Mostrando postagens com marcador Hinos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Hinos. Mostrar todas as postagens

06/01/2014

Hino de Lutero para a Festa de Epifania

"Adoração dos Magos" (1655-1660), Bartolomé_Esteban_Murillo (1617–1682)
O hino “Was fürchtest du, Feind Herodes, sehr” (WA 35,470s) foi composto por Martinho Lutero em 12 de dezembro de 1541 a partir de antigo hino latino de Epifania escrito no séc. V. Lutero acompanha a Igreja Antiga na interpretação da festa de 6 de janeiro: é o dia em que a estrela conduziu os magos até o presépio; em que a água foi transformada em vinho, em Caná; em que João Batista batizou a Jesus.

Célio Sedúlio, ou Cœlius Sedulius (c. 450), chamado por Lutero de christianissimus poeta (Martin Schanz, Geschichte der römischen Literatur bis zum Gesetzgebungswerk des Kaisers Justinian, IV, Pt. 2 (1920), pág, 373), escreveu o poema latino alfabetado Paean Alphabeticus de Christo, que narra a vida de Jesus, desde o nascimento até a ressurreição, em 23 estrofes “ambrosianas”. O texto das primeiras estrofes foi extraído do poema original para formar dois hino muito conhecidos de Natal “A solis ortus cardine” (sete primeiros estrofes) e de Epifania “Hostis Herodes Impie” (estrofes 8 , 9, 11 e 13), os quais também foram traduzidas por Martinho Lutero: "Christum wir sollen loben schon" e "Was fürchtst du Feind Herodes sehr”.

As estrofes de Hostis Herodes narram a história de Herodes, o Grande e dos Reis Magos, juntamente com o Batismo de Cristo e o milagre das bodas de Caná, temas do período de Epifania. A tradução de Lutero deste hino em alemão “Was fürcht'st du, Feind Herodes, sehr”, há muito caiu em desuso, mas é de valor inestimável.

O hino hostis Herodes (Inimigo Herodes)
segundo a melodia A solis ortus, etc. (Desde o nascer do Sol)
Dr. Mart. Lutero

1. Was fürcht'st du, Feind Herodes, sehr,
Daß uns gebor'n kommt Christ der Herr?
Er sucht kein sterblich Königreich,
Der zu uns bringt sein Himmelreich.

1 - Por que temes tanto, inimigo Herodes, 
O nascimento de Cristo, o SENHOR? 
Não busca reino mortal 
Aquele que traz seu reino celestial. 

2. Dem Stern die Weisen folgen nach,
Solch' Licht zum rechten Licht sie bracht';
Sie zeigen mit den Gaben drei,
Dies Kind, Gott, Mensch, und König sei.

2 – Os magos seguem a estrela, 
Essa luz os conduziu à luz verdadeira. 
Com os três presentes eles confessaram
Que esta criança é Deus, ser humano e rei.

3. Die Tauf' im Jordan an sich nahm
Das himmelische Gottes Lamm,
Dadurch, der nie kein' Sünde that,
Bon Sünden uns gewaschen hat.

3 - Recebeu o batismo no Jordão, 
O celestial Cordeiro de Deus, 
Pelo que aquele que nunca cometeu pecado algum
Nos lavou dos pecados. 

4. Ein Wunderwerk da neu geschah;
Sechs steinern' Krüge man da sah
Voll Wasser, das verlor sein Art,
Rother Wein durch sein Wort d'raus ward.

4 - Novo milagre ali aconteceu:
Seis jarras de pedra ali se encontravam, 
Cheias de água, a qual perdeu sua natureza, 
Por sua palavra ela se transformou em vinho tinto.

5. Lob, Ehr' und Dank fei dir gesagt,
Christ, gebor'n von der reinen Magd,
Mit Vater und dem heiligen Geist
Von nun an bis in Ewigkeit.

5 - Louvar, glória e graça a ti sejam dados, 
[Cristo, nascido da virgem pura, 
Com o Pai e o Santo Espírito, 
Desde agora até a eternidade.]

Tradução: Obras Selecionadas de Lutero, vol. 7, p. 555-556



Versão Cantada de Ilson Kayser
(Partitura nas Obras Selecionadas de Lutero, vol. 7, p. 555-556)

1 - Por que, Herodes, o pavor
Por ter nascido o Salvador?
Jesus não quer o reino teu,
Seu próprio reino traz do céu.

2 - A estrela os magos orientou
E à vera Luz encaminhou.
Com seus presentes provas dão
Que aqui jaz Deus e nosso irmão.

3 - De Deus Cordeiro, justo e bom,
Foi batizar-se no Jordão,
Assim o que jamais pecou
De todo o vício nos lavou.

 4 - Milagre aconteceu então:
Seis talhas de água cheias são;
Sua Palavra a transformou,
E, vinho tinto ele a tornou.

5 - Louvor e graça seja a ti,
[Nascido de Maria aqui.
Também ao Espírito e a Deus Pai
Agora e sempre graças dai.]


Hino latino “Hostis Herodes Impie” de Célio Cedúlio

1. Hostis Herodes impie,
Christum venire quid times?
Non eripit mortalia,
qui regna dat cælestia.

2. Ibant magi, quam viderant
stellam sequentes præviam,
Lumen requirunt lumine,
deum fatentur munere.

3. Lavacra puri gurgitis
cælestis agnus attigit,
Peccata quæ non detulit,
Nos abluendo sustulit.

4. Novum genus potentiæ
aquæ rubescunt hydriae,
Vinumque iussa fundere,
mutavit unda originem.

[5. Gloria tibi, Domine,
Qui apparuisti hodie,
Cum Patre et Sancto Spiritu
In sempiterna saecula. Amen.]

Nota:
O quinto verso não aparece no documento original deste hino, mas aparece em outros textos. Era comum a adição de tal doxologia aos textos latinos originais desta natureza.

Fontes:

BAROFFIO, Giácomo. A hinódia latina. In: ECO, Umberto (Org.). Idade Média: Bárbaros, cristãos e muçulmanos. Vol. 1. Alfragide, Portugal: Publicações Dom Quixote, p. 555.

LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas, vol. 7. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 2000. p. 555-556.

WACKERNAGEL, Philipp (Ed.). Das Deutsche Kirchenlied von der ästesten Beit bis zu Unfang des XVII. Jahrhunderts. Volume 1. Leipzig, Drud und Berlag von B. G. Leubner, 1864. p. 46-47.

15/11/2013

Oração pela Pátria - Hinário Luterano, 513




1. Divino Salvador,
contempla com favor nosso país.
Dá-nos justiça e paz,
governo bom, capaz,
pátria em que nos apraz
viver feliz.

2. Olhamos para ti;
oh! vem reinar
aqui, tu, Rei dos reis.
Dirige o pátrio lar,
ensina a governar,
conforme o teu mandar,
por justas leis.

3. A quem governa, ó Deus,
inspira desde os céus
o teu temor.
Ao povo vem unir,
disposto a te servir,
e em nome teu agir
com fé e amor.

4. À amada pátria vem
sustento e todo bem
de ti, Senhor, Aos pobres dá comer,
e a todos faz saber
de como é bom viver
em mútuo amor.

5. Sublimes bênçãos dás,
amor, perdão e paz
e a salvação.
Que a Nova de tua cruz
rebrilhe em clara luz,
guiando a ti, Jesus,
toda a nação.

Letra: Sarah Poulton Kalley, 1888
Melodia: "God Save the Queen" (Thesaurus Musicus, 1744)

01/11/2013

Hino para o Dia de Todos os Santos

“Apocalipse de S. João: 13. A Adoração do Cordeiro e o Hino dos Eleitos” (1497-98), Albrecht Dürer (1471-1528)
O hino “Rendemos glória ao nome de Jesus” (Hinário Luterano, 297), escrito originalmente para uso no Dia de Todos os Santos, nos oferece uma oportunidade para aprendermos mais a respeito dos santos que nos antecederam e apontaram Cristo para nós.

Este hino foi escrito em 1864 por William Walsham How (1823-1897) foi publicado originalmente com 11 estrofes no hinário Hymns for Saint’s Days, and Other Hymns de Earl Nelson, com o título “Saints' Day Hymn. A Cloud of Witnesses. Heb. 12:1”. (Hino para Dia dos Santos. Uma Nuvem de Testemunhas. Hb. 12.1). As alterações no texto deste hino, tal como consta na edição de 1904 de Hymns Ancient & Modern, foram relutantemente sancionadas por William How pouco antes de sua morte em 1897.
A melodia para o hino é SINE NOMINE, publicada no English Hymnal de 1906, por Ralph Vaughan Williams (1872-1958). O título da melodia significa “sem nome”, seguindo a tradição renascentista de nomear certas composições inéditas. A tradução para o Hinário Luterano foi feita em 1947 por Theodor Reuter.

HINÁRIO LUTERANO

1. Rendemos glória ao nome de Jesus
por todos os que estão na eterna luz,
aqui, porém, levaram sua cruz.
Aleluia, Aleluia!

2. Tu, Cristo, foste a sua salvação,
a sua luz na densa escuridão
e, no combate, a sua proteção.
Aleluia, Aleluia!

3. Os crentes todos queiram pelejar
como os teus santos e, afinal, ganhar
o prêmio eterno, o galardão sem par.
Aleluia, Aleluia!

4. Oh! comunhão bendita e divinal:
Nós, fracos — eles, em poder real,
mas todos teus, triunfando contra o mal.
Aleluia, Aleluia!

5. Dourada tarde, no oeste a reluzir,
promete ao combatente o refulgir
da doce aurora no eternal porvir.
Aleluia, Aleluia!

LUTHERAN SERVICE BOOK

O hino no Lutheran Service Book (nº 677) conserva as estrofes originais 1-2, 6-8 e 9-11 com atualização de alguns arcaísmos da língua. (Entre as estrofes omitidos na maioria dos hinários estão aqueles que começam “por todos os apóstolos”, “por todos os evangelistas” e “por todos os mártires”).
O hino inicia com uma proclamação de ação de graças para os santos (a nuvem de testemunhas) que confessaram Cristo e encontraram nele a proteção e inspiração (estrofes 1-2). Essa proclamação é seguida por uma oração pelos soldados de Cristo na terra, para serem fiéis, verdadeiros e ousados (estrofe 3). No cerne do texto está a confissão de uma bendita comunhão dos santos no céu e na terra (estrofe 4). Embora a batalha santa seja feroz e longa (estrofe 5), todos os santos podem adquirir coragem a partir da visão da igreja vitoriosa que adora o Deus Uno e Trino naquele tão glorioso dia (estrofe 6-8).

1. For all the saints who from their labors rest,
who Thee by faith before the world confessed,
Thy name, O Jesus, be forever blest.
Alleluia! Alleluia!

2. Thou wast their rock, their fortress, and their might,
Thou, Lord, their captain in the well-fought fight;
Thou, in the darkness drear, their one true light.
Alleluia! Alleluia!

3. Oh, may Thy soldiers, faithful, true, and bold,
fight as the saints who nobly fought of old
and win with them the victor's crown of gold!
Alleluia! Alleluia!

4. Oh, blest communion, fellowship divine,
We feebly struggle, they in glory shine;
yet all are one in Thee, for all are Thine.
Alleluia! Alleluia!

5. And when the fight is fierce, the warfare long,
Steals on the ear the distant triumph song,
and hearts are brave again, and arms are strong.
Alleluia! Alleluia!

6. The golden evening brightens in the west;
Soon, soon, to faithful warriors cometh rest.
Sweet is the calm of paradise the blest.
Alleluia! Alleluia!

7. But lo, there breaks a yet more glorious day;
the saints triumphant rise in bright array;
the King of glory passes on his way.
Alleluia! Alleluia!

8. From earth's wide bounds, from ocean's farthest coast,
through gates of pearl streams in the countless host,
singing to Father, Son, and Holy Ghost:
Alleluia! Alleluia!

TEXTO ORIGINAL
Lyra Britannica, a collection of British hymns, with biographical sketches of the hymn writers, de Charles Rogers, pg. 318-320 (1867).

1. For all Thy Saints, who from their labours rest,
Who Thee by faith before the world confess'd,
Thy name, O Jesus, be for ever blest.
Alleluia!

2. Thou wast their Rock, their Fortress, and their Might,
Thou, Lord, their Captain in the well-fought fight;
Thou in the darkness drear their Light of light.
Alleluia !

3. For the Apostles' glorious company,
Who, bearing forth the Cross o'er land and sea,
Shook all the mighty world, we sing to Thee
Alleluia!

4. For the Evangelists, by whose blest word,
Like fourfold streams, the garden of the Lord
Is fair and fruitful, be Thy name adored.
Alleluia!

5. For martyrs, who with rapture-kindled eye
Saw the bright crown descending from the sky,
And died to grasp it, Thee we glorify.
Alleluia !

6. Oh ! may Thy soldiers, faithful, true, and bold,
Fight as the saints who nobly fought of old,
And win, with them, the victor's crown of gold.
Alleluia!

7. O blest communion! fellowship Divine!
We feebly struggle, they in glory shine;
Yet all are one in Thee, for all are Thine.
Alleluia !

8. And when the strife is fierce, the warfare long,
Steals on the ear the distant triumph-song,
And hearts are brave again, and arms are strong.
Alleluia !

9. The golden evening brightens in the west:
Soon, soon, to faithful warriors comes the rest;
Sweet is the calm of Paradise the blest.
Alleluia !

10. But lo! there breaks a yet more glorious day:
The saints triumphant rise in bright array;
The King of glory passes on His way.
Alleluia !

11. From earth's wide bounds, from ocean's farthest coast,
Through gates of pearl streams in the countless host,
Singing to Father, Son, and Holy Ghost
Alleluia !

Fontes: Hinário Luterano, Lutheran Service Book, Lyra Britannica e Hymnary.org

31/10/2013

Castelo forte é nosso Deus (Ein feste Burg ist unser Gott)

Castelo Forte é nosso Deus (Ein feste Burg ist unser Gott) é talvez o hino mais conhecido de Martinho Lutero. Apareceu publicado sob o título “Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus” (O Salmo 46. Nosso Deus [é] refúgio e força). O texto do hino é baseado neste Salmo.

A data e as circunstâncias de sua composição são controversas. Alguns apontam para 1521 (Dieta de Worms), 1529 (Dieta de Espira), 1530 (Dieta de Augsburgo), ou para este período entre 1521-1530.
O mais antigo registro do hino está no hinário de Augsburgo de Jakob Dachser, intitulado “Form und Ordnung geistlicher Gesang und Psalmen” de 1529. O hino provavelmente já havia aparecido no hinário de Wittenberg de Hans Weiss publicado no ano de 1528, cuja cópia não existe. Acredita-se que ele aparece também numa primeira edição perdida do hinário “Geistlich Lieder” (Cânticos Espirituais) de Joseph Klug (1490-1552), publicado em Wittenberg em 1529, uma vez que consta na edição deste hinário de 1833. Foi impresso também no hinário de Erfurt de Andreas Rauscher (1531).
Quem muito colaborou para difundir este hino de Lutero na Alemanha, foi o sapateiro e poeta de Nurenbergue Hans Sachs (1494-1576). Ele mandou imprimir folhetos volantes que podiam ser vendidos bem baratos. Neles estava representada (1) a xilogravura de Albrecht Dürer (1471-1528) intitulada “Ritter, Tod und Teufel” (Cavaleiro, Morte e Diabo) feita em 1513, (2) o texto do hino “Deus é castelo forte e bom...” e (3) a seguinte observação: >>Cada cristão corajoso, usando a “armadura de Deus” (Efésios 6,11), tranquilo e seguro como este cavalheiro, consegue atravessar o deserto espinhento e arrepiante desta vida, cheia de lama e imundície, e não precisa temer nem morte, nem o diabo, mas, dirigindo seu olhar para a cidade de Deus em cima do monte da salvação, pode vencer e desprezar morte e diabo, como este velho cavalheiro o faz, e pode cantar ainda alegremente: “Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos: Sem medo estamos, pois não tem poder de superar-nos.” (Leonhard Creutzberg. Deus é castelo forte e bom. 03/07/2012)
Além de constar nos hinários luteranos brasileiros Hinos do Povo de Deus (nº 97) e Hinário Luterano (nº 165), o hino de Lutero também faz parte dos hinários Novo Cântico (nº 155), Cantai todos os Povos (nº 409), Salmos e Hinos (nº 640), Cantor Cristão (nº 323), Harpa Cristã (nº 581), Hinário Adventista do Sétimo Dia (nº 33), Hinos de Louvores e Súplicas a Deus da Congregação Cristã no Brasil (nº 381)

Hinário Luterano, nº 165 - Castelo forte é nosso Deus
Tradução: Rev. Rodolfo Hasse (1890-1968)



1. Castelo forte é nosso Deus,
defesa e boa espada;
da angústia livra desde os céus
nossa alma atribulada.
Investe Satã
com hábil afã
e sabe lutar
com força e ardil sem par;
igual não há na terra.

2. Sem força para combater,
teríamos perdido.
Por nós batalha e irá vencer
quem Deus tem escolhido.
Quem é vencedor?
Jesus Redentor,
o próprio Jeová,
pois outro Deus não há;
triunfará na luta.

3. O mundo venham assaltar
demônios mil, furiosos,
jamais nos podem assombrar,
seremos vitoriosos.
Do mundo o opressor,
com todo rigor
julgado ele está;
vencido cairá
por uma só palavra.

4. O Verbo eterno ficará,
sabemos com certeza,
e nada nos perturbará
com Cristo por defesa.
Se vierem roubar
os bens, vida e o lar —
que tudo se vá!
Proveito não lhes dá.
O céu é nossa herança.

Deus é Castelo forte e bom - Hinos do Povo de Deus, nº 97



1. Deus é castelo forte e bom,
defesa e armamento.
Assiste-nos com sua mão,
na dor e no tormento.
O rei infernal das trevas do mal,
com todo o poder
e astúcia quer vencer:
Igual não há na terra.

2. A minha força nada faz,
sozinho estou perdido.
Um homem a vitória traz,
por Deus foi escolhido.
Quem trouxe esta luz?
Foi Cristo Jesus,
o eterno Senhor,
outro não tem vigor;
triunfará na luta.

3. Se inúmeros demônios vêm,
querendo exterminar-nos:
Sem medo estamos, pois não têm
poder de superar-nos.
Pois o rei do mal,
de força infernal,
não dominará;
Já condenado está
por uma só palavra.

4. O Verbo eterno vencerá
as hostes da maldade.
As armas o Senhor nos dá:
Espírito, Verdade.
Se a morte eu sofrer,
se os bens eu perder:
que tudo se vá!
Jesus conosco está.
Seu Reino é nossa herança!

Ein feste Burg ist unser Gott – Martin Luther Gesangbuch (Kirchengemeinde Höchstenbach)



1. Ein feste Burg ist unser Gott,
ein gute Wehr und Waffen.
Er hilft uns frei aus aller Not,
die uns jetzt hat betroffen.
Der alt böse Feind
mit Ernst er’s jetzt meint;
groß Macht und viel List
sein grausam Rüstung ist,
auf Erd ist nicht seinsgleichen.

2. Mit unsrer Macht ist nichts getan,
wir sind gar bald verloren;
es streit' für uns der rechte Mann,
den Gott hat selbst erkoren.
Fragst du, wer der ist?
Er heißt Jesus Christ,
der Herr Zebaoth,
 und ist kein andrer Gott,
 das Feld muss er behalten.

3. Und wenn die Welt voll Teufel wär
 und wollt uns gar verschlingen,
so fürchten wir uns nicht so sehr,
es soll uns doch gelingen.
Der Fürst dieser Welt,
 wie sau'r er sich stellt,
tut er uns doch nicht;
das macht, er ist gericht':
Ein Wörtlein kann ihn fällen.

4. Das Wort sie sollen lassen stahn
 und kein Dank dazu haben;
er ist bei uns wohl auf dem Plan
 mit seinem Geist und Gaben.
Nehmen sie den Leib,
Gut, Ehr, Kind und Weib:
Lass fahren dahin,
sie haben's kein' Gewinn,
das Reich muss uns doch bleiben.

Tradução no volume 7 das Obras Selecionadas de Martinho Lutero

1. Castelo firme é nosso Deus,
boa defesa e armamento.
Ele nos livra de toda a aflição
que agora nos atingiu.
O velho e malvado inimigo
agora investe para valer,
grande poder e muita astúcia
são seu cruel armamento,
sobre a terra não existe igual a ele.

2. Com nossa força nada alcançaremos,
logo estaremos perdidos.
Por nós luta o homem certo,
que o próprio Deus escolheu.
Perguntas quem é ele?
Seu nome é Jesus Cristo,
o Senhor Zebaote,
e não há outro Deus.
Ele há de vencer.

3. Ainda que o mundo estivesse cheio de demônios
e nos quisesse devorar,
não nos apavoremos demais,
pois venceremos apesar de tudo.
O príncipe deste mundo,
por mais raivoso que se apresente,
nada nos fará,
isto porque já está julgado,
uma palavrinha pode derrubá-lo.

4. A palavra eles têm de deixar de pé,
mesmo que não o queiram.
Ele está agindo entre nós
com seu Espírito e dons.
Se [nos] tirarem o corpo,
bens, honra, filhos e esposa,
que se vá!
Isso não lhes traz nenhum proveito,
o reino mesmo assim há de ser nosso.

29/09/2013

A tua igreja, ó Deus

“Elias e o Anjo” (1672), Godfrey Kneller (1646-1723)
Um belo hino (Hinário Luterano, # 506) de Martinho Lutero Hasse para este dia de São Miguel e Todos os Anjos.

1. A tua igreja, ó Deus,
tu sempre protegias,
enviando os anjos teus.
Assim a defendias
dos que, por ódio a ti,
queriam impedir
tua obra santa aqui
e as almas destruir.

2. Também agora estão,
ó Deus, ao nosso lado
teus anjos que nos vão
guiando com cuidado.
Não os podemos ver,
mas cremos que eles vêm
e cheios de poder,
protegem os que creem.

3. Conserva, ó bom Senhor,
em nossa companhia
teu anjo protetor.
A nossa vida guia
em segurança e paz
até nos sobrevir
o dia que nos traz
a glória do provir.

Martinho Lutero Hasse (1919-2004). Mel. O GOTT, DU FROMMER GOTT, 1675 em “Neuvermehrtes Gesangbuch”, Meiningen, 1693.

27/09/2013

Herr Gott, dich loben alle wir, BWV 130

Johann Sebastian Bach compôs a cantata Herr Gott, dich loben alle wir (Senhor Deus, nós te louvamos), BWV 130, para a Festa de São Miguel e Todos os Anjos de 29 de setembro 1724, em Leipzig. A cantata é baseada no hino de doze estrofes de Paul Eber (1554 ), que é uma paráfrase do hino em latim “Dicimus grates tibi” de Philipp Melanchton.

As leituras previstas para este dia festivo eram de Apocalipse 12.7-12 (Miguel lutando contra o dragão) e do Evangelho de Mateus 18.1-11 (O céu pertence aos pequeninos, os anjos veem a face de Deus), mas não estão necessariamente explícitos no texto da cantata.

A cantata louva e agradece a Deus pela criação dos anjos. O movimento 3 faz menção de Satanás como o “alter Drachen” (velho dragão) e a luta de Miguel. O movimento 4 mostra exemplos de proteção dos anjos na Bíblia, como no caso de Daniel (Dn 6.23) e dos três jovens na fornalha ardente (Dn 3). O texto continua com a oração pela proteção dos anjos, bem como a menção de Elias sendo levado ao céu (2 Rs 2.11 ) e concluiu com louvor, ação de graças e pedido de proteção.



Herr Gott, dich loben alle wir (BWV 130)

1. Coro
Tromba I-III, Tamburi, Oboe I-III, Violino I/II, Viola, Continuo

Herr Gott, dich loben alle wir
Und sollen billig danken dir
Für dein Geschöpf der Engel schon,
Die um dich schwebn um deinen Thron.

2. Recitativo A
Continuo

 Ihr heller Glanz und hohe Weisheit zeigt,
Wie Gott sich zu uns Menschen neigt,
Der solche Helden, solche Waffen
Vor uns geschaffen.
Sie ruhen ihm zu Ehren nicht;
Ihr ganzer Fleiß ist nur dahin gericht',
Dass sie, Herr Christe, um dich sein
Und um dein armes Häufelein:
Wie nötig ist doch diese Wacht
Bei Satans Grimm und Macht?

3. Aria B
Tromba I-III, Tamburi, Continuo

 Der alte Drache brennt vor Neid
Und dichtet stets auf neues Leid,
Dass er das kleine Häuflein trennet.
    Er tilgte gern, was Gottes ist,
    Bald braucht er List,
    Weil er nicht Rast noch Ruhe kennet.

4. Recitativo (Duetto) S T
Violino I/II, Viola, Continuo

 Wohl aber uns, dass Tag und Nacht
Die Schar der Engel wacht,
Des Satans Anschlag zu zerstören!
Ein Daniel, so unter Löwen sitzt,
Erfährt, wie ihn die Hand des Engels schützt.
Wenn dort die Glut
In Babels Ofen keinen Schaden tut,
So lassen Gläubige ein Danklied hören,
So stellt sich in Gefahr
Noch itzt der Engel Hülfe dar.

5. Aria T
Flauto traverso, Continuo

 Lass, o Fürst der Cherubinen,
Dieser Helden hohe Schar Immerdar
Deine Gläubigen bedienen;
    Dass sie auf Elias Wagen
    Sie zu dir gen Himmel tragen.

6. Choral
Tromba I-III, Tamburi, Oboe I e Violino I col Soprano, Oboe II e Violino II coll' Alto, Oboe III e Viola col Tenore, Continuo

 Darum wir billig loben dich
Und danken dir, Gott, ewiglich,
Wie auch der lieben Engel Schar
Dich preisen heut und immerdar.
Und bitten dich, wollst allezeit
Dieselben heißen sein bereit,
Zu schützen deine kleine Herd,
So hält dein göttlichs Wort in Wert.

Fonte: The Bach Cantatas

26/09/2013

Senhor, cantamos teu louvor

No dia 29 de setembro a Igreja Cristã festeja São Miguel e Todos os Anjos. Este ano a data festiva cai num domingo, uma oportunidade ímpar para luteranos refletirem em seus cultos sobre as bênçãos de Deus na forma de seus anjos, que Lhe servem ao servirem seus "pequeninos", isto é, todos os crentes em nosso Senhor Jesus Cristo.

“São Miguel e Outros Anjos” (c. 1408-10), Spinello Aretino (1345-52-1410)
Philipp Melanchthon, colega de Lutero em Wittenberg, escreveu um hino que louva a Deus por seus santos anjos. É o hino 511 do Hinário Luterano: “Senhor, cantamos teu louvor”.

1. Senhor, cantamos teu louvor, 
por seres tu o Criador 
dos santos anjos celestiais, 
ministros puros e leais. 

2.Circundam em brilhante luz 
o santo trono de Jesus, 
atentos à revelação 
do autor da eterna salvação. 

3.Constantemente a vigiar, 
sem nunca, nunca descansar, 
vêm proteger os que na luz 
andarem com o bom Jesus. 

4.Enviando desde os altos céus 
os anjos em socorro aos seus, 
assim preserva o Deus fiel 
seu povo eleito de Israel. 

5.Cantamos, com a santa grei, 
louvor e glória a ti, ó Rei, 
com voz sonora a proclamar 
a tua graça, sem cessar. 

O hino em latim “Dicimus grates tibi, summe rerum”, escrito por Philipp Melanchthon (1497-1560) para o dia de São Miguel e Todos os Anjos, apareceu primeiramente em 10 estrofes no De Angelis Duo Hymni (Wittenberg, Alemanha: 1534). Depois Wackernngel deu-lhe as 11 estrofes, como segue:




1. Dicimus grates tibi, summe rerum
Conditor, gnato tua quod ministros
flammeos finxit manus angelorum 
agmina pura.

2. Qui tuae lucis radiis vibrantes
te vident laetis oculis, tuasque
hauriunt voces, sapientiaeque 
fonte fruuntur.

3. Nos non ignavum finis esse vulgus,
nec per ingentes volitare frustra
aetheris tractus, temere nec inter 
ludere ventos.

4. Sed iubes Christo comites adesse
et pios caetus hominum tueri,
qui tuas leges venerantur, atque 
discere curant.

5. Impiis ardens odiis et ira
nam tuis castris draco semper infert 
bella, qui primis scelus atque mortem 
intulit orbi.

6. Hic domos, urbes, tua templa, gentes
et tuae legis monumenta tota
et bonos mores abolere tentat 
funditus omnes.

7. Interim sed nos regit angelorum,
quae ducem Christum sequitur, caterva,
atque grassantis reprimit cruenta 
arma draconis.

8. Angeli Lothon Sodomae tuentur,
inter infestos Clisaeus hostes,
angelis cinctus, nihil extimescit 
bellica signa.

9. Tutus est inter medios leones,
angelis septus, Daniel propheta:
sic tegit semper Deus his ministris 
omnia nostra.

10. Hoc tum munus celebramus una,
et tibi noster chorus angelique
gratias dicunt simul accinentes, 
Conditor alme.

11. Et tuo templo vigiles ut addas 
angelos semper, populoque, gnati,
qui tui verbum colit, obsecramus
pectore toto.

Paul Eber (1511-1569), amigo de Philipp Melanchthon, deu ao hino a sua forma alemã. Esta versão apareceu numa impressão separada em Ein schön New Geistlich Lobgesang (Nuremberg, Alemanha: c. 1554) intitulada “Herr Gott, dich loben alle wir”, em doze estrofes.

1. Herr Gott, dich loben alle wir
Und sollen billig danken dir
Für dein Geschöpf der Engel schön,
Die um dich schweb'n vor deinem Thron.

2. Sie glänzen hell und leuchten klar 
Und sehen dich ganz offenbar, 
Dein' Stimm' sie hören allezeit 
Und sind voll göttlicher Weisheit.

3. Sie feiern auch und schlafen nicht, 
Ihr Fleiss ist gar dahin gericht't, 
Dass sie, Herr Christe, um dich sei'n 
Und um dein armes Häufelein.

4. Der alte Drach' und böse Feind
Vor Neid, Hass und vor Zorne brennt;
Sein Dichten steht allein darauf,
Wie von ihm werd' zertrennt dein Hauf'.

5. Und wie er vormals bracht' in Not 
Die Welt, fuhrt er sie noch in Tod; 
Kirch', Wort, Gesetz, all' Ehrbarkeit 
Zu tilgen, ist er stets bereit.

6. Darum kein' Rast noch Ruh' er hat, 
Brüllt wie ein Löw', tracht't früh und spat,
Legt Garn und Strick, braucht falsche List,
Dass er verderb', was christlich ist.

7. Also schützt Gott noch heutzutag' 
Vor Ubel und gar mancher Plag' 
Uns durch die lieben Engelein, 
Die uns zu Wächtern geben sein.

8. Darum wir billig loben dich 
Und danken dir, Gott, ewiglich, 
Wie auch der lieben Engel Schar 
Dich preiset heut' und immerdar.

A versão alemã de Paul Eber foi traduzida para o inglês (Lord God, We All to Thee Give Praise) por Emanuel Cronenwett (1841-1931) no Ohio Lutheran Hymnal (1880)
A tradução de Leonido Krey para o português no Hinário Luterano (nº 511) também é baseada na versão alemã de Paul Eber.
A melodia é “Old Hundredth”, publicada na segunda edição do Saltério Genebrino Pseaumes Octante Trois de David (1551), que teve a supervisão de Loys Bourgeois (c.1510–1560). Embora a melodia estivesse associada pela primeira vez com o Salmo 134 no Saltério Genebrino, recebeu o nome atual de uma associação posterior com o Salmo 100, numa paráfrase feita por William Kethe.

Fonte: The Handbook to The Lutheran Hymnal (St. Louis: Concordia Publishing House, 1942), p. 186-187.

04/09/2013

Estes são os santos dez mandamentos

Era tradição medieval pregar acerca dos Dez Mandamentos na época da Paixão. Lutero deu continuidade a essa tradição. De suas reflexões sobre o Decálogo surgiram hinos. Qual a razão dos hinos? É simples: "fazer com que o povo apreenda os 10 mandamentos com facilidade". Além desta versão, mais longa, Lutero compôs outra, abreviada, que leva por título: Mensch, wiltu leben seliglich (ser humano, queres viver em bem-aventurança). Ambas devem ter surgido em 1524. No ano seguinte, foram cantadas durante a quaresma. (OSel 7:509-511)

Xilogravura de Moisés recebendo os Dez Mandamentos.
Ilustração de Sebald Beham para o Livro de Oração de Lutero (1527)

 1 - Dez mandamentos prescreveu
o Deus Senhor do trono seu.
Moisés, o servo seu - lembrai! -
os recebeu no Sinai.
Kyrioleis.

2 - Eu sou teu Deus, e mais ninguém,
além de mim outro não tem.
Somente em mim hás de confiar,
de coração me adorar.
Kyrioleis.

3 - O nome de teu Deus Senhor
jamais desonres, por favor.
Não deves reto e bom chamar
exceto o que Deus mandar.
Kyrioleis.

4 - O santo dia guardarás,
descanso a ti e aos teus darás.
Tua obra há de descansar
e Deus em ti há de obrar.
Kyrioleis.

5 - A pai e mãe irás honrar,
obedecer e respeitar.
Com tua mão lhes servirás
e vida longa terás.
Kyrioleis.

6 - Não matarás em teu furor,
jamais serás teu vingador.
Paciente e dócil tu serás
e o inimigo amarás.
Kyrioleis.

7 - O matrimônio - escuta bem!
será santíssimo, e também
a vida casta deve ser,
disciplinado o viver.
Kyrioleis.

8 - Não roubarás dinheiro ou bem,
jamais explorarás alguém.
Bondosa seja a tua mão,
ao pobre darás teu pão.
Kyrioleis.

9 - E quando vais testemunhar
não vás o próximo lesar.
Procura o irmão inocentar,
sua vergonha ocultar.
Kyrioleis.

10 - Proibido estás de cobiçar
do próximo a mulher e o lar.
O bem que quer teu coração
também farás a teu irmão.
Kyrioleis.

11 - Os mandamentos cá estão
p'ra nos mostrar o coração
pecaminoso, e p'ra aprender
com Deus bem reto viver.
Kyrioleis.

12 - Ajuda-nos, Jesus Senhor,
tu és o nosso Mediador.
É nada todo o meu labor,
mereço só teu furor.
Kyrioleis.

Texto de Martinho Lutero: Dies sind die heil'gen Zehn Gebot'

1. Dies sind die heil'gen Zehn Gebot',
Die uns gab unser Herre Gott
Durch Moses, seinen Diener treu,
Hoch auf dem Berg Sinai.
Kyrieleis!

2. Ich bin allein dein Gott, der Herr,
Kein' Goetter sollst du haben mehr;
Du sollst mir ganz vertrauen dich,
Von Herzensgrund lieben mich.
Kyrieleis!

3. Du sollst nicht fuehren zu Unehr'n
Den Namen Gottes, deines Herrn;
Du sollst nicht preisen recht noch gut,
Ohn' was Gott selbst red't und tut.
Kyrieleis!

4. Du sollst heil'gen den Feiertag,
Dass du und dein Haus ruhen mag;
Du sollst von dein'm Tun lassen ab,
Dass Gott sein Werk in dir hab'.
Kyrieleis!

5. Du sollst ehr'n und gehorsam sein
Dem Vater und der Mutter dein,
Und wo dein' Hand ihn'n dienen kann,
So wirst du lang's Leben hab'n.
Kyrieleis!

6. Du sollst nicht toeten zorniglich,
Nicht hassen noch selbst raechen dich,
Geduld haben und sanften Mut
Und auch dem Feind tun das Gut'.
Kyrieleis!

7. Dein Eh' sollst du bewahren rein,
Dass auch dein Herz kein' andre mein',
Und halten keusch das Leben dein
Mit Zucht und Maessigkeit fein.
Kyrieleis!

8. Du sollst nicht stehlen Geld noch Gut,
Nicht wuchern jemands Schweiss und Blut;
Du sollst auftun dein' milde Hand
Den Armen in deinem Land.
Kyrieleis!

9. Du sollst kein falscher Zeuge sein,
Nicht luegen auf den Naechsten dein;
Sein Unschuld sollst auch retten du
Und seine Schand' decken zu.
Kyrieleis!

10. Du sollst dein's Naechsten Weib und Haus
Begehren nicht noch etwas draus;
Du sollst ihm wuenschen alles Gut',
Wie dir dein Herz selber tut.
Kyrieleis!

11. Die Gebot all' uns geben sind,
Dass du dein' Suend', o Menschenkind,
Erkennen sollst und lernen wohl,
Wie man vor Gott leben soll.
Kyrieleis!

12. Das helf' uns der Herr Jesus Christ,
Der unser Mittler worden ist;
Es ist mit unserm Tun verlor'n,
Verdienen doch eitel Zorn.
Kyrieleis!

Notas:
287 do Handbook to The Lutheran Hymnal
Texto: Êxodo 20.1-17
Autor: Martinho Lutero, 1524
Título: Dies sind die heil'gen Zehn Gebot'
Melodia: Dies sind die heil'gen
Melodia alemã, c. 1200

The Handbook to The Lutheran Hymnal (St. Louis: Concordia Publishing House, 1942), p. 208-209.

03/09/2013

Nocte surgentes

O bispo Gregório, chamado “o Magno” ou também “o Grande” por sua sabedoria, inteligência e caridade, era muito frágil na sua constituição física e na sua saúde, tendo por isso relutado a aceitar o cargo de bispo de Roma. No entanto, os catorze anos de seu ministério pastoral deixaram uma marca muito positiva na história da igreja, especialmente no campo litúrgico, como a promoção do canto gregoriano e a introdução do Pai-Nosso no culto.
Sua influência estende-se até os dias de hoje no canto da liturgia que a Igreja Luterana herdou da igreja antiga, bem como na hinologia. O hino 489 (É finda a noite) do Hinário Luterano (IELB), originalmente intitulado “Nocte surgentes”, é geralmente atribuído a Gregório Magno, embora alguns o atribuam a Alcuíno de York (735-804).

- Versão em Português do Hinário Luterano, n.º 489
Autor: Gregório Magno (540-604);
Versão inglesa: “Father, We Praise Thee”, Percy Dearmer (1867-1936) em “The English Hymnal”, 1906;
Tradução: João Wilson Faustini, 1964;
Melodia: “Christe Sanctorum”, melodia da igreja francesa em “Paris Antiphoner”, 1681.

1.É finda a noite!
Nosso Pai louvamos
em ternos hinos neste novo dia!
Graças rendemos ao Senhor, cantando
com alegria!

2.Ó Rei gracioso, faze nossa vida
mais nobre e santa, mais fiel e pura;
que desfrutemos com os teus remidos
da paz futura!

3.Ó Deus bondoso, dá-nos tua graça,
e sê conosco, Pai onipotente.
É tua glória, teu, Senhor, o reino,
eternamente. Amém.

- Versão Latina de Gregório Magno:

Nocte surgentes vigilemus omnes,
semper in psalmis meditemur atque
viribus totis Domino canamus
dulciter hymnos,

Ut, pio regi pariter canentes,
cum suis sanctis mereamur aulam
ingredi caeli, simul et beatam
ducere vitam.

Praestet hoc nobis Deitas beata
Patris ac Nati, pariterque Sancti
Spiritus, cuius resonat per omnem
gloria mundum. Amen.

Manuscrito latino de "Nocte surgentes" no Bréviaire de Paris, 1201-1300 (Bibliothèque nationale de France)

02/09/2013

O Cântico de Ana e o Cântico de Maria

“Ana levando seu filho Samuel ao Sacerdote” (1645), Jan Victors (1619-1676)

Hoje nosso Sínodo comemora Ana, mãe de Samuel. Se Samuel é em muitos aspectos um tipo de nosso Senhor, Ana prefigura a Mãe de Deus.

Por não ter filhos, ela orou ao Senhor por uma criança, prometendo que seria “devolvido ao Senhor” [1 Sm 1.28] por toda a sua vida. Deus ouviu e atendeu a sua oração dando-lhe o filho, Samuel. Quando ela o trouxe para Eli, o sacerdote, entoou um cântico que tem fortes semelhanças com o Magnificat de Maria:

O meu coração se regozija no SENHOR, 
a minha força está exaltada no SENHOR;

Não há santo como o SENHOR; 
porque não há outro além de ti;
e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus.

Os que antes eram fartos hoje se alugam por pão, 
mas os que andavam famintos não sofrem mais fome;

O SENHOR é o que tira a vida e a dá; 
faz descer à sepultura e faz subir.

Levanta o pobre do pó e, 
desde o monturo, exalta o necessitado.

Leia todo o cântico em 1 Samuel 2!

Assim como o filho de Ana foi “devolvido ao Senhor" assim também o Filho de Maria seria “devolvido ao Senhor” de uma forma muito mais profunda e intensa: o Filho de Maria devolve a humanidade ao Senhor na medida em que o Senhor assume a humanidade na sua carne e a torna sua própria carne, e então, nesta carne humana, presta a completa obediência que todo ser humano devia e ninguém mais podia oferecer. É difícil ler a canção de Ana e não ver seu glorioso cumprimento no menino da Bem-aventurada Theotokos, nosso Senhor Jesus.

Por tua serva Ana, querido Senhor, glória sejam dadas a ti!

Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri. (Traduzido de Weedon's Blog, 02.09.2006)

19/08/2013

Ó fronte ensanguentada

“Fronte de Cristo com Coroa de Espinhos” ( 1520-25), Lucas Cranach, o Velho (1472-1553)

Bernardo de Claraval
O tradicional hino “Ó fronte ensangüentada” tem sua origem no longo poema medieval em latim “Salve mundi salutare” (Também conhecido como Rhythmica oratio). O poema foi historicamente atribuído a Bernardo de Claraval (1091-1153), pois eles são coerentes com a sua espiritualidade. No entanto, ultimamente tem-se pensado ser mais provável a autoria do poeta e monge cisterciense Arnulfo de Lovaina (c. 1200–1250).
Os sete cantos do pema "Salve Mundi Salutare” são uma meditação sobre os vários membros de Cristo pendurado na cruz: Ad Pedes, Ad Génova, Ad Manus, Ad Latus, Ad Pectus, Ad Cor, Ad Faciem (Para os pés, joelhos , mãos, lado, peito, coração, e fronte). “Ó fronte ensanguentada” é baseado apenas no sétimo canto deste poema, no “Ad Faciem”, que originalmente inicia com as palavras “Salve caput cruentatum”, exaltando a fronte de Cristo coroada de espinhos.
Paul Gerhardt

O hino, tal como se encontra no Hinário Luterano (nº 88), é uma tradução e reformulação feita em 1656 pelo hinólogo luterano Paul Gerhardt (1607-1676), do sétimo canto do poema. A versão de Gerhardt não é uma tradução do latim. Muitos detalhes são expandidos ou adaptados para sugerir uma contemplação mais pessoal de Cristo na cruz. Embora Gerhardt tenha traduzido todo o poema, é o ultimo canto que se tornou mais conhecido, sendo muitas vezes atribuído à ele por causa de sua reformulação. A versão de Gerhadt em alemão intitula-se “O Haupt voll Blut und Wunden” (Ó Fronte Ensanguentada e Ferida), das palavras iniciais do hino.

A melodia é do compositor luterano renascentista Hans Leo Hassler (1564-1612), era originalmente um madrigal, a canção amor secular “Mein G’müt ist mir verwirret” (Minha alma está transtornada pelos encantos de uma terna donzela) e apareceu pela primeira vez impressa em 1601. A música foi apropriada e ritmicamente simplificada para o hino alemão de Gerhardt em 1656 por Johann Crüger na sua “Praxis Pietatis Mélica”.

Hans Leo Hassler
A melodia do Hinário Luterano “Herzlich thut mich verlangen” (também conhecida como “Ach Herr, Mich Armen Sunder” ou “Passion Chorale”) foi associada com o texto de Gerhardt desde que foram publicadas juntos pela primeira vez em 1656. Mas a primeira associação da melodia com um texto sacro foi na sua junção em 1613 com o texto funeral de Christoph Knoll “Herzlich tut mich verlangen” (daí o nome da melodia). Ela era originalmente uma canção de cortejo publicada por por Hans Leo Hassler em seu “Lustgarten neuer teutscher Gesäng” (1601).

Johann Sebastian Bach arranjou a melodia e utilizou cinco estrofes do hino em sua “Paixão Segundo São Mateus”, a estrofe 6 em sua cantata “Sehet, wir gehn hinauf gen Jerusalem” (BWV 159). Bach também usou a melodia em palavras diferentes em seu Oratório de Natal. Franz Liszt incluiu um arranjo desse hino na sexto estação de sua “Via Crucis” (S.504a).

Vale lembrar também que os sete cantos de “Salve mundi salutare” foram usados para o texto de Dieterich Buxtehude (c. 1637-39 - 1707) sobre os diferentes partes do corpo crucificado de Cristo, intitulado “Membra Jesu nostri patientis sanctissima” (BuxWV 75). Esta obra é conhecida como o primeiro oratório luterano.

No Hinário Luterano da IELB, não temos informação de quem é o tradutor do hino sob nº 88.
Em Hinos da Igreja Evangélica (1939), o hino de nº 27 tem a tradução do Rev. Hans Muller, contendo 7 estrofes. No Hinário da IECLB de 1964 consta sob nº 51, também com 7 estrofes, mas reformulado pela comissão do hinário. Em Hinos do Povo de Deus da IECLB (de 1981) está sob o nº 53, com apenas 5 estrofes, com a primeira estrofe readaptada e as demais seguindo o hinário de 1964.

HINÁRIO LUTERANO – nº 88 

1.Ó fronte ensanguentada,
ferida pela dor,
de espinhos coroada,
marcada pelo horror!
Ó fronte, outrora ornada
de eterna glória e luz,
agora desprezada —
adoro-te, Jesus!

2.Ó rosto glorioso,
que sempre fez tremer
o mundo poderoso,
fizeram-te sofrer!
O quanto estás mudado!
O teu sublime olhar,
de tão atormentado,
não vejo mais brilhar.

3.O que tens suportado
foi minha própria dor;
eu mesmo sou culpado
de tua cruz, Senhor.
Oh! vê-me, aflito e pobre:
só ira mereci;
com tua graça encobre
o mal que cometi!

4.Pertenço ao teu rebanho,
Jesus, meu bom Pastor;
Senhor, favor tamanho
provém do eterno amor.
Do Verbo dos teus lábios
eu sempre me nutri.
Os pensamentos sábios
obtenho só de ti.

5.Momentos de alegria
e grande bem-estar,
ó meu divino Guia,
eu sinto ao meditar
no que por mim fizeste.
A fim de me redimir
a própria vida deste.
É bom a ti seguir.

6.Penhor tão precioso
me vem da tua cruz!
Por este dom gracioso
te louvo, meu Jesus.
Concede fiel me apegue
a ti, no meu final,
e nunca te renegue,
Amigo sem igual.

7.Quando eu partir um dia,
comigo vem estar.
Perfeita garantia
na morte vieste dar.
Que toda a tua angústia
me livre da aflição:
e o diabo e sua astúcia
não mais me afligirão.

8.Consola-me na morte,
lembrando a tua dor;
és meu escudo forte,
glorioso Vencedor.
Estando a contemplar-te,
confiante vou dizer,
feliz, ao abraçar-te:
Assim é bom morrer!

HINOS DOS POVOS DE DEUS – nº 53

1. Ó fronte ensanguentada,
ferida pela dor,
de espinhos coroada,
marcada pelo horror!
Ó fronte, outrora ornada
de eterna glória e luz,
agora desprezada
adoro-te, Jesus!

2. Ó rosto glorioso
que sempre fez tremer
o mundo poderoso:
Fizeram-te sofrer!
O quanto estás mudado!
O teu sublime olhar,
cruelmente atormentado,
deixou já de brilhar.

3. O que tens suportado
foi minha própria dor;
eu mesmo sou culpado
de tua cruz Senhor.
Ó vê-me, aflito e pobre:
castigo mereci;
com tua graça encobre
o mal que cometi!

4. Senhor, teu sofrimento
conforta o coração.
Por teu cruel tormento
obtenho a salvação.
Ó dá que eu permaneça
contigo, fiel Senhor!
Morrendo, eu adormeça
em ti, meu Salvador!

5. No termo desta vida,
ó não me deixes só!
Concede-me guarida,
levanta-me do pó!
E se na dor pungente
meu coração tremer,
vem tu, Jesus clemente,
lembrar-me o teu sofrer!


PAUL GERHARDT - O Haupt voll Blut und Wunden
Paul Gerhardt Gesangbuch


1 O Haupt voll Blut und Wunden,
Voll Schmerz und voller Hohn,
O Haupt, zum Spott gebunden
Mit einer Dornenkron;
O Haupt, sonst schön gezieret
Mit höchster Ehr' und Zier,
Jetzt aber höchst schimpfieret:
Gegrüßet sei'st du mir!

2. Du edles Angesichte,
davor sonst schrickt und scheut
das große Weltgewichte:
wie bist du so bespeit,
wie bist du so erbleichet!
Wer hat dein Augenlicht,
dem sonst kein Licht nicht gleichet,
so schändlich zugericht?

3. Die Farbe deiner Wangen,
der roten Lippen Pracht
ist hin und ganz vergangen;
des blassen Todes Macht
hat alles hingenommen,
hat alles hingerafft,
und daher bist du kommen
von deines Leibes Kraft.

4. Nun, was du, Herr, erduldet,
ist alles meine Last;
ich hab es selbst verschuldet,
was du getragen hast.
Schau her, hier steh ich Armer,
der Zorn verdienet hat.
Gib mir, o mein Erbarmer,
den Anblick deiner Gnad.

5. Erkenne mich, mein Hüter,
mein Hirte, nimm mich an.
Von dir, Quell aller Güter,
ist mit viel Guts getan;
dein Mund hat mich gelabet
mit Milch und süßer Kost,
dein Geist hat mich begabet
mit mancher Himmelslust.

6. Ich will hier bei dir stehen,
verachte mich doch nicht;
von dir will ich nicht gehen,
wenn dir dein Herze bricht;
wenn dein Haupt wird erblassen
im letzten Todesstoß,
alsdann will ich dich fassen
in meinen Arm und Schoß.

7. Es dient zu meinen Freuden
und tut mir herzlich wohl,
wenn ich in deinem Leiden,
mein Heil, mich finden soll.
Ach möcht ich, o mein Leben,
an deinem Kreuze hier
mein Leben von mir geben,
wie wohl geschähe mir!

8. Ich danke dir von Herzen,
o Jesu, liebster Freund,
für deines Todes Schmerzen,
da du’s so gut gemeint.
Ach gib, dass ich mich halte
zu dir und deiner Treu
und, wenn ich nun erkalte,
in dir mein Ende sei.

9. Wenn ich einmal soll scheiden,
so scheide nicht von mir,
wenn ich den Tod soll leiden,
so tritt du dann herfür;
wenn mir am allerbängsten
wird um das Herze sein,
so reiß mich aus den Ängsten
kraft deiner Angst und Pein.

10. Erscheine mir zum Schilde,
zum Trost in meinem Tod,
und lass mich sehn dein Bilde
in deiner Kreuzesnot.
Da will ich nach dir blicken,
da will ich glaubensvoll
dich fest an mein Herz drücken.
Wer so stirbt, der stirbt wohl.

TEXTO LATINO - Salve, caput cruentatum

1 Salve, caput cruentatum,
Totum spinis coronatum,
Conquassatum, vulneratum,
Arundine sic verberatum
Facie sputis illita,

2 Salve, cuius dulcis vultus,
Immutatus et incultus
Immutavit suum florem
Totus versus in pallorem
Quem coeli tremit curia.

3 Omnis vigor atque viror
Hinc recessit, non admiror,
Mors apparet in aspectu,
Totus pendens in defectu,
Attritus aegra macie.

4 Sic affectus, sic despectus
Propter me sic interfectus,
Peccatori tam indigno
Cum amoris intersigno
Appare clara facie.

5 In hac tua passione
Me agnosce, pastor bone,
Cuius sumpsi mel ex ore,
Haustum lactis ex dulcore
Prae omnibus deliciis,

6 Non me reum asperneris,
Nec indignum dedigneris
Morte tibi iam vicina
Tuum caput hic acclina,
In meis pausa brachiis.

7 Tuae sanctae passioni
Me gauderem interponi,
In hac cruce tecum mori
Praesta crucis amatori,
Sub cruce tua moriar.

8 Morti tuae iam amarae
Grates ago, Jesu care,
Qui es clemens, pie Deus,
Fac quod petit tuns reus,
Ut absque te non finiar.

9 Dum me mori est necesse,
Noli mihi tunc deesse;
In tremenda mortis hora
Veni, Jesu, absque mora,
Tuere me et libera.

10 Cum me jubes emigrare,
Jesu care, tunc appare;
O amator amplectende,
Temet ipsum tunc ostende
In cruce salutifera.

02/07/2013

Cantata de J. S. Bach para a Festa da Visitação

Herz und Mund und Tat und Leben ("Coração e boca e ações e vida", em alemão), BWV 147a, é uma cantata de Johann Sebastian Bach, composta em Leipzig, em 2 de julho de 1723, embora já existisse numa versão anterior, ligeiramente diferente, de 1716. A cantata foi composta especialmente por ocasião da festa da Visitação da Virgem Maria, cujas leituras eram de Isaías 11.1-5 e do Evangelho de São Lucas 1.39-56. Esta cantata é uma das mais célebres de Bach, em especial, o décimo movimento (repetição do sexto, com outro texto), conhecido como Jesus bleibet meine Freude ("Jesus, alegria dos homens"). Fonte: Wikipedia.


Cantata "Herz und Mund und Tat und Leben" (BWV 147)
Tradução: Henrique Garcia

1. Choral

Herz und Mund und Tat und Leben
Muss von Christo Zeugnis geben
Ohne Furcht und Heuchelei,
Dass er Gott und Heiland sei.

1. Coro

Atos e vida, coração e boca
Devem dar testemunho de Jesus,
E, sem medo nem hipocrisia,
Confessá-lo Deus e Salvador.

2. Recitativo

Gebenedeiter Mund!
Maria macht ihr Innerstes der Seelen
Durch Dank und Rühmen kund;
Sie fänget bei sich an,
Des Heilands Wunder zu erzählen,
Was er an ihr als seiner Magd getan.
O menschliches Geschlecht,
Des Satans und der Sünden Knecht,
Du bist befreit
Durch Christi tröstendes Erscheinen
Von dieser Last und Dienstbarkeit!
Jedoch dein Mund und dein verstockt Gemüte
Verschweigt, verleugnet solche Güte;
Doch wisse, dass dich nach der Schrift
Ein allzuscharfes Urteil trifft!

2. Recitativo

Bendita voz!
Com graças e louvores,
Maria dá a conhecer o íntimo de sua alma,
E desata a falar, espontaneamente,
Dos milagres que o Senhor obrara
Por meio dela, sua serva.
Ó raça humana,
Escrava dos pecados e de Satanás,
A manifestação viva do Cristo liberta-te
Desse fardo e dessa subserviência!
Contudo a tua voz e a tua índole rebelde
Obstinam-se em negar tal bondade;
Não te esqueça, pois, que, segundo as Escrituras,
Um terrível julgamento te espera!

3. Aria

Schäme dich, o Seele, nicht,
Deinen Heiland zu bekennen,
Soll er dich die seine nennen
Vor des Vaters Angesicht!
Doch wer ihn auf dieser Erden
Zu verleugnen sich nicht scheut,
Soll von ihm verleugnet werden,
Wenn er kommt zur Herrlichkeit.

3. Ária

Não te envergonhes, ó Alma,
De confessar o teu Salvador,
Mas que ele possa chamar-te noiva
Perante a face do Pai!
Porquanto aquele que sobre a terra
Temerariamente o renega,
Por ele será renegado,
Quando em sua Glória voltar.

4. Recitativo

Verstockung kann
Gewaltige verblenden,
Bis sie des Höchsten Arm vom Stuhle stößt;
Doch dieser Arm erhebt,
Obschon vor ihm der Erde Kreis erbebt,
Hingegen die Elenden,
So er erlöst. O hochbeglückte Christen,
Auf, machet euch bereit,
Itzt ist die angenehme Zeit,
Itzt ist der Tag des Heils: der Heiland heißt Euch Leib und Geist Mit Glaubensgaben rüsten,
Auf, ruft zu ihm in brünstigem Verlangen,
Um ihn im Glauben zu empfangen!

4. Recitativo

A obstinação cega os poderosos,
Até que do seu trono os lance a mão do Altíssimo.
Esta mão porém se erguerá,
Ainda que diante dela trema a esfera terrestre,
Em favor dos mansos e dos humildes,
Os quais serão salvos.
Ó cristãos bem-aventurados,
Ide, preparai-vos,
Pois é chagada a hora oportuna,
Pois é chegado o dia da redenção;
Vosso corpo e espírito,
O Salvador quer revesti-los com os dons da crença.
Ide, invocai-o com lúbrico desejo,
A fim de o acolherdes firmes na fé!

5. Aria

Bereite dir, jesu, noch heute die Bahn!
Beziehe die HöhleDes Herzens, der Seele,
Und blicke mit Augen der Gnade mich an.

5. Ária

Preparai logo a vossa vinda, ó Jesus!
Cobri com a vossa graça
Os recônditos da minh'alma, do meu coração,
E contemplai-me com olhar misericordioso!

6. Aria

Wohl mir, dass ich Jesum habe,
O wie feste halt ich ihn,
Dass er mir mein Herze labe,
Wenn ich krank und traurig bin.
Jesum hab ich, der mich liebet
Und sich mir zu eigen gibet;
Ach drum lass ich Jesum nicht,
Wenn mir gleich mein Herze bricht.

6. Ária

Feliz de mim, pois tenho a Jesus,
E a ele me apego tanto
Que traz consolo à minh'alma,
Quando estou fraco ou triste.
Feliz de mim, pois ele me ama tanto
Que se sacrificou em meu lugar.
Por isso, não o hei-de deixar,
Ainda que o coração se me parta!

7. Recitativo

Hilf, Jesu, hilf, dass ich auch dich bekenne
In Wohl und Weh, in Freud und Leid,
Dass ich dich meinen Heiland nenne
Im Glauben und Gelassenheit,
Dass stets mein Herz von deiner Liebe brenne.

7. Recitativo

Ajuda-me, Jesus, ajuda-me a reconhecer-te
Na saúde como na doença, na alegria como na tristeza,
E que eu possa chamar-te Salvador
Com fé e serenidade;
Que meu coração arda sempre de amor por ti!

8. Recitativo

Der höchsten
Allmacht Wunderhand
Wirkt im Verborgenen der Erden.
Johannes muss mit Geist erfüllet werden,
Ihn zieht der Liebe Band
Bereits in seiner Mutter Leibe,
Dass er den Heiland kennt,
Ob er ihn gleich noch nicht Mit seinem Munde nennt,
Er wird bewegt, er hüpft und springet,
Indem Elisabeth das Wunderwerk ausspricht,
Indem Mariae Mund der Lippen Opfer bringet.
Wenn ihr, o Gläubige, des Fleisches Schwachheit merkt
enn euer Herz in Liebe brennet,
Und doch der Mund den Heiland nicht bekennet,
Gott ist es, der euch kräftig stärkt,
Er will in euch des Geistes Kraft erregen,
Ja Dank und Preis auf eure Zunge legen.

8. Recitativo

A mão forte do Altíssimo age
Até nos confins da terra.
João deve encher-se de espírito:
Já no ventre de sua mãe
Envolvem-no os laços do amor,
E o fazem conhecer o seu Senhor,
Embora ainda não possa nomeá-lo;
Ele se agita, pula, salta,
Fazendo que Isabel confesse um milagre,
E que dos lábios de Maria brotem cânticos de alegria.
Ó Justos, se vós percebeis a fraqueza da carne,
E tendes vosso coração ardendo,
E contudo vossos lábios ainda não professam o Redentor,
Deus vos dará forças,
E alevantará o poder do espírito em vós,
Para que com júbilo e louvores o exalteis.

9. Aria

Ich will von Jesu Wundern singen
Und ihm der Lippen Opfer bringen,
Er wird nach seiner Liebe Bund
Das schwache Fleisch, den irdischen Mund
Durch heilges Feuer kräftig zwingen.

9. Ária

Cantarei os prodígios de Jesus,
E levarei até ele a oferenda dos meus lábios.
A minha carne flébil,
Subjugará ele pelo seu próprio amor,
E a minha voz mundana,
Mediante o seu fogo sagrado.

10. Choral

Jesus bleibet meine Freude,
Meines Herzens Trost und Saft,
Jesus wehret allem Leide,
Er ist meines Lebens Kraft,
Meiner Augen Lust und Sonne,
Meiner Seele Schatz und Wonne;
Darum lass ich Jesum nicht
Aus dem Herzen und Gesicht.

10. Coro

Jesus será a minha alegria,
O consolo e a seiva do meu coração.
Jesus expulsa toda dor,
Ele é o ânimo da minha vida,
A volúpia e a luz dos meus olhos,
O tesouro e o deleite da minh'alma;
Por isso ele sempre está presente
No meu rosto, e no meu coração.

24/06/2013

Cantatas de Bach para a Festa da Natividade de São João Batista

No dia 24 de junho a Igreja Cristã celebra a Festa da Natividade de São João Batista.
Johann Sebastian Bach compôs três cantatas para esta ocasião:

  • Ihr Menschen, rühmet Gottes Liebe, BWV 167, 24 de junho de 1723;
  • Christ unser Herr zum Jordan kam, BWV 7, 24 de junho de 1724;
  • Freue dich, erlöste Schar, BWV 30, 24 de junho de 1738 ou um ano depois.
A cantata Christ unser Herr zum Jordan kam (Cristo nosso Senhor veio até o Jordão), BWV 7, foi compostaem Leipzig para a Festa de São João e executada pela primeira vez em 24 de junho 1724. As leituras prescritas para o dia de São João eram do Livro do Profeta Isaías 40.1-5 (Voz do que clama no deserto) do Evangelho de Lucas 1.57-80 (nascimento de João Batista e Benedictus de Zacarias). A cantata é baseada no hino de Martinho Lutero para o batismo "Christ unser Herr zum Jordan kam", cujas palavras são usadas de forma inalterada nos movimentos 1 e 7. Um poeta desconhecido transcreveu as idéias das estrofes 2 a 6 como uma seqüência de recitativos e árias.

Imagem: “Nascimento de São João Batista” (c. 1563), Tintoretto
(1518-1594)

Cantata BWV 7 - Christ unser Herr zum Jordan kam

1. Coro

Christ unser Herr zum Jordan kam
nach seines Vaters Willen,
von Sankt Johann die Taufe nahm,
sein Werk und Amt zu erfüllen;
Da wollt er stiften uns ein Bad,
Zu waschen uns von Sünden,
Ersäufen auch den bittern Tod
durch sein selbst Blut und Wunden.

Cristo nosso Senhor veio até o Jordão,
segundo a vontade de Pai,
junto ao santo João, o Batista,
sua obra e destino cumprir.
Para nós um banho sagrou,
para de todo o pecado lavarnos,
ainda afogando a amarga morte
em suas chagas e sangue.

2. Aria (Baixo)

Merkt und hört, ihr Menschenkinder,
was Gott selbst die Taufe heiBt.
Es muB zwar hier Wasser sein,
Doch schlecht Wasser nicht allein.
Gottes Wort und Gottes Geist
tauft und reiniget die Sünder.

Vêde e ouvi, ó filhos dos Homens
o que Deus mesmo chamou de batismo.
Pela água deve se cumprir,
mas água apenas de nada vale.
É a palavra e o espírito de Deus
que batizam e lavam os pecadores.

3. Recitativo (Tenor)

Dies hat Gott klar
mit Worten und Bildern dargetan
am Jordan lieB der Vater offenbar
die Stimme bei der Taufe Christi hören;
Er sprach: dies ist mein lieben Sohn,
an diesem hab ich wohlgefallen,
Es ist von hohen Himmelsthron
der Welt zu gut
in niedrieger Gesltalt gekommen
und hat das Fleisch und Blut
der Menschenkinder angenommen;
den nehmet nun als euren Heiland an
und höret seine teuren Lehren!

Deus de modo claro mostrou
em imagens e palavras
no Jordão deixou o Pai evidente
ouvir sua voz no batismo do Cristo.
Disse ela: este é meu filho amado
em quem me comprazo.
Do alto do trono dos céus
veio ao mundo em forma humilde
para o bem fazer
e a carne e o sangue
dos filhos dos homens aceitando.
Então acatai-o agora como vosso salvador
e ouvi seu precioso mandamento.

4. Ária (Tenor)

Des Vaters Stimme lieB sich hören,
der Sohn, der uns mit Blut erkauft,
ward als ein wahrer Mensch getauft.
Der Geist ershien im Bild der Tauben,
damit wir ohne Zweifel glauben,
Es habe die Dreifaltigkeit
uns selbst die Taufe zubereit´.

A voz do Pai deixou-se ouvir,
o Filho, que com sangue nos comprou,
como homem foi batizado.
O Espírito mostrou-se na forma de pomba
para que nós, sem medo, pudéssemos crer,
Assim a própria Trindade
para nós preparou o batismo.

5. Recitativo (Baixo)

Als Jesus dort nach seinen Leiden
und nach dem Auferstehen
aus dieser Welt zum Vater wollte gehn,
sprach er zu seinen Jüngern:
geht hin in alle Welt und lehret alle Heiden,
wer glaubet und getauft wird auf Erden,
der soll gerecht un selig werden.

Como Jesus depois de sua Paixão
E de sua Ressurreição,
Desse Mundo querendo ir ao Seu Pai,
Disse aos seus discípulos:
Ide a todo Mundo e ensinai aos Gentios,
Quer Crer e for batizado na Terra,
Será justificado e salvo.

6. Árie (Alto)

Menschen, glaubt doch dieser Gnade,
DaB ihr nicht in Sünden sterbt,
noch im Höllenpfuhl verdebt!
Menschenwerk und heiligkeit
gilt vor Gott zu keiner Zeit.
Sünden sind uns angeboren,
wir sind von Natur verloren;
Glaub und Taufe macht sie rein,
DaB sie nicht verdammlich sein.

Homens, creiam, pois, nessa Graça,
Não morrerão no Pecado,
Nem apodrecerão no Charco do Inferno!
As Obras e as Virtudes do Homem
Para Deus não valeram em Tempo algum.
Nascidos são para o Pecado,
Perdidos são por Natureza;
A Fé e o Batismo os fazem Puros,
Para que não sejam Danados.

7. Coral

Das Aug allein das Wasser sieht,
wie Menschen Wasser gieBen,
der Glaub allein die Kraft versteht
des Blutes Jesu Christi,
und ist für ihm ein rote Flut
von Christi Blut gefärbet,
die allen Schaden heilet gut
von Adam her geerbet,
auch von uns selbst begangen.

O Olho apenas Água viu,
Quando os Homens Água verteram,
Somente a Fé o Poder percebeu
Do Sangue de Jesus Cristo,
E por ela a rubra Maré
Do Sangue do Cristo se tingiu,
Todo o Dano foi bem curado
Aquele herdado de Adão
E o por nós provocado

Fonte: Cantatas de Bach

BWV 7 - Christ unser Herr zum Jordan kam



Cantata BWV 167 - Ihr Menschen, rühmet Gottes Liebe



BWV 30 - Freue dich, erlöste Schar



18/06/2013

Cantata Cênica "O Filho Pródigo"

De acordo com o Lecionário Histórico, domingo passado foi o Terceiro Domingo após Trindade. As leituras do Evangelho indicadas são de S. Lucas 15.1–10 (Parábolas da Ovelha Perdida e da Moeda Perdida) ou 15.11–32 (Parábola do Filho Pródigo).

A Cantata Cênica "O Filho Pródigo" é propícia para nossa meditação na misericórdia do Pai Amoroso.



FICHA TÉCNICA:

Cantata Cênica "O Filho Pródigo"
Da obra original de Valdo Weber.

Produção
Pastoral Universitária e Instituto Cultural

Música
Orquestra da ULBRA
Instrumentistas Convidados
Coro Sacro da ULBRA
Dançarina Renata Corrêa

Solistas
Atos Flores (Pai), Jean Regina (Filho pródigo), Alison Staudt (Irmão mais velho)

Arranjos, Produção e Direção Musical - Paulo Brum
Produção e Direção Artística Carlos Weber

Direção Geral
Rev. Maestro Paulo Brum

Gravado em Agosto de 2006, na Capela da Ulbra em Canoas, RS, pela ULBRA TV.