25/03/2013

A Saudação Angélica

“A Anunciação” (c. 1623), Orazio Gentileschi (1563–1639)
     A “Ave Maria” (do latim), também chamada de “Saudação Angélica”, é tirada do Evangelho de São Lucas e é uma combinação das palavras do Anjo Gabriel na Anunciação (Lc 1.28) e da saudação de Isabel a Maria na Visitação (Lc 1.42). Na sua forma antiga e original, lê-se: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres; bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”.

     A fórmula é encontrada já nos séculos V, talvez IV, nas liturgias orientas e no século VI na igreja latina, mas seu uso devocional entre os cristãos do ocidente começou no século XI, como um memorial da encarnação de Cristo. 

     A sentença precatória, — “Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.” — foi adicionada somente no século XVI. Pio V a tornou oficial somente em 1568 na Igreja Romana, quando foi incluída no novo breviário promulgado no Concílio de Trento. Portanto, nas Igrejas Ortodoxas do Oriente, bem como Lutero e os reformadores reconhecem a Saudação Angélica apenas na sua forma mais antiga.

     Em 1522, Lutero escreveu um comentário sobre a Ave Maria em seu Livro de Oração Pessoal (WA 10, II, 407-409; 17 II, 398-410; ver também 11, 59-61). Livros de orações pessoais para leigos foram amplamente utilizados na igreja medieval por séculos. Ainda existem cópias bem elaboradas e com iluminuras, datando do século IX, e que pertenciam à nobreza. Antes disso, no início da era cristã, o Saltério ou seleção de salmos serviram como manuais devocionais para leigos. Aos poucos, o Saltério foi suplementado por coleções de orações, narrativas da Paixão, Ave Maria e orações para a hora da morte. Na Idade Média, o Livro de Horas foi amplamente utilizado por devotados leigos de nascimento nobre que podiam pagar tais livros com belos manuscritos. Alguns levavam estes livros consigo em todos os momentos, razão pela qual eram de tamanho muito pequeno.

     Lutero utilizou o Livro de Oração Pessoal como uma forma de disponibilizar à baixo custo, traduções de variados livros do Novo Testamento. Depois incluiu também sermões. Esse material adicional tornou proveitosa as novas edições do Livro de Oração Pessoal de Lutero, ao prover conteúdo bíblico para substituir alguns dos materiais habitualmente incluídos nos tradicionais livros de oração. Lutero, no entanto, manteve a essência básica dos livros de oração, com os Dez Mandamentos, o Credo, o Pai Nosso e a Ave-Maria. 

Fontes:
- Erwin L. Lueker (Ed.). Lutheran Cyclopedia. St. Louis: Concordia Publishing House, 1954. p. 79.
- Martin H. Bertram (Luther’s Works, Volume 43)

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