“Deuteronômio 26. 1-11”
Olhando para estas palavras
escritas por Moisés, em Deuteronômio 26,
podemos achar que elas se restringem a apenas mais um texto para se falar sobre
ofertas. Bom, o texto realmente fala sobre ofertas. Porém, ele é muito mais
profundo e nos ajuda a perceber o porquê de nossas ofertas e de onde
elas vêm.
Por isso, a primeira palavra que se destaca no
texto é “herança”
– “Ao entrar
na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá por herança” (Deuteronômio 26.1a). Ao contrário do
que as vezes pensamos e até dizemos, o povo de Israel não conquistou a Terra
Prometida, eles a ganharam, por herança, do próprio SENHOR. Desse modo, apesar
de a terra de Canaã ser chamada de “a Terra de Israel”, ela não foi adquirida por
Israel, mas foi graciosamente dada pelo SENHOR ao seu povo como “herança”.
Por causa disso, continua o texto bíblico: “ao possuí-la e morar nela, você deve pegar as primícias
de todos os frutos que colheu na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe deu, colocá-las
num cesto e ir ao lugar que o SENHOR, seu Deus, escolher para ali fazer habitar
o seu Nome” (Deuteronômio 26.
1b-2).
Que lugar é este onde habita o Nome do SENHOR? O
Tabernáculo, o Templo, a Igreja! Como fica claro, mais adiante, quando Salomão
constrói o Templo e lembra a Palavra de Deus a Davi: “Você fez bem quando resolveu em seu coração
edificar um Templo ao meu Nome” (1Reis 8.18).
E como se realiza as ofertas das
primícias neste lugar onde habita o Nome do SENHOR? “Você chegará ao sacerdote que estiver de
serviço naqueles dias e lhe dirá: ‘Hoje declaro ao SENHOR, seu Deus, que entrei
na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar aos nossos pais’. O
sacerdote pegará o cesto e o colocará diante do Altar do SENHOR, seu Deus”
(Deuteronômio 26. 3-4).
Observe que não existe uma troca de favores,
barganha, compra de bênçãos ou algo assim. A oferta do povo de Deus no lugar
onde habita o Nome do SENHOR é puramente uma oferta de gratidão, em
reconhecimento pelo fato de que Deus e não o povo, conquistou a Terra
Prometida.
Isto se torna visível e audível na
breve descrição da história de Israel que segue no texto como um Credo usado
pelo povo: “Meu
pai foi um arameu prestes a perecer. Ele foi para o Egito, e ali viveu como
estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser uma nação grande, forte e
numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, nos oprimiram e nos impuseram dura servidão.
Clamamos ao SENHOR, Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz e viu a
nossa angústia, o nosso trabalho e a nossa opressão. E o SENHOR nos tirou do
Egito com mão poderosa, com braço estendido, com grande espanto, com sinais e
milagres. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana
leite e mel. Eis que, agora, trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó
SENHOR, me deste” (Deuteronômio
26. 5-10).
Ao ofertarem as primícias da terra,
os israelitas se lembram dos seus ancestrais, que não possuíram terra e
sofreram inúmeras dificuldades no Egito, antes que o SENHOR finalmente os
libertasse. Estas palavras de Deuteronômio
26. 5-10, revelam que esta oferta das primícias não é algo que o povo em si
está fazendo para Deus, na verdade, elas confessam que esta oferta das
primícias é um Dom do próprio Deus!
A partir desta definição percebe-se
que o “alegrar-se”
e o “lembrar-se”
sempre acompanhavam as ofertas do povo de Deus. Afinal, o povo estava alegre em
ofertar daquilo que o SENHOR havia concedido a eles, e durante suas ofertas,
eles se lembravam de como o SENHOR foi gracioso para com eles, e somente por
isso, agora eles podem, em gratidão a este Deus, trazer as suas ofertas.
Hoje, as nossas ofertas continuam
sendo ofertas de gratidão ao SENHOR por tudo o que ele tem feito por nós e em
nossas vidas. Afinal, tudo o que nós somos, tudo o que nós temos e tudo o que
nós fazemos vêm do SENHOR.
Alguém poderia questionar isso e dizer: eu
trabalho duro para conseguir dinheiro, bens, etc. Eu conquisto o que eu tenho!
Bom, olhemos para a nossa história: Se trabalhamos é porque temos forças e
saúde para tal, e de onde vem isso? Nós conseguimos produzir saúde e força?
Não! De novo, tudo o que somos, temos e fazemos vêm do SENHOR.
O nosso ofertar não é uma obrigação
da Fé, ele é um fruto da Fé, pois todo aquele que foi liberto da escravidão do
pecado e fortalecido pelo SENHOR, deseja alegremente ofertar, pois é
O povo de Israel lembrou-se que fora
libertado da Escravidão do Egito através das águas, e fortalecido na caminhada
pelo deserto através do pão que desce dos céus até chegar a Terra Prometida.
Por causa disso, ele é grato ao SENHOR e oferta as suas primícias. Da mesma
forma, hoje, nós nos lembramos que também fomos libertos da Escravidão do
pecado através das águas do Batismo, e fortalecidos durante toda a nossa vida
nos desertos deste mundo pelo Pão que desce dos Céus e vem a nós na Ceia do
Senhor, até chegarmos a Terra Prometida e Eterna conquistada por Cristo e dada
de presente, por herança, a cada um de nós que fazemos parte do seu povo. Por
causa disso, nós também somos gratos ao SENHOR e ofertamos nossas primícias.
Para concluir, Moisés, no texto de
Deuteronômio, lembra que por causa da Graça do SENHOR, você que oferta, em
gratidão, “se
alegrará por todo o bem que o SENHOR, seu Deus, tem dado a você e à sua casa”
(Deuteronômio 26.11).
No tempo de Moisés, hoje e até o fim
dos dias, ofertar não é um requisito para se conquistar algo, mas é fruto da
Fé, é um reconhecimento e lembrança de tudo o que o SENHOR tem feito, e por
isso, é um ato de alegria, pois está acompanhado de imensa gratidão pelo fato
do nosso SENHOR ser bom e sua misericórdia durar para todo o sempre!
Amém!
Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
Novembro, 2022 AD
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