31/05/2017

A Visitação de Maria

A Visitação de Isabel por Maria (2005), por Brigid Marlin (1936 - ) - Collection of Christ the King's Priory, Tororo, Uganda.


Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidadezinha da Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou a prima Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com voz forte exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu” (Lucas 1,39-45).

Esse texto bíblico nos traz alguns dados importantes para a nossa vida de oração e de vivência da fé, e que precisam ser resgatados. A pressa de Maria significa a urgência da situação. Há situações que não podem esperar. Isabel e Zacarias representam a categoria dos excluídos. Eles tinham idade avançada, e Isabel era estéril. O casal não tinha gerado filho. Naquela época, quem não gerasse filhos era tido como amaldiçoado por Deus e excluído da comunidade, tendo que ir morar nas periferias, nos lugares afastados. A região montanhosa representava lugar de exclusão, mas também da manifestação de Deus, pois ele se manifesta nesses lugares. Assim, a pressa de Maria mostra que é urgente irmos ao encontro de quem está precisando; de quem é marginalizado; daqueles cuja vida corre risco. Entendemos aqui o motivo da sua pressa. Ela nos ensina a urgência da missão, a urgência em socorrer as pessoas que sofrem; a urgência em solucionar determinadas situações que não podem esperar. Não podemos ficar de braços cruzados quando há tantos irmãos e irmãs passando por dificuldades.

Oremos:

Senhor, ajudai-me a perceber as necessidades de meus irmãos e irmãs e a não ser indiferente a elas. Que eu possa me colocar sempre à disposição para servir, indo ao encontro dos que necessitam, dos distanciados e de todos aqueles que se desviam do seu caminho. Dai-me a força necessária para ser, a exemplo de Maria, verdadeiro discípulo missionário. Amém.

Texto extraído do livro: “Em oração com Maria”, de Paulinas Editora.

A Visitação

“A Visitação” (2015), de Laura McGowan
Na Festa da Visitação lembramos a ocasião em que Maria visitou Isabel. A jovem mãe de nosso Senhor Jesus demonstrou coragem e fidelidade dignas de louvor ao carrega-lo no ventre. Com grande humildade, ela procurou dar toda a honra e glória a Deus por este milagre, e não para si mesma. Que o Espírito Santo nos ajude a reagir da mesma forma a todas as ações de Deus em nossas vidas!

Abaixo, uma bonita meditação de Lutero sobre o Cântico de Maria, o Magnificat, que se encontra na íntegra no volume 6 das Obras Selecionadas de Lutero em português:

Pois me fez grandes coisas aquele que é poderoso, e santo é seu nome.” [Lc 1.49]
 
Portanto, com essas palavras a santa mãe de Deus quer expressar o seguinte: nada de todas essas coisas e grandes bens é meu, mas aquele que é o único que faz todas as coisas e cujo poder exclusivo atua em tudo, este me fez estas grandes coisas. Pois a palavra “poderoso” não significa aqui um poder quiescente, como se diz que é poderoso um rei temporal, mesmo quando descansa e nada faz; mas é um poder ativo e uma atividade constante, que está em movimento e atividade permanente. Pois Deus não descansa, mas atua incessantemente...
 
Por isso ela acrescenta: “E santo é seu nome”. Isso significa: assim como não me arrogo a obra, também não me arrogo o nome e a honra. Pois a honra e o nome competem somente àquele que realiza a obra. Não é justo que um faça a obra e outro leve o nome e receba a honra. Eu sou apenas a oficina na qual ele trabalha, mas nada contribuí para a obra. Por isso ninguém me deve louvar nem dar-me a honra por me ter tornado a mãe de Deus. Mas deve-se honrar e louvar em mim a Deus e sua obra. Basta que as pessoas se alegrem comigo e me declarem bem-aventurada porque Deus me usou para fazer cm mim essas suas obras. Vê como ela atribui todas as coisas inteiramente a Deus. Não reclama para si nenhuma obra, nenhuma honra, nenhuma glória. Comporta-se como antes, quando ainda não tinha nada dessas coisas, também não busca mais honra do que antes. Não se vangloria, não alardeia que se tomou mãe de Deus, não exige honra, mas vai e trabalha na casa como antes, ordenha as vacas, cozinha, lava a louça, varre e ocupa-se como uma empregada ou uma dona de casa deve ocupar-se com trabalhos pequenos e insignificantes, como se não se importasse com esses dons e graças extraordinários...
 
É isso, portanto, o que significa: “Santo é seu nome”. Pois “santo” significa o que foi separado, consagrado a Deus, o que não se deve tocar nem manchar, mas honrar. “Nome” significa, por sua vez, boa reputação, fama, louvor e honra. De maneira que todos devem manter distância do nome de Deus, ninguém deve tocá-lo nem apropriar-se dele... Isso significa que ninguém deve usurpar o nome de Deus; pois significa profanar o nome de Deus quando nos gloriamos e aceitamos honra, ou quando encontramos agrado em nós mesmos e quando nos gloriamos de nossas obras ou bens, como o faz o mundo que blasfema e profana o nome de Deus sem cessar. Pelo contrário, como as obras são exclusivas de Deus, também o nome compete exclusivamente a ele, e todos os que santificam seu nome desta maneira e renunciam à honra e a glória, esses o honram de verdade.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, em O Magnificat (Obras Selecionadas de Lutero, vol. 6. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1996. p. 51-52)

O amor de Lutero por Santa Maria, Rainha do Céu

 Por Diac. Betsy Karkan

     Talvez esta não seja a sua opinião. Em seus escritos devocionais sobre o Magnificat, Lutero resume cuidadosamente como devemos e como não devemos honrar esta “Muito Bendita Virgem Mãe”. Lutero não quer dar a ela falsos atributos ou devoção idólatra, nem depreciar “o motivo pelo qual ela é uma pessoa singular dentre todo o gênero humano” como a Mãe de Deus. As Confissões Luteranas (Artigo XXI da Confissão de Augsburgo e Apologia) respaldam Lutero ao apresentar um esquema tríplice de como os cristãos podem honrar Maria e todos os outros santos de forma apropriada. Além disso, a forma como os cristãos falam sobre ela reflete o que a Igreja crê sobre a natureza de Cristo e sua posição em relação à criação.

     Para aqueles que acreditam que Maria tornou-se merecedora desta honra por seu próprio mérito ou dignidade, Lutero aponta para as próprias palavras de Maria em relação a sua baixeza e a obra de Deus Pai para com sua humilde serva. Lutero afirma que ela não é escolhida porque é “mais rica, bela, jovem e culta, gozando da mais honrosa reputação aos olhos de todo o país. Entre os vizinhos e suas filhas ela foi uma moça comum... sem dúvida, em nada diferente como o faz uma pobre doméstica de hoje” [1]. Ela é chamada de bendita não por causa de seu próprio mérito ou dignidade, mas porque Deus lhe concedeu essa dádiva, fazendo esta poderosa obra dentro dela. Lutero afirma: “Ela não diz que irão falar muito bem dela, elogiar sua virtude, exaltar sua virgindade ou humildade ou, quem sabe, entoar um hino para exaltar seu feito. Pelo contrário, falarão somente do fato de Deus ter posto os olhos nela, e se dirá que ela é bem-aventurada por causa disso. Com isso não se louva a ela, mas a graça de Deus para com ela” [2]. Apesar de admitir que o título “Rainha dos Céus” seja “certo”, Lutero adverte o leitor a não cometer exagero [3]. Ele adverte contra aqueles que tornaram um costume diminuir a sua nulidade e humildade, elevando-a uma posição como a de uma deusa, que possuiria atributos divinos iguais a Cristo e seria digna dessa posição por si própria, menosprezando assim a graça de Deus. Nessa posição exaltada, ela se torna para muitos uma co-redemptrix a quem as pessoas “clamam mais do que a Deus” [4]. Melanchthon concorda: “Ainda que é digníssima das honras mais excelsas, ela não quer, todavia, que a igualemos a Cristo. Quer antes que consideremos e sigamos os exemplos dela” [5].


     Em resposta, muitos protestantes vão para o extremo oposto e jogam fora o proverbial bebê com a água do banho, recusando-se a dar qualquer honra a Maria porque isto pode ser visto como idolatria. Isto é um pouco equivocado e parece mais motivado pela autojustificação do que um conflito real com as Escrituras, com as Confissões e até mesmo com os Pais e Mães da Igreja. Isso levou a uma prática imprópria e preocupante entre muitos protestantes e luteranos, não só em relação a Maria e aos santos, mas também em outras áreas da prática cristã. Se alguma coisa simplesmente parece ou soa “muito católico” na devoção pessoal ou no culto corporativo, então isto é descartado como se ambos não possuíssemos as mesmas dádivas que Cristo concedeu a sua Igreja. Ao invés de desfrutar a riqueza que essas coisas contribuíram para o culto e a vida devocional dos cristãos por milênios, muitos optam por dispensá-la, guiados pelo seu próprio sentimento de piedade.

    
Lutero, no entanto, não tem receio de dar a Maria toda a honra que ela merece. Ele a chama, com entusiasmo, de “muito bendita Mãe de Deus, bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Cristo” e até mesmo de “Rainha dos Céus” [6]. Ele também se maravilha com a sua fé e a humildade, perguntando: “Não percebes quanto é maravilhoso esse coração?” [7] De que ela é uma pessoa singular como Mãe de Deus: “Ninguém pode dizer coisa mais sublime dela e a ela, ainda que tivesse tantas línguas como existem folhas e ervas, estrelas no céu e areia no mar” [8].


     Como bom professor, Lutero não usa esses títulos para dar a ela honra sem motivo. Ele sabe que há algo de grande valor a ser aprendido com eles. Como o Artigo XXI da Apologia declara, ao honrar os santos, os cristãos são “ensinados a dar graças a Deus, a estarem fortalecidos na fé e encorajados a imitar a fé e as virtudes deles” [9]. A maneira como falamos de Maria e da obra de Deus nela também é uma confissão daquilo que cremos sobre Cristo e sua obra em nós. Ao dizer que Maria é Mãe de Deus, os cristãos confessam que Cristo é Deus e Homem ao mesmo tempo, duas naturezas unidas em uma só pessoa. Em Maria, vemos que Deus escolheu se colocar dentro do seu ventre e somos lembrados de que Ele também escolhe colocar-se dentro de nós através de sua Palavra e Sacramentos. Além disso, na nulidade e humildade de Maria, vemos a graça do Senhor e a mão misericordiosa para conosco pobres pecadores, como diz São Paulo: “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” [10]. Os cristãos são alentados de que, mesmo em nosso estado pobre, desprezado e humilde, Deus escolhe conceder sua graça e favor a nós, como a Maria, ao operar os seus poderosos feitos em nós.

- A diaconisa Betsy Karkan serve na Concordia Univeristy-Chicago, EUA.


[1] Lutero, O Magnificat

[2] Ibid

[3] Ibid

[4] Ibid

[5] Apologia, Artigo XXI:27

[6] Lutero, O Magnificat
[7] Ibid

[8] Ibid

[9] Apologia, Artigo XXI:4

[10] 1 Coríntios 1.27


Artigo publicado originalmente em inglês no portal LutheranReformation.Org

A Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria – 31 de maio


João Batista e Jesus, as duas grandes figuras da história da salvação, agora se encontram na visita da Virgem Maria a Isabel (Lc 1.39-45), ambas as quais conceberam seus filhos em circunstâncias milagrosas. Desta forma, João é trazido à presença de Jesus enquanto eles ainda estão no ventre de suas mães. Essa presença do Senhor provoca uma resposta por parte do menino João quando ele estremeceu no ventre de Isabel. A resposta de João com a presença de Jesus, o Messias, prenuncia o papel de João como Precursor. Desde já, uma nova criação está começando, e um bebê ainda no útero saúda o princípio da nova criação. No estremecimento de João são prenunciados os milagres de Jesus que fará toda a criação estremecer em sua presença: “os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Lc 7.22). A presença encarnada do Messias também evoca uma resposta de Isabel, que proclama a bem-aventurança de Maria. O Magnificat de Maria (Lc 1.46-55) fornece o significado teológico desta visita, quando Maria recapitula sua condição na história da salvação. O Cântico de Maria é um hino a Deus por seus dons graciosos concedidos àqueles que tem menor importância neste mundo, os quais Ele levanta da baixeza unicamente por causa da sua graça e misericórdia.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:
 
† Salmo 138 (antífona v. 8a)
† Isaías 11.1-5
† Romanos 12.9-16
† Lucas 1.39-45 (46-56)

ORAÇÃO DO DIA:
 
Todo-poderoso Deus, tu escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu Filho, e fizeste conhecer através dela a tua graciosa estima para com os pobres, humildes e desprezados. Concede que possamos receber a tua Palavra com humildade e fé, e assim sejamos feitos um com Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008)

25/05/2017

A ASCENSÃO DO SENHOR - Missão de Deus e a Igreja


A ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR
O Evangelho segundo São Lucas 24. 44-53

A Missão de Deus e a Igreja

            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

         Perguntar pela “missão” de um grupo, organização ou empresa é mexer com a essência da coisa. Afinal, ao se definir a “missão” de algo, está se respondendo qual é o seu fundamento. Desse modo, quando falamos de “missão” na Igreja, precisamos levantar a seguinte questão: qual é o fundamento e essência que dá sentido para mantermos nossas portas abertas?
         O Evangelho para este dia especial em que celebramos a Ascensão de nosso SENHOR fornece algumas explicações importantes para tratarmos adequadamente a temática “missão”.

         Iniciamos nossa reflexão pelo que é básico: O que é “missão” para a Igreja? Provavelmente, as primeiras respostas para esta questão estariam relacionadas com aquilo que fazemos, por exemplo: entrega de folhetos, abordagens na rua, contato de casa em casa, eventos públicos e populares, ação social, etc. Será que estes exemplos, realmente definem o que é a “missão” na Igreja?
         Antes de mergulharmos no texto, duas coisas precisam ser esclarecidas: 1) todas estas atitudes e exemplos citados são belos, louváveis e de grande valor. E todas estas coisas podem ser incentivas e realizadas, pois, de certa forma, fazem parte da “missão”. 2) No entanto, não podemos definir estas ações como sendo a “missão” para a Igreja; pois, como vimos, “missão” tem a ver com a essência e o fundamento de algo. Portanto, se nós dissermos que a “missão” na Igreja é aquilo que nós estamos desenvolvendo, planejando e realizando, então, precisamos admitir que a essência e o fundamento da Igreja somos nós. Será que é isso?

         Jesus, segundo São Lucas 24.44, diz: “na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, tudo o que está escrito é sobre mim”; ou seja, o centro das Sagradas Escrituras é Cristo – ele é a essência e o fundamento – inclusive da Igreja, pois esta aceita e reconhece as Escrituras como Palavra de Deus. Sendo assim, “missão” na Igreja está muito mais relacionado com o que Deus fez e faz do que com a gente. De uma forma simples, a “missão” não é nossa, a “missão” é de Deus! Isto significa que a Igreja como tal, não possui uma “missão” própria; na verdade, ela participa, está inserida, e é usada como um instrumento da Missão de Deus.
         Sabendo disso, perguntamos: Afinal, então, que é a Missão de Deus? E a resposta, conforme o Evangelho de hoje é Deus vindo ao encontro do ser humano e lhe “abrindo o entendimento para compreender as Escrituras” (São Lucas 24.45), a fim de que este ser humano seja resgatado pela Obra Redentora de Cristo que “padeceu e ressuscitou dentre os mortos” (São Lucas 24.46) – esta é a Missão de Deus!
         Agora, também podemos perguntar: E a Igreja, e nós, onde ficamos nisso? Em primeiro lugar, precisamos saber e reconhecer que nós somos alvo da Missão de Deus. Pelo poder do Espírito Santo, nosso entendimento é aberto para as Escrituras, para confiarmos na Obra de Cristo. Em outras palavras, a Igreja só é Igreja porque Deus foi missionário para com ela. Por causa disso, agora que fomos chamados, iluminados e congregados pela ação do SENHOR, reconhecemos quão grandiosa é a Missão de Deus, e como ela foi e continua sendo maravilhosa em nossas vidas; nós, como Igreja, pregamos, anunciamos e confessamos “o arrependimento para a remissão dos pecados” (São Lucas 24.47), ou seja, “somos testemunhas” (São Lucas 24.48) da Missão de Deus – testemunhas de um Deus que leva ao arrependimento, através do reconhecimento do pecado e absolve através do seu perdão. Os discípulos de Jesus entenderam isso e mais adiante disseram: “nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos dos Apóstolos 4.20).
        
         Com esta perspectiva da Missão de Deus, podemos agora olhar para a nossa Igreja e questionar: nossa Igreja é uma Igreja missionária? Absolutamente sim! Não que ela seja a autora da Missão, mas porque Deus está agindo missionariamente nela e através dela. Como enxergamos isso, na prática? Ali onde Cristo é o centro – a essência e o fundamento – está ocorrendo a Missão de Deus; ali onde o SENHOR está levando pessoas ao arrependimento e efetivamente dando o seu perdão, está acontecendo a Missão de Deus. Visualmente, enxergamos esta Missão de Deus no Batismo, na Confissão e Absolvição, na Proclamação da Palavra e na Ceia do SENHOR. Portanto, enquanto a Igreja possuir como essência e fundamento a Palavra e os Sacramentos – isto é, o próprio Cristo – ela será uma Igreja missionária e terá o que testemunhar, pois a Missão de Deus está acontecendo nela.
         Não temos uma “missão” própria, como às vezes achamos. Mas, temos o privilégio de fazer parte da Missão de Deus, e assim como os discípulos, após a Ascensão do SENHOR, testemunhar esta Missão “com grande júbilo” (São Lucas 44.52). E para isso, podemos usar diversas oportunidades e ferramentas que o SENHOR nos permitir; mas, nunca esquecendo ou deixando em segundo plano o que é essencial e fundamental. Sobre isso, o Dr. Klaus D. Schulz, diz:
O testemunho do cristão está intimamente ligado à sua espiritualidade. Porém, entendam bem, a verdadeira espiritualidade tem o seu início no Batismo. Ali, Deus nos alcança missionariamente, e nos faz nascer de novo. Depois, continuamos sendo alimentados na Palavra e na Ceia do SENHOR. São nestes Meios da Graça que recebemos a Cristo, e dele provém a verdadeira espiritualidade para sermos suas fiéis testemunhas”.
           
Complementando, o Dr. Naomi Mazaki, afirma:
Assim, a Missão de Deus busca reunir pessoas ao redor da Fonte Batismal, do Púlpito e da Mesa com a Ceia do SENHOR. Pois são nestes Meios que efetivamente ocorre arrependimento e perdão dos pecados”.

            Uma última palavra: onde e como a Igreja pode dar o maior e melhor testemunho? O maior e melhor testemunho da Igreja acontece aqui no Altar! Conforme I Coríntios 11.26, todas as vezes que participamos da Ceia do SENHOR, estamos “anunciando – testemunhando – a morte do SENHOR até que ele venha”.
         Igreja Missionária é uma Igreja Testemunha de um Deus missionário – onde a Palavra é pregada puramente, onde pessoas são trazidas ao Batismo, confessam os seus pecados e recebem o perdão; e assim, anunciam esta Missão – a Obra do SENHOR – até que ele venha.
         Isto é Missão de Deus! E nós “louvamos a Deus” (São Lucas 24.53) e o agradecemos por termos o privilégio de testemunharmos em nós e ao nosso redor esta Missão! Deus abençoe o nosso testemunhar!
        
         Amém!


Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e Cristo Rei” em Cariacica/ES
No dia da Ascensão de nosso SENHOR, 2017 AD




24/05/2017

Comemoração da Rainha Ester - 24 de maio

"Ester", atribuida a Kate Gardiner Hastings (1837-1925)

Ester é a heroína do livro bíblico que recebe seu nome. Seu nome hebraico era Hadassa, cujo significado é “murta”. Sua beleza, charme e coragem lhe foram úteis como rainha do rei Assuero. Nesse papel, ela foi capaz de salvar o seu povo do extermínio em massa que Hamã, principal conselheiro do rei, havia planejado (2.19 – 4.17). As proezas de Ester para expor a trama, resultaram no enforcamento de Hamã na mesma forca que ele havia construído para Mordecai, tio e tutor de Ester. O rei então nomeou Mordecai como ministro de estado no lugar de Hamã. Esta história é um exemplo de como Deus intervém em favor de seu povo para livrá-los do mal, tal como aqui, através de Ester ele preservou o povo do Antigo Testamento, por meio do qual o Messias viria.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que agraciaste tua serva Rainha Ester, não apenas com beleza e elegância, mas também com fé e sabedoria. Concede-nos, também, poder usar as qualidades que generosamente nos concedeste para a glória do teu poderoso nome e para o bem do teu povo, para que através da tua obra em nós, possamos ser protetores dos oprimidos e defensores dos fracos; através de teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 373)

18/05/2017

A Cristianização da Finlândia

O artigo abaixo foi escrito em 1955 pelo Rev. John Theodore Mueller (1885–1967) no Concordia Theological Monthly, por ocasião dos 800 anos de cristianização da Finlândia. O Rei Érico IX da Suécia e o bispo inglês Henrique de Upsala figuram como importantes promotores da missão cristã naquele país.

“S.t Erik (den helige) och S.t Henrik (biskop)”, 1911 – por Carl Olof Larsson (1853–1919)
"O Ev.-Luth. Kirchenzeitung (15/05/1955) publicou um pequeno esboço da cristianização da Finlândia. A primeira tentativa de evangelizar aquele país foi feita em 1155, embora muitos achados em sepulturas antigas comprovem que o Evangelho já era conhecido por lá antes desse tempo. Um proeminente promotor da religião cristã na Finlândia foi o rei Érico Jedvardsson da Suécia, embora o verdadeiro santo patrono da Finlândia seja um inglês, chamado Henrique, que sofreu o martírio ao estabelecer a Igreja Cristã naquele território. No entanto, foi apenas de forma gradual que o povo finlandês como um todo aceitou Cristo, e foi só depois do ano 1300 que o cristianismo floresceu entre eles. Mesmo assim, o cristianismo permaneceu relativamente independente de Roma. Quando Gustav Wasa introduziu a Reforma na Suécia, ele também procurou difundir o Evangelho na Finlândia. Seu maior teólogo evangélico foi Mikael Agricola, que estudou em Wittenberg e depois de seu retorno à pátria tornou o finlandês uma linguagem literária. Como bispo de Turku (Äbo), ele contribuiu para que a Bíblia e o Catecismo Menor de Lutero se tornassem os livros mais estudados na Finlândia. Em 1640 estabeleceu-se em Turku uma universidade, cuja faculdade teológica contribuiu decisivamente na difusão dos escritos de Lutero e de outros teólogos luteranos em seu país. O pietismo foi aceito na Finlândia com grande entusiasmo, e está vivo nos muitos movimentos religiosos populares, principalmente entre os leigos, que se tornaram influentes, especialmente no século XIX. Em 1869, o bispo P. L. Schauman reorganizou a igreja luterana na Finlândia e deu-lhe uma nova lei canônica, que ainda é muito apreciada como uma espécie de magna charta religiosa. Apesar de sua influência generalizada, o racionalismo não conseguiu remover do povo finlandês seu profundo amor pela Bíblia e pelo Catecismo de Lutero."
JOHN THEODORE MUELLER

Fonte: Concordia Theological Monthly, Vol. 26, Nº 9, set. 1955. pág. 700.