22/11/2024

Calendário do Ano Litúrgico 2025 - Trienal C | IELB

O Ano da Igreja, também chamado de Ano Eclesiástico ou Ano Litúrgico, se constitui a partir das grandes celebrações do Natal, Páscoa e Pentecostes, nas quais também se estruturam os domingos e dias festivos.

Para cada Domingo ou Dias Festivos são listadas uma leitura do Antigo Testamento, uma leitura das Epístolas e outra leitura do Evangelho, além de uma porção dos Salmos para ser cantado ou lido no Culto. É a partir destas leituras que o pastor proclama a Palavra de Deus no culto.

Neste novo Ano da Igreja a festividade da Purificação de Maria e Apresentação de Jesus (2 de fevereiro) cai num domingo. E, por ser uma festa principal de Cristo, "normalmente são observadas quando ocorrem num domingo", conforme nota sobre os dias festivos no Hinário Luterano e no Lecionário da IELB.

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Último Domingo do Ano da Igreja - Próprio 29B

Ilustração de Debra L. Swearingen no livro infantil Christ the Life of All the Living / Like the Golden Sun Ascending (Kloria Publishing, 2024)

Isaías 51.4–6 ou Daniel 7.9–10, 13–14
Salmo 93
Judas 20–25 ou Apocalipse 1.4b – 8
Marcos 13.24–37 ou João 18.33–37

Em arrependimento ficamos vigilantes para a vinda de Cristo

Os sinais do fim estão à nossa volta, lembretes constantes de que “passará o céu e a terra”. Mas todos esses sinais se concentram na cruz de Cristo, por meio da qual ele venceu o pecado e a morte, para que possamos ser ressuscitados com ele em justiça através da sua Palavra do Evangelho, que não passará (Mc 13.31). Cristo Jesus é o “Primogênito dos mortos”, que em seu grande amor e, “pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5). Sua salvação é certa porque o “seu domínio é domínio eterno” e o “seu reino jamais será destruído” (Dn 7.14). Para este propósito ele veio ao mundo, para reinar em amor por meio da sua voz Evangelho, que é a verdade (Jo 18.37). Assim, a justiça de Cristo é “luz dos povos”, que “não será anulada” porque é a justiça da sua cruz e ressurreição (Is 51.4-6). Visto que o Senhor “é poderoso para evitar que vocês tropecem e que pode apresentá-los irrepreensíveis diante da sua glória”, então espere na “misericórdia do nosso Senhor Jesus Cristo, que conduz para a vida eterna” (Jd 20–24).

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Jesus Cristo, governa nossos corações e mentes de tal maneira pelo teu Espírito Santo a fim de que, mesmo conscientes do teu glorioso retorno, perseveremos na fé e em santidade de vida; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

19/11/2024

Isabel da Hungria - 19 de novembro

Isabel nasceu em 1207, em Presburgo, no Reino da Hungria (hoje Bratislava, Eslováquia), filha do rei André II e sua esposa Gertrudes. Por meio de um casamento político arranjado, ela se tornou esposa de Ludovico da Turíngia (Alemanha) aos 14 anos. Seu espírito de generosidade e caridade cristã permeou o lar que ela construiu para o marido e os três filhos no Castelo de Wartburg, em Eisenach. Sua morada era notória pela hospitalidade e pelo amor familiar. Isabel costumava supervisionar os cuidados com os doentes e necessitados, chegando até a ceder sua cama para um leproso em uma ocasião. Quando Isabel ficou viúva, aos 20 anos, cuidou do sustento de seus filhos e entrou para a vida religiosa na Ordem de São Francisco. Sua vida de renúncia debilitou sua saúde, levando-a à uma morte precoce em 1231, aos 24 anos de idade. Lembrada por sua atitude abnegada, Isabel é homenageada por meio dos muitos hospitais em todo o mundo que levam seu nome.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Rei, cuja herança não é deste mundo, incute em nós a humildade e a benevolente caridade de Isabel da Hungria. Ela rejeitou sua adornada coroa ao contemplar aquela de espinhos que seu Salvador usou por amor dela e nosso, para que nós também possamos viver uma vida de sacrifício, agradável a teus olhos e digna do nome de teu Filho, Jesus Cristo, que reina contigo e o Espírito Santo para sempre no reino eterno. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 929)

Santa Isabel dando esmola (1841), por Heinrich Mücke (1806-1891) - Nationalgalerie (Berlim)

O pintor alemão Heinrich Mücke (1806-1891) pintou uma cena de Isabel à porta de sua moradia, o Castelo de Wartburg, acompanhada por damas de companhia. Uma das damas de companhia segura o filho primogênito da princesa nos braços. Um menino está com cesto de pães nas mãos. Isabel oferece esmola a uma mulher com um bebê. Ainda compõem a pintura um mendigo cego assentado com um menino atrás dele. Uma mãe com dois filhos estende as mãos para receber esmola. Um monge capuchinho se afasta com um pedaço de pão.


18/11/2024

Cristo entrou no Santo dos Santos celestial por meio de seu corpo

Ilustração de Rafael Lopez no livro LifeLight: Hebrews (CPH, 2004)

"Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, para exercer o serviço sagrado e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados. Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés... Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, 20pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura." (Hb 10.11-13; 19-22)

Imagine o sumo sacerdote realizando a liturgia no Dia da Expiação e depois voltando ao Lugar Santíssimo para ser entronizado na Arca do Testemunho entre os anjos. Foi isso que Cristo fez, de fato! No Antigo Testamento, o Sumo Sacerdote servia diariamente como mediador entre Deus e o povo de Israel, mas no Dia da Expiação ele fazia a mediação de uma forma mais ampla do que em qualquer outro dia do ano. Da mesma forma, Cristo expiou os pecados do mundo por meio de seu próprio sangue, que ele levou através do véu de seu corpo para o Santo dos Santos celestial para fazer uma mediação permanente e perfeita entre Deus e os homens. Assim como o Sumo Sacerdote intercedia de forma mais abrangente por Israel entrando no Lugar Santíssimo atrás do véu com o sangue de animais, assim também Cristo entrou no Santo dos Santos celestial por meio de seu corpo e com seu sangue para assumir seu lugar de direito à direita do Pai e interceder por nós (Hb 8; 9.1-15; 10.11-12). Além disso, imagine o Sumo Sacerdote voltando do Lugar Santíssimo pela última vez a fim de conduzir seu povo fiel ao Santo dos Santos na gloriosa presença de Deus. É isso que Cristo fará por nós no último dia! Contudo, desde agora, pela fé, temos acesso ao Lugar Santíssimo no santuário celestial por meio do corpo e sangue de Cristo (Ef 2.6-7; Hb 12.22-24). 

O Dia da Expiação no Antigo Testamento funcionava como um dia de juízo para pagar o preço pelo pecado e apaziguar a ira de Deus. Em decorrência disso, Deus considerava os israelitas justos. Cristo cumpriu o Dia da Expiação por meio do seu pagamento por todos os pecados na cruz. Os cristãos recebem pela fé o perdão e a justiça de Deus porque Cristo sofreu o juízo de Deus. No último dia, Cristo julgará o mundo e conduzirá de forma física o seu povo à presença gloriosa de Deus. A morte e a ressurreição de Cristo, bem como seu retorno glorioso, são juízos. Isso é evidente pelas semelhanças entre os eventos cósmicos na morte e ressurreição de Cristo e os sinais universais que ocorrerão no fim deste mundo (Mt 27.50-53). O Dia da Expiação no Antigo Testamento tipificava o juízo de Cristo na cruz, a justificação de seu povo e o juízo final no último dia (Ef 2.6-7; Hb 2.17-18; 4.14-16; 7.23-28; 8.1-6; 9; 10.1-25).

- Robert D. Macina (The Liturgy of the Old Testament: Its Festivals, Order, Purpose, and Typology)

Fonte: Concordia Theological Quarterly, Fort Wayne, v. 86, n. 3-4, jul./out. 2022. p. 236.

16/11/2024

Vigésimo Sexto Domingo após Pentecostes - Próprio 28B

Jesus profetiza a destruição do templo, por Cristoforo de Predis (1440–1486), Códice de Predis (1476), Biblioteca Real de Turim, Itália.

Daniel 12.1-3
Salmo 16
Hebreus 10.11-25
Marcos 13.1-13

O verdadeiro templo de Deus é o corpo crucificado e ressurreto de Cristo Jesus

O templo de Jerusalém, com suas “pedras e edifícios impressionantes”, seria destruído, sem ficar “uma pedra em cima da outra”, da mesma forma que este mundo atual e seus reinos um dia chegarão ao fim (Mc 13.1–8). Mas aquele templo apontava para além de si mesmo, apontava para Cristo, seu sacrifício na cruz e para a ressurreição de seu corpo como o verdadeiro Templo de Deus. Através da proclamação do Evangelho em meio ao pecado e à morte, Cristo reúne discípulos em seu corpo e aquele “que ficar firme até o fim, esse será salvo” (Mc 13.10–13). Em Cristo temos “um grande sacerdote sobre a casa de Deus” que jamais se lembrará de nossos pecados e iniquidades. Pela “água pura” do Santo Batismo nos aproximamos “com um coração sincero, em plena certeza de fé”, e pela carne e sangue de Jesus temos ousadia para entrar no Santuário (Hb 10.17–22). Assim, “o povo de Deus será salvo, todo aquele que for achado inscrito no livro”. Pois, pela sabedoria de seu Evangelho, o Senhor conduzirá “muitos à justiça”, de modo que “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão” para a vida eterna (Dn 12.1-3).

ORAÇÃO DO DIA

Ó Senhor, pela tua generosa bondade livra-nos da escravidão dos nossos pecados, que por causa da nossa fraqueza trouxemos sobre nós, a fim de ficarmos firmes até o dia de nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

14/11/2024

Por que os Luteranos confessam e recitam os credos?

Credo Apostólico - Sara Tyson (Luther's Small Catechism, CPH)

Todas as vezes que recitamos o Credo Apostólico, o Credo Niceno ou o Credo Atanasiano, estamos expressando nossa unidade com a igreja primitiva e sua recusa em queimar incenso a César, sua perseguição, seus mártires, suas catacumbas, seu amor radical, seu evangelismo contagiante, seu zelo em ter “opiniões corretas” e prestar um “culto correto”!

(a) Qual a importância de pensar em você e sua igreja como parte da igreja primitiva?

(b) A igreja primitiva sobreviveu à hostilidade cultural muito pior do que qualquer situação vivida pela maioria dos cristãos hoje, e ainda conseguiu converter seus perseguidores. O que isso nos diz sobre as oportunidades para a igreja de hoje?

No tocante ao gnosticismo, embora tenha sido rejeitado de maneira implícita nos credos e pelos teólogos cristãos, essa heresia continua aparecendo em religiões alternativas, na cultura como um todo e até mesmo dentro da igreja.

Para os gnósticos, as pessoas eram seres espirituais, presas em um invólucro físico. A salvação, portanto, não envolvia o perdão dos pecados, já que as ações de uma pessoa neste mundo material pouco importam. Para eles a salvação significava adquirir o conhecimento secreto (gnosis significa “conhecimento”) que permitiria escapar das amarras materiais que prendiam o espírito e, assim, alcançar a verdadeira iluminação espiritual.

Luteranos são muito bons em resistir ao gnosticismo. Damos grande ênfase à criação, a ideia de que o mundo físico e material não é algo que devemos rejeitar ou do qual devemos fugir, mas sim uma boa criação do Pai Todo-Poderoso. Damos grande ênfase à encarnação, ao fato de que Deus se tornou um ser humano de carne e osso em Jesus Cristo. Damos grande ênfase aos sacramentos, ao fato de que Deus usa os elementos físicos e materiais da água, do pão e do vinho para vir até nós e nos levar até Ele. E damos grande ênfase à vocação, ao fato de que Deus atua por meio de nós em nossas vidas comuns e cotidianas para cuidar de todos aqueles que Ele criou.

- Gene Edward Veith Jr. (Embracing Your Lutheran Identity. St. Louis: Concordia Publishing House, 2024. Posição 595-612)

Justiniano, Imperador Cristão e Confessor de Cristo - 14 de novembro

Visão do anjo mostrando um modelo de Hagia Sofia para Justiniano, na ilustração de Herbert Cole (1867–1930), no livro A Child’s Book of Warriors (1912) de William Canton (1845-1926)

“Os governantes, quando crentes, também estarão na Igreja, mas não como autoridades com suas leis e poder exterior, mas como cristãos e irmãos e, por isso, iguais a todos os demais membros da igreja em poder e privilégio, mesmo que sejam príncipes, reis ou imperadores (Mt 23.8; Lc 22.25-26; Gl 3.28)” - C.F.W. Walther (1811-1887), pastor e teólogo.

Justiniano foi imperador do Oriente de 527 a 565 d. C., quando o Império Romano estava em declínio. Com sua formosa e hábil esposa Teodora, devolveu esplendor e majestade à corte bizantina. Durante seu reinado, o Império experimentou um renascimento, devido, em grande parte, à seu ímpeto, inteligência e fortes convicções religiosas. Justiniano também tentou levar unidade a uma igreja dividida. Era um defensor do cristianismo ortodoxo e buscou um acordo entre as partes nas controvérsias cristológicas daquele tempo que estavam debatendo a relação entre as naturezas divina e humana na pessoa de Cristo. O Quinto Concílio Ecumênico de Constantinopla no ano de 533 foi realizado durante o seu reinado e tratou esta controvérsia. Justiniano morreu nos seus oitenta anos, sem ver realizado seu desejo de um império que fosse solidamente cristão e ortodoxo.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai celestial, por meio da governança de líderes cristãos como o Imperador Justiniano, seu nome é livremente confessado em nossa nação e em todo o mundo. Concede que possamos continuar a escolher líderes fidedignos que lhe servem fielmente em nossa geração e tomar decisões sábias que contribuem para o bem-estar geral do seu povo, através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. pág. 912); C. F. W. Walther, Die rechte Gestalt einer vom Staate unabhängigen Evangelisch Lutherischen Ortsgemeinde. pág. 8.

08/11/2024

Vigésimo Quinto Domingo após Pentecostes (Próprio 27B)

Ícone da Oferta da Viúva

1 Reis 17.8-16
Salmo 146
Hebreus 9.24-28
Marcos 12.38-44

O Senhor nos alimenta e nos dá provisão de tudo o que ele possui

Aqueles que contribuem com “grandes quantias” daquilo que está sobrando, na verdade fazem muito pouco, pois não se pode comprar o favor de Deus com dinheiro. Mas a “viúva pobre” com suas “duas pequenas moedas” confiou a sua vida à misericórdia de Deus, pois “da sua pobreza deu tudo o que possuía” (Mc 12.41-44). Essa fé não é desapontada, pois o Senhor é fiel e mediante sua graça dá provisão ao seu povo. Foi assim que a viúva pobre de Sarepta conseguiu alimentar o profeta Elias “durante muitos dias”, bem como a si mesma e sua família, “segundo a palavra do Senhor, anunciada por meio de Elias” (1Rs 17.15-16). O Senhor não apenas nos dá o pão de cada dia para este corpo e esta vida, mas também nos alimenta por meio da sua Palavra para a vida eterna em Cristo Jesus. “Por meio do sacrifício de si mesmo”, pela oferta de seu corpo e vida e de tudo o que possuía, Jesus entrou “no próprio céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9.24-26 ). Jesus, que é nosso grande Sumo Sacerdote e Santuário de Deus, é também o próprio alimento sacerdotal com o qual somos alimentados.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-poderoso e sempre vivo, que fizeste promessas extraordinariamente grandes e preciosas àqueles que confiam em ti, concede que com tal firmeza creiamos em teu Filho Jesus que nossa fé nunca esteja ausente; através do mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

03/11/2024

Vigésimo Quarto Domingo após Pentecostes - Próprio 26B

 Ilustração de Debra L. Swearingen no livro “Before the Ending of the Day” (Kloria Publishing, 2022)

Deuteronômio 6.1-9
Salmo 119.1-8
Hebreus 9.11-14 (15-22)
Marcos 12.28-37

Entramos no Reino de Deus por meio de Cristo, que cumpriu a lei por nós

A vida verdadeira e duradoura é encontrada somente no Senhor nosso Deus. Portanto, tema, ame e confie nele “de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força”. Assim como as Palavras do Senhor foram ditas a você, também “as enculcarás a seus filhos” e as colocarás em seu coração “durante todos os dias da sua vida”, confessando-as ao andar pelo caminho (Dt 6.2-7). Amar o único Deus verdadeiro acima de tudo e “o seu próximo como você ama a si mesmo” é o resumo de toda a Lei, que é cumprida em Cristo Jesus (Mc 12.29-31). Em perfeito amor por seu Pai e seu próximo, é que Cristo foi para a cruz e deu a sua vida “mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”, para não ficarmos “longe do reino de Deus” e por meio dele entrarmos lá (Mc 12.33-34). Pois ele é o misericordioso e grande Sumo Sacerdote que “a si mesmo ofereceu sem mácula a Deus”, obtendo uma eterna redenção para todos “pelo seu próprio sangue” (Hb 9.11-14). “Este é o sangue da aliança” que é para o perdão de todos os nossos pecados (Hb 9.20-22).

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionaryu Summaries (The Lutheran Church — Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil.


28/10/2024

São Simão e São Judas, Apóstolos - 28 de outubro

Martírios de São Judas e São Simão, no Livro de Imagens de Madame Marie (ou Images de la vie du Christ et des saints), c. 1285 (Bibliothèque nationale de France)

Jeremias 26.1–16
Salmo 43
1 Pedro 1.3–9
João 15.(12–16) 17–21

"Diga a eles tudo o que eu lhe dizer, sem omitir uma só palavra" (Jr 26.1-6). A Palavra é sempre arrependimento para o perdão dos pecados (Lc 24.44) — "grande misericórdia" e "viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo" (1 Pe 1.3). "Se guardaram a minha palavra", diz Jesus, "também guardarão a de vocês", mas "se o mundo odeia vocês, saibam que, antes de odiar vocês, odiou a mim" (Jo 15.18-21). Na época de Jeremias, o povo queria que o profeta fosse morto, mas não derramaram "sangue inocente" sobre si (Jr 26.8-16). Quando os sacerdotes e o povo se juntaram na condenação de Jesus, eles se recusaram a ouvir (Mt 27.20-26). Os servos de Cristo não estarão acima de seu mestre (Jo 15.20). De acordo com a tradição, Simão (o Zelote) e Judas (também conhecido como Tadeu) trabalharam na missão de leva o Evangelho à Pérsia, onde sofreram o martírio juntos. Mas até nestas circunstâncias, os servos de Deus são "mais que vencedores" (Rm 8.37). "Mesmo apurado pelo fogo" e “por várias provações”, obtemos “o alvo dessa fé: a salvação da alma”, e exultamos “com uma alegria indescritível e cheia de glória” (1 Pe 1.6-9). Pois, como Jesus disse a Judas: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada." (Jo 14.23)

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, tu escolheste os teus servos Simão e Judas para serem enumerados na gloriosa companhia dos apóstolos. Assim como eles foram fiéis e zelosos em sua missão, assim também possamos nós, com ardente devoção, tornar conhecido o amor e a misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e Rev. Dr. D. Richard Stuckwisch e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

25/10/2024

Vigésimo Terceiro Domingo após Pentecostes – Próprio 25B

Jeremias 31.7-9
Salmo 126
Hebreus 7.23-28
Marcos 10.46-52

O Senhor Jesus Cristo abre nossos olhos para Deus e nos leva à sua presença

O Senhor Jesus Cristo tem misericórdia de nós da mesma forma que teve do cego Bartimeu. Com sua Palavra do Evangelho, “ele está chamando você” para se levantar com coragem e viver pela fé em seu perdão. Jesus abre nosso coração e mente para que possamos conhecer e ver nele o próprio Deus e segui-lo no caminho da cruz até a vida eterna (Mc 10.49-52). Jesus “pode salvar totalmente os que por ele se aproximam de Deus”, porque ele é o grande Sumo Sacerdote, que se ofereceu “uma vez por todas” como sacrifício pelos pecados. Visto que Jesus ressuscitou dos mortos e foi “exaltado acima dos céus”, ele agora exerce “o seu sacerdócio imutável” que “continua para sempre”, “vivendo sempre para interceder” por seu povo (Hb 7.24-27). Além disso, ele congrega os filhos de Deus “das extremidades da terra” por meio da proclamação do seu Evangelho. Em misericórdia, ele os chama e os guia para a vida eterna através das águas do Santo Batismo, “por um caminho reto, em que não tropeçarão” (Jr 31.8-9).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, auxiliador de todos que recorrem a ti, tem misericórdia de nós e nos dá olhos da fé para vermos teu Filho, a fim de o seguirmos no caminho que leva à vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

23/10/2024

São Tiago de Jerusalém, Irmão de Jesus e Mártir (23 de outubro)

Martírio de São Tiago Menor - Ilustração de William Cave em Antiquitates Apostolicæ (Londres, 1675) © The Trustees of the British Museum

Atos 15.12-22a
Salmo 133
Tiago 1.1-12
Mateus 13.54-58

“Nenhum profeta é desprezado, a não ser na sua terra e na sua casa” (Mt 13.57). Tiago, o Justo, certa vez se ofendeu com a “sabedoria e (...) poderes miraculosos” de Jesus (Mt 13.54). Mas ele passou a ter fé após a ressurreição, quando Jesus lhe apareceu (1Co 15.7). Tiago então se tornou líder da Igreja Primitiva em Jerusalém, estando presente no Concílio registrado em Atos 15. Ali, Tiago reconheceu que Jesus era o Senhor conhecido “desde os tempos antigos” pelos profetas, que voltou para reedificar e restaurar “o tabernáculo caído de Davi”, “para que o restante da humanidade busque o Senhor, juntamente com todos os gentios” (At 15.16-18). “Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações, sabendo que a provação da fé que vocês têm produz perseverança” (Tg 1.2-3). Josefo e outros historiadores registram que Tiago foi martirizado por apedrejamento na década de 60 d.C. “Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1.12).

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, pastor do teu povo, tu levantaste Tiago, o Justo, irmão de nosso Senhor, para liderar e orientar a tua Igreja. Concede que possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e Rev. Dr. D. Richard Stuckwisch e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

19/10/2024

Vigésimo Segundo Domingo após Pentecostes – Próprio 24B

Ilustração de Karyn Lukasek no livro Lord, Keep Us Steadfast in Your Word (Kloria Publishing, 2017)

Eclesiastes 5.10-20
Salmo 119.9-16
Hebreus 4.1-13 (14-16)
Marcos 10.23-31

Entramos no Reino de Deus pela pobreza voluntária de Cristo

Amar e confiar na riqueza terrena é vaidade. Pois nada desta terra durará para sempre, nem poderá nos conceder vida eterna (Ec 5.10). Mas aquele que confia no Senhor dorme em paz, “quer coma pouco ou muito”, pois sabe que os “poucos dias da vida” são “dom de Deus” e ele “lhe enche o coração de alegria” (Ec 5.12, 18-20). A pessoa que confia nas riquezas não dorme tranquila, porque ao fim da vida “nada poderá levar consigo” (Ec 5.15). Por isso é “difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus” (Mc 10.23). Realmente, para “os seres humanos é impossível”, mas “para Deus tudo é possível” (Mc 10.27). Assim, o Homem Rico, Jesus Cristo, se fez pobre e passou “pelo fundo de uma agulha”, pela morte e pela sepultura, para “entrar no reino de Deus” em nosso favor (Mc 10.24-25). Jesus é o “grande sumo sacerdote que adentrou os céus” (Hb 4.14), para que possamos agora entrar no seu descanso sabático pela fé em seu perdão (Hb 4.3-9).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, tua sabedoria divina coloca em ordem todas as coisas nos céus e na terra. Afasta de nós todas as coisas prejudiciais e nos dá aquelas que são benéficas para nós; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

17/10/2024

Inácio de Antioquia: quero aquele que por nós ressuscitou

Martírio de Santo Inácio de Antioquia, por Tarquinio Ligustri (1564 – c. 1620) - Basilica di San Vitale, Roma.

Hoje lembramos Inácio de Antioquia (c. 70-107 d.C.) no Calendário Luterano. Na sua Carta aos Romanos, o bispo e mártir, mesmo em face da morte, testemunha corajosamente sua esperança na ressurreição que há em Cristo:

"Para nada me serviriam os encantos do mundo, nem os reinos deste século. Para mim, é melhor morrer para Cristo Jesus do que ser rei até os confins da terra. Procuro aquele que morreu por nós; quero aquele que por nós ressuscitou." (Epistula ad Romanos, 6, 1)

Fonte: Patrística - Padres Apostólicos - Vol. 1. São Paulo: Paulus, 1995. p. 106.


14/10/2024

C.F.W. Walther: exigências e consolo no Ofício Pastoral

C. F. W. Walther (Vitral na St. Paul Lutheran Church - Marigny, New Orleans, EUA)

Se alguém ensina, dedique-se ao ensino. Se alguém exorta, dedique-se à exortação. Se alguém contribui, contribua com liberalidade. Se alguém preside, seja cuidadoso. Se alguém exerce misericórdia, pratique com alegria.” Isso tudo não é uma descrição do trabalho geral dos cristãos, mas é uma pequena lista de orientações para o ofício público da pregação. Os cinco pontos a seguir pertencem a esta obra: O primeiro e mais importante é ensinar. O segundo é exortar. O terceiro é a esmola, ou assistência aos pobres. O quarto é presidir, ou administrar a escola e a ordem. E, por fim, o quinto é o exercício da misericórdia ou cuidado dos pobres, doentes e moribundos.

Veja quão grande, quão ampla, quão abrangente é a tarefa de um pregador! Ele deve ensinar àqueles que lhe foram confiados, tudo o que eles devem saber para sua salvação. Ele deve admoestá-los sobre o que devem fazer. Se não o fizeram, ele deve repreendê-los. Quando passarem por necessidades terrenas, ele deve ajudá-los em suas necessidades. Ele deve ter a preocupação de que toda a congregação e cada pessoa sejam mantidas na santa ordem e disciplina. Quando houver necessidade de consolo e ajuda, ele deve ser o Bom Samaritano da congregação, pronto para agir com misericórdia. Desta forma, a grande tarefa de seu ofício é cuidar para que nenhuma pessoa em toda a sua congregação seja abandonada e sofra necessidades por falta de assistência, seja exteriormente ou interiormente, em questões corporais ou espirituais. Ele vela para que todos que pertencem à santa irmandade de Cristo sejam bem cuidados. Ele receberá tanto o todo quanto uma única pessoa, tanto a criança quanto o idoso, o sem instrução e o letrado, o fraco e o forte, o caído e aquele que está de pé, aqueles que estão alegres em Deus e os profundamente perturbados, o pobre e o rico, o doente e o que está bem, o afortunado e o desafortunado, o marginalizado e o perseguido, o moribundo e o que está vivo — na verdade, até os mortos, para que, como Cristo, sejam levados ao descanso na sepultura. Tudo isso deve ser a preocupação de seu coração. E essa será sua preocupação em momentos oportunos ou não, em dias bons ou maus, em tempos de ricas bênçãos terrenas assim como em épocas de fome e pestilência, na guerra e na paz, em público e em particular.

Que tarefa é essa! Quem é capaz disso? Quem tem sabedoria, fé, amor, paciência, zelo, fidelidade e força suficientes para isso? Um antigo pai da Igreja disse corretamente que o ofício de pregação é um fardo além do que os ombros dos anjos podem suportar. Chega a parecer quase impossível que um pregador possa ser salvo. Porque, no ajuste de contas que um dia lhe será exigido, ser-lhe-á impossível subsistir. Um pregador negligente, que busca para si uma vida agradável e fácil, e fica satisfeito se apenas mantiver sua congregação feliz, condena a si mesmo como um servo inútil e vergonhoso. Mas até mesmo o pregador que se sacrifica totalmente permanece infinitamente culpado. Diariamente ele deve clamar do fundo de sua alma: “Senhor, não entres em juízo com o teu servo, pois nenhum vivente é justo diante de ti” [Sl 143.2].

Até mesmo os santos apóstolos vivenciaram essa situação. Inicialmente eles próprios administravam as esmolas e ofertas. Mas mesmo sob cuidadosa administração deles, as viúvas em Jerusalém estavam sendo esquecidas na distribuição diária, como Lucas relata no sexto capítulo de Atos dos Apóstolos. Então, o que os apóstolos fizeram? Eles estabeleceram um ofício especial para a distribuição de esmolas e elegeram sete homens da congregação de Jerusalém que eram cheios do Espírito Santo e de sabedoria. Os apóstolos puderam, então, com menos dificuldades, atender ao principal ofício e obra, o ofício da palavra e da oração. Da mesma forma, ainda no tempo dos apóstolos, foram estabelecidos os ofícios de supervisor ou ancião, e o de professor de crianças e catecúmenos que se preparavam para o Batismo, e o ofício de cuidar dos doentes e dos mortos. Todos esses ofícios nada mais eram do que ofícios auxiliares e ramos do único ofício público da pregação ou da igreja.

Mas como na Igreja a Palavra deve reger e governar sobre tudo, esse também é o caso do ofício da pregação. Ele é o ofício da Palavra e não pode estar separado desta Palavra. O ofício tem o alto e sério dever de garantir que cada ramo e ofício auxiliar na congregação sejam administrados de acordo com a Palavra de Deus. Um dia será exigida uma prestação de contas das mãos do pregador por toda a congregação e pelo sangue de cada alma da mesma. Que pesada prestação de contas o pregador terá de fazer um dia! Que responsabilidade terrível ele tem, uma tarefa elevada que excede em muito todas as suas habilidades e dons.

No entanto, meus queridos amigos, nós pregadores temos um consolo, e é este: que Deus não busca em nós dons que ele não nos tenha dado, nem exige de nós obras e resultados que ele não opera por meio de nós. Ele apenas exige de nós fidelidade naquilo que nos concedeu. E ele continua sendo para nós um pai de família gracioso, misericordioso e paciente, em quem há muito perdão.

Finalmente, com isto em mente, queridos irmãos e irmãs, qual é agora o vosso dever? - A régua de medição do santo ofício da pregação foi colocada em vossas mãos, meus amigos. Evitem e fujam dos falsos pastores que não querem pastoreá-los nos campos verdejantes da pura Palavra de Deus, mas se aproximam de vocês com o joio maligno da falsa doutrina e querem dominá-los com palavra humana e devorar vossas almas como lobos vorazes. Mas quanto aos verdadeiros pastores, mesmo que eles sejam homens pobres, frágeis e vulneráveis, sejam misericordiosos para com eles, assim como vosso Pai que está nos céus é misericordioso, orem por eles e, por fim, não esqueçam ao que a Palavra de Deus vos chama: “Considerem vossos mestres e os sigam,” (na medida em que vos apresentam a Palavra de Deus), “porque velam por vossas almas como quem deve prestar contas; para que eles façam isso com alegria e não com tristeza, porque isso não vos faria bem.

- C.F.W. Walther (1811-1887), pastor e teólogo, no Sermão sobre o Ofício Público da Pregação (Romanos 12.7-16), para o Segundo Domingo após Epifania (Publicado no Lutherische Brosamen, 1876)

Fonte: From Our Master's Table: by C.F.W. Walther [Trad. Joel R. Baseley]. Dearborn: Mark V Publications, 2008. p. 39-40.

11/10/2024

Vigésimo Primeiro Domingo após Pentecostes – Próprio 23B

Ilustração de Edward Riojas no livro Dear Christians, One and All, Rejoice (Kloria Publishing, 2020)

Amós 5.6–7, 10–15
Salmo 90.12–17
Hebreus 3.12–19
Marcos 10.17–22

Cristo Jesus é o único tesouro que nos dá herança na Vida Eterna

O Senhor é o Autor e Doador da vida, mas também é fogo consumidor de juízo contra todos que “afligem os justos, aceitam suborno e rejeitam as causas dos necessitados no tribunal” (Am 5.12). Por isso, “busquem o Senhor e vocês viverão”, “odeiem o mal e amem o bem”, fazendo o que é justo e certo, de acordo com a sua Palavra. “E assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará com vocês” (Am 5.6, 14–15). Entenda que “ninguém é bom, a não ser um, que é Deus” (Mc 10.18). A vida que somos chamados a viver não não se baseia em ter “muitas riquezas”, nem em nossas boas obras, mas somente em Cristo Jesus. Deixe de lado “tudo o que tem” e siga-o, até a morte, “e você terá um tesouro no céu” (Mc 10.21–22). “Se ouvirem a sua voz, não endureçam o coração”, nem se afastem do Deus vivo com “um coração mau e descrente”. “Pelo contrário, animem uns aos outros todos os dias”, ouçam e atendam o chamado do Senhor e apeguem-se à sua Palavra, para que permaneçam firmes em Cristo “até o fim” (Hb 3.12–15).

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Jesus Cristo, cuja graça sempre nos precede e nos segue, ajuda-nos a abandonar toda confiança no lucro terreno e a achar em ti o nosso tesouro celestial; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).


30/09/2024

São Jerônimo, Tradutor da Sagrada Escritura – 30 de setembro

São Jerônimo Lendo (1600-1700), Atelier de Georges de La Tour (1593-1652) - Museu Lorrain, Palácio dos Duques de Lorrain, Nancy (França) 


Jerônimo nasceu em uma pequena aldeia do Mar Adriático, por volta do ano 345 d. C. Ainda jovem, foi estudar em Roma, onde foi batizado. Depois de extensas viagens, escolheu a vida de monge e passou cinco anos no deserto sírio. Lá, aprendeu hebraico, a língua do Antigo Testamento. Após sua ordenação em Antioquia e visitas a Roma e Constantinopla, Jerônimo estabeleceu-se em Belém. Usou sua habilidade com idiomas para traduzir a Bíblia a partir do original em hebraico, aramaico e grego, para o latim, a língua comum do seu tempo. Essa tradução, chamada de Vulgata, foi a versão oficial da Bíblia na Igreja ocidental em todo o mundo por mais de mil anos. Considerado um dos grandes sábios da Igreja Antiga, Jerônimo morreu no dia 30 de setembro de 420. Ele foi inicialmente sepultado em Belém, mas seus restos mortais foram finalmente levados para Roma.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, Deus da verdade, a tua Palavra é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Tu deste a teu servo Jerônimo alegria no estudo da tua Sagrada Escritura. Permite aos que continuam a ler, anotar, aprender e meditar a tua Palavra no coração, encontrar nela o alimento da salvação e o manancial da vida; através de Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

SALMO:

119.97–104 

LEITURAS:

Neemias 8.1–3,5–8

2 Timóteo 3.14–17

Lucas 24.44–48


Comentário e Oração: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 771)

Salmo e Leituras: Holy Women, Holy Men: Celebrating the Saints (New York: Church Publishing, 2010. p. 615)

21/09/2024

Décimo Oitavo Domingo após Pentecostes - Próprio 20B

Cristo abençoa as crianças (c. 1535-1540), por Lucas Cranach (1472-1553), o Velho  (Städel Museum Frankfurt, Alemanha)

Jeremias 11.18–20
Salmo 54
Tiago 3.13—4.10
Marcos 9.30–37

Nosso Pai cuida de seus pequeninos com o Evangelho do seu Filho

O coração pecaminoso está cheio de “inveja amargurada e sentimento de rivalidade” (Tg 3.14), o que causa hostilidade, brigas e conflitos, mesmo entre aqueles que são membros do Corpo de Cristo. Isso não deveria ser assim! Por isso, “Deus resiste aos soberbos” com sua Lei, a fim de humilhá-los ao arrependimento, mas “dá graça aos humildes”, a fim de exaltá-los mediante seu Evangelho de perdão (Tg 4.6–10). Esta verdadeira “sabedoria lá do alto” é encontrada na indulgência, misericórdia e paz de nosso Senhor Jesus Cristo, que se humilhou e se sacrificou pela salvação dos pecadores (Tg 3.17). Ele era “como um cordeiro manso, que é levado ao matadouro”, dedicando-se a Deus, seu Pai, o “justo Juíz”, que prova “o mais íntimo do coração” (Jr 11.19–20). Assim, “três dias depois”, seu Pai o exaltou ao ressuscitá-lo dentre os mortos (Mc 9.31). No Santo Batismo o Senhor Jesus toma em seus braços discípulos de todas as idades e cuida deles como seus pequeninos. Ao recebermos Jesus mediante o arrependimento e fé em seu perdão dos pecados, recebemos de seu Pai uma participação na glória da sua cruz e ressurreição (Mc 9.36–37).

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil.

São Mateus, Apóstolo e Evangelista (21 de setembro)

O Chamado de São Mateus (c. 1685), por Luca Giordano (1634-1705)

Ezequiel 2.8 – 3.11
Salmo 119.33-40
Efésios 4.7-16
Mateus 9.9-13

O Nosso Senhor, que subiu às alturas, concedeu dons à sua Igreja. De forma especial, Ele concedeu apóstolos e evangelistas como São Mateus, profetas como Ezequiel, e ainda concede pastores e mestres (Ef 4.8, 11). Todos eles visam um fim proveitoso e são capacitados pelo mesmo Espírito (1Co 12.7, 11). Quando agimos como crianças, sendo “arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina”, os pastores e mestres falam a verdade de Cristo em amor, para que os santos possam ser aperfeiçoados e edificados como o corpo de Cristo (Ef 4.12-15). Cristo não é apenas a Cabeça deste corpo, ele é também o seu Bom Médico (Mt 9.9–13). Ele não veio para os sãos, mas para os doentes, não para os justos, mas para os pecadores - até mesmo para notórios cobradores de impostos como Mateus. A equipe de médicos espirituais de Cristo deve servir com fidelidade e o instrumento que eles usam é “Assim diz o Senhor Deus”, que deve ser falado “quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez 3.11). Para aqueles enfermos teimosos e rebeldes que acham que não precisam de médico, a Palavra de “lamentações, gemidos e ais” deve ser dita sem medo: é a Lei de Deus chamando ao arrependimento (Ez 2.10). Para aqueles enfermos que reconhecem seus problemas e enfermidades, o bálsamo do Evangelho deve ser aplicado. É assim que Cristo opera para nos salvar, conforme registra o Evangelho de Mateus.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Filho de Deus, nosso bendito Salvador Jesus Cristo, tu chamaste Mateus, o cobrador de impostos para ser apóstolo e evangelista. Por meio de seu fiel e inspirado testemunho, concede que também possamos te seguir, deixando para trás todos os desejos de cobiça e amor às riquezas; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e Rev. Dr. D. Richard Stuckwisch e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

14/09/2024

Dia da Santa Cruz (14 de setembro)

 

Cristo em uma cruz tau com a Virgem e Moisés, e as inscrições "WITTEMBERG" e "EXALTACIO.S. CRUCIS", na xilogravura de Hans Burgkmair (1473–1531). Versões dessa xilogravura foram utilizadas como frontispício para um sermão que Lutero pregou em Wittemberg no ano de 1522 (Ein Sermon von den Heiltumen, von dem heiligen Kreuz) - Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque, EUA)

Números 21.4–9
Salmo 40.1-11
1 Coríntios 1.18–25
João 12.20–33

A Exaltação da Santa Cruz

“Senhor, queremos ver Jesus” (Jo 12.21). Então olhe para a sua Santa Cruz. Pois, assim como Moisés levantou a serpente de bronze no deserto, assim também Jesus, “quando for levantado da terra”, atrairá todas as pessoas para ele (Jo 12.32). Jesus “se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”, para nos salvar (Fp 2.8). Todo aquele que é contaminado pelo veneno do pecado da antiga serpente, viverá quando olhar para Cristo (Nm 21.8). A verdadeira Santa Cruz, na qual Jesus foi crucificado, se perdeu na história, e não podemos voltar àquele Calvário para encontrar nossa salvação, mas Cristo traz para nós no presente o Novo Testamento do seu Sangue. “Nós pregamos o Cristo crucificado... o poder de Deus e a sabedoria de Deus”, mesmo que seja loucura para o mundo incrédulo (1Co 1.23–24). Deus achou por bem salvar os que creem por meio da loucura da cruz que nós pregamos (1Co 1.21). O fruto e o benefício desta Santa Cruz são derramados no Santo Batismo, são falados na pregação da Santa Absolvição e são entregues no Corpo e Sangue dado e derramado lá na cruz por nós. Assim, santificados pela cruz de Cristo, somos fortalecidos ao tomar nossas cruzes aqui (Jo 12.25–26).

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso Deus, teu Filho, Jesus Cristo, foi levantado na cruz para que pudesse levar os pecados do mundo e atrair todas as pessoas a ti. Concede que nós, que gloriamos na sua morte para a nossa redenção, possamos atender fielmente ao teu chamado para suportar a cruz e seguir a Ele, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e Rev. Dr. D. Richard Stuckwisch e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

11/09/2024

Décimo Sétimo Domingo após Pentecostes - Próprio 19B

Vitral de Alfred Ernest Child (1875–1939), na Catedral de São Brandão (Loughrea, Condado de Galway, Irlanda), retratando a cura do menino possesso, com a citação de Mc 9.24 em latim: “CREDO, DOMINE: ADJUVA INCREDULITATEM MEAM”.

Isaías 50.4–10
Salmo 116.1-9
Tiago 3.1–12
Marcos 9.14–29

Cristo Jesus nos livra do pecado, da morte e do diabo

Aqueles que ensinam a Palavra de Deus serão “julgados com mais rigor” (Tg 3.1), justamente porque é pela Palavra que obtemos a fé salvadora, ao passo que pela falsa doutrina a nossa fé e vida cristã pode ser destruída. A língua “se gaba de grandes coisas”, seja para o bem ou para o mal (Tg 3.5). No ser humano caído, a língua é um “mal incontido, cheio de veneno mortal” (Tg 3.8). Mas quem refreia a sua língua com a Palavra de Deus, que “não tropeça no falar, é um indivíduo perfeito” (Tg 3.2). Cristo “abriu os ouvidos” à voz de seu Pai, o qual lhe “deu uma língua erudita” para sustentar os cansados com uma “boa palavra” (Is 50.4-5). Obediente ao Pai até a morte, Cristo não foi envergonhado, mas trouxe justiça em sua ressurreição (Is 50.6–9). Por sua fé e fidelidade, Jesus expulsa de nós o “espírito mudo e surdo” (Mc 9.25). Ele tem compaixão de nós e tomando-nos pela mão, nos purifica de todo mal e nos ressuscita da morte para a vida (Mc 9.22-27). 

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Jesus Cristo, nossa ajuda e defesa em todas as necessidades, continua a preservar a tua igreja em segurança, governando-a pela tua bondade e abençoando-a com tua paz; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

07/09/2024

Décimo Sexto Domingo após Pentecostes - Próprio 18B

Cristo cura um homem surdo e gago (vitral da  National Cathedral, Washington DC, EUA)

Isaías 35.4–7a
Salmo 146
Tiago 2.1–10, 14–18
Marcos 7.(24–30) 31–37

Jesus Cristo, nosso misericordioso Senhor e Salvador, faz tudo muito bem

O Senhor proclama o Evangelho “aos desalentados de coração” para confortá-los e encorajá-los com a sua presença. Ele vem com a sua graciosa salvação (Is 35.4). Ele abre “os olhos dos cegos” e “os ouvidos dos surdos”, e solta “a língua dos mudos” para cantarem de alegria (Is 35.5–6). A Palavra proclamada é como “mananciais de água” em “terra seca”, vivificando pessoas de todas as nações (Is 35.7). Tudo o Senhor “tem feito muito bem” através da sua Palavra e do toque da sua mão, para que possamos falar “sem dificuldade” (Mc 7.31–37). Assim  confessamos a verdade de Deus em Cristo para a glória de seu santo nome, e o invocamos em cada tribulação, confiante de que nos ouvirá e responderá. Assim como cada um é chamado a orar e confessar com a sua língua, assim também “ame o seu próximo como a si mesmo” (Tg 2.8). Mostremos nossa “fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória”, amando as pessoas sem parcialidade . Pois Deus “escolheu os que para o mundo são pobres para serem ricos em fé e herdeiros do Reino que ele prometeu aos que o amam” (Tg 2.1–5).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, que os teus ouvidos misericordiosos estejam abertos às orações dos teus humildes servos e concede que aquilo que eles pedem esteja de acordo com a tua graciosa vontade; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

30/08/2024

Décimo Quinto Domingo após Pentecostes - Próprio 17B

Antti-Jussi Koponen (Kirkkovuosi - Luterilainen.net)

Deuteronômio 4.1-2, 6-9
Salmo 119.129-136
Efésios 6.10-20
Marcos 7.14-23

Somos purificados e sustentados pela Palavra de Deus

A iniquidade e o mal vêm “de dentro, do coração das pessoas”, e é isso que as contamina (Mc 7.21–23). Portanto, não podemos nos salvar, pois somos pecadores e impuros desde o nosso interior. Mas assim como o Senhor Jesus “considerou puros todos os alimentos” (Mc 7.19), assim também ele nos purifica por meio da sua Palavra, a pregação do arrependimento e do perdão dos pecados. Portanto, “ouça os estatutos e os juízos” do Senhor e “os cumpram, para que vivam” (Dt 4.1). Pois a sua Palavra é justa, e viver de acordo com ela “será a sabedoria e o entendimento de vocês aos olhos dos povos” (Dt 4.6). Guarde esta Palavra e também a ensine “aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos” (Dt 4.9). “Vistam-se com toda a armadura de Deus”, ouvindo e seguindo o que o Senhor tem lhes falado, “para poderem ficar firmes” no dia mau (Ef 6.11-13). Cubram-se com a justiça de Cristo, pela fé no “evangelho da paz”, e usem “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”, confessando a Cristo Jesus e “orem em todo tempo no Espírito” (Ef 6.14-18).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, fonte de tudo que é justo e bom, alimenta em nós todas as virtudes e leva-nos à realização de toda boa intenção, a fim de crescermos em graça e produzirmos os frutos das boas obras; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

20/08/2024

Lutero: Quem crê também come e bebe Cristo

Lutero dá a comunhão ao eleitor João Frederico I. Ilustração de Gustav König (1808-1869)


 "Jesus respondeu: Em verdade, em verdade lhes digo que, se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos." (João 6.53)

O Senhor não vai te deixar na incerteza nem deixar sua alma vagar sem rumo, mas ele quer te manter com esse alimento. Você não deve perder de vista a carne e o sangue, mas mantê-los diante de você, e assim a vida eterna será sua...

Pegue todas as boas obras, também as prescritas nos Dez Mandamentos, como obedecer ao governo, honrar seus pais, abster-se de roubar, adulterar e matar – elas são a carne e sangue de Cristo? Não. Portanto, elas são incapazes de dar vida. Consequentemente, Cristo exclui e rejeita todas elas, individual e coletivamente, e insiste na única coisa que concede vida eterna...

Devemos fazer boas obras e levar uma vida piedosa, mas as boas obras nunca contribuirão para alcançar a vida, escapar da morte ou libertar do pecado. A nossa posição deve concordar com a de Cristo: “A menos que comais a carne do Filho do Homem e bebais o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Você não obterá vida de nenhuma outra maneira.”...

Onde quer que seja proclamada a mensagem de que Cristo entregou o seu corpo à morte e derramou o seu sangue pelos nossos pecados, e onde quer que isto é levado a sério, crido e conservado, ali o corpo de Cristo é comido e o seu sangue é bebido. Este é o verdadeiro sentido de comer e beber. Agui, comer é sinônimo de crer. Quem crê também come e bebe Cristo. Estas palavras não precisam de complemento. Não há espaço para boas obras. Seu sangue, derramado na cruz, não é obra minha, eu não fiz isso. Tampouco seu nascimento de Maria ou sua crucificação nas mãos dos judeus são obra minha. Jesus fala do corpo ou da carne dada para a vida do mundo. O fato dele ter morrido por você – isso ele declara que é o verdadeiro alimento.

- Martinho Lutero, no décimo sexto sermão sobre João 6, que pregou no sábado antes do Domingo de Ramos (01/04/1531).

📖 Sermões acerca do Evangelho de João cap. 6 - 1530-1531 (LW 23,133-135)

13/08/2024

Os sacramentos são uma afirmação da criação

 Sacramento do Altar, por Sara Tyson (Artwork from Luther's Small Catechism, CPH)


O uso de substâncias criadas nos sacramentos é um aval da criação. Se a criação fosse tão imperfeita e má como os gnósticos diziam, então deveríamos ter sacramentos sem matéria ou não deveríamos ter sacramentos. Lutero fala da palavra de Deus se juntando a um elemento, um elemento da criação, e tornando-se um sacramento (Catecismo Maior IV, 17). Nos sacramentos, nosso olhar foca primeiramente nas coisas, coisas materiais, coisas pertencentes à criação de Deus, através das quais vemos o sobrenatural. Não olhamos em volta delas, mas através delas, para ver a realidade sobrenatural. O que acontece nos sacramentos, em certo sentido, já aconteceu na encarnação. Em Jesus, vemos Deus. Na água, no pão e no vinho, encontramos Jesus. Tanto na encarnação quanto no sacramento, o criado se torna divino e serve ao único propósito divino da salvação. Tanto em Jesus quanto nos sacramentos, o invisível está oculto no visível, e desta forma a criação é primeiro afirmada e então elevada. Através da palavra de Deus, água, pão e vinho experimentam um tipo de redenção de seu uso subalterno e uma santificação pela qual o Espírito traz pessoas a um relacionamento mais elevado com Deus e confirma isto. Os elementos criados são levados ao seu mais alto potencial e pela palavra de Deus excedem esse potencial sem negar suas limitações. Nos sacramentos, coisas comuns são elevadas a um nível espiritual mais alto, uma dimensão na qual o Espírito Santo está operando. […] Luteranos confessionais são sistematicamente contrários a qualquer substituição das substâncias prescritas, assim como também a qualquer alteração do significado das palavras.

[…]

Os sacramentos são importantes não apenas por causa dos mandamentos de Deus, mas porque derivam sua vida e significado de uma cristologia centrada na encarnação. A encarnação, por sua vez, é uma aprovação total da criação. Na encarnação, Deus toma para si a humanidade, a coroa de sua criação. Jesus é tanto Criador e criatura: “Igual ao Pai segundo a divindade e menor do que o Pai segundo a sua humanidade” [Credo Atanasiano].

[…]

Lutero insiste que Deus trabalha conosco por meio de ordenanças e coisas externas. Deus permanece em uma espécie de “união sacramental” com sua criação, pois mesmo em sua condição pecaminosa, ele continua sendo seu Criador. Historicamente, o demiurgo foi a invenção gnóstica de um Deus que não precisa se contaminar com a criação. Mas agir sacramentalmente significa agir por meio da criação (“meios”) ou criaturas. Com essa definição, a encarnação pode ser entendida sacramentalmente e nossos sacramentos têm dimensões encarnacionais. 

[...]

A fé enxerga através do comer usual um tipo de comer mais profundo, que envolve o cristão na sua existência interior, de modo que o corpo e a alma recebem sustento no mesmo momento e no mesmo ato. Essencial para os luteranos é a ‘manducatio oralis’, uma nutrição do corpo pela boca. A nutrição exterior do corpo envolve a nutrição mais profunda do corpo e da alma com o corpo e sangue de Cristo. 

- Dr. David P. Scaer, professor de Teologia Bíblica e Sistemática no Concordia Theological Seminary de Fort Wayne (EUA)

📖 David P. Scaer. Sacraments as an Affirmation of Creation. In: Concordia Theological Quarterly. v. 57, n. 4. Out. 1993. p. p. 241-264.

09/08/2024

O pão convencional e o pão sacramental

Eucaristia e Jesus Cristo, por Mina Anton

"Trabalhem, não pela comida que se estraga, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem dará a vocês; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo." (João 6.27)

Enquanto a água serve a um propósito nas atividades criativas de Deus (Gênesis 1.2), o pão é mencionado pela primeira vez em conexão com a queda do homem em pecado: "Com o suor do seu rosto comerás o pão até que voltes à terra" (Gênesis 3.19). A vida frugal de Gênesis 2, na qual árvores fornecem frutos, é substituída por um sistema complexo que envolve lavrar a terra, lutando contra o crescimento indesejado, cultivar, colher, debulhar, transformar os grãos colhidos em farinha e, finalmente, assar. O pão é um requisito mínimo para a existência humana em um mundo agora condenado à corrupção. Sua produção é acompanhada de suor a cada etapa do processo. Por mais difícil que seja sua produção e por mais simples que seja seu sabor, o pão é básico para a existência do ser humano. Mesmo com as labutas e sofrimentos que acompanham sua produção, o pão não é uma rejeição da criação, apesar de sua escravidão ao pecado; o pão é uma afirmação. A criação, cercada por seus próprios problemas, ainda serve às necessidades dos pecadores. Apesar de seus pecados, por causa da bondade de Deus, os homens têm permissão para viver em antecipação a uma futura redenção. O pão ganha mais significado pelas referências de Jesus a si mesmo como o “pão de Deus”, o “verdadeiro pão do céu” e o “pão da vida”. Isso encontrou espaço na piedade luterana.

O paralelo entre o pão comum e o pão do sacramento é óbvio. O pão convencional e o pão sacramental são, cada um à sua maneira, necessários para o ser humano em seu estado de pecado. O homem físico vive só de pão. O homem destinado a viver com Deus necessita de Jesus Cristo como o pão do céu. Todos trabalham pelo pão que por fim irá perecer (João 6.27). O pão da vida eterna é fornecido mediante o árduo labor de um só homem, Jesus Cristo.

- Dr. David Scaer, professor de Teologia Bíblica e Sistemática no Concordia Theological Seminary de Fort Wayne (EUA)

📖 David P. Scaer. Sacraments as an Affirmation of Creation. In: Concordia Theological Quarterly, Out. 1993. p. 257.


🖼 Eucaristia e Jesus Cristo, por Mina Anton

03/07/2024

A fé que suporta a dor insuportável

A Ressurreição da Filha de Jairo, por Gisele Bauche

A batalha de um pai em oração pela cura de seu filho é uma das experiências mais difíceis que ele pode enfrentar.

Como pai de um filho recentemente diagnosticado com um tumor cerebral, uma das experiências mais insuportáveis a minha vida é imaginar que talvez eu tenha que pregar um sermão fúnebre e enterrar meu filho de doze anos. A dor e a tristeza que acompanham essa preocupação são indescritíveis. No entanto, para alguns, a luta torna-se ainda mais difícil quando precisam recorrer à oração na esperança da cura para um filho. Nesses momentos, um pai tem a sua fé e confiança em Deus são testadas de maneiras que são difíceis de compreender.

C. S. Lewis, um devotado cristão, escreveu extensivamente sobre o tema do sofrimento e da dor, e suas obras fornecem perspectivas sobre a experiência de um pai que está na difícil situação de orar por seu filho. Em particular, a sua compreensão da natureza de Deus e do papel do sofrimento na vida cristã é relevante para a luta de um pai que está orando pela cura do seu filho.

Da mesma forma, na teologia luterana da Reforma, o conceito de sola fide ou “somente a fé” é central para o entendimento cristão de sofrimento, oração e salvação. “Somente a fé” significa que a salvação é um dom da graça que é recebido através da fé em Jesus Cristo, e não através de quaisquer obras ou méritos próprios. Contudo, isto não significa que a vida cristã esteja livre de sofrimento ou luta. Na verdade, o sofrimento é visto como uma parte inevitável da vida do cristão, porque vivemos num mundo caído e estamos sujeitos às consequências do pecado, como o sofrimento, a doença e a morte.

Quando um pai é confrontado com a probabilidade de perder um filho, sua fé é posta à prova. Ele pode se sentir irritado, confuso e sufocado por suas emoções. Ele pode questionar por que Deus permitiria que tal tragédia acontecesse com sua família. Ele pode ter dificuldade para encontrar as palavras para orar ou pode sentir que suas orações não estão sendo ouvidas. Mas nesses momentos, um pai se volta para Deus com fé, confiando em sua promessa de ser um “socorro bem-presente na angústia” (Salmo 46.1).

Em seu livro, “A Anatomia de uma Dor: Um Luto em Observação”, Lewis descreve seu conflito com a fé após a morte de sua esposa. Ele escreve: “Não que eu esteja (suponho) correndo o risco de deixar de acreditar em Deus. O perigo real é o de vir a acreditar em coisas tão horríveis sobre Ele. A conclusão a que tenho horror de chegar não é ‘então, apesar de tudo, não existe Deus nenhum’, mas ‘então, é assim que Deus é realmente. Não se iluda’.” (Lewis, A Anatomia de uma Dor: Um Luto em Observação, p. 32). Esta passagem fala do medo e da dúvida que podem surgir no coração de um pai que está batalhando por seu filho em oração. Ele pode temer que Deus não esteja ouvindo, ou que Deus esteja punindo ele ou seu filho por algum pecado ou falta.

Contudo, o pai deve lembrar que Deus é um Pai amoroso que cuida intensamente de seus filhos. Ele é encorajado, e até ordenado, a confiar na bondade e na misericórdia de Deus, mesmo quando isso é difícil de entender. Em seu livro, “O Problema do Sofrimento”, Lewis escreve: “Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nosso sofrimento: ele é o seu megafone para despertar um mundo surdo”. (Lewis, O Problema do Sofrimento, p. 106). Esta passagem nos lembra que Deus pode usar o nosso sofrimento para nos aproximar dele e nos revelar o seu amor e misericórdia de novas maneiras.

As declarações de Martinho Lutero sobre o que ele chamou de “teologia da cruz” também são relevantes para a experiência de um pai que batalha em oração pela cura do seu filho. Esta teologia enfatiza a natureza paradoxal da fé cristã: que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, que a vida vem através da morte e que a verdadeira glória é encontrada na cruz. Assim como o apóstolo Paulo escreveu: “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus.” (1 Coríntios 1.18).

A teologia da cruz nos desafia a ver o poder e o amor de Deus em ação no meio do nosso sofrimento e fraqueza. Isso nos lembra que mesmo quando estamos no fundo do poço, Deus ainda está conosco e operando para o nosso bem. Assim como Lutero escreveu em seu Debate de Heidelberg: “Justo não é quem pratica muitas obras, mas quem, sem obra, muito crê em Cristo”. (Lutero, Debate de Heidelberg, Tese 25). Em outras palavras, não são as nossas próprias obras ou méritos que nos salvam, mas sim a nossa fé em Cristo e na sua obra na cruz.

Para o pai que batalha em oração pela cura do filho, a teologia da cruz oferece esperança e conforto. Isso o faz lembrar de que mesmo que suas orações não sejam respondidas da maneira que ele espera, Deus ainda está operando em sua vida e na vida de seu filho tencionando fazer o bem. Também o faz lembrar que a sua fé no amor e no poder de Deus não depende da sinceridade das suas orações, ou de como julga o resultado das suas orações.

Uma das histórias mais famosas da Bíblia sobre a luta de um pai com a fé é a história de Jairo, cuja filha estava morrendo. Jairo era um líder da sinagoga que foi até Jesus e implorou que ele fosse curar sua filha. Jesus concordou em ir com ele, mas no caminho foram interrompidos por uma mulher que sofria de hemorragia há 12 anos. Quando Jesus parou para curá-la, Jairo recebeu a notícia de que sua filha havia morrido.

Naquele momento, Jairo deve ter se sentido arrasado e sem esperança. Ele colocou sua fé em Jesus, mas ainda assim sua filha morreu. Mas Jesus lhe disse: “Não tenha medo; apenas creia, e ela será curada” (Lucas 8.50). Jesus encoraja, e até ordena, Jairo a confiar em seu amor e poder, mesmo quando parecia que toda a esperança estava perdida. E no final, Jesus ressuscitou sua filha dentre os mortos.

Esta história nos lembra que mesmo quando enfrentamos as maiores provações e desafios, ainda podemos colocar a nossa fé em Jesus e confiar no seu amor e poder, um poder que pode ressuscitar os mortos. E talvez nem sempre entendamos por que as coisas acontecem da maneira que acontecem, mas podemos confiar que Deus ainda está no controle, permanecendo fiel às suas promessas para nós e sempre operando para o nosso bem. Como Paulo escreveu em Romanos 8.28: “E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito”.

Para terminar, a batalha de um pai em oração pela cura de seu filho é uma das experiências mais difíceis que ele pode enfrentar. Desafia a sua fé e confiança em Deus e testa a sua compreensão da fé cristã. Mas através das obras de C. S. Lewis e da teologia de Martinho Lutero, podemos ver que Deus ainda está conosco em meio ao nosso sofrimento e fraqueza. Podemos confiar em seu amor e poder, mesmo quando parece que toda a esperança está perdida. E podemos encontrar conforto e esperança na história de Jairo, que depositou a sua fé em Jesus e viu a sua filha ressuscitar dos mortos. Que todos tenhamos força e fé para confiar na bondade e na soberania de Deus, mesmo nos momentos mais sombrios de nossas vidas.

Donavon Riley, pastor luterano, escritor e colaborador de 1517, Christ Hold Fast, e LOGIA.

Traduzido do original: Faith that Bears Unbearable Grief

25/06/2024

Artigo da Justificação na Confissão de Augsburgo

Hoje a Igreja Luterana comemora a apresentação da Confissão de Augsburgo ao imperador Carlos V na Dieta de Augsburgo, em 1530. Rendemos graças a Deus pelo labor destes fiéis reformadores e confessores da fé!

Ilustração de Debra L. Swearingen (Christ the Life of All the Living / Like the Golden Sun Ascending. Ernst C. Homburg , Thomas H. Kingo. Kloria Publishing)


Confissão de Augsburgo (Artigo IV: Da Justificação)

Ensina-se também [em nossas igrejas] que não podemos alcançar remissão do pecado e justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação nossos, porém que recebemos remissão do pecado e nos tornamos justos diante de Deus pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo padeceu por nós e que por sua causa os pecados nos são perdoados e nos são dadas justiça e vida eterna. Pois Deus quer considerar e atribuir essa fé como justiça diante de si, conforme diz São Paulo em Romanos 3 e 4. (Tradução do Texto Alemão)


Confissão de Augsburgo: nada contra a Sagrada Escritura ou a igreja cristã universal

A Dieta de Augsburgo em 1530, gravura de 1630, por Johann Dürr (1650–1667)


"Entre nós nada se recebeu que seja contra a Sagrada Escritura ou a igreja cristã universal"

Conclusão da Confissão de Augsburgo (Tradução do Texto Alemão)

"Estes são os artigos principais que são considerados como controvertidos. Embora se pudesse haver falado de número muito maior de abusos e erros, contudo, para evitar prolixidade e extensão, citamos apenas os precípuos, a partir dos quais facilmente se pode ajuizar quanto aos outros. Pois em tempos passados houve muita queixa sobre as indulgências, sobre peregrinações, abuso em matéria de excomunhão. Os pastores tinham infinitas contendas com os monges quanto a ouvir confissões, a respeito de sepultamento, no tocante a prédicas em ocasiões extraordinárias e relativamente a inúmeras outras coisas. Com as melhores intenções e por amor da cortesia passamos tudo isso por alto, a fim de que tanto melhor se pudessem notar os pontos principais nessa questão. Não se deve julgar que qualquer coisa haja sido dita ou mencionada por ódio ou para infamar. Relatamos apenas aquilo que julgamos necessário aduzir e mencionar, a fim de que daí se pudesse tanto melhor perceber que, em doutrina e cerimônias, entre nós nada se recebeu que seja contra a Sagrada Escritura ou a igreja cristã universal. Porque deveras é público e manifesto havermos evitado, diligentissimamente e com a ajuda de Deus (para falar sem vanglória), que se introduzisse, alastrasse e prevalecesse em nossas igrejas qualquer doutrina nova e ímpia. Seguindo o edito, quisemos apresentar os artigos supramencionados, como declaração de nossa confissão e da doutrina dos nossos. E caso alguém entenda que fala algo, estamos prontos a dar-lhe informação mais ampla, com base na divina Escritura Sagrada."