31/10/2013

A Reforma. Um ato de liberdade. Entrevista especial com Vítor Westhelle

Vítor Westhelle
“A Reforma criou foi um conceito de igreja pluricêntrica em que diferentes expressões são possíveis. Mas com isso também se estabelece um debate sobre convicções distintas. Contudo, nem tudo vale! Se existe um critério que define o movimento da Reforma, é aquilo que traz a Cristo. Este é o princípio fundamental”. A avaliação é de Vítor Westhelle, ao comentar os 496 anos do movimento reformista cristão, iniciado por Martinho Lutero no século XVI, ao publicar as 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517.

Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, o teólogo ressalta que, para os protestantes, “Cristo é o da cruz e do sofrimento, bem como da ressurreição. A tentação é sempre passar de lado ou por cima da cruz e evitar o labor do luto para celebrar uma ressurreição de um corpo desencarnado”. E acrescenta: “Esta talvez seja a ‘cruz’ que a Reforma tenha de carregar desde que a noção de prosperidade começou a ser difundida pelos pioneiros puritanos na América do Norte, como magistralmente mostrou Max Weber no seu clássico A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”.

Quase 500 anos depois da Reforma, Westhelle acentua que permanece entre os protestantes uma “atitude que dá vazão à liberdade”. E acrescenta: “As fixações das 95 teses de Lutero e suas iconografias apenas indicam um evento que nos faz rememorar que um ato de liberdade é possível. Não se trata de fantasmas de halloween, mas da presença encarnada de Deus, em todos os lugares e em todos os tempos”.

Vítor Westhelle é graduado em Teologia pela Escola Superior de Teologia – EST, de São Leopoldo, e mestre e doutor em Teologia pela Escola Luterana de Teologia de Chicago. De seus vários livros publicados, citamos O Deus Escandaloso. O uso e abuso da cruz (São Leopoldo: Editora Sinodal, 2008).

Confira a entrevista.

A Festa da Reforma

A FESTA DA REFORMA
31 de outubro
Estátuas de Lutero em frente ao Reichstag (parlamento alemão) em Berlim. Foto: ekd.de
A Liturgia Luterana é única no apontamento de uma Festa da Reforma [...] É possível traçar sua origem na comemoração anual da tradução da Bíblia para a língua alemã ou no Culto de Ação de Graças em comemoração à introdução da Reforma. As ordens de culto de Bugenhagen para Brunswick previam tal festividade já em 1528. A ordem de culto da Pomerânia estabeleceu esta data festiva no Dia de São Martinho, em memória do nascimento de Lutero na véspera de São Martinho. Algumas ordens de culto apontavam o domingo depois da Natividade de São João Batista, uma vez que a Confissão de Augsburgo fora apresentada em 25 de junho. Após a Guerra dos Trinta Anos, o eleitor da Saxônia estipulou a festa no dia 31 de outubro. O efeito é que uma antiga e importante festividade tem sido ofuscada, o Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro. Se a Festa da Reforma for observada num domingo, este deveria ser o domingo anterior a 31 de outubro, a fim de que se permita uma observância semelhante do Dia de Todos os Santos num domingo após 1º de novembro. A tendência tem sido mover as festividades que caem durante a semana para o domingo próximo. Talvez é chegada a hora de um sério e persistente esforço de ensinar nosso povo a observar as festividades que caem durante a semana, nos dias designados para tal. [...]

É oportuno lembrar o povo luterano que, assim como todas as demais festividades do Ano Eclesiástico, a Festa da Reforma é observada para a glória de Deus e não para glorificar Lutero ou a Igreja Luterana ou qualquer ramo dela. Nem é propósito da observância criticar os males do papado. Antes, o objetivo é agradecer e louvar a Deus pelas bênçãos da Reforma. A pessoa de Lutero vai aparecer, obviamente, mas ele foi apenas o instrumento que Deus utilizou para fazer grandes coisas em benefício de sua Igreja. Por esta razão, é muito louvável que a Festa da Reforma não seja observada no dia do nascimento de Lutero, pois somente ao Senhor Jesus Cristo e a São João Batista são concedidas a honra de terem sua natividade comemorada pela Igreja. Se alguém quer comemorar o aniversário de Lutero, isso pode ser feito sem subtrair outro Domingo do Período da Trindade [após Pentecostes], especialmente se a Festa da Reforma tiver sido observada apenas um ou dois domingos antes.

-- Fred H. Lindemann (The Sermons and The Propers IV: Trinity Season - Second Half. St. Louis: Concordia Publishing House, 1958. p. 134-135)

Evangelho do Dia da Reforma

“Lei e Evangelho” (1529), Lucas Cranach, o Velho (1472–1553), em Schlossmuseum, Gotha, Alemanha.
Evangelho segundo S. João 8.31-36

8.31   Então Jesus disse para os que creram nele: — Se vocês continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus discípulos
8.32   e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.
8.33   Eles responderam: — Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que ficaremos livres?
8.34   Jesus disse a eles: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem peca é escravo do pecado.
8.35   O escravo não fica sempre com a família, mas o filho sempre faz parte da família.
8.36   Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Dia da Reforma – 31 de outubro


Em 31 de outubro de 1517, um monge agostiniano postou noventa e cinco declarações para discussão na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. O Dr. Martinho Lutero esperava que postando suas teses, traria um debate acadêmico sobre o arrependimento, a venda de indulgências e outras questões de interesse no âmbito da Igreja Católica Romana. Todavia, Roma finalmente excomungou Lutero, julgando ser um herege. As reformas de Lutero, centradas no ensino de que o crente é justificado pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo, desencadearam reformas religiosas não só nos estados germânicos, mas também em muitos países europeus. Em 1667, o eleitor João Jorge II da Saxônia oficializou o costume de observar a postagem das Noventa e Cinco Teses de Lutero em 31 de outubro.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Primeira Leitura: Apocalipse 14.6-7
Salmo: Salmo 46 (antífona vers. 7 )
Epístola: Romanos 3.19-28
Santo Evangelho: S. João 8.31-36 ou S. Mateus 11.12-19

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso e gracioso Senhor, derrama o teu Espírito Santo sobre o teu povo fiel. Mantém-nos firmes em tua graça e verdade, protege e livra-nos em momentos de tentação, defende-nos contra todos os inimigos e concede à tua Igreja a tua paz salvadora; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 867, 868)

Observações exegéticas e interpretativas ao Salmo 46 e ao hino Castelo Forte


Deus é castelo forte – esse é, sem dúvida, o mais conhecido dos hinos de Lutero. Cantado em todo o mundo, sua influência vai muito além do luteranismo. Ele se tornou uma espécie de “hino nacional”, identificador do próprio protestantismo como um todo. Também é entoado em celebrações ecumênicas, e lembro de tê-lo ouvido ser cantado com entusiasmo e até orgulho em uma grande igreja pentecostal do Chile. Aquela comunidade identificava-se com esse hino como expressão de sua própria experiência (de vitória sobre os demônios, dos quais nós já secularizados nada mais queremos saber?!). Bem impressionante e até comovedor, mas com quanta razão o hino exerce esses papéis?

Não sabemos quando Lutero compôs o hino. Com toda a certeza, não foi para expressar qualquer orgulho denominacional ou confessional, tampouco como hino de vitória em qualquer competição religiosa a testar a eficácia da fé. Ele já estava incluído em um hinário de 1529, tendo sido, portanto, composto antes dessa data, mas certamente não nos primórdios da Reforma em 1517, quando da afixação das igualmente famosas 95 Teses ou quando Lutero em 1521 teve de enfrentar a Dieta de Worms e o imperador, como por vezes se supôs. Uma hipótese é que tenha sido composto quando Wittenberg, em 1527, enfrentava a terrível ameaça da peste. Como seja, desconhecemos sua origem. Ele é, contudo, em essência – isso seu texto revela sem margem a dúvidas –, um hino de confiança em Deus e de consolo em toda e qualquer tentação e tribulação, enfermidade, flagelo natural, catástrofes, guerras, angústias mil.

O que nos sustenta nos momentos difíceis de nossa vida? E quando chegarmos ao fim de nossa vida, o que nos sustentará? Essas são as questões de fundo do hino, assim como são no Salmo 46, em que ele está baseado. Trata-se esse de um salmo de confiança e conforto, com uma destemida confissão de confiança em Deus em face de toda e qualquer adversidade. Também o salmo é um hino, possivelmente para uso no culto, com três estrofes, cada qual culminando com a confissão de confiança em Deus, porventura a ser cantada pela comunidade: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (v. 7, 11 e, conforme sugerido por comentaristas, também após o v. 4).

É uma afirmação de confiança em face de eventos que nos ameaçam e atingem a partir da natureza – catástrofes naturais, como deslizamentos e terremotos, são mencionadas (v. 2-3) – e na história dos povos – referidas são as guerras (v. 6 e 9). Em face dessas terríveis ameaças de destruição e morte, sustenta-se a afirmação inicial do salmista: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (v. 1). Em meio à realidade de sofrimento, Deus protege Jerusalém, a cidade santa, de cujas áridas terras brotarão águas vivas a alegrar o coração. A terceira estrofe relata-nos o maravilhoso livramento que vem de Deus: ele porá fi m às guerras despedaçando todas as suas armas e erigindo seu reino de paz e justiça, do qual podemos fazer parte. Por isso não precisamos temer (v. 2) e nele podemos confiar.

Em sua explanação do Salmo 46, Lutero afirma confiante:

Cantamos o salmo para louvor de Deus, por estar conosco e por preservar maravilhosamente sua palavra e a cristandade contra as portas do inferno, contra o furor de todos os demônios, dos entusiastas, do mundo, da carne, dos pecados, da morte etc. Nosso pequenino poço também há de permanecer fonte viva, enquanto seus pântanos, banhados e águas paradas apodrecerão, exalarão mau cheiro e hão de secar.

Uma esperança ingênua e irreal, à qual Lutero com seu hino deu ampla difusão? Podemos nós assumir como nosso quando na quarta estrofe cantamos:

“Se a morte eu sofrer, se os bens eu perder: que tudo se vá”?  (O original alemão é ainda mais chocante ao mencionar “corpo, bens, honra, filhos e mulher”.)

Como no salmo, o hino de Lutero começa com a afirmação contundente:

Deus é castelo forte e bom,
defesa e armamento.

E acrescenta:

Assiste-nos com sua mão,
na dor e no tormento.

Lutero não ignora a dura realidade das tentações, do sofrimento, do mal e da morte. Ela será descrita com toda a crueza ao longo das estrofes do hino. Mas ele conhece uma realidade ainda maior: a graça de Deus, que sempre prevalecerá. Logo após a confissão de fé em Deus, o texto esclarece, ainda na primeira estrofe, contra quem Deus haverá de triunfar, a saber, o próprio Satanás, a quem na terra ninguém poderá resistir, a não ser se refugiando em Deus.

O rei infernal, das trevas, do mal,
com todo poder
e astúcia quer vencer,
igual não há na terra.

A segunda estrofe leva-nos ao âmago da redescoberta do evangelho por Lutero:

A minha força nada faz,
sozinho estou perdido.

Por nossos critérios e medidas, é uma causa perdida. Aqui se reflete a experiência que o próprio Lutero fez: por mais que se esforçasse em alcançar a salvação, nem sua consciência tampouco seu coração obtinham descanso. Não a obtemos por boas obras, sejam elas de benemerência, ações de autodisciplina, ainda nossa espiritualidade e suas orações. O inimigo é por demais poderoso. Será essa de fato uma causa perdida?

Um homem a vitória traz,
por Deus foi escolhido.

Para que não paire dúvida alguma:

Quem trouxe essa luz?
Foi Cristo Jesus,
o eterno Senhor,
outro não tem vigor;
triunfará na luta.

A salvação nos vem tão somente de Deus. Com essa certeza, podemos encarar a realidade em toda a sua aterradora dimensão, o que ocorre na terceira estrofe. Se todo o mundo estivesse tomado por “mil demônios”, querendo devorar-nos, já nada poderia nos atemorizar. Satanás não tem mais nenhum poder, uma única palavra de Deus há de destruí-lo. Conforme o original, basta para Jesus Cristo uma “palavrinha” só.

Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos,
Sem medo estamos, pois não têm poder de superar-nos.

Pois o rei do mal,
de força infernal,
não dominará;
já condenado está
por uma só palavra.

A supremacia de Deus não pode ser expressa de maneira mais contundente. Todos os nossos esforços são em vão, mas para Deus uma “palavrinha” basta. Se uma única palavrinha lhe é suficiente, por que haveríamos nós de temer em dor e aflição quando dele recebemos tão abundantes promessas de salvação?

Essa conclusão é tirada na quarta estrofe:

O Verbo eterno vencerá
as hostes da maldade.
As armas, o Senhor nos dá:
Espírito, Verdade.

O original alemão é mais claramente centrado na ação de Deus: “Ele age entre nós com seu Espírito e dons”. Isto é: Deus abre-nos novas perspectivas e nos permite prosseguir nossa via, agora com seu espírito e com suas dádivas a nós. No horizonte final, não importa o que nos acontecer; mesmo se perdermos tudo quanto, depois de Deus, nos é mais importante, estaremos em seu reino de esperança, justiça e paz.

Se a morte eu sofrer,
se os bens eu perder:
que tudo se vá!
Jesus conosco está,
seu Reino é nossa herança.

“Que tudo se vá!”. “Corpo, bens, honra, filhos e mulher”, como consta no original? Não se trata aqui de desprezo por esses valores tão substanciais para nossa vida e tão íntimos em nossas relações, com os quais Lutero, em vida, também se alegrou? Mas nos demos conta: nada disso, por mais precioso que seja, nos dá segurança para a vida. Mais cedo ou mais tarde, seja em forma dramática, seja tranquila e natural, nos defrontaremos com o “último inimigo” (1Co 15.20), a saber, a morte. E todas as pessoas, sem exceção, sucumbirão diante dela. Será o fim de tudo? Definitivamente não. “O último inimigo a ser destruído é a morte” (v. 26). Também esse inimigo terá sido derrotado por Jesus. “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? [...] Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 55 e 57).

No início do hino, “Deus é castelo forte e bom”; no final: “Seu Reino é nossa herança”. Fica claro: nada de humano pode, em última instância, nos assegurar diante das ameaças que nos rodeiam. Podemos admirar portentosos castelos, mas os fabricados por mãos humanas não nos darão a segurança última que procuramos. Só Deus, por intermédio de Jesus Cristo, pode no-la dar. “Deus é castelo forte e bom”, e não há sobre a face da Terra nenhum outro castelo que seja, em última instância, firme e bom. Apenas nosso Deus é. “Isso é certissimamente verdade”, diz Lutero repetidamente no Catecismo. Por isso “Deus [e somente Deus] é castelo forte”.

Ainda uma palavra: nos dias em que preparei este texto originalmente – janeiro de 2010 –, corriam na tela de televisão, quase incessantemente, imagens dramáticas dos catastróficos efeitos do terremoto no Haiti. Destruição por toda a parte, de residências até a catedral, o palácio presidencial e a sede da missão da ONU. Um terço da população do país fora atingido. As estimativas de mortes cresciam a cada momento, também entre agentes de paz e desenvolvimento que estavam atuando no país. Faltavam moradia, água e comida. A multidão corria pelas ruas a esmo, sem saber para onde ir ou onde buscar alívio. Mais de meio milhão de migrantes internos, forçados pelas circunstâncias. Órfãos sem conta. Mas, em meio à tragédia, vinham também imagens de solidariedade no resgate a sobreviventes soterrados, no cuidado médico em condições precaríssimas, na distribuição dos parcos alimentos disponíveis, no nascimento saudável de novas crianças dadas à luz por mães feridas – um raio de futuro em meio à tragédia presente. E também nos chegaram imagens de um grupo de pessoas na rua, entre escombros, em oração e entoando hinos. Deus é castelo forte teria estado entre eles? Bem poderia ter estado.

Resumindo: com boa razão, o hino Deus é castelo forte recebeu o lugar de destaque na espiritualidade das igrejas da Reforma, com alcance ecumênico até. Mas não porque devesse ser celebrado como um hino de vitória do protestantismo, mas por expressar bem a centralidade da obra de salvação de Deus em Cristo em nosso favor. Por nos consolar na tribulação. Quando nos reconhecemos impotentes, Deus está ao nosso lado. Nele podemos confiar, sempre, em todas as circunstâncias, as mais dramáticas que sejam e, por fim, em face da morte. “Seu Reino é nossa herança.”

Walter Altmann

Trecho de auxílio homilético para o Dia da Reforma (31/10/2013) em Proclamar Libertação - Volume: XXXVII

Castelo forte é nosso Deus (Ein feste Burg ist unser Gott)

Castelo Forte é nosso Deus (Ein feste Burg ist unser Gott) é talvez o hino mais conhecido de Martinho Lutero. Apareceu publicado sob o título “Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus” (O Salmo 46. Nosso Deus [é] refúgio e força). O texto do hino é baseado neste Salmo.

A data e as circunstâncias de sua composição são controversas. Alguns apontam para 1521 (Dieta de Worms), 1529 (Dieta de Espira), 1530 (Dieta de Augsburgo), ou para este período entre 1521-1530.
O mais antigo registro do hino está no hinário de Augsburgo de Jakob Dachser, intitulado “Form und Ordnung geistlicher Gesang und Psalmen” de 1529. O hino provavelmente já havia aparecido no hinário de Wittenberg de Hans Weiss publicado no ano de 1528, cuja cópia não existe. Acredita-se que ele aparece também numa primeira edição perdida do hinário “Geistlich Lieder” (Cânticos Espirituais) de Joseph Klug (1490-1552), publicado em Wittenberg em 1529, uma vez que consta na edição deste hinário de 1833. Foi impresso também no hinário de Erfurt de Andreas Rauscher (1531).
Quem muito colaborou para difundir este hino de Lutero na Alemanha, foi o sapateiro e poeta de Nurenbergue Hans Sachs (1494-1576). Ele mandou imprimir folhetos volantes que podiam ser vendidos bem baratos. Neles estava representada (1) a xilogravura de Albrecht Dürer (1471-1528) intitulada “Ritter, Tod und Teufel” (Cavaleiro, Morte e Diabo) feita em 1513, (2) o texto do hino “Deus é castelo forte e bom...” e (3) a seguinte observação: >>Cada cristão corajoso, usando a “armadura de Deus” (Efésios 6,11), tranquilo e seguro como este cavalheiro, consegue atravessar o deserto espinhento e arrepiante desta vida, cheia de lama e imundície, e não precisa temer nem morte, nem o diabo, mas, dirigindo seu olhar para a cidade de Deus em cima do monte da salvação, pode vencer e desprezar morte e diabo, como este velho cavalheiro o faz, e pode cantar ainda alegremente: “Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos: Sem medo estamos, pois não tem poder de superar-nos.” (Leonhard Creutzberg. Deus é castelo forte e bom. 03/07/2012)
Além de constar nos hinários luteranos brasileiros Hinos do Povo de Deus (nº 97) e Hinário Luterano (nº 165), o hino de Lutero também faz parte dos hinários Novo Cântico (nº 155), Cantai todos os Povos (nº 409), Salmos e Hinos (nº 640), Cantor Cristão (nº 323), Harpa Cristã (nº 581), Hinário Adventista do Sétimo Dia (nº 33), Hinos de Louvores e Súplicas a Deus da Congregação Cristã no Brasil (nº 381)

Hinário Luterano, nº 165 - Castelo forte é nosso Deus
Tradução: Rev. Rodolfo Hasse (1890-1968)



1. Castelo forte é nosso Deus,
defesa e boa espada;
da angústia livra desde os céus
nossa alma atribulada.
Investe Satã
com hábil afã
e sabe lutar
com força e ardil sem par;
igual não há na terra.

2. Sem força para combater,
teríamos perdido.
Por nós batalha e irá vencer
quem Deus tem escolhido.
Quem é vencedor?
Jesus Redentor,
o próprio Jeová,
pois outro Deus não há;
triunfará na luta.

3. O mundo venham assaltar
demônios mil, furiosos,
jamais nos podem assombrar,
seremos vitoriosos.
Do mundo o opressor,
com todo rigor
julgado ele está;
vencido cairá
por uma só palavra.

4. O Verbo eterno ficará,
sabemos com certeza,
e nada nos perturbará
com Cristo por defesa.
Se vierem roubar
os bens, vida e o lar —
que tudo se vá!
Proveito não lhes dá.
O céu é nossa herança.

Deus é Castelo forte e bom - Hinos do Povo de Deus, nº 97



1. Deus é castelo forte e bom,
defesa e armamento.
Assiste-nos com sua mão,
na dor e no tormento.
O rei infernal das trevas do mal,
com todo o poder
e astúcia quer vencer:
Igual não há na terra.

2. A minha força nada faz,
sozinho estou perdido.
Um homem a vitória traz,
por Deus foi escolhido.
Quem trouxe esta luz?
Foi Cristo Jesus,
o eterno Senhor,
outro não tem vigor;
triunfará na luta.

3. Se inúmeros demônios vêm,
querendo exterminar-nos:
Sem medo estamos, pois não têm
poder de superar-nos.
Pois o rei do mal,
de força infernal,
não dominará;
Já condenado está
por uma só palavra.

4. O Verbo eterno vencerá
as hostes da maldade.
As armas o Senhor nos dá:
Espírito, Verdade.
Se a morte eu sofrer,
se os bens eu perder:
que tudo se vá!
Jesus conosco está.
Seu Reino é nossa herança!

Ein feste Burg ist unser Gott – Martin Luther Gesangbuch (Kirchengemeinde Höchstenbach)



1. Ein feste Burg ist unser Gott,
ein gute Wehr und Waffen.
Er hilft uns frei aus aller Not,
die uns jetzt hat betroffen.
Der alt böse Feind
mit Ernst er’s jetzt meint;
groß Macht und viel List
sein grausam Rüstung ist,
auf Erd ist nicht seinsgleichen.

2. Mit unsrer Macht ist nichts getan,
wir sind gar bald verloren;
es streit' für uns der rechte Mann,
den Gott hat selbst erkoren.
Fragst du, wer der ist?
Er heißt Jesus Christ,
der Herr Zebaoth,
 und ist kein andrer Gott,
 das Feld muss er behalten.

3. Und wenn die Welt voll Teufel wär
 und wollt uns gar verschlingen,
so fürchten wir uns nicht so sehr,
es soll uns doch gelingen.
Der Fürst dieser Welt,
 wie sau'r er sich stellt,
tut er uns doch nicht;
das macht, er ist gericht':
Ein Wörtlein kann ihn fällen.

4. Das Wort sie sollen lassen stahn
 und kein Dank dazu haben;
er ist bei uns wohl auf dem Plan
 mit seinem Geist und Gaben.
Nehmen sie den Leib,
Gut, Ehr, Kind und Weib:
Lass fahren dahin,
sie haben's kein' Gewinn,
das Reich muss uns doch bleiben.

Tradução no volume 7 das Obras Selecionadas de Martinho Lutero

1. Castelo firme é nosso Deus,
boa defesa e armamento.
Ele nos livra de toda a aflição
que agora nos atingiu.
O velho e malvado inimigo
agora investe para valer,
grande poder e muita astúcia
são seu cruel armamento,
sobre a terra não existe igual a ele.

2. Com nossa força nada alcançaremos,
logo estaremos perdidos.
Por nós luta o homem certo,
que o próprio Deus escolheu.
Perguntas quem é ele?
Seu nome é Jesus Cristo,
o Senhor Zebaote,
e não há outro Deus.
Ele há de vencer.

3. Ainda que o mundo estivesse cheio de demônios
e nos quisesse devorar,
não nos apavoremos demais,
pois venceremos apesar de tudo.
O príncipe deste mundo,
por mais raivoso que se apresente,
nada nos fará,
isto porque já está julgado,
uma palavrinha pode derrubá-lo.

4. A palavra eles têm de deixar de pé,
mesmo que não o queiram.
Ele está agindo entre nós
com seu Espírito e dons.
Se [nos] tirarem o corpo,
bens, honra, filhos e esposa,
que se vá!
Isso não lhes traz nenhum proveito,
o reino mesmo assim há de ser nosso.

30/10/2013

Coleta do Dia da Reforma

Domingo da Reforma na Redeemer Lutheran Church, Fort Wayne (EUA)
Ó Senhor Deus, Pai Celestial, derrama, nós te pedimos, teu Espírito Santo sobre o teu povo fiel. Mantém-os firmes na tua graça e verdade, protege e conforta-os em todas as tentações, defende-os contra todos os inimigos da tua Palavra e concede à Igreja militante de Cristo a tua paz salvadora; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

-- Ordem de Culto Saxônica (1539-1540)

28/10/2013

Evangelho do Dia – Festa de São Simão e São Judas

“Martírio de São Judas e São Simão” (1649), Giovanni Francesco Guerrieri (1589-1655)

Evangelho segundo S. João 15. (12-16) 17-21

15.12   O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês.
15.13   Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles.
15.14   Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando.
15.15   Eu não chamo mais vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai.
15.16   Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome.
15.17   O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos outros.
15.18   Jesus continuou: — Se o mundo odeia vocês, lembrem que ele me odiou primeiro.
15.19   Se vocês fossem do mundo, o mundo os amaria por vocês serem dele. Mas eu os escolhi entre as pessoas do mundo, e vocês não são mais dele. Por isso o mundo odeia vocês.
15.20   Lembrem do que eu disse: “O empregado não é mais importante do que o patrão”. Se as pessoas que são do mundo me perseguiram, também perseguirão vocês; se elas obedeceram aos meus ensinamentos, também obedecerão aos ensinamentos de vocês.
15.21   Por causa de mim, essas pessoas vão lhes fazer tudo isso porque não conhecem aquele que me enviou.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa de São Simão e São Judas, Apóstolos – 28 de outubro

“São Simão e São Judas”, Breviário Romano (séc. XV)

Nas listas dos doze apóstolos (S. Mateus 10.2-4, S. Marcos 3.16-19, S. Lucas 6.14-16, Atos 1.13), a décima e décima primeira posição são ocupadas por Simão, o Zelote (ou “Cananeu”) e Judas (não o Iscariotes, mas “de Tiago”), que era possivelmente também conhecido como Tadeu. De acordo com a tradição cristã primitiva, Simão e Judas viajaram juntos como missionários para a Pérsia, onde foram martirizados. É provavelmente por esta razão, ao menos em parte, que estes dois apóstolos são comemorados no mesmo dia. Simão não é mencionado no Novo Testamento além das listas dos doze apóstolos. Desta forma, ele é lembrado e honrado por causa de seu ofício, e, por isso, permanece diante de nós – na eternidade, assim como em sua vida e ministério na terra – em nome e lugar de Cristo Jesus, nosso Senhor. Rendemos graças a Deus pelo chamado e envio de Simão, juntamente com Judas e todos os apóstolos, para pregar e ensinar o Santo Evangelho, proclamar o arrependimento e o perdão, e batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (S. João 4.1-2; S. Mateus 10; 28.16-20; S. Lucas 24.46-49).
Judas aparece no Evangelho de São João (14.22) na noite da traição de nosso Senhor e no início de sua Paixão, perguntando a Jesus por que razão ele deveria se manifestar aos discípulos e não ao mundo. A resposta que Jesus dá a esta pergunta é a ênfase pertinente para este dia festivo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (S. João 14.23). Seguramente, tanto Judas quanto Simão exemplificaram, na vida e na morte, seu amor por Jesus e sua fé na Palavra. Nós não apenas estamos assim fortalecidos em nossa fé e vida cristã com o exemplo deles, mas somos, acima de tudo, encorajados pela fidelidade do Senhor em manter sua promessa de levá-los para fazer morada junto dele no céu. Lá eles vivem com Ele para sempre, onde devemos nos juntar a eles algum dia.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Antigo Testamento: Jeremias 26.1-16
Salmo: Salmo 43 (antífona vers. 5b)
Epístola: 1 Pedro 1.3-9
Santo Evangelho: S. João 15. (12-16) 17-21

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu escolheste os teus servos Simão e Judas para serem enumerados na gloriosa companhia dos apóstolos. Assim como eles foram fiéis e zelosos em sua missão, assim também possamos nós, com ardente devoção, tornar conhecido o amor e a misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 857)

27/10/2013

Evangelho Dominical - Vigésimo Segundo Domingo após Trindade

“Parábola do servo mau”, (c. 1620) Domenico Fetti (1588–1623)
Evangelho segundo S. Mateus 18.21-35

18.21   Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou: — Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
18.22   — Não! — respondeu Jesus. — Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.
18.23   Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados.
18.24   Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata.
18.25   Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía.
18.26   Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor.”
18.27   — O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora.
18.28   O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: “Pague o que me deve!”
18.29   — Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo.”
18.30   — Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida.
18.31   Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão.
18.32   Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: “Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia.
18.33   Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você.”
18.34   — O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
18.35   E Jesus terminou, dizendo: — É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.

Vigésimo Segundo Domingo após Trindade – 27 de outubro de 2013

"A Parábola do Servo incompassivo", Pieter Coecke Van Aelst (1502-1550)

Caminhando humildemente com o nosso Deus e perdoando uns aos outros

Com que me apresentarei ao Senhor (Miqueias 6.6) que perdoa todos os nossos pecados e quantas vezes pecará nossos companheiros cristãos contra nós e os perdoaremos (S. Mateus 18.21)? Nosso gracioso Deus nas alturas não precisa de nossos “holocaustos” ou “milhares de carneiros” (Miqueias 6.6-7), que poderíamos legitimamente oferecer em ação de graças. Ele é o Salvador que deu seu Filho unigênito pela nossa transgressão. Ele oferece o fruto do seu corpo, uma vez morto pendurado em uma cruz, mas agora vive e dá a vida em seu santo banquete, pelo pecado da nossa alma (Miqueias 6.7). Pelo fato dele nos libertar da nossa enorme dívida de pecado contra Deus, não precisamos prender nossos companheiros pecadores com a nossa falta de amor e recusa de perdão (S. Mateus 18.24, 27, 30). Como participantes de sua graça, atraímos-nos um pelo outro com a “afeição de Jesus Cristo” (Filipenses 1.8). Como pecadores perdoados “cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo”, nosso “amor cresça cada vez mais com sabedoria e entendimento” (Filipenses 1.11, 9), pois Ele faz com “que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus” (Miqueias 6.8).

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Miqueias 6.6–8
Salmo: Salmo 116.12-19 (antífona. v. 13)
Epístola: Filipenses 1.3-11
Santo Evangelho: S. Mateus 18.21-35

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, nosso refúgio e fortaleza, que és o autor de toda a piedade, te suplicamos que ouças as devotas orações da tua igreja, e concedas que alcancemos com efeito o que pedimos com fé; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive, e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim. Amém.

26/10/2013

Comemoração de Philipp Nicolai, Johann Heermann e Paul Gerhardt, Escritores de Hinos – 26 de outubro


Philipp Nicolai (1556-1608) foi pastor na Alemanha durante a Grande Peste, que ceifou a vida de 1.300 de seus paroquianos num período de seis meses. Além de seu heróico ministério pastoral durante esse momento de tensão e tristeza, escreveu os textos de “Acordai! os guardas chamam” (Wachet auf, ruft uns die Stimme) e “Radiante, a Estrela d’alva traz” (Wie schön leuchtet der Morgenstern), conhecidos, respectivamente, como o rei e rainha dos corais luteranos. Johann Heermann (1585-1647), também pastor na Alemanha, sofreu com a saúde debilitada e com os estragos da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Seus hinos são conhecidos por sua brandura e vigor de sentimento. Paul Gerhardt (1607-1676) foi outro pastor luterano que sofreu os horrores da Guerra dos Trinta Anos. Por volta de 1668, perdeu sua posição pastoral em Berlim (por se recusar a comprometer suas convicções luteranas), e suportou a morte de quatro de seus cinco filhos e de sua esposa. Ele, no entanto, conseguiu escrever 133 hinos, os quais refletem sua firmeza na fé. Juntamente com Martinho Lutero ele é considerado como um dos melhores hinólogos do Luteranismo.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-Poderoso, o apóstolo Paulo nos ensina a te louvar com salmos, hinos e cânticos espirituais. Agradecemos-te neste dia por aqueles que têm dado grandes hinos para a tua igreja, especialmente teus servos Philipp Nicolai, Johann Heermann e Paul Gerhardt. Que nunca falte à tua Igreja escritores de hinos, que através de suas palavras e música dão louvor a ti. Enche-nos com o desejo de louvar e render graças a ti por tua grande bondade; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis:Concordia Publishing House, 2009. p. 851)

25/10/2013

Comemoração de Dorcas, Lídia e Febe, Mulheres Fiéis – 25 de outubro


Essas mulheres foram cristãs exemplares que demonstraram sua fé através do sustento material da Igreja. Dorcas (também conhecido como Tabita) era bem conhecida e muito amada por seus atos de caridade na cidade de Jope, especialmente por fazer roupas para os pobres. Quando Dorcas morreu repentinamente, os membros de sua congregação enviaram mensageiros à cidade vizinha de Lida para o Apóstolo Pedro, que veio e a levantou dos mortos (Atos 9.36-41). Lídia era uma mulher de Tiatira, que trabalhava em Filipos vendendo uma famosa tintura púrpura que tinha grande demanda no mundo antigo. Ela também era uma mulher que “servia a Deus” na sinagoga local. Quando o apóstolo Paulo a encontrou em oração, entre outras mulheres prosélitas, sua pregação da Palavra trouxe Lídia à fé em Cristo. Ela e suas amigas tornaram-se assim o núcleo da comunidade cristã em Filipos (Atos 16.13-15, 40). Febe era outra mulher fiel associada com o apóstolo Paulo. Ela era uma diaconisa de Cencréia (o porto de Corinto), a quem Paulo enviou para a igreja em Roma com a responsabilidade de entregar sua Epístola aos Romanos. Nela, ele escreve sobre seu apoio ao trabalho da Igreja Primitiva (Romanos 16.1).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu inspiraste à compaixão os corações de tuas amadas servas Dorcas, Lídia, e Febe para manter e suster a tua Igreja através de suas obras devotadas e caritativas. Concede-nos a mesma vontade de amar a ti, abra os nossos olhos para vê-lo na pequenez e fortalece nossas mãos para servir a ti nos outros; por amor de teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 847, 848)

24/10/2013

A História da Reforma Luterana em LEGO


A História da Reforma Luterana em LEGO!

As 95 Teses; Lutero na Dieta de Worms; Lutero no Castelo de Warburgo; A Rosa de Lutero ... Clique na imagem acima para acessar o álbum com mais fotos!

23/10/2013

São Tiago de Jerusalém

Ícone de Jesus e Tiago (autor desconhecido)
Um pouco no final do dia, mas apenas um lembrete de que hoje comemoramos São Tiago de Jerusalém. Lembramos este bem-aventurado santo hoje, tanto nas Vésperas quanto no Culto Divino. Aqui estão as palavras finais da homilia de hoje na Eucaristia:

“Tiago chama a si mesmo não de irmão de Jesus, mas de seu escravo. Quando o Senhor apareceu a Tiago do outro lado da sepultura, Ele o chamou da incredulidade. E Tiago estava disposto a deixá-la - disposto a ser entregue para Senhor. Naquele momento, Tiago deixou de ser um irmão de criação de Jesus para ser seu servo e seu apóstolo.
O Senhor te ofende em sua fraqueza? Em sua inferioridade absoluta? Em sua vinda a você no alimento comum do pão e do vinho? O Ressuscitado se encontra com você hoje e gostaria que você deixasse de lado toda a sua incredulidade - toda a sua recusa deve ser entregue. Ele poderá levantá-lo hoje para a alegria de ser sua irmã, seu irmão, sua própria carne e sangue. Pois sua família não é constituída pela proximidade de parentesco, mas pelo dom do seu corpo e sangue em você com tudo o que vem com eles: perdão, uma parte em sua vida divina, salvação.
Forçar você, ele nunca fará. Mas exortá-lo constantemente a receber o seu amor - isto ele fará até o seu último suspiro - até você se juntar a São Tiago de Jerusalém e toda a família do Senhor em dar glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e para sempre! Amém.”

Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri. (Traduzido de Weedon's Blog, 23.10.2006)

São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir


O Treasury of Daily Prayer [Concordia Publishing House] observa que, enquanto alguns teólogos modernos acreditam que São Tiago tenha sido filho de José e da Virgem Maria, em grande parte da Igreja (historicamente e ainda hoje) o título de “irmão” é entendido como parente. São Tiago é o autor da epístola que leva seu nome no Novo Testamento, onde ele humildemente refere a si mesmo um “escravo de Jesus Cristo”. Josefo relata a história de seu martírio em 62 d. C.

O Pastor Gregory Wismar escreveu uma estrofe do hino “Por Todos os Santos” em honra de São Tiago de Jerusalém:

We sing of James, Christ's brother,
     Who at Jerusalem
Told how God loved the Gentiles
     And, in Christ, welcomed them.
Rejoicing in salvation
     May we too, by God's grace,
Extend Christ's invitation
     To all the human race.
(Lutheran Service Book, 518:27)

De Tiago, irmão de Cristo, entoamos
     Que em Jerusalém 
Mostrou como Deus os gentios amou
     E em Cristo, os acolhe também. 
Alegrando-se na salvação
     Possamos, pela graça divinal,
Estender a cristã convocação
     A toda raça terreal.
(Hinário Luterano da LCMS, 518:27)

A estrofe tem em mente o papel que São Tiago desempenhou no grande Concílio de Jerusalém, que ele presidiu, juntamente com São Pedro e São Paulo.

A coleta para o dia de hoje pede que “possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte".

Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri. (Traduzido de Weedon's Blog, 23.10.2008)

23 de outubro de 2013 - São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir

Leitura do Dia: Atos 15.12-22 

Lecionário Diário: Deuteronômio 24.10-25.10; Mateus 16.13-28 

São Tiago no Concílio de Jerusalém
Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus (Atos 15.19) 

Em Nome de + Jesus. Amém. Tiago, aquele que as Escrituras chama de “irmão do Senhor” foi o pastor de Jerusalém. Quando surgiu a questão sobre quanto da Lei tinham de cumprir os gentios que estavam se tornando cristãos, esta foi a sua resposta: “não perturbem” eles com a Lei. Espere, ele quis dizer que eles não têm que se preocupar com os mandamentos? Não, ele quis dizer que os gentios que se tornaram cristãos, fizeram como os judeus fizeram: do arrependimento para a fé.

“Perturbá-los” significa pesar suas consciências com todas as regras e regulamentos extras que os judeus tinham acrescentado com o passar do tempo. Isso tinha se transformado numa religião na qual você era responsável por viver no caminho certo e provar para Deus que você era justo. Mas ninguém pode fazer isso. É por isso que precisamos de um Salvador. Então Tiago orienta os apóstolos e pregadores a apontar para os gentios que eles são salvos da mesma forma como os judeus: pela graça mediante a fé.

A mensagem de Tiago, assim como a de todos os pregadores, é a de Cristo crucificado pelos pecadores. Jesus não pode morrer pelos pecadores e em seguida exigir que pecadores vivam uma boa vida para serem salvos. É um ou o outro. E Tiago declara fielmente que Jesus viveu por nós. Ele morreu e ressuscitou por nós. Portanto, os nossos pecados estão perdoados.

Sabemos que, vivendo como santos e pecadores, somos sempre tentados a pensar que, porque somos salvos, não precisamos nos preocupar com o próximo e fazer boas obras. A Palavra que Tiago e os apóstolos pregaram nos livra de tal falsa fé e nos mantém na verdadeira fé que confia em Cristo. E Jesus não só nos salva de nossos pecados, mas vive em e através de nós, fazendo boas obras através de nós.

O Batismo, a Palavra e a Santa Ceia são a promessa de Deus de que sua intenção não é perturbar você sobrecarregando-o com uma religião que você não consegue entender ou levar a cabo. Ele não é seu Senhor para perturbar você, mas para salvar e confortar você. Em Nome de Jesus. Amém.

We sing of James, Christ's brother,
     Who at Jerusalem
Told how God loved the Gentiles
     And, in Christ, welcomed them.
Rejoicing in salvation
     May we too, by God's grace,
Extend Christ's invitation
     To all the human race.
(By All Your Saints in Warfare - Lutheran Service Book, 518:27)

De Tiago, irmão de Cristo, entoamos
     Que em Jerusalém 
Mostrou como Deus os gentios amou
     E em Cristo, os acolhe também. 
Alegrando-se na salvação
     Possamos, pela graça divinal,
Estender a cristã convocação
     A toda raça terreal. 
(Por todos os Santos Teus na Luta, hino 518:27 do Hinário da LCMS)

Rev. Mark Buetow é pastor na Bethel Lutheran Church em Du Quoin, Illinois (EUA).

Tradução da reflexão publicada em Higher Things.

Evangelho do Dia – São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir

Ícone de Cristo na sinagoga de Nazaré

Evangelho segundo S. Mateus 13.54-58

13.54   e voltou para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. Ele ensinava na sinagoga, e os que o ouviam ficavam admirados e perguntavam: — De onde vêm a sabedoria dele e o poder que ele tem para fazer milagres?
13.55   Por acaso ele não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, José, Simão e Judas?
13.56   Todas as suas irmãs não moram aqui? De onde é que ele consegue tudo isso?
13.57   Por isso ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse: — Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra e na sua casa.
13.58   Jesus não pôde fazer muitos milagres ali porque eles não tinham fé.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa de São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir – 23 de outubro


São Tiago de Jerusalém (ou “Tiago, o Justo”) é referido por São Paulo como “o irmão do Senhor” (Gálatas 1.19). Alguns teólogos modernos acreditam que Tiago era filho de José e Maria e, portanto, um irmão biológico de Jesus. Mas, na maior parte da Igreja (historicamente, e ainda hoje), o termo de Paulo “irmão” é entendido como “primo” ou “parente”, e Tiago é tido como o filho de uma irmã de José ou Maria, que ficou viúva e foi morar com eles. Juntamente com outros familiares de nosso Senhor (exceto sua mãe), Tiago não cria em Jesus até sua ressurreição (S. João 7.3-5, 1 Coríntios 15.7). Depois de se tornar um cristão, Tiago foi elevado a uma posição de liderança dentro da primeira comunidade cristã. Sobretudo após a saída de São Pedro de Jerusalém, Tiago foi reconhecido como o bispo da Igreja naquela cidade santa (Atos 12.17; 15.12ss). Segundo o historiador Josefo, Tiago foi martirizado em 62 d. C., sendo apedrejado até a morte pelos saduceus. Tiago foi o autor da Epístola no Novo Testamento que leva o seu nome. Nela, ele exorta seus leitores a permanecerem firmes na única fé verdadeira, mesmo diante de sofrimento e tentação, e viver a vida pela fé que há em Cristo Jesus. Tal fé, ele deixa claro, é uma coisa operante e ativa, que nunca cessa de fazer o bem, confessar o Evangelho com palavras e ações, e arrisca a sua vida, tanto agora como sempre, na cruz.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Primeira Leitura: Atos 15.12-22a
Salmo: Salmo 133 (antífona vers. 1)
Epístola: Tiago 1.1-12
Santo Evangelho: S. Mateus 13.54-58

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, pastor do teu povo, tu levantaste Tiago, o Justo, irmão de nosso Senhor, para liderar e orientar a tua Igreja. Concede que possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p 841, 842)

22/10/2013

Prosperidade ou justificação?

Na mensagem da Reforma, é fundamental a compreensão de que Deus faz tudo. Os pregadores da teologia da prosperidade acentuam que é preciso desejar as bênçãos de Deus de modo radical, até mesmo fazendo doações irresponsáveis e absurdas à igreja.

por Ricardo Willy Rieth

A partir das duas últimas décadas do século 20, um modo diferenciado de vivenciar a relação com Deus, com o dinheiro e os bens tem causado impacto e desafiado em especial o povo evangélico no Brasil. São noções variadas, divulgadas especialmente por pregadores neopentecostais e reunidas sob a expressão “teologia da prosperidade”. A exemplo de outras correntes protestantes, sua origem está nos Estados Unidos a partir do movimento da “confissão positiva”, uma espécie de adaptação da literatura de autoajuda ao pensamento positivo.

Ressalvadas as diferenças observa-das entre pregadores ou denominações neopentecostais, a teologia da prosperidade baseia-se, em linhas gerais, na crença de que os cristãos possuem o poder de trazer à existência o que declaram, determinam ou confessam em voz alta. Palavras proferidas com fé têm o poder de criar realidades. As principais bênçãos obtidas dessa forma são felicidade, bem-estar material, saúde perfeita, compreendidos como direitos do cristão verdadeiro e garantidos pela Bíblia. Em nome de Jesus, quem crê verdadeiramente toma posse das bênçãos a que tem direito. Miséria, sofrimento e enfermidade são sempre responsabilidade da pessoa por sua falta de fé, do diabo e seus demônios.

Os pregadores da teologia da prosperidade acentuam que o crente precisa demonstrar com radicalidade que deseja as bênçãos de Deus. Precisa fazer doações corajosas, que o mundo considere absurdas, irresponsáveis e destituídas de bom senso. Deve até mesmo doar bens e recursos imprescindíveis à sua família, na certeza de que terá retorno muitas vezes superior às ofertas. Aqui não há espaço para a dúvida, identificada como de origem diabólica.

O crente é convocado a desafiar Deus. Torna-se uma espécie de credor de Deus: paga primeiro para receber em seguida. O grau de sacrifício demonstrado faz com que Deus fique obrigado a dar bênçãos mais generosas. A confiança absoluta no que é anunciado pelos pregadores faz com que o fiel não perceba perigo nos desafios propostos a Deus, pois Deus é obrigado a honrar o prometido. Naturalmente, todas as ideias e argumentos presentes na pregação da prosperidade são apresentados ao lado de passagens e exemplos bíblicos.

Bem menos efetiva junto à opinião pública tem sido a crítica à teologia da prosperidade por parte das denominações cristãs tradicionais. Essa crítica acusa a pregação da prosperidade de relativizar a soberania de Deus. Em relação a Deus, o fiel deve suplicar, pedir e não exigir, determinar e decretar. Também é inadmissível, segundo essa crítica, dar dinheiro para receber bênçãos em troca, pois se trata de uma inversão na compreensão evangélica acerca do ofertar motivado pela fé. A pregação do bem-estar físico e material negligenciaria a realidade de dor e sofrimento, muitas vezes presente na vida dos cristãos.

De que forma evangélico-luteranos podem contribuir nesse debate? Antes de tudo, fazendo uma autocrítica consistente. Se os pregadores da prosperidade estão sendo ouvidos por milhões, que seguem seus princípios, então é porque estão abordando questões que afligem as pessoas. Nossa pregação do evangelho, pautada pelo ensino da justificação por graça e fé, já não traz mais às pessoas hoje o consolo, a liberdade e a esperança, a exemplo do que ocorria em outros tempos?

Em seguida, precisamos ter clareza de que justificação por graça e fé é algo que se vive, que permeia por completo a existência. O que chamamos justificação por graça e fé tem em sua base o seguinte conhecimento: Deus faz todas as coisas. E o faz de forma ampla. Deus começa criando de forma continuada. Prossegue agindo na obra salvífica de Jesus Cristo e continua atuante por meio da obra do Espírito Santo.

Na mensagem da Reforma, é fundamental a compreensão de que Deus faz tudo. Por isso: “Devemos temer, amar e confiar em Deus acima de todas as coisas”. Que salvação é essa que o Deus que justifica dá gratuitamente às pessoas? A salvação está presente já agora, em todos os momentos, através do Espírito Santo, que torna as pessoas santas. A salvação de Deus começa já, aqui e agora.

O Espírito Santo que faz nascer a fé leva-a a produzir frutos, consola a pessoa em meio ao sofrimento e ao risco da morte iminente. A santificação tem um grande significado para cada grupo de pessoas, para cada comunidade humana. Isso porque o Espírito Santo mata no crente o egoísmo, a inveja, o desejo de vingança e a ânsia pelo poder. Justamente a pessoa crente pode ser alguém correta no mundo, ou seja, conduzida pelo Espírito Santo, pode agir na esfera pública, resistindo a seu interesse próprio, sem querer vantagem para si. A salvação da pessoa, que Deus produz pelo Espírito Santo, está direcionada para sua plena realização na eternidade, mas ao mesmo tempo já é salvação nesta vida, para cristãos e não cristãos, através de Cristo.

RICARDO WILLY RIETH é teólogo e pró-reitor acadêmico da ULBRA em Canoas (RS)

Artigo publicado na revista Novolhar, nº 53, setembro e outubro de 2013, p. 16.17.

20/10/2013

Evangelho Dominical - Vigésimo Primeiro Domingo após Trindade

“Cura do filho de um oficial do rei” (1752), Joseph-Marie Vien (1716-1809)

Evangelho segundo S. João 4.46–54

4.46   Jesus voltou a Caná da Galileia, onde havia transformado água em vinho. Estava ali um alto funcionário público que morava em Cafarnaum. Ele tinha em casa um filho doente.
4.47   Quando ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judeia para a Galileia, foi pedir a ele que fosse a Cafarnaum e curasse o seu filho, que estava morrendo.
4.48   Jesus disse ao funcionário: — Vocês só creem quando vêem grandes milagres!
4.49   Ele respondeu: — Senhor, venha depressa, antes que o meu filho morra!
4.50   — Volte para casa! O seu filho vai viver! — disse Jesus. Ele creu nas palavras de Jesus e foi embora.
4.51   No caminho encontrou-se com os seus empregados, que disseram: — O seu filho está vivo!
4.52   Então ele perguntou a que horas o filho havia começado a melhorar. Os empregados responderam: — Ontem, à uma da tarde, a febre passou.
4.53   Aí o pai lembrou que havia sido naquela mesma hora que Jesus tinha dito: “O seu filho vai viver.” Então ele e toda a família creram em Jesus.
4.54   Esse foi o segundo milagre que Jesus fez depois de ter ido da Judeia para a Galileia.

Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Vigésimo Primeiro Domingo após Trindade – 20 de outubro de 2013

“Deus criando o Sol, a Lua e as Estrelas” (séc. XVII), Jan Brueghel o Jovem [Jan Brueghel (II)] (1601-1678)
Deus nos declara justos manejando a sua Palavra contra todo mal

Haja luz. E houve luz” (Gênesis 1.1 – 2.3). O Pai fala, E assim se faz. Sua Palavra efetua o que diz. Ele criou todas as coisas do nada por meio de seu Filho, pelo poder do Espírito Santo. A Palavra criadora do Pai se fez carne em Jesus Cristo, para que ele pudesse restaurar a criação caída e salvar o homem caído. Para o oficial do rei, cujo filho estava gravemente enfermo, Jesus diz: “Vai, o teu filho vive” (S. João 4.46-54). No exato momento em que Jesus falava, o filho do oficial foi curado. A Palavra de Cristo continua efetuando o que diz. No batismo, na absolvição e na Ceia do Senhor, ele declara seu perdão vivificante a você, e assim se faz. Esta Palavra salvadora de Deus é a espada do Espírito, pela qual você é capaz de lutar contra todas as investidas do diabo (Efésios 6.10-17). “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Gênesis 1.1–2.3
Salmo: Salmo 8 (antífona. v. 9)
Epístola: Efésios 6.10–17
Santo Evangelho: S. João 4.46–54

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor, te suplicamos, guarda a tua família, a igreja, em contínua piedade, a fim de que, por tua proteção, ela se veja livre de todas as adversidades e te sirva devotamente com boas obras, para a glória do teu nome; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim. Amém.

18/10/2013

Lucas, o Evangelista e 110 anos do Seminário Concórdia

Lucas, o Evangelista e 110 anos do Seminário Concórdia
18 de Outubro

"São Lucas escrevendo" - miniatura bizantina do sec. X

Que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e companhia do Espírito sejam com todos vós agora e sempre. Amém.

          Meus caros irmãos, irmãs, prezados convidados, gostaria de destacar duas datas importantes: 1) dia 18 de outubro, dia que a boa parte dos cristãos lembra o Evangelista Lucas; 2) dia 27, os 110 anos de fundação do Seminário Concórdia, uma data importante para a nossa igreja.
          Você pode ter estranhado a primeira página de nossa liturgia. Especialmente a pergunta: Por que Lembrar o Evangelista Lucas? Encontramos a resposta no livro de Concórdia. O Livro de Concórdia é um livro que contém uma explicação de todas as doutrinas cristãs.
          Este livro tem vários documentos, um deles é chamado “Apologia da Confissão”. O 21º artigo fala sobre a honra aos que morreram em Cristo em três pontos: 1) ação de graças: ação de graças pela ação de Deus na vida da pessoa lembrada; 2) confirmação da fé: o mesmo Deus que agiu no passado, também age em nossa vida; 3) imitação, primeiro da fé, em seguida das demais virtudes.
           Quem foi o Evangelista Lucas? Segundo o testemunho do apóstolo Paulo, Lucas era um médico. O Apóstolo Paulo, em Colossenses 4.14, afirma: “Lucas, o nosso querido médico, e o irmão Demas mandam saudações.”

          Ele não era somente médico, mas ele também foi um dos escritores do texto bíblico. Sendo de sua autoria o Evangelho de Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos. Cada Evangelista, Mateus, Marcos, Lucas e João, inspirados por Deus Espirito Santo, enfatiza algum aspecto da vida de Jesus. Por exemplo, acredita-se que a grande ênfase de Mateus é a realeza de Jesus, pois, Ele é o descendente do rei Davi.
Lucas, por sua profissão, se interessava por pessoas e pelas suas doenças, pelos seus sofrimentos. Ele relata pessoas doentes, indefesas, pobres, mulheres, crianças, indefesos. É justamente destas pessoas que ele fala no seu Evangelho e como Jesus foi ao encontro delas. Ele relata como Jesus foi ao encontro destes que sofriam e como Ele carregou sobre si as suas dores, sofrimentos e tristezas.
           Lucas não escreveu os seus dois livros somente para ser um livro de biografia de Jesus. Ele escreveu para ser um registro a todos os que sofrem e padecem, que as suas dores não são esquecidas por Jesus. Muito pelo contrário, Jesus vem ao encontro, Jesus toma as dores, os sofrimentos e sofre junto. Jesus está ao lado daquele que padece.

           Lucas também foi um pastor. Trabalhou com o Apóstolo Paulo, acompanhando-o em algumas de suas viagens missionárias. Lucas também foi pastor e sobre isto eu também gostaria de comentar sobre o nosso Seminário Concórdia, que completa no dia 27, próximo sábado, 110 anos. O objetivo do Seminário é formar pastores. Mas por que formar pastores?
           Assim como Lucas proclamou e escreveu, o pastor tem como função anunciar uma única mensagem: “O Reino de Deus chegou até vocês.” A função do pastor é proclamar Cristo, pois, Ele é o reino de Deus em nós. O Cristo que veio a este mundo para morrer a nossa morte e nos dar vida. O reino de Deus que se oculta em coisas
           A função do pastor é anunciar aos que sofrem, aos doentes, aos que carregam o pesado fardo da culpa: “Não tenham medo; animem-se, pois o nosso Deus está aqui. Ele vem para nos salvar”. (Is 35.4)
            Na semana passada ouvimos o relato dos dez leprosos. As pessoas acreditavam não somente que a lepra trazia sofrimentos físicos, afastamento das pessoas, mas também a pessoa estava afastava de Deus. O leproso era indigno de estar na presença de Deus.
           Assim também é o pecado, nos torna indigno diante de Deus. Assim como aconteceu com os leprosos, Jesus vai ao encontro deles e os cura, os salva. Assim também acontece conosco, Jesus vê a nossa indignidade, vem ao nosso encontro e pega a nossa indignidade e carrega no seu próprio corpo. Por Jesus e somente por Ele nós fomos feitos digno, fomos feitos amigos de Deus.
           A função do pastor é anunciar que já somos dignificados por aquilo que Cristo fez em nosso lugar. A função do pastor é dignificar as pessoas através do Evangelho, da boa nova do perdão dos pecados. A função do pastor é dignificar as pessoas, lhe dando a oportunidade de receber em seus corpos o medicamento que Jesus deixou. Eu quero destacar parte da oração do dia:
           Concede que a medicina curativa do Evangelho e dos Sacramentos possa afastar as doenças de nossas almas a fim de que possamos sempre te amar e servir com os corações voluntários.

           Por isto, gostaria de frisar estas duas datas:
           1. Dia do Evangelista Lucas, um homem que foi dignificado por Jesus, através do Evangelho e dos sacramentos, para ser além de um médico que tratou de problemas físicos, mas para ser também um médico de almas.
           2. E o aniversário de 110 anos do Seminário Concórdia. O Seminário tem um único objetivo: formar pastores para anunciar a todos nós e a todas as pessoas o que elas já são em Cristo: pessoas amadas e perdoadas. Amém.

Que a paz de Deus que excede todo humano entendimento guarde as vossas mentes e corações para a vida eterna. Amém. 


Elissandro Silva
Seminário Concórdia - São Leopoldo/RS

Evangelho do Dia – Festa de São Lucas, Evangelista

“Discípulos enviados para pregar” (c. 1404-09),
Irmãos Limbourg, em Très Riches Heures du Duc de Berry.

Evangelho segundo S. Lucas 10.1-9

10.1   Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir.
10.2   Antes de os enviar, ele disse: — A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita.
10.3   Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos.
10.4   Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém.
10.5   Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!”
10.6   Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação.
10.7   Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
10.8   — Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês.
10.9   Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: “O Reino de Deus chegou até vocês.”

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa de São Lucas, Evangelista – 18 de outubro

“São Lucas” (1621), Guido Reni (1575-1642)
São Lucas, o médico amado, como é chamado por São Paulo (Colossenses 4.14), nos presenteia com Jesus, cujo sangue provê o remédio da imortalidade. Lucas viajou com Paulo durante a segunda viagem missionária, juntando-se a ele após Paulo receber chamado da Macedônia para levar o Evangelho para a Europa (Atos 16.10-17). Lucas muito provavelmente ficou em Filipos por sete anos, juntando-se novamente a Paulo no final da terceira viagem missionária na Macedônia. Viajou com Paulo a Trôade, Jerusalém e Cesareia, onde Paulo foi preso por dois anos (Atos 20.5 – 21.18). Enquanto estava em Cesareia, Lucas pode ter pesquisado o material que ele usou em seu Evangelho. Depois, Lucas acompanhou Paulo em sua viagem a Roma (Atos 27.1 – 28.16). Especialmente belas no Evangelho de Lucas são as histórias do Bom Samaritano (S. Lucas 10.29-37), do filho pródigo (S. Lucas 15.11-32), do homem rico e Lázaro (S. Lucas 16.19-31), e do fariseu e o cobrador de impostos (S. Lucas 18.9-14). Somente Lucas fornece um relato detalhado do nascimento de Cristo (S. Lucas 2.1-20) e os cânticos de Maria (S. Lucas 1.46-55), de Zacarias (S. Lucas 1.68-79) e de Simeão (S. Lucas 2.29-32). Para mostrar como Cristo continuou seu trabalho na Igreja Primitiva através dos apóstolos, Lucas também escreveu os Atos dos Apóstolos. Mais de um terço do Novo Testamento vem das mãos do evangelista Lucas.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 35.5-8
Salmo: Salmo 147.1-11 (antífona vers. 12)
Epístola: 2 Timóteo 4.5-18
Santo Evangelho: S. Lucas 10.1-9 

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, nosso Pai, teu bendito Filho chamou o médico Lucas para ser um evangelista e médico da alma. Concede que o remédio curativo do Evangelho e dos Sacramentos possam afastar as doenças de nossas almas para que, com coração voluntário possamos amar e servi-lo; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 826)

17/10/2013

Lutero sobre o martírio de Santo Inácio

“Martírio de Inácio Antioquia” (c. 985), miniatura no Menologium de Basílio II(976 – 1025), imperador bizantino.
Portanto, aquele que é capaz de aprender aprenda, para que cada qual conclua, quando perseguido e tentado, que o mundo, o diabo, a morte e todo infortúnio não são outra coisa senão o sacho e a podadeira de Deus, que toda blasfêmia e ultraje que o cristão experimenta são o modo de Deus fertilizá-lo. [...] Dessa maneira, os queridos santos mártires encaravam, em tempos passados, seu sofrimento e tormentos. Lemos que o mártir Sto. Inácio, um discípulo do apóstolo S. João, disse, quando estava para ser levado a Roma, a fim de ser lançado às feras que eram soltas na arena, para que dilacerassem os cristãos visando a proporcionar aos assistentes espetáculo e diversão: “Deixem que venham, pois sou apenas um grãozinho de Deus. Ele precisa me esmagar e triturar antes que eu possa servir para algo”. Aqui, temos uma bela aplicação cristã desse texto; encara-se o sofrimento de forma diferente do que o fazem carne e sangue, que não são capazes de considerar tal sofrimento como obra de Deus, mas o entendem como a fúria e a ira com que o diabo trucida e mata o homem. Sto. Inácio, porém, vê nos terríveis dentes dos leões e ursos selvagens nada mais do que a mó de Deus com a qual deveria ser triturado para ser ingrediente de um delicioso bolo para Deus.

-- Bem-aventurado Martinho Lutero, doutor e reformador da igreja, em “Os capítulos 14 e 15 de S. João, pregados e interpretados pelo Dr. Martinho Lutero”, 1537/1538 (OSel 11: 225,226)

Imagem: “Martírio de Inácio Antioquia” (c. 985), miniatura no Menologium de Basílio II (976 – 1025), imperador bizantino

Comemoração de Santo Inácio de Antioquia, Pastor e Mártir – 17 de outubro

“Martírio de Santo Inácio de Antioquia”, Francesco Fracanzano (1612–1656)

Inácio foi bispo de Antioquia, na Síria, no início do século II d. C., e um mártir cristão precoce. Próximo ao final do reinado do imperador romano Trajano (98-117 d. C.), Inácio foi preso, levado acorrentado para Roma e posteriormente jogado às feras na arena. No caminho para Roma, escreveu cartas aos cristãos de Éfeso, Magnésia, Trales, Roma, Filadélfia e Esmirna, bem como a Policarpo, bispo de Esmirna. Nas cartas, que têm um tom maravilhosamente pastoral, Inácio alertou contra algumas heresias (falsos ensinamentos). Ele também enfatizou várias vezes a plena humanidade e divindade de Cristo, a realidade da presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor, a autoridade suprema do bispo, e a unidade da Igreja encontrada em seus bispos. Inácio foi o primeiro a utilizar a palavra católica para descrever a universalidade da Igreja. Seu cristocentrismo, sua coragem diante do martírio e seu zelo pela verdade contra a falsa doutrina são um legado permanente para a Igreja.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, louvamos o teu nome pela vida de Inácio de Antioquia, pastor e mártir. Ele se ofereceu como grão de trigo para ser moído pelos dentes das feras, para que pudesse apresentar o pão puro do sacrifício. Aceita o tributo voluntário de tudo o que somos e tudo o que temos, e concede-nos uma porção na oferta pura e imaculada de teu Filho, Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 822, 823)