SANTA ABSOLVIÇÃO
Antes de tratarmos especificamente da Santa Absolvição, observe que em seus Hinários toda essa parte que envolve a Invocação do Nome do Senhor, a Confissão de Pecados e a Santa Absolvição é denominada de “Preparação”. Obviamente, algumas perguntas que podem vir a mente são: Por que “Preparação”? Ou ainda: Como assim “Preparação”? E claro: “Preparação” para o que?
Há um texto bíblico que nos ajuda a compreender esta denominação e também responde estas questões levantadas: Êxodo 3. 2-5 – “tira as sandálias dos pés porque o lugar em que está é terra santa!”
Êxodo 3 mostra que a presença do Senhor em meio a sarça fazia daquele lugar um lugar sagrado, e as sandálias – no Antigo Oriente Próximo – por carregar as sujeiras do dia-a-dia eram associadas a impureza. Mas, o que isso tem a ver com o Culto Divino? O Culto Divino é uma Sarça Ardente para nós! É o Senhor vindo falar conosco, é um momento em que estamos na presença real de nosso Deus. Porém, nós somos impuros por causa de nossa natureza pecaminosa. E agora?
Já repararam que sempre que o Senhor – o puro – vai ao encontro do pecador – o impuro – ele não se torna impuro como o pecado. Pelo contrário, ele purifica o pecador. E é exatamente isso que acontece nesta “Preparação”. Por sermos impuros não deveríamos estar na presença de Deus; porém, Deus misericordiosamente vem ao nosso encontro e, por meio da Confissão de Pecados e da Santa Absolvição, nos purifica de todo o pecado; e assim, nos prepara para que, de forma devida, estejamos na presença do Senhor, neste lugar Sagrado, para ouvirmos tudo aquilo que ele tem a nos dizer por meio de sua Palavra.
Tiramos as sandálias de nossos pés, isto é, confessamos os nossos pecados, e assim, nossa “Preparação” para ouvir a Palavra de Deus acontece. E justamente a conclusão desta “Preparação” é também a primeira Palavra que ouvimos do Senhor dirigida a nós. Esta conclusão e primeira Palavra é o que chamamos de “Santa Absolvição”, um momento sublime em que um “Ministro do Senhor, ordenado e chamado” diz: “Eu perdoo todos os seus pecados!”.
Como assim? Talvez alguém possa indagar. Um ministro, mesmo ordenado e chamado, continua sendo um ser humano, e sendo um ser humano, ele é pecador. Portanto, como ele pode dizer “Eu te perdoo”, mesmo que ele diz que é “em nome do Senhor” isso não soa estranho ou até errado? De acordo com as Sagradas Escrituras, errado é negar isso! Vejam o texto indicado em nosso Hinário: S. João 20. 19-23 – “Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles serão perdoados!”
Jesus instituiu a Santa Absolvição para que nós tenhamos certeza do seu perdão. E para tanto, ele enviou seus primeiros Ministros – os Apóstolos – justamente com essa função de perdoar e reter pecados. “Assim como o Pai me enviou, eu envio vocês”. Assim, um ministro não só pode, como deve perdoar os pecados em Nome do Senhor porque o próprio Senhor o enviou para fazer isso!
O Apóstolo Paulo procura deixar essa verdade bem clara, ao afirmar: “Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por meio de nós. Em nome de Cristo, pois, pedimos que vocês se reconciliem com Deus” (2Coríntios 5:20).
É assim que a Sagrada Liturgia nos prepara, é assim que ela coloca diante de nós e sobre nós esta doce e graciosa Palavra de libertação e reconciliação, que é a Santa Absolvição, da mesma forma que Deus o fez junto a Moisés no inesquecível episódio da Sarça Ardente.
Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS - 2023 AD
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