Rev. Richard Resch
Vigília Pascal na Redeemer Evangelical Lutheran Church (Bronx, New York) |
Pastores ouvem a liturgia em muitos outros ambientes do que na igreja aos domingos de manhã. Muitas vezes no leito de doença ou da morte. O fiel desperta de um sono profundo para confessar mais uma vez: “Pai nosso, que estás nos céus...” Eles só precisam de seu pastor para iniciá-los. A liturgia é ouvida quando cada um é deixado, de maneira diferente, atônito durante uma profunda tristeza. As palavras vêm naturalmente: “Senhor, tem piedade de nós; Cristo, tem piedade de nós; Senhor tem piedade de nós”. Um pastor pode ouvir o canto de uma criança no corredor após o culto: “Demos graças a Deus e bendigamos o seu nome, falemos a todos o que Ele tem feito”.
Rezar a liturgia ao longo de toda a vida nos ensina mais do que imaginamos. Muitos de nós ouviu a nossa primeira liturgia no ventre quando nossa mãe cantava. Cada evento significativo em nossa vida de fé tem sido acompanhado pela liturgia (batismo, confirmação, primeira comunhão, cada comunhão...). Nossos votos de casamento foram envolto por ela. A liturgia estava lá nas manhãs de quarta-feira na capela da escola e nas noites de quarta-feira como a devoção antes do coro. E ela estava lá de uma maneira que nunca vai esquecer no funeral do avô. A liturgia é presente em toda a nossa vida como uma educadora da fé.
O que aprendemos ao falar e cantar a liturgia? A Igreja aprende promessas e verdades ao lembrá-las e repeti-las sempre de novo, mas, principalmente, ela aprende a receber dádivas divinas. O Professor Henry Hamann ensinou uma lição importante para as turmas de seminário: culto é pura recepção. Amiúde, suas turmas se rebelavam. De alguma forma esta descrição de culto não se encaixava no entendimento comum de que é nós que fazemos algo. Dr. Hamann, então, suavemente e pacientemente explica a beleza de uma teologia luterana do culto.
“É tudo uma questão de recepção!” repetia Dr. Hamann. O que os crentes podem fazer sem a sua fé? Nada! Onde é que os crentes obtêm a sua fé? Na dádiva do batismo. O que a dádiva da fé habilita os crentes a fazer? Confessar quem é Deus e o que Ele tem feito. Onde essa confissão é feita regularmente? No Culto/Serviço Divino. O que significa Serviço Divino? Serviço de Deus pelo qual Ele derrama dádivas da graça sobre os crentes. Quais são as dádivas? Palavra e Sacramento – as duas partes da liturgia. Qual é a nossa parte nesta atividade? O maior ato de culto é simplesmente confessar o que pela fé cremos e, então, receber as dádivas.
O homem, por natureza, quer ajudar a si mesmo. Essa é uma das razões porque a liturgia é tão importante na vida dos santos. A liturgia não permite que o homem ajude a si mesmo. A liturgia é a Escritura desnudando o que o homem, por natureza deseja, para então dar-lhe em vez disso aquilo que ele necessita – perdão. Cada palavra da liturgia reflete as verdadeiras necessidades dos crentes e como Deus vai ao encontro dessas necessidades. As palavras de abertura das Matinas e Vésperas dizem-no de forma simples: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará o teu louvor” (Salmo 51.15). Somos ensinados que não podemos falar até que Deus colocou as palavras em nossa boca. O homem pode querer ser o ator, mas no Serviço Divino, no culto, Deus é o ator. A liturgia, nossa gentil educadora, ajuda a manter essa mensagem de maneira clara. Assim como os anjos cantando "Santo, Santo, Santo" na visão de Isaías e aquele fazendeiro em seu trator, homens e anjos não cantam sobre si próprios, mas sobre o Senhor que os salvou.
Eucaristia na Emmaus Evangelical Lutheran Church (South Bend, Indiana-EUA) |
Não deveria surpreender-nos que estas palavras – repetidas por toda vida – são educadoras da fé. Não deveria surpreender-nos que estas palavras são capazes de animar o crente que está muito doente. E não deveria nos surpreender que estas são as palavras mais memorizadas na terra! Onde mais a memória é ensinada do berço à sepultura por intermédio de uma constante e coerente repetição das mesmas palavras? Em lugar nenhum. Do batismo até os últimos momentos da vida, a liturgia está lá apenas com as palavras certas para o filho de Deus dizê-las mais uma vez. A repetição é indolor. E as dádivas? Elas são EXTRAORDINÁRIAS!
Rev. Richard C. Resch é mestre de capela no Concordia Theological Seminary e na St. Paul Lutheran Church, Fort Wayne, IN.
Tradução de artigo publicado originalmente em Lutheran Worship Notes, Issue 29, 1994.
Olá amados
ResponderExcluirPaz e Graça em Cristo Jesus!
Lindo texto. Reflete exatamente aquilo que a Liturgia representa (ou pelo menos deveria) na vida de cada cristão. Sei que data de 1994, mas o fato é que VERDADE não tem idade. Não importa quando e em que circunstancias lemos, sempre será verdade.
Paz vos seja multiplicada!
Rev. Ari Fialho Júnior
Ig. Ev. Luterana Missionária
Soli Deo Gloria!