No dia 20 de abril a Igreja Luterana lembra Johannes Bugenhagen (1485–1558), amigo e pastor de Martinho Lutero.
Além de servir como pastor em Wittenberg, Bugenhagen também foi fundamental na Reforma do norte da Alemanha e da Escandinávia. Abaixo, um pedacinho do sermão que Bugenhagen pregou no funeral de Lutero, seu amigo e paroquiano:
Com Cristo estão os santos patriarcas, profetas, apóstolos, todos os santos anjos, Lázaro no seio de Abraão, isto é, na alegria eterna de todos os crentes. Nós experimentaremos como é esse período intermediário até o Dia do Julgamento, conforme Paulo diz em Filipenses, cap. 1: “Tenho o desejo de partir e estar com Cristo”; e conforme Estevão também diz em Atos: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”; e Jesus ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso”.
Não há dúvida de que, assim como o espírito de Cristo estava nas mãos do Pai até a ressurreição na Páscoa, quando ele disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, assim também nosso espírito estará nas mãos de Cristo até a nossa ressurreição. Pois esse é o significado das palavras que falam de Lázaro: “Agora, porém, ele está consolado, e tu, em tormentos”.
com base nas Escrituras, não podemos afirmar tão precisamente que tipo de paz ou consolo os crentes têm e que tipo de angústia ou tormento os incrédulos têm neste ínterim até o dia do julgamento. As Escrituras dizem que estão dormindo, conforme Paulo diz em Tessalonicenses, “a respeito dos que dormem”. Contudo, tal como no sono natural, uma pessoa sadia descansa, é revigorada e fica mais fortalecida e mais saudável através de um bom sono, enquanto uma pessoa doente, aflita, que sente terror ou medo da morte, dorme com dificuldade, com sonhos horríveis e agitados, de forma que o sono, ao invés de descanso é uma perturbação mais terrível e mais assoladora do que ficar acordado, da mesma forma há uma diferença entre o sono dos crentes e o sono dos ímpios. Mas sobre isso, não podemos falar mais ou inferir além do que as palavras das Escrituras dizem...
A morte do corpo é para nós um começo de vida eterna através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que se tornou para nós um sacrifício nobre e precioso.
Ainda me lembro que, ao ver muitos partirem alegremente na confissão de Cristo, nosso honorável e querido pai Dr. Martinho Lutero disse: “Que Deus permita que eu também possa descansar tão alegremente no seio de Cristo e que o corpo não seja atormentado com lentas dores de morte. Mas que seja feita a vontade de Deus.”
Fonte: Johann Bugenhagen Pomeranus: The Sermon at Martin Luther's Funeral (1546). In: Owen Collins (Ed.). Speeches that Changed the World. Louisville: Westminster John Knox Press, 1999. pág. 52-52.
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