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12/06/2024

O Concílio de Niceia


Ilustração do Concílio de Niceia em Military and religious life in the Middle Ages and at the period of the Renaissance (1870)

O concílio afinal se reuniu na cidade de Niceia, na Ásia Menor, perto de Constantinopla, em 325. A posteridade conhece esta assembleia como o primeiro concílio ecumênico, isto é, universal.

Não sabemos o número exato de bispos que assistiram ao concílio, mas ao que parece foram uns trezentos. Para compreendermos a importância do que estava acontecendo, recordemos que vários dos presentes tinham sofrido prisões, torturas ou exílio pouco antes, e que alguns levavam em seu corpo as marcas físicas da sua fidelidade. E agora, poucos anos depois daqueles dias de provações, todos estes bispos eram convidados a se reunir na cidade de Niceia, e o imperador cobria todos os seus gastos. Muitos dos presentes se conheciam de ouvir falar, ou por correspondência. Agora, pela primeira vez na história da igreja, eles podiam ter uma visão física da universalidade da sua fé. Eusébio de Cesareia nos descreve a cena, em sua Vida de Constantino:

Ali se reuniram os mais distintos ministros de Deus, da Europa, Líbia (isto é, África) e Ásia. Uma só casa de oração, como que ampliada por obra de Deus, abrigava sírios e cilícios, fenícios e árabes, delegados da Palestina e do Egito, tebanos e líbios, junto com os que vinham da Mesopotâmia. Havia também um bispo persa, e tampouco faltava um cita na assembleia. Ponto, Galácia, Panfília, Capadócia, Ásia e Frígia enviaram seus bispos mais distintos, bem como os que moravam nas regiões mais remotas da Trácia, Macedônia, Acaia e Epiro. Até mesmo da Espanha um de grande fama (Ósio de Córdoba) se sentou como membro da assembleia. O bispo da cidade imperial (Roma) não pôde participar por causa da sua idade avançada, mas seus presbíteros o representaram. Constantino é o primeiro príncipe de todas as épocas que juntou semelhante grinalda mediante o vínculo da paz, e a apresentou a seu Salvador como oferta de gratidão pelas vitórias que conseguiu sobre seus inimigos.

Fonte: Justo L. González. Uma história ilustrada do Cristianismo. Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995.p. 93–94.

12/05/2020

Será que Dan Brown tinha razão?


No apagar das velas de doze de maio de 2020, um dia quase frio, pelo menos em Curitiba, gostaria de destacar uma importante reunião que era quase desconhecida, marcada na memória histórica somente. Algo aconteceu e tirou esse evento da escuridão e a revestiu com cheiro de conspiração. Para quem gosta de uma boa conspiração, está aí um prato cheio. Quem deu o ar de conspiração foi o escritor Dan Brown, no livro O Código Da Vinci. Agora, com essa dica, creio que muitos já mataram a charada: Concílio de Niceia, sim estou falando desse Concílio.

O que o senhor Dan Brown afirmou sobre o Concílio de Niceia? A afirmação do senhor Brown é que o Cristo, Filho de Deus, foi uma criação do Concílio de Niceia. Além de criar a divindade de Jesus, também criaram a Bíblia, ou seja, chancelaram o que era considerado divino e o que não era divino.

O que de fato é o Concílio de Niceia? A doutrina ariana, que defendia que Cristo não era verdadeiro Deus, mas sim a primeira de todas as criaturas, ganha destaque e grande destaque. Ário negava a divindade do Verbo. No Concílio não foi criado o conceito de Jesus como Filho de Deus, o que aconteceu foi rejeitar a doutrina que Ário pregava, a qual era contrária à fé cristã. No Concílio de Niceia foi defendido a verdade escriturística contra o erro.

Relatório da reunião: O “relatório” contra a doutrina errônea ariana pode ser lida no Credo Niceno, que traz detalhes defendendo a divindade de Jesus Cristo, o Verbo eterno de Deus. Justo L. González, historiador, a respeito do referido Credo, afirma: “o propósito da fórmula é excluir toda doutrina que queira dizer que o Verbo é em algum sentido uma criatura. Podemos ver isto em primeiro lugar em frases como ‘Deus de Deus; luz de luz; Deus verdadeiro de Deus verdadeiro'. Mas podemos vê-lo também em outras frases, como quando o credo diz ‘gerado, não feito’. Observe que no princípio o mesmo credo tinha dito que o Pai era ‘criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis’. Portanto, dizendo que o Filho não é 'feito', o credo o excluí destas coisas ‘visíveis e invisíveis’ que o Pai fez.” (Uma história ilustrada do Cristianismo. Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1995.p. 97-98)

Simplificando: Niceia foi um Concílio, de caráter universal, geral, que discutiu vários assuntos e um dos assuntos mais importantes foi defender a verdade escriturística de que o verbo era divino, em outras palavras, Jesus é verdadeiro ser divino.

Será que Dan Brown tinha razão? Dan Brown não tinha razão, pois o Concílio de Nicéia não criou a divindade de Jesus. Esse concílio defendeu a divindade contra a heresia Ariana, pois Cristo é o verdadeiro Filho de Deus que rasgou o véu do templo e se encarnou como verdadeiro Deus para ser o Salvador de toda a humanidade. São Paulo afirma: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2.5-8 ARA).

Viva o Concílio de Niceia! Viva a fé que Cristo é verdadeiro Deus gerado do Pai desde a eternidade! Não nos esqueçamos que Ele também é verdadeiro homem nascido da Virgem Maria.

21/06/2013

Quarto Domingo após Trindade

José recebe seu Pai e Irmãos no Egito (1655), de Salomon de Bray (1597-1664)
Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Gênesis 50.15-21
Salmo: Salmo 138 (antífona v. 8b)
Epístola: Romanos 12.14-21 ou Romanos 8.18-23
Santo Evangelho: São Lucas 6.36-42

A misericórdia de Cristo é nossa para darmos ao próximo

Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai” (S. Lucas 6.36-42). O velho Adão em nós quer condenar e buscar vingança. Mas o Senhor diz: “A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei” (Romanos 12.14-21). Condenar, vingar-se, é colocar-se no lugar de Deus, é deixar de confiar que Ele é justo. Em última análise, é não crer que Jesus sofreu a vingança completa por todas as ofensas. Somente Cristo é misericordioso como o Pai é misericordioso. Ele é o único que superou todo o mal com o bem de sua cruz, perdoando até mesmo seus algozes. Jesus é o nosso José do Egito, que nos conforta com palavras de perdão e reconciliação (Gênesis 50.15-21). Ele é o único que não condena, mas dá vida transbordante. Somente através da fé em Cristo somos filhos do Pai – sendo misericordiosos, perdoando, fazendo o bem aos nossos inimigos. Porque em Cristo, sabemos que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. (Romanos 8.18-23).

ORAÇÃO DO DIA

Concede, ó Senhor, te suplicamos, que o curso deste mundo seja por teu governo tão pacificamente regido, que tua igreja te possa servir com alegria e em piedosa tranquilidade; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

24/05/2013

Santo! Santo! Santo! Deus onipotente




1.Santo! Santo! Santo! Deus onipotente,
cedo de manhã, cantaremos teu louvor.
Santo! Santo! Santo! Trino Deus, clemente,
és um só Deus, excelso Criador!

2.Santo! Santo! Santo! Clamam os remidos,
entoando salmos diante do Senhor.
Honra, glória e bênção rendem reunidos
ao Deus de eterno, infindo e grande amor.

3.Santo! Santo! Santo! Deus, que és majestoso,
reinas com poder sobre a terra, céus e mar.
Desde todo o sempre foste, ó Deus glorioso;
tua grandeza nunca irá findar.

4.Santo! Santo! Santo! Deus que és sempre vivo,
tuas obras louvam teu nome com fervor.
Santo! Santo! Santo! justo e compassivo,
és um só Deus, supremo Criador!

Reginald Heber (1783-1826), sacerdote da Igreja da Inglaterra compôs Holy, Holy, Holy! Lord God Almighty! para o Domingo da Santíssima Trindade. O texto é uma paráfrase do Profeta Isaías 6.1-5.
Em 1861, outro clérigo inglês, John Bacchus Dykes (1823-1876), compôs a melodia Nicaea para este hino, uma homenagem ao Concílio de Niceia, que formalizou a doutrina da Trindade, em 325 AD.
A versão Santo! Santo! Santo! Deus onipotente do Hinário Luterano (nº 146), está adequadamente agrupada entre os cânticos da Trindade e foi traduzida pelo Rev. Rodolfo Hasse (1890-1968).

Nós cremos todos num só Deus

1. Nós cremos todos num só Deus,
Criador de céu e terra.
Nós todos somos filhos seus;
nele todo o amor se encerra.
Quer saciar-nos com carinho,
alma e corpo preservar-nos;
tira o mal que há no caminho;
perdição não há de alcançar-nos.
Protege-nos com seu amor.
Tudo está nas mãos do Senhor.

2. Nós cremos todos em Jesus,
Filho seu e Deus glorioso,
eterno, como o Pai na luz,
Deus igual e poderoso.
Foi nascido de Maria,
pelo Espírito gerado;
trouxe a nova da alegria,
em favor do homem condenado.
Na cruz foi morto, mas por Deus
ressurgiu e retornou aos céus.

3. Nós cremos todos com fervor
em o Espírito Sagrado,
dos míseros Consolador,
com seus dons os tem dotado.
Guarda toda a cristandade
e a conserva sempre unida;
perdoando a iniquidade,
nos concede a eterna vida.
Após a luta, o Senhor
há de nos levar ao seu fulgor.


É provável que Lutero tenha composto o presente hino para o Domingo da Trindade. Antes que Lutero publicasse a "Missa Alemã", ele passou a ser cantado em cultos evangélicos. Em 1526, o próprio Lutero passou a adotar este costume em Wittenberg. Como hino de confissão de fé, passou a ser cantado também fora do culto, em sepultamentos. Em 1542, Lutero incluiu-o entre os hinos a serem cantados por ocasião de sepultamentos. Para estudar o conteúdo teológico do hino, é importante consultar os Catecismos do reformador. Na melodia, Lutero manteve o velho modo gregoriano dos credos latinos cantados. O hino deve ter sido composto em 1524. (OSel 7, 530-531)
O hino encontra-se em Hinos do Povo de Deus, nº 88 e no Hinário Luterano, nº 233, com tradução de Martinho Lutero Hasse (31/03/1919 - 04/04/2004).



FonteMartin Luther Gesangbuch (Kirchengemeinde Höchstenbach)


Tradução disponível em OSel 7, 531-532:

1. Nós cremos todos num só Deus,
criador do céu e da terra,
que se fez Pai,
para que nos tornemos seus filhos.
Ele quer alimentar-nos sempre
e também preservar o corpo e a alma;
quer impedir toda a desgraça,
que nenhum mal nos aconteça.
Ele cuida de nós, guarda e vigia,
tudo depende de seu poder.

2. Cremos também em Jesus Cristo,
seu Filho e nosso Senhor,
que está eternamente junto ao Pai,
Deus igual, em poder e glória.
De Maria, a virgem,
nasceu verdadeiro ser humano
por meio do Espírito Santo na fé.
Por nós, que estávamos perdidos,
morreu na cruz, e da morte
ressuscitou por intermédio de Deus.

3. Nós cremos no Espírito Santo,
Deus com o Pai e o Filho,
Consolador de todos os desalentados,
que os dota maravilhosamente com seus dons.
A cristandade inteira sobre a terra
ele mantém em concórdia;
aqui todos os pecados são perdoados,
a carne também há de voltar a viver.
Depois deste exílio espera-nos
uma vida em eternidade.

"Wir glauben all' an einen Gott" do hinário de 1524 de Martinho Lutero e Johann Walter (Bavarian State Library)

Cantatas de J. S. Bach para o Domingo da Santíssima Trindade

Johann Sebastian Bach compôs quatro Cantatas para o Domingo da Santíssima Trindade (Trinitatis), cujas leituras são da Epístola aos Romanos 11.33-36 e do Evangelho de São João 3.1-15:

  • O heilges Geist und Wasserbad (BWV 165), composta em 1715 e executada pela primeira vez no dia 16 de junho daquele ano, em Weimar.
  • Er ist ein trotzig und verzagt Ding (BWV 176), composta em 1725 e executada pela primeira vez no dia 27 de maio daquele ano, em Leipzig.
  • Höchsterwünschtes Freudenfest (BWV 194), composta em 1723, em Leipzig, e executada pela primeira vez no dia 2 de novembro daquele ano, em Störmthal.
  • Gelobet sei der Herr, mein Gott (BWV 129), composta em 1726 e executada pela primeira vez no dia 16 de junho de 1726, em Leipzig.

Gelobet sei der Herr, mein Gott (Louvado seja o Senhor, meu Deus), BWV 129, é um louvor à Santíssima Trindade - Deus, o Criador, o Salvador e Consolador -, sem referência a uma leitura específica do Evangelho, podendo ser usada em outras ocasiões, como o Dia da Reforma. Abaixo, o vídeo e texto da cantata em alemão, com tradução em português:



Cantata BWV 129 - Gelobet sei der Herr, mein Gott

1. Coro [S, A, T, B]
Tromba I-III, Timpani, Flauto traverso, Oboe I/II, Violino I/II, Viola, Continuo

Gelobet sei der Herr,
Mein Gott, mein Licht, mein Leben,
Mein Schöpfer, der mir hat
Mein Leib und Seel gegeben,
Mein Vater, der mich schützt
Von Mutterleibe an,
Der alle Augenblick
Viel Guts an mir getan.

Louvado seja o Senhor,
Meu Deus, minha luz, minha vida,
Meu criador, que me deu
Meu corpo e minha alma,
Meu pai, que me protege
Desde o ventre materno,
Que, em cada instante,
Muitos atos de bondade fez por mim.

2. Ária [Baixo]
 Continuo

Gelobet sei der Herr,
Mein Gott, mein Heil, mein Leben,
Des Vaters liebster Sohn,
Der sich für mich gegeben,
Der mich erlöset hat
Mit seinem teuren Blut,
Der mir im Glauben schenkt
Sich selbst, das höchste Gut.

Louvado seja o senhor,
Meu Deus, minha salvação, minha vida,
O filho dileto do Pai
Que Se deu a Si mesmo por mim,
Que me redimiu
Com Seu precioso sangue,
Que, em Sua fé, dedicou-me
A Si mesmo, ato supremo de bondade.

3. Ária [Soprano]
Flauto traverso, Violino solo, Continuo

Gelobet sei der Herr,
Mein Gott, mein Trost, mein Leben,
Des Vaters werter Geist,
Den mir der Sohn gegeben,
Der mir mein Herz erquickt,
Der mir gibt neue Kraft,
Der mir in aller Not
Rat, Trost und Hülfe schafft.

Louvado seja o Senhor,
Meu Deus, meu consolo, minha vida,
O espírito valioso do Pai
Que me deu Seu filho,
Que refresca meu coração,
Que revigora minhas forças,
Que, na necessidade,
Providencia conselho, consolo e auxílio.

4. Ária [Alto]
Oboe d'amore, Continuo

Gelobet sei der Herr,
Mein Gott, der ewig lebet,
Den alles lobet, was
In allen Lüften schwebet;
Gelobet sei der Herr,
Des Name heilig heißt,
Gott Vater, Gott der Sohn
Und Gott der Heilge Geist.

Louvado seja o Senhor,
Meu Deus, que vive para sempre,
Louvado por tudo o que
Voa nos ares.
Louvado seja o Senhor,
Cujo nome é sagrado.
Deus Pai, Deus Filho
E Deus Espírito Santo.

5. Coral [S, A, T, B]
Tromba I-III, Timpani, Flauto traverso, Oboe I/II, Violino I/II, Viola, Continuo

Dem wir das Heilig itzt
Mit Freuden lassen klingen
Und mit der Engel Schar
Das Heilig, Heilig singen,
Den herzlich lobt und preist
Die ganze Christenheit:
Gelobet sei mein Gott
In alle Ewigkeit!

Para Ele agora "sagrado"
Entoamos com alegria
E, com a hoste de anjos,
"Sagrado", "sagrado" cantamos
Para aquele que é louvado e prezado de coração.
Por toda a cristandade:
Louvado seja meu Deus
Por toda a eternidade!

Tradução: Rodrigo Maffei Libonati