprano, Viola I e trombone I com contraltos, Viola II e trombone II com tenor, Trombone III com baixo e baixo contínuo
Wir essen und leben wohl
In rechten Osterfladen,
Der alte Sauerteig nicht soll
Sein bei dem Wort der Gnaden,
Christus will die Koste sein
Und speisen die Seel allein,
Der Glaub will keins andern leben.
Halleluja!
Comamos e desfrutemos
Da devida ceia da páscoa.
A velha cerveja não deve
Estar junto da palavra de agradecimento,
Cristo será nosso alimento
E só ele saciará a nossa alma.
A fé não viverá de outro modo.
Aleluia!








Dia da Santa Cruz


Ó fronte ensanguentada! [HL 88]
  1. Ó fronte ensanguentada, / Ferida pela dor, / De espinhos coroada, / Marcada pelo horror! / Ó fronte, outrora ornada / De eterna glória e luz, / Agora desprezada / Adoro-te, Jesus! (Mc 15.16-20; Is 53.3)
  2. Ó rosto glorioso, / Que sempre fez tremer / O mundo poderoso, / Fizeram-te sofrer! / O quanto estás mudado! / O teu sublime olhar, / De tão atormentado, / Não vejo mais brilhar.
  3. O que tens suportado / Foi minha própria dor; / Eu mesmo sou culpado / De tua cruz, Senhor. / Oh! Vê-me, aflito e pobre: / Só ira mereci; / Com tua graça encobre / O mal que cometi! (Is 53.5)
  4. Pertenço ao teu rebanho, / Jesus, meu bom Pastor; / Senhor, favor tamanho / Provém do eterno amor. Do Verbo dos teus lábios / Eu sempre me nutri. / Os pensamentos sábios / Obtenho só de ti.
  5. Momentos de alegria /  E grande bem-estar, / Ó meu divino Guia, / Eu sinto ao meditar / No que por mim fizeste. / A fim de me remir / A própria vida deste. / É bom a ti seguir.
  6. Penhor tão precioso / Me vem da tua cruz! / Por este Dom gracioso / Te louvo, meu Jesus. / Concede fiel me apegue / A ti, no meu final, / E nunca te renegue, / Amigo sem igual. (Cl 1.20)
  7. Quando eu partir um dia, / Comigo vem estar. / Perfeita garantia / Na morte vieste dar. / Que toda a tua angústia / Me livre da aflição: / E o diabo e sua astúcia /Não mais me afligirão.
  8. Consola-me na morte, / Lembrando a tua dor; / És meu escudo forte, / Glorioso Vencedor. / Estando a contemplar-te, / Confiante vou dizer, / Feliz, ao abraçar-te: / Assim é bom morrer! (Ap 21.4)


O Haupt Voll Blut Und Wunden — Paul Gerhardt, 1656. Baseado no latino Salve Caput Cruentatum — Arnulf von Loewen (1200-1250). Melodia: Herzlich Tut Mich Verlangen — Hans Leo Hassler, 1601/ Sacro, Goerlitz, 1613.



06/09/2017

EU SOU O QUE SOU




Êxodo 3. 1-15



          Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

          Moisés foi o primeiro dos grandes profetas para o povo de Israel. Nasceu no Egito em uma época de dura escravidão dos hebreus e para não ser morto pelo decreto do Faraó, sua mãe o colocou em um cestinho no rio Nilo. Foi intervenção Divina, Moisés ser encontrado pela filha do Faraó e adotado e criado como seu próprio filho. No entanto, a situação dos hebreus e a crueldade do Faraó revoltou Moisés, que chegou a assassinar um egípcio quando este maltratava um escravo. Por causa disso, se tornou um fugitivo e foi para o deserto. Novamente, por intervenção de Deus, ele é acolhido por um sacerdote midianita chamado Jetro, o qual deu sua filha a Moisés em casamento. Desse modo, Moisés inicia uma nova etapa em sua vida, passa a ser pastor de ovelhas e tem uma vida normal junto a sua família. No entanto, certo dia, quando apascentava o rebanho de seu sogro no Monte Sinai, o Monte de Deus, algo extraordinário acontece: o próprio Deus aparece para Moisés em meio a um arbusto em chamas, mas que não se consumia.

          O Anjo do SENHOR estava diante de Moisés no meio daquela sarça que não se consumia. Moisés se aproxima e então Deus fala com ele: “Moisés! Não te chegues para cá, tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3. 4-5). Moisés ouve a Voz do SENHOR! Este é um detalhe que não pode passar desapercebido: assim como hoje o SENHOR vem a nós e fala conosco através de sua Palavra, lá no Monte Sinai foi a Palavra de Deus que chega até Moisés. Não é uma revelação especial que temos diante de nós aqui neste texto, mas um homem ouvindo a Palavra do SENHOR.

          Um segundo detalhe que chama a nossa atenção ao ler este texto é ver de forma clara o Anjo de SENHOR sendo identificado como o próprio Deus. Esta identificação precisa ser lida a luz de toda a Sagrada Escritura, que nos ensina que Jesus Cristo – o Filho de Deus – é a revelação do SENHOR. O Evangelho segundo São João 1.18 expressa isso de maneira direta: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. Assim, fica claro que é o Filho de Deus pré-encarnado que aqui aparece diante de Moisés e fala com ele. O Antigo Testamento não fala de um Deus ruim, enquanto que o Novo fala de um Deus mais bondoso – toda a Escritura aponta e fala de Jesus!

          Um terceiro detalhe é o fato de Deus pedir para Moisés tirar as sandálias dos pés por agora estar numa terra santa. Na cultura do Antigo Oriente Próximo, os calçados estavam associados com sujeira e impureza e naquele momento, Moisés estava em uma terra santa – não santa por si só – mas sim, por causa da presença do SENHOR. Da mesma forma, hoje precisamos ter reverência diante do Altar – aqui se dá a presença do SENHOR de forma concreta para nós, na Palavra e nos Sacramentos – aqui também é terra santa!

          Deus diz mais a Moisés: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó... Eu vi a aflição do meu povo, ouvi o seu clamor, conheço o seu sofrimento e desci a fim de libertá-los e leva-los a uma boa terra, terra que mana leite e mel” (Êxodo 3.6-8). Que doce Palavra para se ouvir, Deus não havia esquecido da sua Promessa e do seu povo, mas continuava sendo o Deus deles e agora estava preste a leva-los para a Terra Prometida.

          Para Moisés estas foram grandiosas palavras e ao mesmo tempo chocantes, pois em seguida o SENHOR disse que ele seria enviado até o Faraó para libertar o povo de Israel. Por isso, ele indaga: “Quem sou eu?” (Êxodo 3.11). Realmente, diante de tudo aquilo Moisés não era nada e nem poderia ser, porém diz o SENHOR: “Eu serei contigo!” (Êxodo 3.12). A libertação do povo hebreu não estava nas mãos de Moisés, ele era o instrumento que o próprio Deus – o autor da libertação – estava usando para cumprir sua Promessa.

          Agora chegamos ao clímax do texto, quando Moisés pergunta qual o Nome ele deveria dizer quando for perguntado, no Egito, sobre quem o enviou. A esta pergunta Deus responde: “EU SOU O QUE SOU! EU SOU me enviou!” (Êxodo 3.14). YHWH. Traduzido em nossas Bíblias por SENHOR, com todas as letras maiúsculas. Uma tradução que muito bem podemos usar, mas não deveríamos no esquecer do real Nome de Deus YHWH – pois este define quem é e sua singularidade, afinal, não há ninguém como o Deus verdadeiro.

          É nesta confiança e certeza – de que não há ninguém como Deus, nem mesmo o Faraó – que Moisés é enviado para o Egito. A Palavra de Deus, a sua Voz, criou esta confiança e certeza em Moisés e o encaminhou para o ser o instrumento que o próprio Deus usaria para libertar o seu povo. A aparição de Deus a Moisés pelo Fogo e pela Palavra foi extraordinário e de sua importância, como explica o bem-aventurado Martinho Lutero: “Sem a Palavra de Deus não podemos ter Deus” (AE 13.386).

Sem a Palavra de Deus Moisés não seria enviado, não confiaria na Promessa e não poderia ser o instrumento que foi. Assim também se aplica para nós hoje. O que era verdadeiro para Moisés é verdadeiro para nós também. Deus está presente e fala conosco através de sua Palavra; ele nos lava com água simples unida a sua Palavra; ele nos conforta através de um ministro que absolve com a sua Palavra; ele se relaciona conosco por meio de um banquete de pão e vinho, mas que pelo poder de sua Palavra, é seu Corpo e Sangue que nos concede perdão, vida e salvação. Sem a Palavra de Deus não há esperança para nós, sem a Palavra de Deus não há ação de Deus em nós ou através de nós, sem a Palavra de Deus não há salvação, promessa ou Terra prometida para nós. Portanto, lembremos e nos apeguemos ao que Jesus certa vez disse: “As Palavras que eu tenho dito são Espírito e são Vida” (São João 6.63).

Amém!



Rev. Helvécio José Batista Júnior

Ministro do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES

No dia do santo profeta Moisés, 2017 AD

29/08/2017

A fé de João Batista

Decapitação de São João Batista (c. 1275) - Montreal Museum of Arts

Admiremos João Batista, sobretudo por causa do testemunho seguinte: “Entre os filhos das mulheres, ninguém foi maior que João Batista” [Lc 7.28], e ele mereceu ser elevado a uma tal reputação de virtude que muitas pessoas pensavam que ele era o Cristo (Lc 3.15). Mas há uma coisa ainda mais admirável: Herodes, o tetrarca, detinha poder real e podia fazê-lo morrer quando quisesse. Ora ele tinha cometido uma ação injusta e contrária à lei de Moisés ao tomar a mulher do seu irmão. João, sem ter medo dele nem fazer acepção de pessoas, sem dar importância ao poder real, sem recear a morte..., sem escamotear qualquer destes perigos, repreendeu Herodes com a liberdade dos profetas e condenou o seu casamento. Lançado na prisão por causa desta audácia, não se preocupou nem com a morte nem com um julgamento com sentença incerta mas, a partir do cárcere, os seus pensamentos iam para o Cristo que ele tinha anunciado.

Não podendo ir em pessoa ao seu encontro, envia os seus discípulos para lhe trazerem informações: “Tu és aquele que deve vir ou temos que esperar outro?” (Lc 7.15). Notem bem que, mesmo na prisão, João ensinava. Mesmo naquele lugar ele tinha discípulos; mesmo na prisão, João cumpria o seu dever de mestre e instruía os seus discípulos, conversando sobre Deus.

Nestas circunstâncias, levantou-se a questão de Jesus e João envia-lhe alguns discípulos... Os discípulos regressam e trazem ao mestre o que o Salvador lhes tinha encarregado de anunciar. Essa resposta foi para João uma arma para enfrentar o combate; morre com confiança e com grande coragem se deixa decapitar, seguro na palavra do próprio Senhor em como aquele em quem acreditava era verdadeiramente o Filho de Deus. Esta foi a liberdade de João Batista, aquela foi a loucura de Herodes que, aos seus numerosos crimes, acrescentou primeiro a prisão, depois o martírio de João Batista.

- Orígenes de Alexandria (c. 185-253), pastor e teólogo (Homilia 26, Lc 3.18-22)

Festa do Martírio de São João Batista – 29 de agosto

“A Decapitação de São João Batista” (1869), Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898)
Em contraste com a Natividade de São João Batista (observada em 24 de junho), esta festa comemora sua decapitação por Herodes Antipas, o governante distrital da Galileia. Da perspectiva do mundo, foi um fim vergonhoso para a vida de João Batista. Mas na realidade foi uma esplêndida participação na cruz de Cristo, a qual foi a maior de todas as glórias para João. O próprio Cristo disse que não havia surgido ninguém maior que João Batista. Ele foi o último dos profetas do Antigo Testamento e também o arauto do Novo Testamento. Como o precursor de Cristo, João cumpriu a profecia de que o grande profeta Elias voltaria antes do grande e terrível Dia do Senhor. Através da sua pregação e batismo de arrependimento, João Batista converteu “o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais” (Ml 4.6). Seguindo os passos dos profetas que vieram antes dele — antecipando o Cristo cujo caminho ele preparou — este servo do Senhor manifestou a cruz pelo testemunho de sua morte.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Apocalipse 6.9-11
† Salmo 71.1-8 (antífona vers. 23 )
† Romanos 6.1-5
† Marcos 6.14-29


ORAÇÃO DO DIA:


Todo-poderoso Deus, tu concedeste a teu servo João Batista ser o precursor de teu Filho, Jesus Cristo, tanto na sua pregação de arrependimento quanto na sua morte inocente. Concede que nós, que morremos e ressuscitamos com Cristo no Santo Batismo, possamos nos arrepender diariamente de nossos pecados, sofrer com paciência por amor da verdade e testemunhar sem medo a tua vitória sobre a morte; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 670)

28/08/2017

Comemoração de Santo Agostinho de Hipona, Pastor e Teólogo – 28 de agosto

"Santo Agostinho" (c. 1600), atribuído a Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610)

Agostinho foi um dos grandes pais latinos da igreja e foi de significativa influência na formação do cristianismo ocidental, incluindo o luteranismo. Nascido em 354, no Norte da África, a juventude de Agostinho foi marcada pelo excepcional progresso como professor de retórica. Em suas Confissões ele descreve sua vida antes de sua conversão ao Cristianismo, quando foi arrastado para a lassidão moral e foi pai de um filho ilegítimo. Através da devoção de sua santa mãe Mônica e da pregação de Ambrósio, bispo de Milão (339-397), Agostinho foi convertido à fé cristã. Durante as grandes controvérsias pelagianos do século V, Agostinho enfatizou a graça unilateral de Deus na salvação da humanidade. Bispo e teólogo de Hipona no norte da África a partir de 395 até sua morte em 430, Agostinho foi um homem de grande inteligência, um ferrenho defensor da fé ortodoxa, e um prolífico escritor. Além das Confissões, Cidade de Deus foi outro livro de Agostinho que exerceu um grande impacto sobre a igreja em toda a Idade Média e Renascimento.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor Deus, luz das mentes que te conhecem, vida das almas que te amam e força dos corações que te servem, concede-nos força para seguir o exemplo de teu servo Agostinho de Hipona, de modo que, conhecendo a ti, possamos te amar verdadeiramente, e amando a ti, possamos te servir inteiramente – pois servir-te é a perfeita liberdade; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 666-667)