INVOCAÇÃO
A Sagrada Liturgia do Culto Divino começa com uma lembrança que, ao mesmo tempo, também é uma confissão de Fé: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
O que nos lembra essas palavras, quando elas foram ditas para nós pela primeira vez? O texto bíblico indicado no Hinário Luterano nos ajuda: “São Mateus 28.19” – A instituição do Santo Batismo. Ou seja, o Culto Cristão se inicia com a lembrança do Santo Batismo, a lembrança de que não somos pessoas quaisquer, mas filhos e herdeiros de Deus por causa do Santo Batismo.
O ato de fazer o sinal da cruz neste momento, por causa de seu significado, é oportuno, pois no Santo Batismo somos marcados, através das mãos de um Ministro, com a santa cruz de nosso Senhor, o que reflete que somos propriedade desse Deus, guardados por ele (Ezequiel 9: 1-6). Além disso, a Fonte Batismal em local visível e de destaque se torna importante. Por isso, recomenda-se que ela fique ou na entrada do templo – lembrando que somos trazidos ao Corpo de Cristo através do Santo Batismo; ou no centro do templo e diante do Altar – lembrando a centralidade do Santo Batismo em nossas vidas e também que é através da Aliança que Deus fez conosco através deste Sacramento que podemos nos aproximar do seu Altar; ou ainda, não havendo condições para as possibilidades anteriores, num local bem visível junto ao Altar. Tudo isso nos ajudará a lembrar, quando dizemos as palavras iniciais do Culto Divino, o Santo Batismo instituído pelo nosso Senhor e Salvador Jesus.
“Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” não é somente uma lembrança, como disse no início, é também uma confissão de Fé. Mas, o que estamos confessando com essas palavras? Novamente, o Hinário Luterano nos ajuda: entre colchetes há um segundo texto indicado – “São Mateus 18.20” – Jesus ensinando os seus discípulos que ser reunidos em seu Nome é sinal de sua presença real entre os seus. Ou seja, quando dizemos as palavras iniciais da Sagrada Liturgia, confessamos para nós mesmo e para todos ao nosso redor que o mais importante e o principal no Culto Divino é a presença do Senhor!
Aqui novamente, cabe ressaltar o sinal da cruz e a fonte batismal: o sinal da cruz testemunha para eu mesmo e para o próximo que o que marca minha vida não é algo que eu faça e sim aquele que se entregou e me salvou na cruz; a fonte batismal também é um testemunho – se ela está colocada em qualquer lugar ou até de escanteio, escondida, isto pode refletir um descaso com Cristo e sua Instituição. Por outro lado, a centralidade e a visualização da fonte batismal nos ajuda a perceber que, de fato, assim como Cristo nos reconciliou efetivamente através do Santo Batismo, hoje ele continua real e verdadeiramente presente entre nós quando somos reunidos em seu Nome. Tudo isto auxilia a confissão de Fé da Igreja.
Sabemos, agora, o que lembramos e confessamos com as palavras “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Mas, ainda há uma pergunta a ser feita: O título desta parte na Sagrada Liturgia é “Invocação”. O que estamos invocando? O próprio Deus? Mas ele é como um espírito das fábulas que precisa ser invocado para aparecer? Seria isso? Há um texto bíblico que nos auxilia nesta questão: “Gênesis 4.26” – invocar o Nome do Senhor! A nota na Bíblia de Estudos da Reforma sugere que esta expressão pode significar o início do Culto Litúrgico entre os seres humanos. Além disso, vários textos no Antigo e no Novo Testamento relacionam o “invocar o Nome do Senhor” com o Culto e o que ele de fato é – o Serviço de Deus em favor do ser humano (Romanos 10: 13-17). Deste modo, cabe dizer que não estamos invocando a Deus no início do Culto, mas sim o Nome do Senhor, e é nesse nome que somos reunidos.
Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS, 2023 AD
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