31/10/2016

Reinheitsgebot e a Reforma

Alguns anos atrás, ainda na época do Seminário, tive a oportunidade de assistir algumas palestras realizadas pelo Pastor Renato Regauer. Me dou a liberdade de compartilhar com todos os leitores um texto produzido por ele:
"Sempre me despertou muita curiosidade uma inscrição encontrada em grande parte das garrafas de cerveja: “Produzida segundo a lei alemã de pureza da cerveja de 1516”. É a famosa Reinheitsgebot.

Na minha curiosidade fui investigar essa Lei, e encontrei o seguinte: No dia 22 de abril de 1516, o duque Guilherme IV da Baviera (Bavária, Bayern, região de Munique – Estado da Alemanha) passou por um Bierhaus (bar) e bebeu uma cerveja. Durante a noite o duque passou muito mal, levantou com muita dor de cabeça – uma ressaca enorme. Ele estava convencido de que a culpada era aquela cerveja produzida com ingredientes estranhos. De fato, os cervejeiros andavam inventando fórmulas – misturavam de tudo, inclusive incluíam ingredientes bizarros como fuligem e cal, para variar o sabor.

Sob essa violenta ressaca, naquele mesmo dia, 23 de abril de 1516 (um ano e meio antes da Reforma!), o duque Guilherme IV promulgou a lei da pureza da cerveja, que instituía que a cerveja deveria ser produzida apenas com estes três ingredientes: água limpa, malte de cevada e lúpulo. A levedura ainda não era conhecida na época, por isso foi incluída mais tarde.

Essa lei constitui um dos mais antigos decretos na área dos alimentos e em 1906 se estendeu a toda a Alemanha. Depois surgiram outras leis complementares, algumas delas muito curiosas como esta difundida em cartazes coladas às portas das latrinas que ficavam sobre os riachos: “O prefeito (Burgermeister) decreta que, uma vez que nas quartas-feiras se usa a água do riacho para fazer cerveja, a latrina não deve ser usada desde as terças”.

Assim, ainda hoje, a maioria dos produtores de cerveja de qualidade seguem essa lei, garantindo um produto natural e saudável. Aqui no Rio Grande do Sul são frequentes as adulterações de leite com água, cal, soda cáustica e formol. Sabemos como bebidas ou alimentos adulterados podem ser maléficos para a saúde e inclusive levar à morte.

Se alimentos para nutrir nosso corpo precisam ser limpos e puros, imaginem quando se trata dos nutrientes espirituais para a nossa alma! É isso que celebramos hoje: nossas almas não precisam estar de ressaca ou com dor de barriga, nem precisam morrer porque ingerimos um evangelho contaminado. Lutero, ao afixar suas 95 teses à porta da igreja em Wittenberg estava baixando um decreto de pureza do Evangelho – uma volta aos ingredientes originais e puros da fé cristã: sola Scriptura, sola Gratia, sola Fide"

Rev. Renato Regauer
Congregação Evangélica Luterana São Mateus - Sapiranga/RS
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário