“Êxodo 3. 1-15”
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
Moisés foi o primeiro dos grandes
profetas para o povo de Israel. Nasceu no Egito em uma época de dura escravidão
dos hebreus e para não ser morto pelo decreto do Faraó, sua mãe o colocou em um
cestinho no rio Nilo. Foi intervenção Divina, Moisés ser encontrado pela filha
do Faraó e adotado e criado como seu próprio filho. No entanto, a situação dos
hebreus e a crueldade do Faraó revoltou Moisés, que chegou a assassinar um
egípcio quando este maltratava um escravo. Por causa disso, se tornou um
fugitivo e foi para o deserto. Novamente, por intervenção de Deus, ele é
acolhido por um sacerdote midianita chamado Jetro, o qual deu sua filha a
Moisés em casamento. Desse modo, Moisés inicia uma nova etapa em sua vida,
passa a ser pastor de ovelhas e tem uma vida normal junto a sua família. No
entanto, certo dia, quando apascentava o rebanho de seu sogro no Monte Sinai, o
Monte de Deus, algo extraordinário acontece: o próprio Deus aparece para Moisés
em meio a um arbusto em chamas, mas que não se consumia.
O Anjo do SENHOR estava diante de
Moisés no meio daquela sarça que não se consumia. Moisés se aproxima e então
Deus fala com ele: “Moisés! Não te
chegues para cá, tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra
santa” (Êxodo 3. 4-5). Moisés ouve a Voz do SENHOR! Este é um
detalhe que não pode passar desapercebido: assim como hoje o SENHOR vem a nós e
fala conosco através de sua Palavra, lá no Monte Sinai foi a Palavra de Deus
que chega até Moisés. Não é uma revelação especial que temos diante de nós aqui
neste texto, mas um homem ouvindo a Palavra do SENHOR.
Um segundo detalhe que chama a nossa
atenção ao ler este texto é ver de forma clara o Anjo de SENHOR sendo
identificado como o próprio Deus. Esta identificação precisa ser lida a luz de
toda a Sagrada Escritura, que nos ensina que Jesus Cristo – o Filho de Deus – é
a revelação do SENHOR. O Evangelho segundo São João 1.18 expressa isso
de maneira direta: “Ninguém jamais viu a
Deus; o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. Assim,
fica claro que é o Filho de Deus pré-encarnado que aqui aparece diante de
Moisés e fala com ele. O Antigo Testamento não fala de um Deus ruim, enquanto
que o Novo fala de um Deus mais bondoso – toda a Escritura aponta e fala de
Jesus!
Um terceiro detalhe é o fato de Deus
pedir para Moisés tirar as sandálias dos pés por agora estar numa terra santa.
Na cultura do Antigo Oriente Próximo, os calçados estavam associados com
sujeira e impureza e naquele momento, Moisés estava em uma terra santa – não
santa por si só – mas sim, por causa da presença do SENHOR. Da mesma forma,
hoje precisamos ter reverência diante do Altar – aqui se dá a presença do
SENHOR de forma concreta para nós, na Palavra e nos Sacramentos – aqui também é
terra santa!
Deus diz mais a Moisés: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão,
o Deus de Isaque, o Deus de Jacó... Eu vi a aflição do meu povo, ouvi o seu
clamor, conheço o seu sofrimento e desci a fim de libertá-los e leva-los a uma
boa terra, terra que mana leite e mel” (Êxodo 3.6-8). Que doce
Palavra para se ouvir, Deus não havia esquecido da sua Promessa e do seu povo,
mas continuava sendo o Deus deles e agora estava preste a leva-los para a Terra
Prometida.
Para Moisés estas foram grandiosas
palavras e ao mesmo tempo chocantes, pois em seguida o SENHOR disse que ele
seria enviado até o Faraó para libertar o povo de Israel. Por isso, ele indaga:
“Quem sou eu?” (Êxodo 3.11).
Realmente, diante de tudo aquilo Moisés não era nada e nem poderia ser, porém
diz o SENHOR: “Eu serei contigo!” (Êxodo
3.12). A libertação do povo hebreu não estava nas mãos de Moisés, ele era o
instrumento que o próprio Deus – o autor da libertação – estava usando para
cumprir sua Promessa.
Agora chegamos ao clímax do texto,
quando Moisés pergunta qual o Nome ele deveria dizer quando for perguntado, no
Egito, sobre quem o enviou. A esta pergunta Deus responde: “EU SOU O QUE SOU! EU SOU me enviou!” (Êxodo
3.14). YHWH. Traduzido em nossas
Bíblias por SENHOR, com todas as letras maiúsculas. Uma tradução que muito bem
podemos usar, mas não deveríamos no esquecer do real Nome de Deus YHWH – pois este define quem é e sua
singularidade, afinal, não há ninguém como o Deus verdadeiro.
É nesta confiança e certeza – de que
não há ninguém como Deus, nem mesmo o Faraó – que Moisés é enviado para o
Egito. A Palavra de Deus, a sua Voz, criou esta confiança e certeza em Moisés e
o encaminhou para o ser o instrumento que o próprio Deus usaria para libertar o
seu povo. A aparição de Deus a Moisés pelo Fogo e pela Palavra foi
extraordinário e de sua importância, como explica o bem-aventurado Martinho
Lutero: “Sem a Palavra de Deus não
podemos ter Deus” (AE 13.386).
Sem
a Palavra de Deus Moisés não seria enviado, não confiaria na Promessa e não
poderia ser o instrumento que foi. Assim também se aplica para nós hoje. O que
era verdadeiro para Moisés é verdadeiro para nós também. Deus está presente e
fala conosco através de sua Palavra; ele nos lava com água simples unida a sua
Palavra; ele nos conforta através de um ministro que absolve com a sua Palavra;
ele se relaciona conosco por meio de um banquete de pão e vinho, mas que pelo
poder de sua Palavra, é seu Corpo e Sangue que nos concede perdão, vida e
salvação. Sem a Palavra de Deus não há esperança para nós, sem a Palavra de
Deus não há ação de Deus em nós ou através de nós, sem a Palavra de Deus não há
salvação, promessa ou Terra prometida para nós. Portanto, lembremos e nos
apeguemos ao que Jesus certa vez disse: “As
Palavras que eu tenho dito são Espírito e são Vida” (São João 6.63).
Amém!
Rev.
Helvécio José Batista Júnior
Ministro
do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES
No
dia do santo profeta Moisés, 2017 AD
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